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.O NOVO ANO
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O novo ano, limpo e imaculado como a folha de papel onde vou escrever estas linhas, deixa todo o espaço do mundo para registar as mais infundadas esperanças e os mais irrealizáveis sonhos e aspirações (claro que não escrevo em papel, mas branco como o ecrã do meu LCD pareceu-me…sei lá, fica o papel). Rivaliza esta época com o início do Verão em termos de dietas, início de programas de ginástica, jogging, exercícios matinais (levantar cinco minutos mais cedo não custa nada…), nessa altura provocados pelas visões devolvidas, só de relance!, pelo espelho e o pesadelo da sua exposição pública nos areais da Foz do Arelho ou do Algarve. A um de Janeiro porque esperamos que o espírito do novo ano nos tire o gosto pelos doces, queijos, batatas fritas, chocolates, álcool, enfim tudo o que nos sabe bem e arruína a saúde. E depois descobrimos, sempre indignados, que o Ano mudou mas nós não! Continuamos a fumar, comer e beber (mal e demais) e a passar horas imóveis frente à TV ou computador .
Fomos sempre assim? Ou houve um tempo em que não um novo ano mas uma nova vida se estendia imaculada à nossa frente e a passagem de Ano era só mais uma festa, um pretexto para sair e beber um copo com os amigos já que não esperávamos do novo ano senão a continuação do anterior? É claro que tenho a ideia de desejar ter melhores notas e menos problemas no colégio, mas não me lembro de tomar nenhuma resolução de estudar mais ou comportar-me melhor nas aulas... É claro que desejava menos atritos familiares, mas nunca iniciei nenhum programa para chegar mais cedo a casa quando saía à noite ou adequar mais do que o estritamente necessário o meu comportamento às exigências e aspirações paternas... Fomos sempre assim? Penso que não, nessa altura esperávamos mudar o Mundo e não que ele nos mudasse a nós, isso é que era lógico! (como diria o meu amigo Miguel BM).
A nossa forma de encarar 2012 é diferente daquela como encarámos 1952, 62, 72, 82? Aprendemos realmente alguma coisa, o Externato Ramalho Ortigão foi o início dessa aprendizagem e tudo faz sentido, ou as aspirações e os sonhos da adolescência foram o que de melhor produzimos e o dia-a-dia e a rotina vão calmamente anestesiando o menino que queria ser…
Ou esqueçam o que eu escrevi numa cinzenta tarde de Janeiro, deixem de fumar, comecem aquela dieta, vão à ginástica e à natação, comecem a andar mais a pé e menos de automóvel e sejam mais felizes que em 2011.
E peço desculpa por esta interrupção, o Blog segue dentro de momentos !
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JJ
(texto recuperado de uma publicação
no Blog do ERO há quatro anos)
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