ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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À TUA, MEU !


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Sobre aquilo que foi a dimensão de cidadania do Rui se escreverá e bem, pela certa. Poder-se-á falar da entusiástica capacidade de entrega que havia nele, no Cine-Clube ou na Cooperativa Margem, sempre animado por um enraizado amor pela sua cidade. Será decerto referido a atenção, inquieta, desassossegada, ao Mundo e ao seu devir (à Sociedade por vir) e aquela agudeza crítica de desmontar os costumes de que é feito, transposta em escárnios mordazes. E eu acho que sim. Mas prefiro antes contar uma amizade de quase meio-século, vinda lá de menino, da ginástica nos Bombeiros, dos futebóis na Mata, primeiro na modalidade de muda aos cinco/acaba aos dez, a seguir no campo da dita em rijos desafios Externato Ramalho Ortigão versus Escola Bordalo Pinheiro ou nas bancadas, aos domingos, a apoiar o Caldas, clube onde confluía o nosso fervor de adeptos convictos, Sportinguista (ele), Benfiquista (eu).
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E os tempos do «Much», clube de fundo de quintal (disponibilizado pela benevolência cúmplice da família Xavier, que nos aturava como se filhos fossemos), dos bailes adolescentes em que as meninas traziam os «comes» e os rapazes os «bebes», dos «slows» desfrutados para aí com o dobro da duração (pelo menos) por via de providenciais solavancos, arreados assim como quem nem quer a coisa, no pobre do gira-discos, das cartadas entre a cortina de névoa espessa saída dos primeiros cigarros fumados furtivamente (apesar das provas do crime serem mais do que evidentes e quase palpáveis), ritual de passagem cumprido com o desejo pueril de sermos «homens» mesmo antes de vir a barba.
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Rebeldes inconformados face ao arcaísmo conservador do Colégio, emergíamos criaturas do Verão, de mergulhos na Foz e das andaduras noctívagas por aí, à boleia ou tomando de empréstimo involuntário o «popó» de garagens paternas, com recolha colectiva de trocos para a gasolina ou, à míngua de fundos, com ela desavergonhadamente desviada para garantir o carburante etílico propulsor destas rapaziadas, jovens índios à solta em acampamentos no Algarve ou em incursões em Torremolinos, estúrdia e rambóias de, mais tarde, às tantas, fechar o Pote ou a Portugália e transitar, na rota lisboeta da cerveja, para a Alga, que pura e simplesmente não encerrava…
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E vivermos de porta com porta, num patamar franco de «ò vizinha, dá-me lume?», em exercícios de alquimia pantagruélica (para desespero da Arlinda, que ficava com a cozinha virada de pantanas), mais solos de harmónio para o João, miúdo de colo, pedir bis (o melhor público que eu poderia ter. Perdoai-lhe Senhor, que ele era pequenino e não sabia o que dizia…), da Mafalda de berço e baixar a música não fosse ela acordar…
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E a aventura da Rádio, pirata como convinha, com o «Círculo da Noite», da meia-noite às duas, nós os dois e o Zé Fragoso, não é para a gente se gabar, passando o melhor que a música da década de 80 tinha para dar.

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E por aí adiante…
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A doença, de cabelos de bolor negro e dentes verdes, roubou-lhe a força, mas nunca a lucidez!
Somos feitos da matéria com que se fazem os sonhos (roubado ao Shakespeare) e, de súbito, desaparecemos desfeitos em fumo no ar.
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Enquanto a tristeza se eleva em espiral, penso em ti, ao som de «At the Hop» dos Sha-Na-Na ou «My Generation» dos The Who em Woodstock, de que tanto gostavas. Falta-me essa risada escarninha a luzir, maliciosa, nos teus olhos… 
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À tua, meu!
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José Carlos Faria
 (publicado em colaboração com "A Gazeta das Caldas")

ADEUS RUI




Conhecemo-nos no princípio dos anos sessenta. Já nós morávamos nas Caldas há cerca de um ano quando a minha mãe me informou que um casal amigo de Alcobaça, com dois rapazinhos (sic) da minha idade, se tinha mudado para cá. Como tinham acabado de chegar e ainda não tinham amigos, pediu-me que fosse brincar com eles. E assim foi, com o entusiasmo próprio da infância lá me dirigi à Rua das Vacarias, primeira morada da família Hipólito nas Caldas da Rainha, para conhecer e brincar com o Tó Zé e o Rui.
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Deslumbramento total, o quarto deles parecia a caverna do Alibábá! Legos, Corgy Toys, Dinky Toys, Action Man; Cavaleiro Andante, Mundo de Aventuras, Tintin, Pato Donald e Zé Carioca,Falcão, Ene 3, Major Alvega; pistolas, espingardas, metralhadoras, espadas, machados e arcos de flechas, tudo em maior quantidade e diversidade do que eu próprio tinha.Ficámos amigos logo ali.
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Passado algum tempo a família mudou-se para a Rua Duarte Pacheco, para a casa mesmo em frente à minha residência de então, onde ainda hoje reside a D. Euritze, e a partir daí a convivência passou a ser diária.
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Grandes batalhas de varanda a varanda, cowboys contra índios, alemães contra aliados na Segunda Guerra Mundial, viagens espaciais com recontros com civilizações desconhecidas, relativamente às quais tínhamos sempre vantagem graças à minha espingarda de raios azuis (prenda do  Natal anterior, adquirida pelo meu pai na Tália). Espaço certo de aventura era o depósito da câmara, então no local onde hoje se encontra a própria Câmara Municipal, ao qual tínhamos acesso graças ao facto de o Eng.º Hipólito ser quadro superior do município.
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Repleto de materiais que tanto podiam servir para construir um castelo da idade média como um forte da cavalaria americana, nunca as passadeiras de madeira da praia da Foz do Arelho viajaram tanto no tempo e no espaço.
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 Entretanto, a vida profissional do meu pai obrigou a que nos mudássemos para Rio Maior e, inevitavelmente, o contacto com o Rui passou a ser muito mais escasso. Na prática, durante algum tempo, resumiu-se aos encontros ocasionais ao Sábado à tarde, coincidindo com as idas às compras de roupa -era a época do auge da Goya, onde desaguavam clientes desde Santarém até Leiria.
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Também em termos escolares seguimos percursos distintos, o Rui sempre nas Caldas, com a única excepção de um ano passado no Liceu de Leiria, que detestou, e eu, depois de dois anos no Colégio de Rio Maior, frequentei o mesmo Liceu de Leiria, que adorei.
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Estávamos assim, neste estado de amizade distante, quando, abrupta e naturalmente, irrompeu a adolescência e os focos de interesse passaram a ser outros.E então, para quem como eu residia durante as férias em Rio Maior, só havia uma solução –ir às Caldas , o centro da civilização. A Zaira, o Camaroeiro Real, o Casino e os seus bailes de Verão, o Ferro Velho,as idas aos bares de Óbidos, etc, etc…
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Nesta fase, já o Rui era de novo o ponto de apoio que, sempre actualizado e informado, sabia onde se devia ir depois do café na Zaira e de algumas, ou mais que isso, imperiais no Camaroeiro.Tanto podia ser o baile de finalistas no Casino, como a festa de Verão em qualquer aldeia próxima ou, ainda, o inevitável Ferro Velho, essa universidade da diversão, educando o gosto musical, estimulando o prazer da dança e propiciando grandes amizades e alguns amores que duram até hoje.
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Quando chegou o tempo da universidade, a ida do Rui para Lisboa beneficiou do facto de eu, um ano mais velho, já ter o terreno quase todo batido. Está claro que imediatamente se juntou ao grupo que ido de Leiria, Alcobaça, Rio Maior e Caldas fazia do Café Londres, primeiro, e depois quando este fechou, do Roma o ponto de encontro e escritório. Estou mesmo pessoalmente convencido que passámos mais tempo no Roma do que no Técnico!
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Lisboa abria novos mundos que nós, jovens navegadores ávidos de novas experiências, não recusávamos explorar, mesmo que à custa do bom andamento dos estudos.
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A agitação político-universitária, o cinema, as cervejarias, escolas de pós graduação em tudo o que interessa quando se tem 18-20 anos, a Portugália, a Trindade, o Pote, o Alfredo, a Alga, centros de saber profusamente regado a muitos litros de cerveja e onde quem fosse à casa de banho tinha como prémio uma embalagem de mostarda despejada na sua caneca ou girafa.
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O culminar destas longas noites era, muitas vezes, o Bolero, uma casa de prostituição no Martim Moniz, entretanto tomada pela boémia estudantil e intelectual desse tempo, para grande desespero das profissionais que não faziam negócio e, pior, cujos clientes habituais se afastavam, dada a manifesta incompatibilidade com a nova frequência agora maioritária. Convém esclarecer que, nessa época, o Bolero passava boa música, tinha um fabuloso pianista, cego, e as bebidas eram baratas. Não admira portanto que o pessoal que frequentava a noite aí a acabasse com grande frequência. Era,juntamente com o famoso Jamaica,um dos melhores locais alternativos da noite lisboeta.
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Por falar em Cais do Sodré, inevitavelmente chegou uma ocasião em que um grupo de amigos, entre os quais o Rui e eu, decidiu ir ver como aquilo era. As histórias que se contavam, de putas e marinheiros, entre outros protagonistas, eram extremamente atraentes para garotos de 17-18 anos com as jovens cabeças cheias de filmes franceses e comédias italianas. Escolhido o local, o famoso Bar Oslo, entrámos, pedimos umas cervejas e ficámos ali especados a ver o movimento e sem nos atrevermos a falar com ninguém fora do nosso grupo. As artistas, está claro, não nos ligaram nenhuma, porque perceberam ao primeiro relance que não passávamos de um bando de garotos a tentar passar por adultos. Entretanto, o Rui bate-me no braço e pergunta-me se eu não preciso de ir à casa de banho. Respondi que não e a noite continuou. Passado mais um tempo, a mesma pergunta e idêntica resposta, até que à terceira vez, o questiono se é ele que  quer ir ao WC .
-Sim - respondeu.
-Então porque é que não vais? –  perguntei.
-Tenho medo de ir sozinho - foi a envergonhada resposta.
E lá fomos os dois, feitos meninas, à casa de banho do Oslo.
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Outro local de farra era o apartamento que a família Hipólito tinha no Estoril. Felizmente, que se saiba, nunca teve conhecimento do que por lá se passava. Porto de abrigo seguro para as noitadas passadas na zona de Cascais, fosse o Festival de Jazz ou idas avulsas ao 2001, foi lá que se descobriram inesperadas vocações culinárias surgidas a altas horas da madrugada, nomeadamente as famosíssimas sopas Knorr generosamente aditivadas com vodka, martini e o mais que o Engº Hipólito tivesse na garrafeira. De facto, aos vinte anos não se tem fígado!
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Como o mundo é pequeno e andávamos todos ao mesmo, uma das vezes que fui para Torremolinos com o grupo de amigos de Rio Maior, estava eu a dormir na Ford Transit em que nos deslocávamos, quando começo a ouvir pancadas insistentes na porta. Tínhamos passado a noite nas discotecas do costume até às quinhentas, portanto não podia ser nenhum dos meus companheiros, que estavam a dormir nas tendas. Apesar de ser cedíssimo, para aí onze horas, meio-dia, entreabri os olhos e vejo a cara do Rui no vidro da porta traseira. Chocado, decidi que não podia beber tanto, já que estava com alucinações e, ainda por cima, em vez de ter visões com as belas inglesas, irlandesas, espanholas e o mais que por lá andava, era a imagem do Rui que me aparecia. Confortado com esta decisão, voltei a dormir. Porém, as pancadas não pararam e lá fui obrigado a acordar. Era mesmo o Rui, tínhamos estacionado a nossa carrinha mesmo ao lado de um Peugeot de matrícula portuguesa, que era nem mais nem menos que o veículo em que um grupo de amigos das Caldas se tinha deslocado para Benidorm. No regresso, pararam em Torremolinos e acamparam mesmo ao lado das nossas tendas, sem saber. Foi uma bela confraternização, tão mais agradável quanto completamente inesperada.
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Longas noites, muitas histórias. Pena que algumas das melhores não possam ser  contadas.

Inevitavelmente a festa acabou, chegou o tempo das responsabilidades, emprego, casamento, filhos. Continuámos a encontrarmo-nos e a passar bons momentos juntos, já com as respectivas esposas e algumas vezes com os próprios filhos ainda bebés, os bons princípios devem ser inculcados cedo.
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Por essa altura, numa das nossas visitas às Caldas, acabámos no Pachá a beber umas imperiais e a petiscar qualquer coisa. Nada de mais, não fosse o facto de a Arlinda estar gravidíssima do segundo filho. Perante o olhar horrorizado da minha mulher, despachámos, Arlinda incluída, moelas, orelha de porco, salada de polvo e outras vitualhas do mesmo género. Como o que tem de ser tem muita força, a Mafalda nasceu passadas poucas horas e ninguém me convence que a energia, a força e tudo aquilo que é característico da sua forte personalidade e carácter não são devedoras daquela magnífica libação.
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O tempo foi passando e a certa altura, quando decidi comprar uma casa de férias na região, foi ao Rui que recorri para me ajudar. Generoso e disponível como sempre, ocupou muitos Sábados a passear connosco pelas redondezas mostrando-nos locais, casas e estabelecendo contactos com potenciais vendedores. Devo confessar que, detestando ver casas, a minha maior motivação nessas visitas era o inevitável lanche, quase sempre numa tasquinha dos Pimpões, com que encerrávamos mais uma jornada imobiliária.
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Comprada a casa, era quase uma tradição o encontro ao Sábado de manhã na Venézia para pôr a escrita em dia e combinar qualquer eventual paródia.



Até que, inesperadamente como sempre acontece com as más notícias, o Rui começou a emagrecer e a sua pele a tomar um tom cinzento/esverdeado. Iniciou-se então a grande batalha pela vida que haveria de ocupar os últimos dois anos.
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Corajoso, digno, estóico dedicou-se aos tratamentos com toda a força e empenho a que a sua enorme alegria de viver o impelia. Sempre calmo, sem uma queixa, sem manifestar azedume algum. Sofreu mais do que era justo e morreu em paz.

Adeus Rui, meu velho e querido amigo, ir às Caldas nunca mais será a mesma coisa.

 José Manuel Franco     
  (Agosto 2011)
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C O M E N T Á R I O S 
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JMiguel disse...

Obrigado por este texto que retrata o Rui Hipólito duma forma coincidente com a imagem que tenho dele. A alegria, melhor a joie de vivre, do Rui está muito bem captada e é um lenitivo precioso neste momento triste. 

Presumo que não o conheço, mas a transitividade da amizade (Os amigos dos meus amigos, meus amigos são) permite dizer-lhe:Eh Pá! Muito obrigado!
 JMiguel
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  Anónimo disse...
Parabéns Zé por este bonito texto sobre o nosso amigo Rui, Que saudades...
        

O RUI


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“Apesar da nortada, sol e bandeira verde”, era este o teor do SMS da Rosa que recebi quinta-feira depois de almoço. Nem tive tempo de responder porque, às 15.09, ela telefonou e, enquanto eu lhe explicava que não podia ir à praia, ela informou-me “o Rui morreu”. Não precisou de dizer o Rui Hipólito, todos os seus amigos que ouviram aquela frase naquele dia sabiam a quem se referia. Há cerca de dois anos que sofria de uma neoplasia disseminada por vários órgãos e, por isso, inoperável. Segundo os médicos sobreviveu este tempo devido a uma boa reacção da doença à quimioterapia, segundo os amigos que o conheciam sobreviveu graças sobretudo a um enorme gosto de viver, a uma inquietação existencial e uma enorme curiosidade por tudo quanto o rodeava. O Rui não queria morrer sem ler as notícias de amanhã, sem saber a última novidade caldense, sem ver o novo filme do Tarantino, sem conhecer as novas contratações do Sporting que iriam permitir finalmente que o seu clube fosse campeão! Também penso que foi essa força interior, esse apego a todos os pequenos momentos da vida que permitiram que ele sobrevivesse cerca de dois anos, mas era um jogo com o resultado falseado à partida.
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O funeral do Rui realizou-se na passada sexta-feira, às 16 horas, no Cemitério Velho. Como em todos os dias da sua vida esteve acompanhado de muitos amigos, de todas as idades, profissões e classes. O Rui era muito popular, conhecia e era amigo de toda a gente, mesmo daqueles que temiam as suas observações mordazes e cáusticas … como um homem do futebol que, quando vinha às Caldas depois de uma derrota, hesitava em ir à Praça onde sabia que o Rui lhe recordaria ironicamente o resultado… As tertúlias na Praça ou no Central, que mesmo doente continuou a frequentar, não serão nunca mais as mesmas.
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Optimista, bon vivant, sempre desprendido dos problemas (apenas o Sporting o deixava verdadeiramente amargurado), observador e comentador impiedoso da sociedade que o rodeava, amigo dos seus amigos, mais facilmente empenhado em projectos colectivos do que em ambições pessoais, o Rui sempre representou o que de sui generis e único existe (existiu?) na vivência caldense. Tinha cinquenta e cinco anos .
Rui Hipólito no Encontro de Verão de 2009
Somos amigos desde a nossa infância, apesar de ele ser um pouco mais novo, porque eu e o seu irmão Tó Zé fomos sempre colegas. Cruzámo-nos depois no andebol e no futebol, onde nenhum de nós atingiu o merecido estrelato, e encontrámo-nos em Lisboa onde não fomos talvez alunos exemplares mas sempre noctívagos aplicados. Regressámos às Caldas, ele esteve no início do Cine Clube Caldense e depois ambos fizémos parte do grupo fundador da Cooperativa Margem e da Rádio do mesmo nome. O Rui esteve sempre no pequeno grupo que reanimou os encontros do ERO, era o “tesoureiro oficial” das diversas reuniões que se sucederam nos últimos anos. O seu entusiasmo e dedicação a estes projectos era inexcedível, a sua disponibilidade era total e sem calculismos, podia-se sempre contar com o Rui. Refilava a Arlinda, claro, e certamente com razão, porque ele dedicava sempre demasiado tempo e esforço a estas causas que nenhuma vantagem pessoal lhe traziam. Quem os conheceu sabe que a Arlinda era a força que fazia com que a vida pessoal e familiar do Rui funcionasse de forma organizada e ele sabia-o (embora se fosse sempre rebelando contra a sua “tirania”, como todos os bons maridos devem fazer). Os seus filhos são já adultos, o João tem vinte e cinco e a Mafalda vinte e três anos. 
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O Zé Nascimento pediu-me um texto para o Jornal das Caldas. Colei uns pensamentos que me acudiram durante o seu funeral e espero ter evitado uma nota necrológica fúnebre que ele não merecia. Mais depressa o recordarei quando beber uma bica no Central, uma imperial no Camaroeiro ou fizer uma “piscina” na Praça do que na campa do cemitério onde aposto que ninguém o vai convencer a ficar.
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 COMENTÁRIOS:


Belão disse...
"- Olha a Belãozinha! Então como vai isso?" Era sempre assim, quando nos encontrávamos. Mesmo com ele já bem doente. Chegámos a lanchar várias vezes no Van Gogh, pequeno café onde eu entrava sempre que lá o via e onde ele cheio de esperança e força de viver me falava de tudo o que comia, tudo o deixara de comer, das análises que tinham melhorado, dos tratamentos que iam recomeçar... À despedida, ele descia a rua. Eu subia, procurando aquela justificação inexistente, uma resposta convincente àquela pergunta que nos invade sempre que a um familiar ou amigo é diagnosticada tão estúpida e cruel doença: Mas porquê? Um beijo grande à Arlinda, ao João, à Mafalda. Belão
Joao Fernando Orozco Paneiro disse...
Há reletivamente pouco tempotive um acidente do tipo do Rui. Muito conversávamos sobre a situação dele e do nosso Sporting. Durante três anos o Rui trabalhou comigo Em S.Martinho do Porto, o que reforçou a nossa amizade, já que eu sou um pouco mais velho do que ele. A ultima vez que nos vimos, falámos das nossas contractações e das nossas maleitas. Ele disse-me (sic) Olha desta é que estou lixado. Tudo regrediu. Não tenho hipótese! Espero que tu tenhas mais sorte do que eu. Obrigado Rui, meu amigo.
Isabel Esse disse...
Texto perfeito como sempre e em apenas quatro parágrafos um retrato completo.Só lamento que seja sobre uma coisa tão triste. Beijo grande a toda a família.
Guida Sousa disse...
A morte do Rui é uma perda irreparável para todos nós e para as Caldas.Concordo com o autor que o Rui representava uma maneira de ser e estar caldense que se tem vindo a perder e agora ainda mais com a sua morte.O Rui está nestas palavras com que concordo.Abraço a todos.
Meus Sonhos disse...
Tocante,comovente,verdadeiro.O blog e a tua excelente prosa não servem só para recordar dias felizes... Abraço a todos,condolências à família.Ana

Rui Hipólito ( Zé Carlos Faria)

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Este é o texto do José Carlos Faria hoje (24-08-2011) publicado no Jornal das Caldas .

Pediram-me que escrevesse algumas palavras sobre o Rui. Nestas ocasiões o discurso tende a reduzir-se aos triviais lugares-comuns laudatórios, meras banalidades de circunstância, sempre convenientes para despachar o assunto sem maior incómodo. Não o quero pois fazer assim, porque seria apoucar a memória de um companheiro querido de muitas andanças e aventuras. O simples facto de este depoimento ter sido solicitado é bem significativo, já que demonstra a dimensão de cidadania patente nos seus actos, a que se entregou de coração aberto e genuíno entusiasmo, sem outro propósito que não o de servir a Comunidade. A sua. A nossa... Não precisou de medalhas por isso e também não as quereria, mais a mais neste luso rincão em que as distinções abundam por perfeitas irrelevâncias e em que tantas vezes o mérito faz gala em andar arredio.


Mas o que me dói mesmo é a tua ausência! Faz-me falta o sarcasmo verrinoso dos teus comentários, meu sacana. Mordem-me as saudades da perpétua querela verde-rubra, tu «lagarto», eu «lampião», entre vinhos e petiscos, marchar, marchar!...
E dou por mim a repetir os versos de uma velha cantiga: «Algo se muere en el alma quando un amigo se va»...




FALECEU O RUI HIPÓLITO

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Faleceu o nosso colega e amigo Rui Hipólito, após doença prolongada. O funeral realizou-se na Sexta-Feira, dia 19, às16 horas no Cemitério Velho.
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Também neste dia estiveram presentes muitos amigos, como muitos foram sempre os que o acompanharam durante toda a sua vida. Optimista, bon vivant, sempre desprendido dos problemas (apenas o Sporting o deixava verdadeiramente amargurado), observador e comentador impiedoso da sociedade que o rodeava, amigo dos seus amigos, mais facilmente empenhado em projectos colectivos do que em ambições pessoais, o Rui sempre representou o que de mais sui generis e único existe na vivência caldense. As tertúlias na Praça ou no Central não serão nunca mais as mesmas.
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À D. Euritze, à Arlinda, ao João e à Mafalda, ao Tó Zé e a toda a restante família enviamos um abraço de pêsames e a expressão da nossa solidariedade.



C O M E N T Á R I O S

Inês disse...
Saudades, Rui! Menino feliz, assim te conheci e assim te guardarei no coração. Sem idade! Inês Figueiredo 
Joao Fernando Orozco Paneiro disse...
Há relativamente pouco tempo tive um acidente do tipo do Rui. Muito conversávamos sobre a situação dele e do nosso Sporting. Durante três anos o Rui trabalhou comigo em S.Martinho do Porto, o que reforçou a nossa amizade, já que eu sou um pouco mais velho do que ele. A ultima vez que nos vimos, falámos das nossas contratações e das nossas maleitas. Ele disse-me (sic) "Olha desta é que estou lixado. Tudo regrediu. Não tenho hipótese! Espero que tu tenhas mais sorte do que eu." Obrigado Rui, meu amigo. 
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Belão disse...
"- Olha a Belãozinha! Então como vai isso?" Era sempre assim, quando nos encontrávamos. Mesmo com ele já bem doente. Chegámos a lanchar várias vezes no Van Gogh, pequeno café onde eu entrava sempre que lá o via e onde ele cheio de esperança e força de viver me falava de tudo o que comia, tudo o deixara de comer, das análises que tinham melhorado, dos tratamentos que iam recomeçar... À despedida, ele descia a rua. Eu subia, procurando aquela justificação inexistente, uma resposta convincente àquela pergunta que nos invade sempre que a um familiar ou amigo é diagnosticada tão estúpida e cruel doença: Mas porquê? Um beijo grande à Arlinda, ao João, à Mafalda. Belão 
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Élia Parreira disse...
Obrigada pelo texto e pelas palavras maravilhosas e sentidas...Forma bela de homenagear alguém que mesmo que não fosse nosso amigo chegado, admirávamos certamente por algum motivo e que por vezes até desconhecíamos mas o Rui era daquelas pessoas que transmitia uma positividade e uma simpatia que não é comum a qualquer um. A morte faz parte da vida, resta-nos aceitá-la e preservar a memória daqueles que partem quando chega a sua hora. Também estou triste com esta notícia.Força para a Família e para todos quantos vão sentir esta perda.
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Luís Abel disse...
Conheci o Rui no ERO na respeitável posição de colega um ano mais velho. A imagem que guardo dele é a de uma pessoa de quem era impossível não se gostar. Simpatia, afabilidade, cordialidade, tolerância e bom humor, são algumas das qualidades que depressa me vêm à mente quando relembro os bons momentos que faziam da sua companhia um prazer para todos. 
Um grande beijinho para a Arlinda. 
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PLB disse...
À Arlinda, que tal como o Rui também foi minha colega, e a toda a família enlutada os meus sentidos pêsames.  até sempr Rui Pedro Bandeira 

  • Um forte abraço e muita força Arlinda, João e Mafalda. RIP Rui :(
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. José Carlos S. de Almeida disse:
À família do Rui um grande abraço e sentidos pêsames. Recordarei para sempre os bons momentos que passámos juntos, praça acima, praça abaixo, comentando e rindo da vida. Resta-nos o consolo da esperança fundamental que todos nos voltaremos a encontrar.
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Luis Machado disse:

Os meus sentimentos a toda a família.
 Luis Machado
Guida Esteves disse: .    
Na Vida preparamos quase tudo menos o momento como este em que perdemos um Ente-Querido, ficamos sem palavras, sem animo, sem saber o que fazer, sem vontade para nada e mesmo até por vezes de o acompanhar na sua "Viagem" mais longa de sempre, é a total desorientação do ser humano perante a morte.
Aqui presto a minha homenagem ao Rui pela pessoa que foi e também pela sua coragem como lutou contra  a doença que acabou por o levar  extemporaneamente .                       Que descanse em Paz  As minhas mais  sentidas condolências a toda a família.  Guida S.Santos

  • Odete Maçãs acabou o seu sofrimento!!! sentimentos à família.


  • Jose Luis Almeida Silva Sentidos pêsames pelo desaparecimento dum tipo porreiro e amigo do seu amigo.


  • Maria Fátima Sousa Ferreira Os meus sentidos pêsames à família!!! Tive o prazer de o conhecer nas Caldas da Rainha nos anos 70...


  • Isabel Xavier Que perda tão grande para todos quantos conheceram e gostaram do Rui! Os meus sentimentos à mãe do Rui (nunca deveria ser necessário uma mãe passar por isto), à Arlinda e restante família.


  • Maria Do Rosário Pimentel Sentidos pêsames a toda a família.



Alice Ventura Embora não fosse do meu ano, lembro-me dele no colégio."Sentidos pêsames" à família e muita força nesta hora difícil.
    •  
      Joao Bernardes Completamente inesperado para mim. Fazia já um tempo que não o via mas não fazia ideia. Os meus pêsames, não só à família mas, também a todos os que com ele confraternizaram. E se havia pessoas nas Caldas com carácter mordaz mas obrigatória de ser apreciada, o Rui era concerteza uma dessas pessoas. Um abraço, meu caro Rui Hipólito.

    • Rosa Capinha Foi com muita tristeza que tive conhecimento desta noticia, à familia meus sentido pêsames, e muita força. Descansa em paz RUI !!!
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      Libânia disse:
      Os meus sentidos pêsames à família . Libânia
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      Tó Quim disse:
      Não podendo estar presente no funeral e não tendo outro contacto aqui envio os meus sentimentos.
      O Rui vai fazer-nos a todos muita falta e iremos recordá-lo certamente com muita saudade no encontro de Outubro. 
      Um grande abraço
      Tó-Quim
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      Miguel Bento Monteiro disse:


      Por ser impossível estar convosco neste triste momento, quero enviar os meus sentimentos a toda a família Hipólito,e em especial dar um sentido abraço ao meu bom e velho companheiro TZ Hipólito.
    • MBM
       
      São Caixinha Causa-me grande tristeza saber que o Rui já não está entre nós. Os meus sentidos pêsames à família e amigos.   RIP simpático amigo!!

    • Laura Morgado Fiquei muito triste com esta noticia. O Rui deixou de estar no mundo dos vivos, vai deixar-nos muitas saudades, mas estará sempre presente entre nós! Para a família os meus sentidos pêsames.
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Mercês  disse:
Só soube do falecimento do Rui depois de já ter decorrido o funeral, mas gostaria de dar um enorme beijinho à sua Mãe, à Arlinda e restante família.Estava sempre sorridente!!!!
Força agora para todos.
Mercês
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Julinha disse:
Conheci o Rui, já nos nossos encontros do Ero,e desde aí tive sempre uma grande admiração por ele.
Nesta etapa tão dolorosa da sua vida,mostrou sempre grande coragem e força de vontade...como lhe teria sido difícil.
Ficará para sempre o seu sorriso,a sua boa disposição.
A toda a Família,sentidos pêsames.
Júlia Ribeiro
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Não contactei com o Rui em pessoa mas lembro-me muito dele no Colégio... contudo sinto-me triste por saber que já partiu.... para mim e um pouco da infância, da minha infância, das milhas memorias, que partiu também. Para a família os meus sentidos pêsames.....
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Luis Lamy disse:
Rui serás sempre o maior.
LLamy