ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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A Janela do Café Bocage (Montra da direita)

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Transportemo-nos a 4 de Outubro de 1960, os alunos do ERO do prédio do Crespo mudam para as novas instalações num edifício construído de raiz, ao cimo da R. Diário de Notícias. Entre alguns hábitos nossos que mudam, um deles é o ponto de encontro antes de ir para as aulas, depois de almoço.
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O Café Bocage ficava-nos em caminho, e a sua montra era um ponto de obse
rvação, já nesse tempo usado pela rapaziada da Escola Comercial e Industrial , o Rodolfo, o Leiria, o Clóvis, o Malhoa, o Amadeu, aos quais se foram juntar o Rainho, o Zé Carlos Nogueira, o João Calheiros Viegas e eu, do ERO; e é provável que me faltem alguns nomes.
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Esta rapaziada tem toda uma coisa em comum, a idade, andam entre os 17 e 18 anos , uns são repetentes outros não, mas estão para acabar os Cursos da Escola ou do ERO e eram já bastante unidos pelo companheirismo e amizade.
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Se vos disser que este local de reunião tinha como principal objectivo observar a passagem das raparigas tanto da Escola como do ERO não vos minto, o tempo de reunião era pouco, devido aos horários das aulas, mas ainda dava para fazermos das nossas – como quando entrava no Café o bufo da PIDE e Fiscal das Licenças de Isqueiro, conhecido por a alcunha do Miau, a malta começar a imitar um gato a miar e assanhado, era vê-lo sair porta fora…
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Muita coisa se passou na naquele ponto de encontro, ali conhecemos o Montez e a D. Corália, sua esposa. Começámos a beber a ginja em casa deles, em Óbidos e depois mudámos para o bar que ele abriu, o "Ibn Errick Rex".
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João Ramos Franco
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C O M E N T Á R I O S
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Artur disse...
A janela do café Bocage é ampla do tamanho de uma montra que se deixa ver por quem passa e ponto de observação estratégico para quem fica a olhar os que passam.Vantagens de quem quer contemplar a vida sentado à mesa de um café central com nome de poeta boémio e protagonista de histórias que os outros inventaram a seu respeito. A poética dos sentidos, todavia, fica empobrecida neste espaço de aromas quentes e cavaqueiras escaldantes. É que entre o interior e exterior do botequim de esquina há uma espessa vidraça que impede uma comunicação profícua entre quem esguarda e é esguardado. Nesse início de década de 60 de finais do 2.º milénio, era muito difícil ultrapassar os limites convencionais da linguagem dos olhares...
Artur Henrique Ribeiro Gonçalves ‎.
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J J disse...
Este é mais um post em colaboração com Estar Presente, o blogue do nosso colega e amigo João Ramos Franco.
A imagem do Café Bocage, dos anos 30, está incluída no livro de outro habitual colaborador deste espaço:
Vasco Trancoso - "Caldas da Rainha: um contributo iconográfico através do Bilhete Postal Ilustrado editado até meados do século XX", Lisboa, Elo, 1999.
Obrigado João, um abraço.
JJ

3 comentários:

Anónimo disse...

A janela do café Bocage é ampla do tamanho de uma montra que se deixa ver por quem passa e ponto de observação estratégico para quem fica a olhar os que passam.
Vantagens de quem quer contemplar a vida sentado à mesa de um café central com nome de poeta boémio e protagonista de histórias que os outros inventaram a seu respeito. A poética dos sentidos, todavia, fica empobrecida neste espaço de aromas quentes e cavaqueiras escaldantes. É que entre o interior e exterior do botequim de esquina há uma espessa vidraça que impede uma comunicação profícua entre quem esguarda e é esguardado. Nesse início de década de 60 de finais do 2.º milénio, era muito difícil ultrapassar os limites convencionais da linguagem dos olhares...
Artur Henrique Ribeiro Gonçalves ‎.

J J disse...

Este é mais um post em colaboração com Estar Presente, o blogue do nosso colega e amigo João Ramos Franco.
A imagem do Café Bocage, dos anos 30, está incluída no livro de outro habitual colaborador deste espaço:
Vasco Trancoso - "Caldas da Rainha: um contributo iconográfico através do Bilhete Postal Ilustrado editado até meados do século XX", Lisboa, Elo, 1999.
Obrigado João, um abraço. JJ

Anónimo disse...

Estória do Café Bocage no início da minha adolescência.
Tinha eu por volta dos meus 11 anos e, muito raramente ía para casa a pé (o meu pai fazia questão que andásse sempre no autocarro do Colégio). Esporádicamente quando precisava de comprar material escolar na Tália (lembram-se?) descia a rua do Colégio e lá ía eu toda satisfeita comprar mais cadernos novos.
À tardinha os magalitas do quartel tinham o hábito de se juntarem junto ao vidro do Café e, metiam-se com as meninas, as senhoras, enfim, com quem passava... Eu achava muito aborrecido ter que ouvir uns comentários inapropriados para a minha idade e, claro, decidi resolver o assunto à minha maneira.
Andava sempre com um saco pesado cheio de tralha, ainda hoje uso e lá carrego o meu mundinho, e decidi acrescentar um grande pedaço de tijolo das obras (isso mesmo, podem-se rir). Andei uns poucos dias a carregar o material de construção à espera da primeira oportunidade. Até que passados alguns dias ela surgiu por mero acaso.
Passando na malfadada esquina, um idiota verdinho lançou-me uma piada um tanto, enfim, de momento falta-me o adjectivo apropriado, e eu sem qualquer cerimónia acertei-lhe em cheio com a minha mala pesada de peso acrescentado pelo bocado de tijolo. O desgraçado lançou-me uns quantos impropérios e eu, feliz e contente fui para a Zaira ao encontro do meu pai, a rir-me desalmadamente com o feito.
Nunca mais ouvi nada naquela esquina mas devo ter ficado com muito má fama... eheheh!