ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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PROFESSORES A PARTIR DE 1958

Fotografia e texto de Júlia Ribeiro
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Isabel V P disse:
Fiquei muito satisfeita por ver a fotografia, que ainda não tinha legenda, pois lembro-me de toda a gente; o pior são os nomes.
Vejamos:
Sentadas, da esq. para a dta.:Graça Feu e Torres, Bia, Fátima Rosado, Mercês, Madalena Pimenta de Castro, Ana Maria (Nani) Barosa, Lena VP, Manela VP, Clara Teodósio, Ema Botelho, Carmo Franco da Silva, Olga, Melita, Manel Carreira Ramos, (não se vê) e Anabela (da Foz do Arelho , não me lembro do apedido)
Em pé, msma direcção: Lurdes Serrazina, Lurdes Guerra, São Pina, Ramira, Júlia, Edviges, Esperança Carvalheiro, Guida Cássio, D. Regina, Dra. Cristina, Laura, Fernanda Casimiro, Manela Carvalheiro, Nami, Tamé, Carmo Guerra e Conceição.
(NOTA:esta versão final da legenda teve a colaboração da Júlia e da Ana Nascimento)

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Há pessoas a que eu faço grandes maldades e que continuam a ser minhas amigas, é incrível e mostra que são bem melhores que eu...
A Júlia, por exemplo, de quem vou transcrever um email, assim, tal e qual como chegou. É um "rascunho" para ser completado e servir de base a uma listagem completa dos professores neste período, mas eu acho que está suficientemente interessante para aparecer.Vocês não lhe digam que eu publiquei isto!
Mas se alguém se descair (eu que saiba quem foi!) e ela vier a saber, a minha esperança é que fique "danada" um minuto, zangada dois minutos e depois esqueça, como sempre. E que dê uma ajuda na legendagem desta fotografia, que a Isabel VP já iniciou. JJ

PROFESSORES 1958/ 1965 (Júlia R)


Eis o prometido, sem stress.....
1 - os que não tenho a certeza vai com ? á frente
2 - os que não sei quando entraram ou saíram vai a data com ?

Dr Jaime Umbelino---1958 a 1960---prof de Francês. Português ?
Residia em Torres Vedras, ia e vinha todos os dias na automotora, era muito simpático e como prof penso que tb, pois eu andava no 1º e 2º anos. A Ana Nascimento acho que sabe algo mais dele....

Dr.Fontinha----entrada? Saiu em 1960---prof de Português

Engº Cabral-----entrada? Saiu em 1960---prof de Desenho, apenas sei que trabalhava na Seol.

Mestre Mateus---1958 ? a 1960---prof Trabalhos Manuais

D. Dora---- 1958/59 até ao fim--- deu no meu 1º ano Lavores Femininos. Toda a gente se lembra da Dorinha!!!!!

(nestes 2 anos não me consigo lembrar quem era o prof de Ciências---deve ser porque tive 5 valores no 1º ponto e devo ter ficado com trauma!!!!!!!!!!!foram os malditos eclipses....)

Drª Maria do Rosário Leal-----1960 a 1963----Ciêncis Naturais----saiu do colégio e veio para Lisboa para um Lab de investigação---está bem, encontrei-a há pouco tempo, mas não sei mais nada.

Drª Armanda Carrilho---1960 a 1963----Português---aqui chateia a Ana Nascimento porque ela já conseguio contactar com ela

Drª Cremilde Palma---1961 a1963—tens muita informação....

Dr André Dias Gonçalves ---meio do ano lectivo 1959/60 a1963---também tens muita informação

Drª Maria Alda Silva Lopes----1961 a 1963--idem idem aspas aspas

Madame Irene Albuquerque---entrada?----saiu em 1962----prof Inglês e Francês---veio para a Faculdade de Letras de Lisboa leccionar

Papi---julgo que só esteve no colégio no ano de 1962/63---prof Inglês

Padre Luis Moita—1961/62—só um ano e deu História. Foi ordenado quando estava no Colégio.

Padre Afonso--1962 /63 também só 1 ano no colégio—leccionou História

Dr Nunes----Durante algum tempo no ano lectivo 1963/64—também tens informações

Dr António José Figueiredo Lopes--1963 a 1972 -- Deu Desenho Geométrico´e Matemática, foi um dos professores mais queridos de toda a geração de 60.
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Drª Cristina Marques---1964 a ??, tu sabes melhor que eu-Ciências Naturais e Geografia.

Dr Rocha----1963 /64 –só um ano e deu Filosofia e Organização Politica—era um muito pequenino....

Drª Deolinda----1964 até ????----Filosofia (não esqueças que tens a foto )

Dr Jaime Serafim-----Julgo que em 1964 (ou ainda 63? tens maneira de confirmar?) até ??

Dr Sanches---1964 até ?----Organização Politica mas não sei até quando.

D.Rosa—Educação Fisica—pede informações ao Zé Carlos Faria.

D. Anita----Inicio ? fim? A D.Anita e o Dr Azevedo foram 2 prof que ” fizeram parte do mobiliário” , 2 pessoas que marcaram muito o Colégio.

Não me lembro de mais, mas no que poder ajudar, já sabes, podes contar comigo.

Júlia
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COMENTÁRIOS E SUBSTITUIÇÃO DOS ???
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Júlia disse:
Oh João,então não deste nenhuma achega? Alguns profs eu não sei quando sairam, mas tu sabes, pois ficaste lá mais uns anitos!!!!! Estava eu à espera que substituisses alguns pontos de interrogação, mas deu-te a preguiça com certeza, ou faltou a memória??? Estás á espera que os nossos colegas puxem pelos neurónios e apareçam,acho bem, pois ainda há por aí muita gente escondida atrás do ecrã....Apareçam !
Mas o João já me deu uma informação:o Dr. Azevedo entrou em 1948, lembra-se muito bem que não era careca e até do fato que trazia vestido. Que acham , eh,eh,eh, menino prodigio, ou antes EMBRIÂO (nem isso....).
Vá Joãozinho,não baralhes o pessoal e dá umas dicas porque, como eu referi, há 2 pessoas que nos será dificil saber datas: Dr.Azevedo e D. Anita, principalmente o inicio da sua excelente e prolongada estadia no ERO. Júlia R
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João Jales disse:
Em primeiro lugar é verdade que eu ando preguiçoso mas, com tanta gente a colaborar no Blog, posso dar-me a esse luxo.
Posso responder à Júlia dizendo que a D. Anita entrou quando o Colégio começou (Outubro de 1945) e ficou até ao final, acompanhando depois a sua posterior transformação na década de 70.
O Dr. Azevedo entrou em 1948 e ficou até 1968, julgo. É evidente que a minha recordação da sua chegada ao Colégio é muito ténue e a descrição que eu fiz à Júlia da sua chegada, bem mais cabeludo do que o conhecemos depois, é algo fantasiosa... Mas podem consultar as fotos do ERO na Miguel Bombarda dessa época (1945/1951), ele já lá está.
Os restantes ??? espero que outros colegas os esclareçam porque, conforme combinámos, esta série é escrita colectivamente.
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Amélia Teotónio disse:
Olá JJ,esta é para não dizeres...."então estás lá e não dizes nada"!!!!!
Gostei imenso de ver a fotografia e de rever as caras simpáticas das colegas e amigas. Recordo também a Dª Regina ( fez-me lembrar aquelas aulas especiais de religião e moral, em que utilizávamos os papelinhos para pôr questões metafisicas e outras... algumas, destas outras, bem atrevidas para a época), recordo igualmente com carinho a Esperança e a Drª Cristina, que infelizmente já não estão entre nós.
Mais, felicito as " boas cabeças" que contribuiram para a identificação quase completa da foto...Neste aspecto o meu contributo é zero, reconheço as já identificadas. Das ???.Lembro das caras, mas dos nomes... Estas "caritas larocas", são-me tão familiares... estão tão próximas...parece que foi ontem que a foto foi tirada!!!!! Faz-nos sentir imensas saudades daqueles tempos... despreocupados, mas solidários.Um abraço para todas as garotas e também para ti, JJ.
Melita Teotónio

PROFESSORES EM 63/64 e 64/65

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. Dr. Figueiredo Lopes, Prof. Bastos, Dra. Rita, Dr. Azevedo, Dra. Mª Palmira Azevedo e Castro (Papi), Drª Cristina Santos Marques, D. Anita Nascimento, Dr. Rocha, Dr. Horta, Pe. Albino e José Maria (da secretaria).


Olá João



Para não te queixares da minha falta de participação, aí vai uma achega: a lista dos professores que integravam o corpo docente do ERO nos anos lectivos de 63/64 e 64/65 (ao que parece, eram os mesmos):

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Matemática........................Dr. Azevedo e Dr. Figueiredo Lopes
Físico-Química..................Dr. Jaime Serafim
Geografia..........................Dra. Cristina, Dr. Azevedo e Dr. Figueiredo Lopes
Desenho...........................Dr. Figueiredo Lopes
Ciências Naturais.............Dra. Cristina e Dr. Figueiredo Lopes
Desenho à vista................Arq. Loureiro
Português.........................Pe. Renato, Dra. Cândida e Dr. Luís Canas Ferreira
Francês............................Dra. Cândida e Mme Nicole Loureiro
Inglês................................Dr. Luís Canas Ferreira
Alemão..............................Dr. Luís Canas Ferreira
Latim.................................Pe. Renato
História.............................Dra. Deolinda e Pe. Albino (em substituição de Pe. Salvado)
Filosofia............................Pe. Fernando Maria de Carvalho e Dra. Deolinda
OPAN................................Dr. Sanches
Religião/Moral...................Pe. Xico, D. Regina, Pe. Fernando Maria
Canto Coral.......................Pe. Renato e Pe. Xico
Educação Física................Prof. Bastos e D. Rosa
Lavores..............................D. Anita e D. Dora
Trabalhos Manuais............D. Regina
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Instrução primária:

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1ª e 3ª classes...................Esperança Carvalheiro
2ª e 4ª classes...................Margarida

Isabel V P
Dr. Figueiredo Lopes, Prof. Bastos, Pe. Albino, Dra. Rita, Drª Cristina Santos Marques , D. Anita Nascimento, Dra. Maria Palmira Azevedo e Castro (Papi), Dr. Rocha, Dr. Azevedo, Pe. Xico, Dr. Horta e José Maria.


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COMENTÁRIOS E LEGENDAGEM DAS FOTOS
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João Jales disse:
Agradeço a contribuição mas verifico que alguns dos professores que estão nas fotografias não constam na lista. Apelo aqui aos bloguistas que a completem usando as fotografias e, obviamente, a memória.
A Isabel enviou também, já há algum tempo, um jornal do Colégio e algumas fotografias. Uma delas é uma das mais bonitas (e misteriosas) que tenho para publicar. Nada está esquecido e surgirá no devido tempo.
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Manuela Gama Vieira disse:
Esta varanda assusta-me! Tenho vertigens com as alturas!
Se a memória me deixar, colaborarei dizendo quem foram os meus professores nas diversas disciplinas, já as datas/anos...mais difícil!Por acaso alguém viu o P.e Renato naquela "engalanada" e colorida varanda?Manuela Gama Vieira
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Anónimo disse:
Legenda das fotografias:1ª: Dr. Figueiredo Lopes, Prof. Bastos, Dra. Rita, Dr. Azevedo, Dra. Mª Palmira Azevedo e Castro, ?, D. Anita Nascimento, ?, Dr. Horta, Pe. Alnino e José Maria (da secretaria).
2ª: Dr. Figueiredo Lopes, Prof. Bastos, Pe. Albino, Dra. Rita, ?, D. anita Nascimento, Dra. Maria Palmira Azevedo e Castro, ?, Dr. Azevedo, Pe. Xico, Dr. Horta e José Maria.
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jorge disse:
Os ??? da anterior identificação(porquê anónimo,porque não assina?)são a Cristina e o Rocha.Mas há mais em falta na lista,vou tentar completar.
jorge

Aniversário Ana Nascimento (26/11)

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Procura-se um Amigo
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Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar. Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objectivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer. Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
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Vinicius de Moraes
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C O M E N T Á R I O S


Eu pensava que este blog era sério…que não recorria a falsidades ou invenções só para preencher espaço. E, interrompendo uma ausência de vários dias, abro-o e deparo-me com um enorme desaforo.AINDA NINGUÉM PERCEBEU QUE AS NOSSAS MIÚDAS DEIXARAM, HÁ MUITOS ANOS, DE COMEMORAR ANIVERSÁRIOS??? TÃO SÓ PORQUE OS ANOS NÃO PASSAM POR ELAS…ELAS É QUE VÃO PASSANDO, INCÓLUMES E LINDAS, PELOS ANOS….AINDA NÃO PERCEBERAM???...só pode ser por inveja, suponho.De qualquer modo, Ana, um beijinho grande e pela minha parte um grande pedido de desculpas por esta gaffe do “Joãozinho”.Pereira da Silva

Aqui vão os meus beijinhos e abraços de parabéns.Desculpa não o ter feito mais cedo mas estive ausente da cidade e do computador. Já agora aproveito para recordar a última festa dos teus anos em que estive presente, naquela noite fatídica das grandes cheias quando o Tejo transbordou e levou tudo na enxurrada.Por aqui a chuva foi forte e ainda deu algum trabalho aos bombeiros. Quanto a nós, o resto da festa foi feito à luz das velas, o que ainda deu algum jeito aos casalinhos de namorados que lá estavam.Guida R
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Ser saudada no dia de Aniversário, com este belo poema/música, até eu gostava de fazer anos!Ana, um abraço enorme de parabéns!
Manuela Gama Vieira
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Olá JoãozinhoAcabei de nascer há cinco minutos, vim espreitar o blog e eis senão quando recebi uma prenda tua…. E tããããão liiiiiiinda…… já deves calcular que estou chorando e rindo ao mesmo tempo… escolheste um texto do Vinicius que me toca muito (é escrito com o coração, exprime tão bem o que é um amigo…) e a canção é uma das minhas preferidas… acertaste em cheio cachopo.Bem e como eu adoro fazer anos se quiseres podes trocar o # = pelo 59, assim a informação fica completa … eheheheheh
Ana
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Olá Ana
Créditos à Anabela Miguel, a verdadeira promotora de tudo isto, incluindo a escolha do texto. Eu só descobri o vídeo em que ele aparecia acompanhado desta bela canção, cliquei aqui e ali, nada mais.Parabéns!
Joãozinho
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Estou verdadeiramente surpreendido. Julgava que só os pobres mortais faziam anos. Não sei mesmo se não estamos perante uma "partida" do Joãozinho.Muitos parabéns, Ana. Quando ouvires uns "parabéns a você" um tudo-nada desafinados são os meus.
JBSerra
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Ana, com um grande beijinho de Parabéns, desejo que tenhas um lindo dia de aniversário...
Anabela Miguel"
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parabéns a você ..." (ainda mais desafinado que o João Serra)...jorge
Olá Ana! Desejo que este dia marque o início de um ano em que todos os teus desejos se realizem!!Muitas felicidades e um dia bonito!Um abraço de saudades e um beijinho parabéns!
São Caixinha
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E antes que seja tarde demais , quero desejar um ano muito feliz á Querida Ana que faz hoje aninhos, e que tenha um dia de aniversário muito especial, como ela!Um beijinho com muitas saudadesIsabel Caixinha
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Parabéns ao belo cisne do ERO, apesar de mais nova lembro-me de a ver dançar.Bjnh
Ana Luisa
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Olá Ana“Mais vale tarde do que nunca”Só agora verifiquei que era o dia do teu aniversário e por isso muitos parabéns.Apesar de não poder desejar um dia feliz, pois já é tarde, faço votos de que o Jales continue a presentear-te durante muitos anos, com músicas tão belas como esta.Muitos beijinhos da Laurinha.
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Amigos, estive sem net uns dias e só hoje é que me foi possível entrar….Obrigada a todos que através do nosso blog estiveram comigo no meu dia de anos.Perdoem-me as meninas, mas não posso deixar de enviar um abraço especial ao Bonifácio e ao Jorge que tanto se aplicaram para me cantarem os parabéns a você… BRAVO… estiveram perfeitos, afinadíssimos …
Beijinhos daAna

O PADRE QUE TINHA SENTIDO DE HUMOR

por Ana Nascimento


Calada está a Mercês (não sabia a letra?). Cantam
Luisa Nascimento, Manela VP e Ana Nascimento.


Caros colegas:


Brilhantes…. é só que posso dizer de todas as vossas descrições de um homem tão bom que nada guardava para si….

Eu também lembro com carinho o “nosso” Padre Renato, quando entrei para o 1º ano, em 1960, foi ele o meu professor de desenho e de canto coral.

E por falar em desenho, recordo que, n
uma aula em que nos explicava a técnica de pintar a aguarela, não sei quem foi o “artista” que não conseguia abrir o tubo de guache (Carrilhinho ajuda-me, terá sido o Aníbal? ou o Jorge Garcia?..... Manel Gerardo, foste tu? ) e muito “inocentemente” foi ter com sr Padre e diz:
- Sr. Padre Renato não consigo abrir o guache …
- Oh menino, oh menino isto não custa nada, quer ver ? quer ver?
O padre Renato aperta o tubo…. aperta e nada…. tanto apertou que o selo salta e o guache saiu em jacto espirrando para tudo quanto era sítio… …
Ai rapazes … dá-lhe uma irritação tal…vira-se para nós e numa voz zangada diz:
- O menino viu o que fez??? Viu…. Viu ??? Seu bacôco…..
Julgam que o castigou? Não, pegou na régua, bateu com ela na secretária com toda a força, a régua partiu e o bom do Padre Renato foi continuando a descarregar a sua irritação pontapeando a dita cuja ao longo do estrado, até acertar no caixote do lixo que estava no canto oposto …

Nas aulas de canto coral as histórias que contava eram as do Tonecas e foi também nessas aulas que vi hipnotizar alguns colegas (um deitou a pasta para o chão convencido que ela estava a arder).

Nessa altura, há um episódio passado na ladeira em que ele convence um menino que um dos burros que estava perto do chafariz era uma rapariga muito linda….” Vai lá vai lá, dá-lhe um beijinho menino” … eu não presenciei a cena mas consta que o menino deu mesmo um beijo ao burro……

Celebração da missa no ERO
“In illo tempore, latim de Cícero” – frase muito usada pelo Padre Renato, como decerto se lembrarão as sua alunas, havia missa no intervalo grande, missa esta com pouca afluência pois o pessoal queria era brincar …
Na altura da consagração, há um movimento do Padre Renato que ficou registado na minha memória. Sem se virar para a assistência, ou melhor, de costas para a mesma (na altura a missa era celebrada assim), espreitando por baixo do ombro, rodava levemente a cabeça, ora para o lado direito, ora para o lado esquerdo e perguntava: - "Há alguém para comungar"?
Claro que ninguém se acusava… e a missa acabava mais cedo…..

Bem, a afluência também dependia do celebrante. Enquanto o Padre Xico tinha meia capela, os outros celebrantes tinham 4 gatos pingados ... mas isso não era culpa do Padre Renato, claro!


O Padre Renato tinha um humor muito próprio. Senão vejam:
O Padre Renato estava colocado como pároco no Olho Marinho, onde, normalmente havia pequenos grupos que o aguardavam no adro e só depois entravam para a igreja. Num desses dias, uma senhora ao vê-lo chegar comentou:- “Olhem já chegou o Padreca” …
O Padre Renato ouviu mas não teve qualquer reacção ….entrou e celebrou a missa no fim da qual se seguiram os cumprimentos aos paroquianos.
Quando a dita senhora se aproxima para o cumprimentar o Padre Renato estende-lhe a mão diz:-
”Como está, Senhoreca?
“Senhoreca sr. Padre ?
Sim…não foi a Sr.ª que me chamou Padreca ?????

Sr. Padre Renato, esteja onde estiver, aqui vai um OBRIGADA pelos valores que nos transmitiu, por todos os momentos de humor (e de algum medo também….). Enfim, por tudo quanto nos deu e nos ensinou, o meu abraço para si.

Ana Nascimento


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COMENTÁRIOS
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Júlia R disse:
Cada vez estou mais taumatizada......eu, que poderia estar aqui a fazer companhia a estas lindas meninas que estão tão bem!!!! Poderia fazer como a Mercês! Aliás era isso que me sucedia, esquecia-me da letra....
ANA: Parece que te fez bem a ameaça do Jales....retardaste mas apareceste, e muito bem !Gostei muito do teu testemunho do Padre Renato,aliás estou tão surpreendida com tantas estórias do P. Renato que tenho pena não o ter tido como professor.Eu não me recordava , mas perante tudo o se tem aqui revelado, quase tenho a certeza de que não.
Cada vez fico mais perplexa com tudo o que se tem revelado aqui e com tudo isto tiro uma conclusão :
O PADRE RENATO ERA UMA CAIXINHA RECHEADA DE SURPRESAS .....eu conhecia-o tão superficialmente !!!!!!!! Que pena!
Júlia R


Manuela GV disse:
Se as meninas cantavam a “vozes”, a altura de entrada da Mercês ainda não tinha chegado; recordo-a como uma boa e dedicada aluna., sabia a letra, com toda a certeza!
À medida que se vão abrindo estes preciosos baús de recordações…a minha memória vai despertando.
Senão vejam: lembro-me daquelas vossas toillettes; o tempo da moda dos vestidos de tricot, bem giros; claro que os manequins os valorizam, como se pode ver na imagem.
Ana, ri-me imenso com as tuas “anedotas” do P.e Renato! Aquela do Padreca e da Senhoreca...fez-me soltar uma sonora gargalhada, logo pela manhã.
Gostei muito de te ler, e muito gostaria de te ter visto ontem, naquela viagem cultural.
Manuela Gama Vieira
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Ana N disse:
Julinha não estejas traumatizada… embora cantasse o suficiente para não agredir os tímpanos do Padre Renato não fiz carreira….. não gravei nenhum disco… acho mesmo não encantei ninguém com esse meu atributo…..e neste momento só pio… eheheheheh
E é verdade quando dizes que a ameaça resultou …. tive que arrepiar caminho senão era banida …. E tu Manela foste bem perspicaz… O mistério da boca fechada da Mercês está decifrado… Cantávamos nós um Canon “To Portsmouth" e a ainda não tinha chegado a vez da Mercês entrar…
Pelas fatiotas e pelo tamanho do meu cabelo também vos digo que a dita foto foi tirada na festa de Natal de 1966, (deve existir um programa, será que alguém o tem ?????)
Também gostava de te ter visto mas não me foi possível, fica para a próxima … está prometido Beijinhos Ana
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João Jales disse:
Este é o último depoimento que recebemos aqui sobre o Padre Renato, passamos esta semana a outros professores.
O texto é típico da Ana, dentro do que ela nos habituou anteriormente (quando tem tempo...), entre as recordações e os sentimentos, sempre servido por uma boa memória.
Apesar da ausência da chacina de qualquer inocente, habitual nos anteriores textos da Ana, temos no final "o medo" (do Padre Renato?) e, ao longo do depoimento várias "vítimas": o guache, a régua, o "aluno bacoco" e o "menino que beijou o burro", mesmo excluindo a "senhoreca" , que só teve o que pediu...
Vai aparecendo, Aninhas, tenho aqui sempre uma página à tua espera. JJ

O PADRE QUE ENCANTAVA MORSAS

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Profissão de Fé, 1966
Esq»Dir: Rui Medina, Alberto R P, Óscar,
Padre X, António Rodriguez,Zé Carlos Faria.


Renato - o nome alude a um renascimento, como que nascido duas vezes, para o serviço de Deus e dos Homens.

Os seus dotes hipnóticos, em tempos de Santo Ofício, ter-lhe-iam valido, decerto, acusações de «bruxaria e feitiçaria». E recordo-me de, ainda muito pequeno, acompanhar a minha Mãe a uma visita de estudo ao Aquário Vasco da Gama. Padre Renato, mesmo sem capa de mágico, tão só o sempiterno e surrado fato de sacerdote, decidiu encantar a morsa (essa, the Walrus, a dos Beatles). O problema foi reanimá-la. O bicho em letargia, para crescente alvoroço dos funcionários, repuxava profundos suspiros a tresandar a carapau e nada, nadinha de nada. Por fim, discretamente, mas já em aflição, o nosso querido senhor dos sortilégios, para alívio geral, lá conseguiu corrente magnética suficiente para libertar a bela adormecida, levando-a a um gracioso mergulho, toda ela em refegos de gordura, nas águas do tanque.

Na pessoa do Padre Renato, travava-se um combate interior, tão humano afinal, entre Santo e Demónio. De fúrias ciclópicas eruptivas, estilhaçando com força de titã, livros de ponto, canetas, ponteiros, óculos, caído em tentação com pequenas fraquezas de doces ou um bom licor e, em paralelo, aguarelista sensível (que me ensinou a aproveitar o branco do papel para captar a luz), talentoso improvisador como organista, com sólidos conhecimentos de harmonia e contraponto e sábias utilizações dos registos do teclado e pedaleira, homem de pobreza Franciscana e votado ao culto dos desamparados, à chuva e ao vento na sua desconjuntada caranguejola Vespa, solidário/solitário, bom e digno, mesmo naquilo que alguns tomavam por facetas pícaras.
Vindo uma vez de S. Martinho com os meus Pais, deparámos, em Tornada, com um espectáculo insólito. Um funeral, na estrada a caminho do cemitério, avançava, a pé, em ritmo de marcha Olímpica. Os acompanhantes, de respiração acelerada e a arfar, tentavam não perder contacto com o féretro. A família do defunto, às corridinhas, esforçava-se por ir equilibrando uma panóplia de velas, coroas e ramos de flores. A carreta funerária deslizava veloz, como as diligências do Velho Oeste nas rotas das pradarias, puxada por dois sujeitos afadigados, de língua de fora e boné às três pancadas. Os sacristães com turíbulo e crucifixo,suavam as estopinhas. À frente, o Padre Renato, a quem não era simpática a proximidade com os mortos, em passo estugado, as vestes e paramentos religiosos em torvelinho, sprintava valentemente para resolver o quanto antes aquela ingrata missão.

Nas aulas de Latim, o grupo era jeitoso e assinalável - a Eca e a Paulinha Gouveia, excelentes alunas e meninas dos olhos do velho Mestre e, depois, os «excomungados», que nem por isso: Pedro «Jorze» «Semilha», Rui Ferreira da Silva, Vasquinho Baptista, Zé Manuel Simões (Simonal) e este escriba. Como é óbvio, éramos alvo de marcação apertada. Um dia, na primeira aula da manhã, fomos surpreendidos com uma frase no quadro: «Camaroeiro Real - A perdição da Juventude», alusão claríssima à predilecção pela sala de estudo comum. Ora o nosso Padre costumava lanchar o seu galão com bolo de arroz naquilo que era, à época, um modesto e honrado estabelecimento de bairro. A réplica deu-se na aula seguinte. No quadro, a giz, lia-se: «Café Avenida - O antro do Vício!». Pleno de «fair-play», o professor apagou a inscrição e começou a lição como se nada fosse.

E havia declinações, a Selecta Latina com os clássicos, e também algumas piadas didácticas sobre a língua morta como o/ «ludere me putas»/, que ao contrário do que se possa pensar, não tem rigorosamente nada a ver com divertimentos em casas de meninas, mas sim com o «julgas que estou a brincar» de Plínio.

E daí, em homenagem e lembrança ao Latim aprendido com o Padre Renato, recebam pois um abraço /«ex toto corde»/, ou seja, de todo o coração...


José Carlos Faria
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ERA IRRESÍSTIVEL SUGERIR ESTA MÚSICA PARA ACOMPANHAR A LEITURA DO TEXTO DO ZÉ CARLOS FARIA.COMO SE NO PADRE RENATO TAMBÉM HOUVESSE ALGO DE PSICADÉLICO...
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.COMENTÁRIOS
Manuela Gama Vieira disse:
BEM ESCRITO, CONTA UMA HISTÓRIA ENGRAÇADÍSSIMA.
OH JALES, VEJO QUE TAL COMO EU, TAMBÉM TUA MULHER SERIA UMA DAS "ALUMNA DILECTA MEA" DO SAUDOSO P.E RENATO.
CORRIA NOS FUNERAIS….TALVEZ COM RECEIO DAS SUAS QUALIDADES ESOTÉRICAS…NÃO FOSSE O DEFUNTO RESSUSCITAR!
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João Jales disse:
O Zé Carlos traz sempre uma nota de humor muito pessoal quando nos visita, embora menos vezes do que todos gostaríamos. E há um desenho especial na forma como escreve, como se houvesse um grafismo diferente nas suas palavras, mas quando confirmei vi que não, estão todas em ARIAL, como o resto do Blog...
Ri-me com gosto da morsa hipnotizada, do funeral contra-relógio e das trocas de acusações sobre os locais de perdição. Porque é que temos todos tantas estórias do Padre Renato?
O comentário da Manuela GV está à altura do texto! Os poderes esotéricos do Padre Renato poderiam efectivamente alterar os planos de um funeral? Nunca o saberemos.
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Isabel Xavier disse:
O Zé é um contador de histórias impagável, mas estas duas nunca lhe tinha ouvido. O Padre Renato era uma padre cheio de surpresas, tantas são as memórias que todos dele temos. Estas duas, da morsa e do funeral apressado, são inultrapassáveis, de facto.
Além dos factos, o Zé é um contador de imagens: um homem do teatro, é o que é! Nem me atrevo a pedir-lhe que continue. Digo-lhe só que faz muita falta neste blog. Para mais com a posição única de ter sido aluno e, simultaneamente, filho e neto de professoras do colégio. Vá lá Zé... faz-nos a vontade! - Isabel Xavier -
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Luis disse:
O Faria reconhece-se facilmente na fotografia porque é o único que tem os atacadores dos sapatos desapertados.
Vejo com satisfação que o Zé Carlos recorda estes tempos com um invejável humor e os descreve com uma prosa fluida.
Como diz o JJ, vê lá se apareces mais vezes! Luis
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Zé Carlos Faria disse:
Olá! A pessoa que falta identificar na foto é o Óscar. Por acaso lembro-me bem de quando esta fotografia foi tirada, já ao fim da tarde, no recreio feminino, junto ao Ginásio (e também já tinha reparado no pormenor dos atacadores desapertados; nunca primei muito pelo aprumo, o que é que se há-de fazer? De qualquer maneira, o pior de tudo são mesmo os laços... as figuras que a gente fazia, Santo Deus!).
O que estraga a recordação perfeita desse dia, foi a coincidência com a morte do meu Avô, da qual fui informado quando cheguei a casa para jantar...Abraço.ZCF
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Ana Nascimento disse:
Já muito foi dito sobre o Padre Renato, chorei a rir com a descrição do Zé Carlos sobre o funeral …e as imagens passaram à minha frente como se nesse momento o presenciasse …
Com o Bonifácio recordei outros, como o acalmar da asma da Ema e o tirar as dores de cabeça à minha irmã Luisa utilizando o mesmo método…. o nosso Padre Renato era um homem muito à frente do seu tempo… já utilizava o reiki , só que nessa altura isso era desconhecido para nós…

O PADRE QUE TESTEMUNHOU NA BOA-HORA



por Zé Tó Ribeiro Lopes








João, ok, se é para isso (falar sobre o Padre Renato), tenho que responder, tenho gosto em falar do padre distraído, do que o incomodava – as paroquianas ociosas, os superiores enfatuados e os alunos tolos – e da sua atenção à música e às cores.

Sim, o Padre Renato dispôs-se a ser e foi minha testemunha. Fico contente por poder manifestar o meu reconhecimento e admiração pela atitude que tomou, cabendo compará-la com a de quem, em Caldas, nem um abaixo-assinado contra a minha prisão quis subscrever (e tratava-se de um fulano que estava preso não necessariamente por ser militante do PCP, antes um estudante integrado nas movimentações associativas).

O julgamento, no Plenário da Boa-Hora, durou umas breves horas. O ambiente, cinzento e pesado. A presença dominante e intimidante de polícias torcionários e de magistrados vendidos ensombrava tudo. Julgamento é uma forma de dizer. O que ali se passava era uma encenação de uma condenação previamente decidida. Mas também marcava presença no meio daquilo tudo a dignidade das testemunhas de defesa. O Padre Renato era particularmente dissonante: só o facto de se encontrar naquele sítio e naquelas circunstâncias, incomodava. Estavam ali aqueles servidores do regime a esforçar-se por justificá-lo, fazendo a tal justiça, e do lado contrário, do lado errado, estava um membro da Igreja, da mesma igreja que tanto apoiava o seu regime. Pior: o Padre Renato não se limitou a dizer que o rapaz não era mau rapaz. Não havia meio de se calar.

Comunista este? Um franciscano, isso sim, o rapaz tem é alma de franciscano. Palavra por palavra, tanto quanto me recordo. E ele tinha toda a autoridade do mundo para falar de franciscanos ( também é de franciscano aquele piedoso exagero).

Se, como dizes, alguém diagnosticou eu estar «um pouco embotado pelas "agruras" da vida», podes responder que fiquei surpreendido. Embotado é provável, mas «agruras»? Saber que era sobre o Padre Renato era suficiente para eu juntar esta meia dúzia de palavras. Olha que eu chego a lamentar não colaborar aí para o blog-ERO, mas falta-me o jeito. Um abraço,

José Ribeiro Lopes
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COMENTÁRIOS
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JJ disse:
Como o texto indica esta é a resposta a um pedido que fiz ao Zé Tó para colaborar no Blog, nesta série de depoimentos sobre o Padre Renato. O João Serra tinha curiosamente referido este episódio no artigo anterior.
Acho que não necessito de acrescentar nada ao que ele escreveu, o Zé Tó é eloquente, não vejo onde está a "falta de jeito" que ele refere no texto.
Obrigado, vai aparecendo.
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jorge disse...
Lembro-me da prisão do José António Ribeiro Lopes.Já não estava nas Caldas nem era um estudante activista mas a sua detenção provocou comoção nas Caldas e na Universidade.A morte de amigos e familiares nas colónias.O assassinato de Ribeiro dos Santos pela PIDE.Estas prisões.Tudo nos obrigava a não ignorar o pesadelo em que vivíamos.Para não esquecer.
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Isabel Esse disse...
Sou de uma geração diferente do autor mas julgo que o mais importante aqui é que um homem bom e sério mantém essas qualidades em qualquer circunstância.Não sei se foi isso que ele quis dizer mas foi assim que eu li!
É bom ver apoarecer no blogue novos autores,especialmente quando conseguem ser tão comunicativos como o José Ribeiro Lopes.
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Manuela Gama Vieira disse:
"O Padre que amava a LIBERDADE"
Sobre o SENHOR P.e Renato, nada mais digo. Nunca ficará completo o seu "retrato", tal a magnanimidade do HOMEM.
José António:
- Aos que o julgaram (?) não eram JUÍZES!
- Aos cobardes que se esgueiraram, nem uma palavra!
- A SI, COM TODA A MINHA ALMA, MUITO OBRIGADA!!!!
Manuela Gama Vieira

O Padre Renato – 4 histórias, uma nota de leitura, uma breve reflexão e uma “velha” fotografia

por João Serra

Os comentários generosos dos militantes deste blog estimulam-me a voltar à figura singular do Padre Renato André Ramos. Permitam-me pois que partilhe convosco quatro histórias curiosas e exemplares, uma nota de leitura, e algumas interrogações que esta personalidade me suscita.

1ª história – ainda o hipnotismo

Às histórias engraçadas, por vezes com traços cómicos, aqui contadas tenho algo a acrescentar. O Padre também fazia demonstração das suas capacidades invulgares sem, aparentemente, recorrer à hipnose. Para isso, fechava a mão em concha e cruzava-a por cima de uma das nossas, a cerca de 4/5 centímetros de distância. Ao fim de algum tempo, variável, a “cobaia” sentia nas costas da mão, num local para onde convergiriam hipoteticamente os “raios” concentrados da mão sobreposta, uma espécie de alfinetada. Nalguns casos, essa picadela provocava uma ligeira inflamação, detectável a olho nu.
Frequentei as aulas de Latim integrado na turma de Germânicas. A nossa colega Ema sofria de asma e muitas vezes chegava às aulas, na primeira hora da manhã, em dificuldade respiratória. O Padre Renato mandava-a sentar à frente, e fazia com ela a operação que atrás descrevi. Continuava a dar a aula enquanto a sua mão de dedos grossos e peludos quase ocultava a da aluna. Ao fim de algum tempo, a Ema serenava e a aula retomava o seu ambiente e ritmo habituais.

2ª história – aulas extra-curriculares

Recuperei a “honra perdida” junto do Padre Renato quando fui seu aluno a Latim, no 6º e 7º anos. No derradeiro período do 7º, enquanto procedia a revisões da matéria dada e insistia em procurar colmatar os pontos fracos dos alunos, o professor dispensou-me de assistir a aulas. - Vai ter comigo, depois de jantar, à residência paroquial, ordenou-me. No último trimestre do ano lectivo de 1965/66 eu ficava durante a semana nas Caldas, num quarto alugado na Rua da Electricidade. O Padre Renato recebia-nos (a mim e ao José António Ribeiro Lopes que estava a preparar a alínea de direito) numa sala e punha-nos a transcrever para português o De Bello Gallico de Caio Júlio César. Antes lia, em voz alta, teatral e enlevado, aquela prosa latina, como se de literatura se tratasse. Depois escolhia um capítulo e deixava-nos entregue ao nosso trabalho de o traduzir. Absorvidos naquela espécie de puzzle, era sempre em sobressalto que éramos despertados por uma das suas ruidosas gargalhadas. O Padre Renato era um apaixonado de banda desenhada e ria até às lágrimas com as aventuras do Tim-Tim.

3º história – o Latim que me ensinou

Foi tão proficiente no ensino do Latim, que vim a tirar no exame uma classificação impensável. Como se nesta língua morta eu tivesse encontrado uma compensação para o inêxito do canto coral.
Seja como for, essa habilitação veio a constituir para mim uma oportunidade inesperada. Percebendo como eram bem pagas as explicações de Latim, abalancei-me a essa tarefa em Lisboa. Em breve tinha uma pequena turma de alunas do Colégio Sagrado Coração de Maria a quem ajudava a fazer a sua preparação para o exame de Latim. O Padre Renato habilitara-me, com aquela língua morta, com o primeiro instrumento de trabalho intelectual que exercitei.

4ª história – o amigo corajoso

Em 14 de Julho de 1971, o José António Ribeiro Lopes foi preso pela PIDE/DGS. Segundo um comunicado da época, a polícia foi prendê-lo em casa, às 7 da manhã, e, como sempre acontecia, sem mandato de busca nem de captura. Era então estudante finalista (5º Ano) do Curso de Agronomia. Compareceu a julgamento no Tribunal Plenário da Boa Hora, a 17 de Fevereiro de 1972. Entre os que corajosamente fizeram depoimentos em sua defesa, ergueu-se um homem diferente, na indumentária e nas expressões, de todas as restantes testemunhas. Era padre. O Padre Renato André Ramos.

Uma nota de leitura

Em Julho de 1997, veio a lume, nas Caldas da Rainha, uma obra intitulada Redigir Correctamente. Estudo Através duma Narrativa Cheia de Cenas Imprevisíveis. Livro de 160 páginas, contendo desenhos, vinha assinado, na ficha técnica – “Renato André Ramos, Pároco de Tornada, Caldas da Rainha”. Para que se compreenda o propósito da publicação e o espírito que presidiu à sua elaboração, transcrevo um trecho do apontamento final dirigido a um “jovem, bom amigo”:
Julgo que já foi banido o antigo sistema: “… e o trabalho de casa será uma redacção sobre isto ou aquilo …”
Penso que se evoluiu. Que os alunos inclinados para a iniciativa, são estimulados a investigar …ou a procurar dados, informações, etc. Tudo fora da Escola e em ordem a uma redacção a fazer na aula. Na aula e com o senhor professor presente. Presente e disponível para atender cada aluno que lhe peça ajuda.

Interrogações

Todos os depoimentos surgidos neste blog sublinharam a imagem forte e a personalidade rica e complexa do Padre Renato. Mas é verdade que nenhum de nós o conheceu bem, nem podia conhecer. Afinal todos o conhecemos quando tínhamos idades compreendidas entre os 10 anos e os 17 (no máximo) e ele era um homem feito. Nenhum de nós foi seu confidente ou amigo e nenhum de nós manteve com ele um relacionamento intenso para lá da fase em que foi seu aluno.
De qualquer modo, todos nos apercebemos hoje de que estivemos perante um homem de múltiplos talentos: a música (canto e instrumentos, nomeadamente piano e órgão), o desenho e a pintura, as humanidades clássicas, o português. Tivemos diversos padres como professores, mas nenhum, creio, com a preparação cultural e a polivalência do Padre Renato. A pergunta que se segue é: porque motivo este Padre, que poderia ser professor do Seminário ou Maestro de coros ou organista em Lisboa, foi colocado numa modesta paróquia provincial, ali permanecendo décadas?
Haverá certamente quem pense que na raiz do afastamento do Padre Renato de um grande centro, como Lisboa, pode estar o seu feitio truculento, esse “demónio” que alguns testemunharam à solta em certos momentos nas suas aulas. Talvez tenha razão. Mas poder-se-á também tentar inverter os dados da equação e tomar as irrupções temperamentais como consequência e não como causa. Se assim fosse, associaríamos o desterro do Padre Renato a uma condenação humilhante infligida a uma personalidade cujo brilho terá parecido a muitos como ofuscante e porventura excessiva. Muitas vezes me ocorreu que a humildade a que o Padre Renato se condenava poderia ser assimilada à auto-flagelação a que algumas comunidades monásticas se dedicavam.


Uma fotografia

Este Padre Renato em plena acção é o homem que todos recordam. Os que tiveram a felicidade de serem eleitos e todos os outros (pelos vistos uma imensa maioria) que ficando na plateia escutaram e aplaudiram e aprenderam a gostar do que ouviam.
Esta fotografia é um tira-teimas (sabemos agora quem efectivamente tinha sido dispensado no ano de 1964). É uma imagem carregada de memórias. Aquelas miudas no palco do ERO estavam ali por todos nós.

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COMENTÁRIOS / CONTRIBUTOS PARA A LEGENDAGEM DA FOTOGRAFIA

Se a foto foi tirada na festa de Natal de 1964 então eu estava no 5º ano e a Lena Arroz no 6ºano .
Completei a legenda da Lena:
Do lado da 1ªvoz e a contar da ponta mais à direita temos:
1ª- Fernanda(não me lembro do apelido, mas foi dona da loja de malas onde hoje é Bijou Brigite)
2ª- Umbelina
3ª- Lena Arroz
4ª- Ilda Lourenço (fila de trás)
5ª -Mª do Carmo Franco da Silva
6ª- Anabela Pimpão (fila de trás)
7ª- Mercês/ por trás até posso ser eu…pertencia à 1ª voz e , usava “soquetes”… mas não me lembro, queres ver que não fiz parte deste coro ???
8ª-Será a Luisinha Castro irmã do Zé e do Fernandinho?/ por trás talvez seja a Ema Botelho embora não veja lá a fita que ela usava…
9ª- Manuela Gama Vieira/por trás, pela altura, também posso ser eu… ou então a Isabel Corredoura
10ª-Fázinha, ou seja a Maria de Fátima Mendes Fernandes
…..
Do lado da 2ª voz a contar da ponta esquerda:
1º - Padre Xico
2º - Victor Proença Henriques
3ª - Olga Piedade de Sousa
4ª - Lena Vieira Pereira / por trás penso que é a Arnalda (não sei bem se ela se chama assim ,talvez a Fernanda se lembre mas não é a Ema Botelho embora tenha cabelo encaracolado e loiro)
5ª - Lisete Rebelo Palma./ Por trás a Gracinha Soeiro.
6ª ? esta não sei mesmo… passa-me ao lado .. ela que me desculpe. Ana Nascimento

Isabel Vieira Pereira disse:

Aulas de latim no edifício do Colégio? Mas que luxo! No meu tempo, eram numa casinha à esquerda deste. O frio ali também era intenso, até porque éramos só 3 alunas (a Fátima Rosado, a Pilar e eu), o que não dava para aquecer. Mas começávamos sempre com um exercício especial: correr à volta da diminuta sala a bater os pés e as palmas.Quanto aos dotes musicais do Pe. Renato, é de justiça lembrar que, além de exímio executante, era também compositor, creio que apenas de música sacra — pelo menos, nunca lhe conheci outro género.

As aulas extra em casa, também, já ele nos dava (a mim, quando não conseguia fugir antes de ele me ver através da janela).Mais tarde, já a estudar em Lisboa, quando ia às Caldas ao fim-de-semana, via-o com frequência passar por nossa casa na sua motoreta, a caminho de ou para Tornada. Tinha sempre o cuidado de parar para cumprimentar quem por ali andasse. E logo vinha o lamento obrigatório: «Minha filha, já não sabes nada do que te ensinei", ao que eu respondia com alguma declinação ou enunciação de algum verbo.

Apesar das suas fúrias, só tenho boas recordações do Pe. Renato, e sinto-me feliz por o ter conhecido e o ter tido como professor (ainda hoje me vêm à cabeça muitos dos seus ensinamentos).Lembro-me que só soube da sua morte no dia do funeral. E nesse momento senti que tinha perdido alguém. Isabel VP

Luís António disse:
Na primeira história entramos quase no domínio do para-normal, numa conversa que nos levaria longe. Gosto de ler um Historiador que não receia relatar o que viu, apesar de, provàvelmente, não ter qualquer explicação para os factos.
As outras histórias mostram-nos um Homem pouco comum, tem razão o autor em escrever que provavelmente nenhum de nós o conheceu bem.
É um privilégio ter o João Bonifácio Serra a escrever no nosso blogue. LA

Lena Arroz disse:

Gostei muito das histórias do Padre Renato, e até fiquei com pena de não ter tido latim. Como andava na alínea f, que era a que dava acesso às engenharias, medicina etc, enquanto os de letras estavam naquela salinha pequenina, estávamos nós, que éramos em número muito maior, na sala de aula com o Dr Azevedo ou o Dr Serafim...

A Foto do Padre Renato a dirigir o coro :
- Eu era uma das meninas que cantava neste coro (sou a mais alta do lado direito). Lá estou eu com a minha bata às risquinhas, a golinha branca a aparecer junto ao pescoço, muito direitinha.
Este grupo era constituído por pessoas de vários anos. Penso que nesta altura estaria eu no 7º ano, mas estão meninas muito mais novas que deviam andar ainda no 3º ou 4º.

Do lado da 1ªvoz e a contar da ponta mais à direita temos:
1ª- ?
2ª- Umbelina
3ª- Lena Arroz
4ª- Ilda Lourenço (fila de trás)
5ª -Mª do Carmo
6ª- Anabela Pimpão (fila de trás)
7ª- Mercês.
8ª-?
9ª- Manuela Gama Vieira
…..
Do lado da 2ª voz a contar da ponta esquerda:
1º - Padre Xico
2º - Victor
3ª - Lisete Palma
4ª - Lena Vieira Pereira
…..

Das outras meninas que se vêem, não me lembro dos nomes, embora as conheça a todas.
Na segunda fila dá para adivinhar a Graça Soeiro e a Ema (vê-se um pedacinho da fita que ela usava naquele cabelo louro, tão diferente do cabelo de todas nós).
Esta foto deve ter sido tirada numa daquelas festas de Natal no ginásio.

Gostei muito de saber o que sentiam os nossos colegas que não estavam no palco:
“Aquelas miúdas no palco do ERO estavam ali por todos nós”
Na altura não tínhamos a certeza se cantávamos bem ou mal, embora me lembre de um pequeno texto publicado na Gazeta das Caldas pelo João, em que ele se referia ao nosso canto com algum agrado. Mas mais ninguém se pronunciava... e os nossos pais eram suspeitos.

Eu gostei tanto de cantar em coro que ainda hoje canto. O prazer de ouvir e sentir a harmonia das vozes misturadas é para mim, ainda hoje, enorme. Hoje canto no coro dos Pimpões.

Beijinhos para todos
Lena Arroz

Uma achega para legendar a foto do coro do P. Renato. À esquerda da Lena V Pereira é a Lisete Palma. Júlia R

João Jales disse:
A hipótese levantada pelo João Serra de um génio incompreendido e mal-amado ser desterrado para uma paróquia perdida na província, onde os seus invulgares dotes eram subaproveitados no ensino de cantores medíocres (nós: JJ, Laura, J Serra) e em missas assistidas só por meia-dúzia de idosos (J L Reboleira Alexandre) é uma teoria irresistível. Encanta-me e atrai-me como se uma sereia ma cantasse aos ouvidos … Mas depois vejo que é o sortilégio de uma escrita ascética mas rica em pormenores, só aparentemente seca e impessoal , que me arrasta numa aparente sucessão de puros factos muito bem narrados (as quatro estórias) para essa conclusão.
Julgo que a Igreja, não havendo questões políticas envolvidas, teria seguramente todo o interesse em usar os inegáveis talentos artísticos (principalmente musicais) se eles não existissem em alguém tão problemático como o Padre Renato.
Num comentário ao meu texto sobre ele a Paulinha recordou o quanto o Padre Renato gostava de nós e em mais de uma ocasião eu disse aqui quanto todos gostávamos dele. Mas era um homem atormentado e instável (bipolar, como hoje se diz?).
Os depoimentos do João são sempre assim, concisos e simples, e por isso tão difíceis de imitar. Preciso sempre de uma página para dizer o que ele escreve num parágrafo, por isso ele brinca com as minhas “novelas” e eu invejo as suas “short stories”. JJ

farofia disse...
Confesso que ainda ando um bocadito à toa, perdida no blog. Já tinha passado por aqui, mas não 'comentei' e retornei. Para dizer que estas 4 histórias do Padre Renato me encantaram.
Aliás, todas as entradas sobre o Pe Renato merecem 20 valores!
Se é aqui que deixo uma anotação, é porque a figura que conheci tinha, a par de uma grande humanidade, uma aura de mistério. E, de certo modo, este belíssimo texto responde a perguntas que gostaria de ter feito ao meu Amigo Padre Renato. Obrigada, João Serra!

O PADRE QUE AFUGENTAVA O FRIO


por Amélia Teotónio





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-Truz...truz...truz, dá licença Sr. Padre Renato?

-Claro, entrem meninas, já vêm atrasadas, o Sr Toscano é o único cumpridor...

Eram 8 da manhã e o frio era intenso. A sala da aula de latim ficava situada na parte de trás do colégio e o sol demorava a aquecê-la.

Ui, está tanto frio, dizia a Gracinha (Soeiro), Sr. Padre Renato não consigo escrever, tenho os dedos congelados, dizia a Guida (Roberto), ai,ai, que gelo, lamentava-se a Isabel (Conceição), não se pode estar aqui, vamos ficar constipadas, proclamavam as restantes meninas, que faziam questão de demonstrar sempre a sua solidariedade, qualquer que fosse o assunto...

O Padre Renato que não era homem para ficar sem resposta, rapidamente nos calou.

Dizia ele: o frio é uma questão psicológica, portanto vamos todos pôr-nos de pé e repetir em voz alta , não tenho frio...não tenho frio...não tenho frio...

E eu, não sei se por sugestão, se porque naquela altura éramos jovens e os corações eram rápidos a transbordar de calor, o certo é que rapidamente o tumulto se desvaneceu.

O calor humano tinha suplantado aquela “grave e complexa” situação...e a aula lá continuou, rosa,rosae,rosarum,rosas!

Sendo um homem especial, embora simples, julgo que não deixou indiferente todo aquele que o conheceu. Era um homem bom e foi um óptimo professor. Com os seus alunos de latim era de uma dedicação extrema. Deixou-nos boas recordações e várias estórias.

Amélia Teotónio
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COMENTÁRIOS
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Manuela G V disse:
Que linda rapariga!!! Amélia, avivou-me a imagem da sombria e relativamente pequena sala destinada às aulas de Latim, e...a 1ª declinação...também!
DA LUZ E DO CALOR, encarregava-se o P.e Renato, e...nem precisava de recorrer à janela!A JANELA dele era IMENSA E BELA. "A DIFERENÇA... ESTÁ NA DIFERENÇA" e o P.e Renato era SAUDAVELMENTE DIFERENTE!
Manuela Gama Vieira.
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João Jales disse:
Não sei se repararam que, depois da fotografia, está um texto que mostra as invulgares capacidades do Padre Renato (eu sei que a maior parte só tinha reparado na fotografia).
Já aqui disse antes que a Amélia tem memórias de episódios, nomes e pessoas que se desvaneceram nos discos duros da maioria dos colegas, espero que os continue a partilhar connosco. Os seus textos têm a grande qualidade de relatar, sem que o autor pareça estar à frente do que é relatado.
Quanto à fotografia lamento ser nessa altura (64?65?) um garoto mais novo do que ela, e hoje ela uma garota mais nova do que eu... Injustos desencontros!
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jorge disse :
A sala do latim era ao cimo das escadas do lado dos rapazes,1ª porta à direita.Metade da porta era vidro martelado.Era muito fria porque era virada a norte,se bem me lembro.Só o Padre Renato a poderia realmente aquecer,hipnotizando as alunas.Uma história simples mas elucidativa.
Bela fotografia,como é que essas coisas aí vão parar ao blogue?

O PADRE QUE ARRUINOU UMA CARREIRA ...

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Tendo sido aluna de canto coral do Padre Renato, tinha que dedicar umas palavrinhas ao professor que arruinou a minha carreira musical.


Frequentava eu o meu 3º ano quando, num dos ensaios das suas aulas de canto, consegui, não sei bem como, provocar-lhe um tipo de vibração nos tímpanos que ele nunca mais esqueceu. No ano lectivo seguinte ia eu no “dó” a caminho do “ré” e fui imediatamente dispensada das aulas. Daí em diante o Padre Renato sempre que me via entrar na sala de aula dizia: “a menina pode sair, está dispensada” nem me dava uma oportunidade de eu poder mostrar a minha voz angelical.


Relembro, a propósito dos seus dotes de hipnotizador, que ele só os usava nos rapazes, pois dizia que não queria problemas com as raparigas.

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Como tudo o que se podia dizer sobre este professor foi já dito pelos meus colegas, quero apenas realçar o facto do Padre Renato ser uma pessoa muito humana.


Laura

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COMENTÁRIOS

João Jales disse:
Olá Laura, bem-vinda aos clube dos desiludidos do Belo Canto pelo Padre Renato… Então também não podias mostrar os teus lindos gorgeios nas aulas de Canto Coral? Graças a Deus, dirão os teus colegas!
Mas a sério, não havia cantores no colégio? Ou são demasiado modestos para aparecer? Como escrevia aqui há dias a Isabel, digam-me um, só um, para quebrar esta má imagem musical dos alunos do ERO.
A foto da Laura (fornecida pela Júlia) mostra o recreio do Colégio no início dos anos 60, parece um terreno agrícola. Não tenho qualquer recordação de ter chegado a ver este local assim, como aqui está.
Obrigado Laura, e apesar da estória de uma carreira que não chegou a ser me ter entristecido, espero que tenhas mais para contar…

Ana Nascimento disse:
Laurinha:
Pois eu não tive a sorte de ficar dispensada… fazia parte da 1ª voz … mas de pouco me serviu pois não fiz carreira nesta área…!!!!!!
Sim senhora, que linda foto… a menina a passear no recreio dos rapazes !!!!!!! Tal atrevimento não nos era permitido ….Só pode ter sido tirada numa tarde de Sábado em actividades da JEC… estou certa ou estou errada ?
Beijinhos
Ana

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O PADRE QUE ENSINAVA LATIM

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por Manuela Gama Vieira






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Manuela Gama Vieira e Anabela Miguel em 1971




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Não me recordo da faceta "mais esotérica" do P.e Renato... Nunca assisti, felizmente, a tais "sessões", acho que morria de medo!
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O P.e Renato era uma personalidade notável em variadas áreas, do Latim ao Desenho, passando pela Música, inigualável!Não foi a disciplina de Desenho (eu era um desastre a Desenho, ao contrário do meu irmão João, ainda hoje um artista) que despertou em mim a admiração pelo P.e Renato- talvez pela minha absoluta inabilidade!
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Conclui a cadeira de Latim,no exame de 7º ano, com 16; a nota mais alta, nesse ano, no Colégio.Recordo que o senhor Director, de mãos atrás das costas, no átrio, antes da afixação da pauta, não fosse a nota ser "injusta", perguntou aos presentes, penso que o Zé Carlos Sanches era um deles, quem era o melhor aluno da turma a Latim (éramos poucos, talvez uns seis, não me recordo bem).
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Nas férias "grandes" anteriores ao 6º ano, meu Pai já me tinha ensinado as declinações, os verbos, pelo que eu já tinha um "apport" de conhecimentos que me facilitaram imenso a "entrada" na disciplina. Por sua iniciativa, o P.e Renato ia dar-me explicações a casa e....ainda pedia desculpa a meus Pais por ir incomodar! Era minha companheira de aulas e explicações, a Mª do Rosário Pimentel.
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Recordo episódios das aulas de Latim absolutamente hilariantes, protagonizados pelo Sanches, que faziam rir o próprio P.e Renato. Este, umas vezes esforçava-se imenso para não se rir, outras, irritava-se de tal maneira, que andava tudo pelos ares! A caneta, o livro, os óculos, o que estivesse à mão, e o Sanches cada vez se ria mais!!! Pobre P.e Renato, absolutamente apoplético! Confesso que me provocava um misto de vontade de rir e de medo.
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O Sanches, (Fernando Pessoa que me perdoe o contexto, mas vou citá-lo- "Ai que prazer não cumprir um dever.Ter um livro para ler e não o fazer! Ler é maçada,estudar é nada. O sol doira sem literatura. O rio corre bem ou mal, sem edição original. Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta, a distinção entre nada e coisa nenhuma." ) preferia não cumprir os trabalhos de casa! Adoptou a táctica, préviamente combinada comigo, de me esperar no Chafariz das Cinco Bicas. Aí, o meu caderno passava para as mãos do Sanches, que mo devolvia no Colégio.Não sei por que artes mágicas, talvez a tal faceta menos "terrena" do P.e Renato, o facto é que acabou por descobrir o "esquema". A partir de então, pelas 8h30, lá o tinha à minha espera, na sua lambreta azul clara, no Chafariz das Cinco Bicas: "menina Gama Vieira, o seu caderno!"
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Oh Sanches, desculpa-me, mas não resisti!!! Tenho um dedo que adivinha....acho que tu és um dos nossos colegas que "espreita" o blog; porque não escreves qualquer coisa?
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E sei lá, caso a Mª do Rosário Pimentel também espreite, porque não dá um ar da sua graça?Um abraço a todos os colegas; aos de Latim, um especial!
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Manuela Gama Vieira




Zé Carlos Sanches na excursão de finalistas em Abril de 1971.



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COMENTÁRIOS
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Luís António disse:
Penso que o Padre Renato só hipnotizava rapazes, normalmente bem conhecidos. Talvez por isso a Manuela não o tenha visto.
O facto de ele procurar os seus alunos de latim, até em casa como conta a autora , para lhes dar explicações mostra uma dedicação e um empenho invulgares no cumprimento da sua missão.
Das qualidades do Sr Padre já muitos falaram e todos conhecem,só quero salientar a vivacidade destas memórias da Manuela.Por isso e pela assiduidade e entusiasmo dos comentários espero que a autora não fique por aqui.

João Jales disse:
Ficaram a saber, os que o julgavam distraído que, ao ir buscar o caderno da autora para impedir o copianço do Zé Carlos, o Padre Renato era bem mais perspicaz e atento ao que se passava à sua volta do que muitos julgavam.
Muitos alunos relatam essas “perseguições” de que eram alvo para terem explicações de Latim, e não só ao domicílio. Cheguei a ver o professor no Central e Camaroeiro em perseguição dos menos “caseiros”, como F Castro, Ferreira da Silva, Semilha, Sanches, Zé Carlos Faria …
O texto da Manuela é caloroso, “gelado” só pelo episódio do Sr. Director com a pauta das notas de Latim no átrio,numa demonstração de um humor a que eu também nunca fui sensível.
E agora Manela, como diz o L A, qual é o próximo Professor sobre que vais escrever?
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Isabel S disse:
Muito havia para dizer sobre o Padre Renato,foi boa ideia esta série!Ao pé do Sanches estão o Jales,aNhonhas,aLena e mais quem?Por falar nisso e pelo que a autora conta ele era fresco!O depoimento está engraçado,a Manuela escreve com facilidade!
Quem é o prof que se segue?
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João Jales respondeu:
1- Na fotografia, seguir à Lena está a Guidá (Margarida Marques, do Bombarral). Lá atrás, à esquerda, está o Zé Neto.
2- O prof que se segue nesta série? É segredo...
3- Se o Sanches era "fresco" ou não, os seus colegas que digam. Eu nunca estive numa sala de aulas com ele, éramos de anos diferentes.
4- Concordo com a Isabel, a Manuela escreve exactamente o que pensa, é sempre um prazer ler.
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Manuela G V disse:
Pois agora penso que caberá a vez a meu irmão JOÃO escrever sobre o Dr. Azevedo, de molde a que o seu texto acompanhe a Fantástica caricatura que ele fez - que o Dr. Azevedo viu e achou imensa piada.QUEM VIR ESTE COMENTÁRIO E CASO SEJA AMIGO DO MEU IRMÃO, INSISTAM COM ELE!!!
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Olá Manela
Que prazer que eu tive em ler o teu texto sobre o Padre Renato…como tu o descreves bem..
Era um homem bom, espertíssimo e só as alterações de humor é que às vezes o atraiçoavam… ihihihihihi
Obrigada Manela e não deixes de escrever pois é muito bom “mergulhar” na tua escrita….
Quanto ao teu mano João, como tu sugeriste, seguem-se duas linhas só para ele… aguardemos para ver se resultam e ele deixa de estar escondido….
Beijinhos
Ana
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E agora nós menino João Licínio
Não é só a tua mana que tem um dedo que adivinha… tenho a certeza que tu também andas a espreitar o blog, mas se eu bem te conheço, ainda não tiveste pachorra para escrever…..
Olha que o Araújo já deu um ar da sua graça… Vê lá se te aplicas pois sabes estórias bem “frescas “ para contar… e pouco me importa que te rias e digas que eu estou “choné” , quero é que participes rapaz…
Beijinhos
Ana
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Anabela Miguel disse:
Mais um óptimo texto e desta vez da minha querida amiga Manela G.Vieira sobre o Padre Renato.
Aproveito para acrescentar uma palavra também sobre este bondoso Homem que como a Ana referiu-se nunca deu valor aos bens materiais e sempre ao lado de quem precisava. A ele devo a boa ortografia que tenteiaprender nas suas persistentes aulas de Português, em escrever sem erros, pois quanto ao jeito, nenhum mesmo.Na altura talvez fossem um pouco aborrecidas, mas a verdade é que foram um bom ensinamento para o futuro de todos nós. Quando entrava na aula e começava a escrever no quadro palavras como por exemplo"êxito e hesito",estava tudo estragado.....já sabiamos o que nos esperava.........
Manela, quero manifestar o meu contentamento pelo teu aparecimento e pela tua assídua prestação no nosso blog que ficou mais enriquecido com os teus óptimos comentários, bem escritos e por vezes com uma certa ironia......
Penso, aliás tenho a certeza, que és uma mais valia para todo o trabalho que o João tem feito no blog.Por tudo isto queria dar-te as boas-vindas, embora um pouco tardias e que alguém e muito bem,alertou-me que devia fazê-lo.
Um chi-coração muito apertado para ti amiga.Anabela Miguel
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Manuela Gama Vieira disse:
Não exagerem, queridos colegas, quem vos está agradecida, SOU EU!
Nem imaginam a companhia que me fazem!!!E a vós...Anabela e Jales,quando vos encontrar, preparem-se...parto-vos alguma costela com o abraço apertado que vos vou dar!
Manuela Gama Vieira