ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
.
.

O João Ramos Franco no ERO “Prédio do Crespo”

.
.
Top One nos EUA há precisamente 50 anos, em Fevereiro de 1959:

Clique no PLAY e acompanhe a leitura do texto com a música.


.
.
.
.


Foi nos dois primeiros andares do “prédio do Crespo”, situado no nº 91 da R. Capitão Filipe de Sousa, no ano de1953/54 que começou a minha vida como estudante liceal. As aulas eram mistas (rapazes e raparigas).

Os Professores eram: Dr. Manuel Perpétua – Director (Português e História), Dr. Azevedo (Matemática, Geografia, Físico-Química e Ciências Naturais), Dra. Lídia Gomes (Ciências Naturais), Maestro Carlos Silva (Canto Coral), Escultor Macário Dinis (Desenho), Dra. Irene Trunninger Albuquerque (Francês, Inglês e Alemão), Dra. Lúcia (Francês), Padre Teodoro (Religião e Moral), Dr. Umbelino Torres (Latim) Dra. Alice Freitas (Português e Francês), Dra. Elvira Bento Monteiro (Grego), Dra. Deolinda (Histórico-Filosóficas), Dr.ª Margarida (Matemática) Capitão Hipólito (Ginástica), D. Dora (Lavores). Na secretaria estava a Dº Eulália e os contínuos eram o Sr. Madeira e a Sra. Albertina.

Falar destes professores é difícil devido ao ambiente existente. A Dra. Irene Trunninger Albuquerque, Maestro Carlos Silva (Canto Coral) e o Escultor Macário Dinis (Desenho) aproximavam-se mais de nós e tentavam compreender o nosso pensar de jovens. Mas todos restantes ou tinham atitudes agressivas (obrigando a aprender com medo) ou desligavam-se de nós após as aulas (faltando acompanhamento para nos tirarem dúvidas). Nas aulas havia uma distância Professor/Aluno, que dificultava o bem estar e o aprender, excepto com os três já citados .

Isto tornava a camaradagem entre alunos bastante mais forte, permitindo, no dia a dia, saber a disposição com que os Profs. estavam e o modo de nos comportarmos com eles.

O contínuo, o Sr. Madeira, merecia uma estátua, aturava-nos tudo, desde o mal estar provocado pelos Profs. às partidas que lhe pregávamos, as brincadeiras dos intervalos das aulas e até ser chamado ao Director (Dr. Perpétua) pelo que nós fazíamos sem nos acusar. Era um bom amigo.

O Recreio era no pátio do 1º andar (quando não chovia, quando chovia era na varanda do 2º andar), separado por uma corrente, metade para os rapazes e a outra para as raparigas, onde os divertimentos eram limitados pelo espaço (os jogos de bola eram proibidos, por que se podia partir os vidros das salas de aula) e também pela disciplina, qualquer aproximação à corrente para falar com uma colega era punida com suspensão. A convivência com as raparigas era na Zaira, no Jardim e no Casino, com as restrições que a época nos impunha.

O ambiente era tal dentro destas instalações do Colégio (ERO) nesta época, que levava a que nos reuníssemos na Tasca do Manuel (de já falei nos locais do João Ramos Franco - “João Traga Balas”) ou atrás da Igreja para jogar à Bola.

João Ramos Franco


......................................................................................................................................................

C O M E N T Á R I O S

.

Ana Nascimento disse...

Na lista dos professores falta-te uma de lavores femininos, a Anita Nascimento, que passou do antigo colégio (em frente ao prédio onde moravam os teus tios), para o edifício do Sr. Crespo (e que por acaso é minha tia ehehehehe).bjs. Ana Nascimento

farofia disse...
Estou como a Ana Nascimento, sinto a falta da Dona Anita. E ela - que bem me lembro - faz anos em Fevereiro, mas de 4 em 4 anos, porque é no dia 29. Ih! que saudades!E a mãe Ivone como está? Um bj à Luísa e outro à Ana. Inês

Uma fotografia da Anico

.
.
.




Olá,não queria deixar de partilhar esta foto ,a qual acho que não precisa de legendas pois, mesmo tendo passado tanto tempo, creio que a maior parte consegue identificar as meninas e o local.


Só tenho pena que já não haja "bailes" nem locais como este para os nossos filhos e netos se divertirem como nós o faziamos.


beijinhos


ANICO
.
.
____________________________________________________
COMENTÁRIOS
.
miniprofa disse...
duas, reconheço duas, Ana Paula Jales e... falta-me o nome da menina de pé.
bj p/ a Anico
.
Júlia Ribeiro disse:
Nesta foto só consigo lembrar-me do nome da Paula Jales,reconheço as 2 meninas da esquerda,uma atrás da outra, mas o nome? "Memória vem cá abaixo", deêm uma ajudinha....e das outras nem se fala!Será que ainda foram do meu tempo no ERO,na primária?
Um beijinho para mais umas "ramalhôas".
Júlia R
.
Belão disse...
Anico,tens razão, apesar dos anos que passaram, todas somos identificáveis. Parece-me que só nós as duas somos avós! Bons velhos tempos!
Estamos em que ano, tens ideia?Um grande beijinho
Belão
.
Guidó disse:
A menina de pé é a Nami (Natércia Carvalho) e à esquerda da Belão é a Isabel (não me lembro o apelido), mas é moça para a minha idade. bj. Guidó
.
Isabel Caixinha disse:
Ola JJ
Sobre a foto da Anico parece-me que a menina por detrás da Paula Jales é a Marta e a menina ao pé da Belão e da Nami é a Isabel Noronha (Beluxa ..Bluxa..?), as outras meninas já estão identificadas.
Que bom ver a Anico no blog que foi minha colega de turma e que tinha uma forma de escrever tão bonita que sempre que tenho que escrever algo especial lembro-me sempre dela!
Um beijinho à Anico
Isabel Caixinha
.
Isabel Esse disse...
Ao contrário das duas mascaradas na praça,estas eu conheço:Nami Carvalho,Isabel Noronha,Blão,João Gomes,Paula Jales(irmã do JJ)e Anico Tomás dos Santos.Penso que vivem todas nas Caldas,não é?
Tambem gostava de saber em que ano foi tirada a fotografia?BeijinhosIsabel
.
João Gomes disse:
Olá Anico,
As meninas estão identificáveis para algumas, pois eu já virei Marta, vá lá sempre teria uma pele mais valiosa.
Quanto à data terá sido algures entre 69 e 70, não posso precisar. Se não fosse uma “expatriada” iria confirmar a data em fotos desta altura, provavelmente terei algumas no “sótão”. Um beijinho e vai mandando mais
MJoãoGomes
.
JJ disse:
A João acaba por, indirectamente, responder à Isabel ao afirmar-se "expatriada". Efectivamente ela é a única das seis meninas que não reside nas Caldas e sim em Moçambique. Não é uma indiscrição esta informação, já que a própria publicou aqui no Blog várias fotos sobre o seu novo local de residência.
Só a Anico poderá saber a data desta fotografia, que eu arriscaria ser de 1970/71, usando um famoso "datómetro" que em tempos me ofereceram.
Já que a João pede mais fotografias à Anico, eu aproveito para lhe pedir as que ela diz ter no sótão!
.
Anico disse:
Primeiro quero enviar um beijinho à Drª Inês pois era a minha professora preferida, sempre muito querida, ao contrário de outras, como já foi comentado.
Quanto à fotografia já fomos todas identificadas, acho que foi em 1970; também me lembro que estava um bocadinho aborrecida porque, como podem reparar, estavam todas de collants de mousse e eu de "meinha pelo joelho", a minha Mãe achava que eu não tinha idade para o collant que era, naquela altura, um pormenor muito importante para as meninas. Os mocassins são todos idênticos, com uma grande fivela, estávamos lindinhas!...
BJS a todos . Anico
.
Belão disse...
Anico, os collants eram de facto muito importantes para nós, na altura. Mas hoje, vendo bem, estavas bem mais gira que nós com aqueles collants que teimavam em cair pelas pernas abaixo.
Eu cá arrisco o ano 1971. Será?
A menina João, não sei do que está à espera para ir ao sotão.
Bjo às meninas e meninos

CARNAVAL 1956

.

.

.





Esta foi a foto vencedora do Grande Concurso de Fotografias de Carnaval do Blog do Externato Ramalho Ortigão 2009 !
.
Se eu, que tinha dois anos na altura, identifiquei as mascaradas é porque não é necessária legenda, toda a gente conhece...
.
.
-------------------------------------------------------------------------------
COMENTÁRIOS
.
Isabel Esse disse...
Estão a gozar!!! Eu não faço a mínima idéia quem são estas duas meninas tão bem mascaradas em 1956,enquanto eu andava de fraldas.Também não sabia do concurso,a quantidade de artigos neste carnaval não deu qualquer hipótese de acompanharmos o que se publicou neste blogue!!!
Os automóveis que se vêem atrás são muito giros.
É favor pôr uma legenda nesta Fotografia!
.
Julinha disse.
Quem serão estas 2 meninas tão bonitas,mascaradas a rigor,que iam à Praça fazer compras? Iriam comprar peixinho,coelhos,ovinhos,patinhos??? Não poderiam comprar muita coisa com um cestinho tão pequenino....estão girissimas na antiga praça das Caldas.
Há uns dias atrás ,ao deparar-me com esta foto, "perdida algures", em cima da secretária numa loja ali para os lados do Tribunal, identifiquei imediatamente estas lindas carinhas que 2 anos depois viria a conhecer, mas mascaradas com uma batinha preta,cinto vermelho e golinha branca... Quem diria que, passados todos estes anos, as teria como Grandes Amigas?
Se em anteriores fotos neste blog disse que estavam uma delicia, o que direi agora? Estão uma Delicia com D grande......
Para ajudar a Isabel Esse, que gostaria de conhecer pessoalmente, vou dizer os nomes das Rainhas de Carnaval deste Blog-são a Laura Morgado e a Emiliana. A elas um Grande Beijinho.
Ao Amigo, Animador e Grande Rei do Carnaval 2009 deste Blog, João Jales, um Grande Abraço,Beijinhos e Muito Obrigada. Divertiste-nos imenso, falo por mim. Júlia R
.
Ana Nascimento disse:
Muito bem atribuído o prémio, JJ.
Laurinha e Emiliana vocês estão uma delícia!
Beijinhos
Ana
.
Laura Morgado disse:
O júri do blog, foi de uma grande justiça, quando elegeu como Rei do Carnaval o João Jales. Parabéns João, um titulo merecido.
Este tema do Carnaval, foi mais um ponto alto do blog e muito divertido.
Fiquei muito emocionada quando vi publicada a foto vencedora.Fez-me relembrar a grande amizade desde menina, entre mim, a Emiliana e a sua família.Acreditem, estou sem palavras.
Beijinhos para todos, mas um muito especial para a Júlia mais conhecida por Julinha.
Laurinha
.
JJ disse:
Rei do Carvaval, eu? Mas nem saí de casa estes dias...
As meninas Julinha e Laurinha não têm juízo nenhum, eu até já recebi felicitações por esse "título" por parte de colegas que já me imaginavam sentado ao lado da Merche Romero no carro alegórico que abria o Corso de Carnaval nas Caldas!
.
João Ramos Franco disse...
Pois... Pois... Eu bem vi na televisão, estavas era muito bem mascarado...
João Ramos Franco
.
Ana Carvalho disse:
Olá João, juras que não eras tu o Rei do Carnaval? ias mesmo ao lado da Merche ... de bigode...parecias mesmo o Costa, ias tão bem..vá lá hoje já podes confessar, o Carnaval já passou. Bjs. PP

CARNAVAL EM CASA DA CRISTINA ROLIM

.



. .

.

Relembro que há um post, publicado na série "Os Locais de Encontro", que mostra um "assalto" em casa da Cristina Rolim.

.

Muito curiosas essas fotografias, não só, mas também, porque retratam um convívio estreito entre pessoas que frequentavam Escolas diferentes. Podem ver (ou rever) em:






.

O ASSALTO DE 1965














.
.



.

.

Guidó disse:
1a foto: A Ana Vieira Lino. Linda e de uma grande elegância, até hoje.
.
Júlia R disse:
1ª foto: Ana V.Lino e Emiliana

Guidó disse:

Na segunda foto só reconheço o João Lourenço

Júlia R disse:

Mascarados-a da esq parece-me a Emiliana e o da dtª o Xavier

Atrás-?-um pouquinho da cara da Salette-Cândida Pargana(??)-

João Lourenço-Ema Botelho-1/2 da cara do Tózé Rego Filipe

Ana Nascimento disse:

Ao fundo à esquerda o Ângelo e a Arlete. Em primeiro plano Emiliana e Luís Xavier, atrás deles é a Guida (de que não me lembro o apelido), o João Lourenço e a Ema Botelho.

Julinha,João Miguel A S, Ana Nascimento,Emiliana e JJ disseram:
Primeira fila (de cócoras) 1 -Fátima Rosado Pereira 2 - Mª João Botelho 3 - João Mário 4 - Mário Zé Jordão 5 - Elisabete (Rainho)6 - Maduro
Segunda Fila 1 - Salete Lourenço 2 - Graça Dias da Silva 3 - Ana V Lino 4 - Lena Arroz 5 - Ilda Lourenço
Menina ao centro- Irmã Guida Roberto
Terceira Fila (de pé) 1 - Gracinha Jordão 2 - Arlete (Magistério) 3 - Guida 4 - Emiliana 5 - Rego Filipe 6 -Guida Roberto 7 - Efigénia 8 - Xico V Lino 9 - Zé Castro 10 - (de chapéu) Ruivo 11 - Alberto Campos 12 - Ângelo
Quarta Fila 1 - Lena Magalhães 2 - Zé Luis Bernardo 3 - Tó Zé Canhão 4 - João Lourenço 5 - Gil 6 - Carlos Branco Lisboa 7 - João Licínio 8 - Canhão 9 - Júlio Santos 10 - Zé Sequeira (acaba no varão)
Atrás, de cartola - Luis Xavier
.
Guidó disse:
3ª foto Primeira fila : não sei
Segunda fila ? , Ana Vieira Lino, Helena Arroz do lado direito de camisa de xadrez o Chico Vieira Lino, do lado esquerdo Lena Magalhães e acho que o Jorge Sobral algumas caras não me são estranhas, sei que as conheço, mas tinha 8 anos na altura, portanto devo estar desculpada.
Acho que também o Alberto Campos de óculos escuros à direita.
Vejo que o fotógrafo é da Foto Franco
.
Isabel X disse...
Reconheço imensa gente, mas é difícil referir-me a filas naquela chusma.
Destaco o meu irmão Luís ao fundo de chapéu alto. - Isabel Xavier -
----------------------------------------------------------------------------------
Estas são as fotografias do assalto de 1965, correspondente aos convites que
volto a mostrar. Quem quer ajudar a completar a identificação da foto de grupo,
só falta o nº 7 da quarta fila?
.

CARNAVAL NO CASINO (1967)

.
.
.
.
Guidó disse:
Olha o tal concurso das máscaras!
Quem ganhou não me lembro, quem entregou o prémio foi o Dr. Calheiros Viegas.
Na primeira fotografia consigo identificar:a seguir à premiada a Filomena Gomes (Mena). Atrás da Mena só com um olho a espreitar (?), mais atrás a Maria João Ferreira; o que se vê só cabelo, algo me diz ser o Carlos Gouveia. Agora para a esquerda, aquela menina de olho muito vivo, Natércia Carvalho (Nami) e cortada ao meio (salvo seja) a Guida Barreto. Para a direita vê-se bem o Luís Barreto e a menina ao pé dele a Paula Gouveia . A loirinha não sei quem é, sei é que por aqui andava.
.
Ana Nascimento disse:1º foto Oh Guidó tu olha bem para a foto… não conheces a premiada? eu não acredito… tu és tão prevista …. A loirinha também não sei quem é, mas eu dou-te uma ajuda… é uma homónima tua que por acaso é minha irmã …. BjsAna
.
Guidó disse:
Obrigada pela ajuda! Não estava a ver a Margarida, estava a achá-la muito clarinha, mas a outra está identificada. És tão parecida comigo, ambas distraídas (e divertidas)!
.
.

.
Guidó disse:
Claro que o espaço é o do Casino.
Na segunda só consigo identificar, à esquerda muito quieto, o Manel Barreto e ao lado a prima, a Paula Barreto. O pessoal da Quinta de Santo António muito sossegada, penso que por estarem fora do seu "habitat" natural!!!! BjsGuidó
.
Ana Nascimento disse:
Então e nesta só viste o Manel e a Paula ?… boa !!!!! a mim tinham-me escapado completamente…Então cá vai uma achega…. À esquerda, em fila, temos a João, a Guida, minha irmã, e as minhas primas Luisa Maria e Paula.Em primeiro plano, a enfermeira é a Vanda e julgo que a joaninha é a Margarida filha da Joana da Tália. BjsAna
.

OS ROTHSCHILD

. por J M Azevedo Santos
.
.
Como não encontro referências às festas de Carnaval organizadas pela «Mãe do Zé Castro» (sim, os pais perdiam a sua identidade própria e eram referidos de um modo indirecto: O Comandante do Quartel não era o Coronel Miguel, era o Pai da Anabela; o Vereador César Lourenço era o Pai da Salette; o Coronel Mendes era o Pai do Nuno, que por sua vez era o Namorado da Nôr…) sinto-me como um último sobrevivente com o imperativo de deixar o seu testemunho.

O Zé Castro era do meu ano (entrámos no ERO em Outubro de 1961 e julgo que ficou para lá de Julho de 1968, prolongamento compreensíveis pelo bom ambiente que este blog tem vindo a ilustrar…) e era o primogénito de uma série finita, mas extensa. Ainda na primeira metade dos anos 60 a família mudou-se para uma das «Vivendas dos Capristanos», na Estrada da Tornada. Este facto foi determinante para os nossos Carnavais que se passaram a iniciar por uma festa fabulosa que a «Mãe do Zé Castro» dinamizava com muito entusiasmo, e ainda maior sucesso, nos vastos anexos da Vivenda.

Era um acontecimento relevante pois «toda a gente» passava por lá (é por isso que estranho a omissão de outros testemunhos…), o ambiente animadíssimo e a partir dele seguiam-se diversas alternativas, mas o começo era por ali.

Foi numa destas festas que o Fernando Castro (o segundo ou terceiro da série) que já dava bons sinais do fino humor que veio a evidenciar (espero que o mantenha...), se saiu com a interrogativa:

- Então, que acha da festa dos Rothschild da Estrada da Tornada?

.

.

.

João Miguel Azevedo Santos
.
.
.
.
.
................................................................................................................
COMENTÁRIOS
.
João Jales disse:
Já no Carnaval do ano passado no Diário e depois num comentário da Ana Nascimento se apontava o "assalto" em casa dos Castros como a referência em termos de festas particulares de Carnaval nas Caldas. Em termos semelhantes, de alguma forma, ao que se realizava na garagem da Emiliana. Este testemunho faz-lhe mais justiça, pena não aparecerem fotografias.
Os Castros não são tão numerosos como dá a entender o João Miguel: são três rapazes e duas raparigas. O Zé é o mais velho (n. 1951) e o Fernando (n. 1953) é o irmão logo a seguir (posso assegurar que mantém o humor que o autor refere). Depois nasceram a Luisa (1960?), o Tó (1964?) e a Paula (1968?).
Os textos do João Miguel são sempre bem-vindos e muito aguardados mas ele, numa cuidadosa "gestão de carreira", escreve-os raramente...
Um abraço. JJ
.
Manuela Gama Vieira disse...
Não sei dizer com rigor, o ano de um "assalto" de Carnaval em casa do Zé e do Fernando Castro. Apenas me recordo que foi muito divertido. Devidamente mascaradas de noivos...eu o noivo, a minha irmã Maria de Fátima a noiva!
Não fora ter sido atraiçoada pelo meu característico "andar"-baptizado pelo meu amigo e colega Zé Carlos Sanches-"à Charlie Chaplin"... difícilmente, digo eu, teria sido reconhecida.
Recordo também o sentido de humor e a boa disposição do Fernando Castro, very british!
Manuela Gama Vieira

NOITE DOS MASCARADOS

.

.

CHICO BUARQUE, NARA LEÃO E MPB4 (1967)
.

.

O ASSALTO DE 1964



.
.
.
.
.
.

.
.
.
.
.

.
.
.
.
.
.
.
.



O "assalto" no Carnaval de 1964 foi em casa da Emiliana
e está fotograficamente documentado.
As legendas são da Ana Nascimento, leiam também os seus comentários.


Da esqª para a direita:A cabecinha com o lenço é a Guida V.L., Ana Nascimento, Graciete e Hugo (Pais da Emiliana), Emiliana e Luís, Geninha e Zé Manel

De costas, penso que primeiro é o Jorge Teixeira e entre os Pais da Emiliana é o Júlio (reconheço-o pela camisola).



Emiliana, Ana, Ilda e Zé Manel



São Costa, Ana, Ilda, Emiliana, Laura e ?????




Luisa N. , os Pais da Guida Santos, ??? ,Filipe Oriol Pena, Ilda e o Zé Manel.
Guida Vieira Lino em primeiro plano.




Um lindo friso de mães…..Em pé, a D. Graciete mãe da Emiliana
Sentadas, a mãe do Gil, D. Nita Costa, D. Gracinda Amâncio,
D. Mariana V.Lino, a mãe da Maria de São José

Laura, Emiliana, João Mário, Zé Manel, Carlos Aurélio, Luís Xavier,
o de cara tapada penso que é o Alberto Campos, o Pai da Emiliana ,
João Lourenço e a Gracinha Soeiro


................................................................................................................
COMENTÁRIOS

Anónimo disse...
...e a mousse de chocolate que as manas Nascimento levavam? Será que alguém se lembra?Neco
.
Ana Nascimento disse:
Então é Anónimo ou é Neco ? tu decide-te, JJ...
Lembro-me muito bem da dita mousse … e do bolo carnavalesco , feito pela minha avó Luisa, que poucos tiveram coragem de provar ?Era só chocolate…. amêndoa …doce de ovos …. decorado com uma urtiga e um papel de seda “sujo” de chocolate … será que te lembras ????O pior é que, quando o olhavam, franziam o nariz com repulsa ….. só depois de retirado do respectivo recipiente (um penico lindo, em loiça de Coimbra, uma verdadeira antiguidade guardada especialmente para estes eventos) é que o dito foi devidamente apreciado… eheheheheh …
.
Julia R e Amélia V disseram:
Que lindas estão todas as meninas !!!!! Então os meninos nem se se fala....O Zé Manel e o Xavier, e o outro que não conseguimos identificar, estão um espanto! E a pose????Assenta-lhes muito bem a toilette...o João Mário está a destoar, será que ninguém lhe emprestou uma roupinha ?
As meninas que estão servindo as bebidas, nota-se que têm muito jeitinho. Estão muito bem vestidas, mas também com aquelas caritas janotas qualquer trapinho lhes ficava bem.A Ana já está sentada, será que no final ainda se conseguiu levantar sózinha ou terá tido necessidade que algum cavalheiro simpático a levasse a casa!!!!
Emiliana, procura lá bem no teu baú, concerteza terás mais fotos interessantes daquela época, para compartilhares com todos nós.Estas estão uma delicia...
Beijinhos para todos os foliões destes "assaltos" cujas descrições nos têm maravilhado e que tão divertidos teriam sido.
Julinha e Mélita
.
Ana Nascimento disse:
Julinha e Melita:
Pois é meninas, nesta altura eu já estava sentada mas eram mais dores nos pés …. e se querem saber, fui muito bem acompanhada para casa sim … e por um cavalheiro simpático (o meu pai que, pela má qualidade das fotos, devia estar a experimentar a máquina …..ahahahah)
O pequeno que vocês não conseguem descobrir é o Carlos Aurélio, estava de estoiro,com uma cabeleira de estopa que lhe tapava a cara…
E a propósito de fatiotas, este grupo de pequenos não foi assim para o assalto … no meio do bailarico desapareceram e voltaram vestidos como a foto documenta ( isto foi ideia do teu Pai, não foi Emiliana ?) e fizeram um desfile de misses. Depois do concurso das misses passaram a uma coisa mais séria ….um teatro ….. reuniram-se em circulo à volta de um deles (talvez daquele que tem a máscara ) e resolveram fazer….. um parto.No fim de alguns instantes, entre os ais da parturiente e os “… corta … passa-me o escopro… passa-me o martelo “ da equipa médica… lá nasceu a criança .. um boneco chorão !!!!!E não é que anos mais tarde estes rapazes foram mesmo para medicina ?????
Beijinhos e Bom Carnaval…Ana
.
Lena Arroz disse:
As fotos são giríssimas. Tenho uma vaga ideia de ter visto o João Mário também mascarado. Se calhar já se tinha vestido de novo.
E as mães, que maravilha!A propósito de mães já tinha descrito ao João aquela partida de Carnaval que a mãe da Ana Nascimento nos pregou a todos, oferecendo-nos amavelmente uma coisa tapada com um lindo pano de linho branco que segurava com toda a delicadeza pela asa. Nós aceitávamos, claro, a educação assim mandava, mas o pior é que quando ela destapava o recipiente, se percebia que era um penico de cerâmica que lá dentro tinha uma coisa com a cor e o feitio de um cocó! E só agora a Ana descreve de que é que era feito! E até tinha o papel, disso já não me lembrava.
Acho que ninguém conseguiu provar. Quando olhávamos lá para dentro virávamos logo a cara para o outro lado torcendo o nariz para evitar que o cheiro, que certamente se desprendia daquela coisa, nos fulminasse.
Esta cena com a D. Irene Nascimento passou-se num outro baile, num outro Carnaval não sei em que ano, 1965 talvez, que foi num armazém do Sr Amâncio na estrada da Foz. Então e deste, não há quem tenha uma foto?
Beijos
Lena Arroz

CARNAVAL NA GARAGEM

.
.



Esta festa foi na minha garagem, deve ter sido em 1966. É claro que é a Ilda Lourenço, a Emiliana e eu.Na organização destas festas estávamos nós as 3, a Ana Vieira Lino, a Lena Magalhães (Sobral), a Ana e a Luísa Nascimento, o Xico Vieira Lino, o João Lourenço, o Júlio, o Canhão grande e o pequeno.


Depois eram enviados os convites feitos em folhas de cartolina cortadas aos bocadinhos e desenhadas, uma a uma, por nós.Também era elaborada uma lista com os comes e bebes para que cada um levasse uma coisa diferente.Grande organização !!


Beijinhos

Lena Arroz
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Isabel X disse...
Que bonitas e bem vestidas estão a Lena, a Ilda e a Emiliana! A organização e o esforço dispendidos para que tudo corresse bem nos assaltos de Carnaval são notáveis! Parabéns por tudo isso e, principalmente, por a Lena ter guardado os convites feitos com tanto carinho, já há tantos anos! Deste modo, as memórias tornam-se mais palpáveis! Beijinhos!
- Isabel Xavier -
.
João Jales disse:
Em conversa informal com uma das meninas fotografadas, a Emiliana, soube mais alguns pormenores do enorme êxito destes assaltos em que, ao contrário do que eu pensava, a exigência do convite não era um preciosismo mas uma necessidade, já que muitos foliões, desiludidos de outras festas "oficiais", vinham bater ao portão da casa tentando entrar!
Aqui agradeço mais algumas fotografias que a Emiliana me entregou e que publicarei ao longo destes dias de Carnaval.
.
Ana Nascimento disse:
Olá Lena
Tens razão …estes assaltos eram uma grande organização e como nós nos divertíamos…
Que foto tão gira … vocês estão impecáveis … só os sapatitos é que não devem ser os originais…possivelmente já tinham dançado tanto que os tinham trocado, seria ????
Não me lembro nada destas vossas fatiotas… … e neste momento nem sou capaz de saber como é que eu teria ido mascarada … ( oh raça, tenho que ir tomar as gotas senão estou feita….ehehehe) ….
Estou muito curiosa… quem terá sido o fotógrafo ? e o resto do grupo como é que foi disfarçado ??? será que se aprimoraram tanto como vocês ? hummmmm … palpita-me que não…. Não andarão por aí mais fotografias para poder saciar a minha curiosidade???
Eu tenho algumas que já dei ao JJ, mas não são na tua garagem, são na da Emiliana… esperemos que vão aparecendo mais…
Beijinhos para ti. Ana

I CAN'T LET MAGGIE GO (The Honeybus)

por João Jales
.
.
Os “assaltos” de Carnaval eram crimes premeditados com antecedência e pormenor. A escolha do local era o primeiro problema, já que poucas casas reuniam as condições que os permitissem.
.
A existência de um espaço relativamente autónomo, geralmente sótão ou garagem, restringia muito as alternativas, eliminando a maioria dos apartamentos em que vivíamos. Habitando um andar, e apesar de alguma permissividade dos meus pais (sempre houve bailaricos nas minhas festas de anos), nunca foi possível lá fazer bailes nocturnos no Carnaval.

Depois surgiam as questões administrativas, a burocracia necessária à realização do evento: licenças, autorizações, condições, regras, tudo sujeito a duras negociações, envolvendo cedências mútuas, com as autoridades locais, os donos da casa, pais da “vítima do assalto”.

Num dos Carnavais do final da década de 60 empenhei-me sobremaneira na organização de um desses eventos. A família da Aida, recém chegada às Caldas, não frequentava o Casino, pelo que um baile particular na sexta-feira de Carnaval era fulcral para uma aproximação que eu planeava há meses. Calma e calada, a garota que era alvo do meu interesse não demonstrava entusiasmo nem desagrado pelas minhas atenções, parecendo, mais que ignorá-las, não as perceber. Morava perto de mim, o que me permitia “encontrá-la casualmente” com frequência. Passei a visitá-la amiúde quando descobri que o seu irmão Jorge, um pouco mais velho que nós, e a irmã Mami, um ano mais nova, mantinham lá em casa frequentemente amigos a jogar, ler, ouvir música e estudar, o que fazia de mim apenas mais um. O Jorge era do tipo atlético, falávamos ocasional e amigavelmente, mas ele ligava pouco à música e aos livros, preferia andar de bicicleta (tinha uma que eu muito invejava), jogar futebol e principalmente correr, sem destino nem objectivo aparente, actividade cujo prazer eu não compreendia nem partilhava. A Mami, embora da estatura da irmã, era o oposto dela em tudo o resto. Os cabelos arruivados, curtos e revoltos contrastavam com a longa cabeleira “à Françoise Hardy” da Aida, tinha uma silhueta algo desengonçada enquanto a irmã era quase uma mulher, era faladora e metediça enquanto a outra era calma e calada.

A Mami absorvia tudo o que ouvia como uma esponja, chegou a discutir comigo os discos dos Beatles com os argumentos que me ouvira na conversa da véspera com um dos irmãos. Eu gostava de a irritar fingindo esquecer o seu nome e infantilizando-a:

- Oh Mámá, isto não são conversas para crianças…
Ou:
- Mámá já vestiste o pijama ao “chorão”? (um boneco espanhol muito popular nessa altura).

- Chamo-me Mariana, os amigos chamam-me Mami, mas para ti sou Mariana! E só tenho menos um ano do que tu, se sou uma criança, tu não és menos!

- Sim, Mimi, eu prometo lembrar-me disso…

Ela acabava por sair, furiosa, enquanto a Aida sorria, sempre plácida e tranquila, nunca interferindo nessas conversas, ouvindo-me depois falar-lhe de Jimi Hendrix, do livro da Pearl Buck que eu estava a ler, da transmissão do fantástico Beat Club alemão ao sábado na RTP… ela falava pouco, às vezes parecia gostar de me ouvir, outras parecia distraída e levantava-se para ir fazer outra coisa a meio de uma frase. Entre encorajadores mas enigmáticos sorrisos e momentos de desesperante alheamento, eu ia suspirando por acariciar aqueles sedosos e brilhantes cabelos que tanto me atraíam. Mas, ao longo de meses, ela continuava sem perceber, ou a fazer de conta que não percebia, as minhas atenções, e eu tinha decidido que esta questão não passava do Carnaval, época propícia à ultrapassagem destas indecisões.

- Estamos a organizar um baile de máscaras em casa da Isabel – disse-lhe, iniciando assim o meu plano – achas que podes ir?

- Julgo que sim, tenho que pedir à minha mãe…

- Eu também vou – decidiu a Mami – e escusam de começar com a conversa parva da minha idade!

- Mémé, não sejas assim, o baile é só para pessoas mais crescidas, não é para ti – respondi-lhe.

- Isso é que vamos ver. E é Mami, o meu nome é M-a-m-i.

Mas continuou calmamente o jogo de damas, as minhas brincadeiras já não a incomodavam tanto, principalmente quando jogávamos. A Aida não apreciava qualquer jogo e era a irmã que eu defrontava, até xadrez me obrigou a ensinar-lhe (e que fraco professor eu era…), nalgumas agradáveis tardes que lá passei em casa. Era inteligente, aprendia depressa e jogava tudo bem.

Ir ao baile implicava a escolha de uma máscara, o que era, para as raparigas, um assunto importante. Para a maioria dos rapazes não, qualquer trapalhice com a cara tapada servia. Eu, mais alto do que os meus colegas, nunca tive verdadeiramente hipótese de enganar ninguém mascarado pelo que não ligava ao assunto, usando uma máscara só para mostrar espírito carnavalesco. Mas a Aida, as amigas e as colegas levavam isso muito a sério, não deixando os rapazes, nem os irmãos, ver o que iam usar. Claro que o facto de lá ir a casa com frequência e a cumplicidade da Mami acabaram por me permitir ver o segredo da Aida, um vestido antigo a que tinham sido acrescentados uns folhos em papel celofane cor-de-rosa, imitando um vestido de "dama antiga". Vazio e pendurado num cabide era pouco convincente, como fez notar a desdenhosa Mami, perante a única fúria da Aida a que assisti!

- Tenho a certeza que, vestido por ti, será a toilette de uma verdadeira princesa! E essa caraça, tipo Maria Antonieta, fica aí "a matar"! - disse-lhe, para a acalmar.

Obrigou-me a prometer que não a desmascararia durante o baile, o que fiz sem qualquer reserva, já que tencionava obviamente guardar a informação só para mim!
.
Nessa semana que antecedia o Carnaval os preparativos aceleraram e as dúvidas dos pais da Isabel em ter um “assalto” em casa aumentaram, quando alguém se ofereceu para levar umas cervejas como contribuição para a festa… Afastado, sob palavra de honra, o espectro do álcool em sua casa, os senhores voltaram a autorizar.
.
Fiquei “pendurado” na tarde da quarta-feira anterior (a única que o horário nos deixava quase livre) por causa desses últimos preparativos. Joguei crapaud com a Mami, que ia massacrando a mãe com pedidos insistentes para ir também ao baile. Paciente mas firmemente, ela foi sistematicamente contrariando os variados e mirabolantes argumentos da sua filha mais nova, enquanto eu as ouvia, divertido. A senhora, que simpatizava comigo (talvez por entreter algumas horas por semana a sua problemática filha), ia-me pedindo auxílio na discussão, o que eu fiz com gosto. Mas foi o Jorge, recém-chegado de um dos seus corta-matos, que terminou a discussão:

- Nem te preocupaste em arranjar máscara, não podes ir a nenhum baile de Carnaval! - o que, sendo verdade, constituiu um argumento final e lhe valeu um olhar assassino….

Quase não vi a Aida e fui para casa sem conseguir dizer-lhe nada do que tinha planeado como introdução a uma declaração mais formal, dois dias depois. Quinta-feira, no Colégio, não foi igualmente possível fazê-lo porque nunca consegui estar a sós com ela, além de que ela estava constipada; um nariz entupido e avermelhado e uns olhos lacrimejantes não são propícios ao romance...

Sexta-Feira trocámos poucas palavras:

– Então e a constipação? – perguntei.

– Estou felizmente melhor, mas o meu pai, logo à noite, vai-me levar e buscar no carro dele, para não apanhar frio.

– Até logo, sendo assim encontramo-nos em casa da Isabel…
.
Fui jantar e vestir-me.Uma complicação familiar, envolvendo uma outra festa onde ia a minha irmã e a saída dos meus pais, atrasou-me imenso e cheguei muito mais tarde do que tinha programado. Mas felizmente a tempo já que, quando cheguei à porta, ainda correspondi a um aceno do pai da Aida, que se afastava no seu automóvel.
.
Entrei sem tirar a máscara, os pais da Isabel, que vigiavam a entrada, reconheceram-me e cumprimentaram-me imediatamente! A sala tinha as habituais serpentinas nos candeeiros e nos cortinados, confettis no chão e uma mesa com uma enorme toalha branca com os contributos dos convidados. Pousei uns croquetes e uns rissóis que a minha mãe me entregara e vi que o baile estava animado; procurei a Aida e vi que a minha "dama-antiga" dançava já umas brasileiradas na improvisada pista de dança. Enquanto esperava uma oportunidade de lhe falar, fui negociar com o Paulo, meu parceiro na tarefa de pôr discos, ficar livre neste início da noite, substituindo-o só depois de a Aida sair. Combinámos também que, mal eu conseguisse dançar com ela, ele poria a tocar “I Can’t Let Maggie Go” dos Honeybus, um slow irresistível que eu tivera o cuidado de incluir entre os discos disponíveis.
Aguardei uns minutos, a folia abrandou, a Aida reconheceu-me (porque eu lhe mostrara a minha caraça e pela altura, claro) e veio ter comigo, dando uma graciosa e inesperada volta à minha frente, mostrando-me como estava realmente elegante, mesmo vestida de celofane! Mal me aproximei dela o Paulo pôs a tocar a música combinada e eu descobri que ela era uma graciosa dançarina, mais disponível do que de costume para ouvir os meus elogios, que foi recebendo com alguns risos. O meu plano corria bem, o espírito de Carnaval e as máscaras desinibem sempre as pessoas! Outro slow se seguiu (o Paulo era um bom amigo), e outro, sem que ela fizesse qualquer menção de querer trocar de par, mas a pressão dos foliões acabou por obrigar o regresso da música mais animada. Nesse momento a Aida deu-me o braço e fez sinal de querer beber, era impossível falar porque o Paulo, terminados os slows, tinha outra vez a música muito alto, os donos da casa não tardariam em protestar. Eu conduzi-a em busca de um refresco, feliz com este inesperado e promissor início de festa (finalmente ela mostrava nítido prazer na minha companhia). Junto à mesa estava o seu irmão, o Jorge, que reconheci porque tirara a caraça para poder comer vigorosamente o que me pareceram os meus croquetes, e eu disse-lhe (ou melhor, gritei-lhe), apontando a Aida:

- Está muito bonita a tua irmã nesta máscara!

Ele aproximou-se do meu ouvido, para se fazer ouvir, e respondeu:

- Sim, fica-lhe realmente muito bem. E teve pouco tempo para se vestir, só à última hora eu convenci a minha mãe a deixá-la vir comigo, aproveitando o vestido da Aida, que ficou de cama, cheia de febre….
.
João Jales
....................................................................................................
COMENTÁRIOS
Isabel X disse...
Mais uma interessantíssima história de amores adolescentes aqui trazida pelo Jales, desta vez a propósito do Carnaval. Está a ficar um especialista. Um interesse amoroso deslocado do verdadeiro alvo, mas que as circunstâncias (o destino?) acaba por colocar no caminho certo, é um tema que dá que pensar... Aqui tratado magistralmente, de modo a prender a atenção de quem lê e sabe o desfecho ao mesmo tempo que o protagonista-narrador, tão equivocado quanto nós, seus atentos leitores! O efeito é literariamente muito bem conseguido, tal como a descrição de toda a envolvência do acontecimento central. Parabéns JJ!
- Isabel Xavier -
.
Ana Carvalho disse:
Olá João como sempre outra das tuas encantadoras e maravilhosamente escritas histórias, sempre me saíste um romântico....quem havia de dizer que por baixo dessa tua ironia toda havia uma pessoa sensivel e doce, capaz de escrever estas coisas lindas...que sorte tem a tua Paula e a Marta . Bjs PP.
.
Luis disse:
Conheço a primeira parte desta história, mas os "assaltos" de que me lembro em casa da Isabel Videira,na R. Leão Azedo são anteriores a isso.Fico pois um pouco baralhado!Pormenores à parte é um relato que não consegui parar de ler embora, quando comecei, pensasse que o ia deixar para depois... Muito bem escrito,sem arabescos(nada a ver com a Dra Inês!) nem figuras de estilo,só história(e música).Acabaram as Annas Kareninas?Abraço-Luis
.
Belão disse...
Ó João, que conto!Falando sério, já pensaste em escrever um livro de contos? É que prendes tão bem o leitor, que talvez conseguisses contribuir para elevar algumas percentagens no que se refere à leitura. Consegues um misto de romance e humor....muito interessante!Adorei.
.
São Caixinha disse:
Olá João!!!Outra estória tua de extraordinária qualidade! Este enredo está simplesmente fenomenal! Adorei ler e envolver-me nesse formidável ambiente, que só suspeito que deve estar descrito muito de acordo com a realidade, visto que eu, como a Júlia, também ficava fechada...num castelo!!
E a canção...ai...ai...também me traz doces recordações! Bjs, São
.
zemass disse...
Não costumo escrever,esta é a 2º vez,mas leio sempre com gosto.Só quero dizer que há aqui uma relação entre esta música que nos evoca tão boas recordações e a história que o Jales conta.E não é só o facto da música tocar no baile.Claro que gostei muito.
.
Isabel Knaff disse:
I Can’t Let Maggie Go, é uma maravilha... que inesperado desfecho!Quando finalmente já estava a ficar animada e a pensar que finalmente esta estória ia acabar bem...Zás...de repente “puxaste-me o tapete debaixo dos pés”. E deixaste-me na expectativa ... E depois? Gostava tanto de saber mais...não tem mais episódios...?
Eu nunca tive autorização para ir a assaltos de carnaval e a ver pelas vossas descrições deviam ter sido divertidíssimos. Que pena!Se estivesse mais perto juntava-me à Julia e, conhecendo-lhe o talento para planear festas, até me está cá a parecer que podíamos juntas organizar um...
.
Margarida Araújo disse:
Revi Carnavais passados, assaltos sem ser à mão armada, mascarices, bailes. Os meus sempre foram aqui nas Caldas. Começaram timidamente em bailes de máscaras para crianças no casino. Lembro que havia prémios e que uma vez fui de minhota. Original, não? Ainda tenho o coração de filigrana que usei e que resistiu à "limpeza" que houve em minha casa. Lembro-me da Belica Crespo com uns 4 anos vestida de espanhola, com um grande sinal e aquela cara de boneca que ainda hoje tem. Um ano já não sei quem vestiu-se de Sindy, uma boneca vestida à anos 60, calças, camisola às riscas e cabelo com fita larga. Muito francesa. Lembro-me de termos achado muito original. Mas destas festas não guardo a ideia de grande animação. Essa era na Quinta de St.º António, a remexer nas arcas dos antepassados e a dar voo à nossa liberdade. Muito brincadeira , muita tropelia e, à noite, pais e tios alinhavam tanto ou mais do que nós.
Um ano o Henrique Sales, o Carlos Gouveia e nós, a catraiada miúda, fizemos uma assalto à casa da Madame Nicole e penso que depois passámos para a casa do Miguel Bento Monteiro. Eu teria uns 12 anos e lembro com se fosse hoje, eles vestidos de ceroulas e de cartola, estavam hilariantes.
Depois, já mais crescidos, os bailes começavam no Casino, passando a meio da madrugada para o Hotel Lisbonense e muitas vezes acabavam no Casino Mangueira (os animados bailes dos Bombeiros). Depois houve um tempo em que O Inferno da Azenha e o Ferro Velho jogaram ao despique. Mas penso que, de uma modo ou de outro, se corriam os dois lugares.
Mascarava-me sempre, mas de forma trapalhona. O objectivo era a não descoberta e a troca de indentidades, que o teu texto conta de forma tão divertida.
Quase me esquecia de referir, em relação ao teu texto, a música linda e com um título que não posso ignorar...
Já sei se vir por aí um mascarado alto és tu!!!! Guidó
.
farofia disse...
Com que então, JJ, aluno ‘espevitado’ e alegre, mais respeitador do que tímido, dedicava-se a actividades extra-curriculares de organizador de festas e criador de enredos! Distraído? pudera! aquele coração tiquetava em sons musicais e batia por amores mais ou menos inquietos e desencontrados.
Que desfecho tão fantástico o desta história de romance, intriga e suspense ! O romance enternece-nos, a intriga surpreende-nos de tantas cumplicidades e o suspense, ah! esse dá cabo de nós até ao último momento da narrativa.
E depois? Será que a Madalena se desmascarou sempre a rir? Será que o João recuperou do choque com elegância cavalheiresca? eu queria um final feliz para este qui pro quo
.
farofia disse...
que me perdoe a Mariana, chamei-lhe Madalena, pura distracção!
.
vitor b disse...
Começa com romance e algumas boas observações e acabamos em surpresa e suspense.Concordo com a Isabel Caixinha e a Farófia tem que ter uma continuação,a história não acaba aqui(quem é a Farófia?muito giro o seu comentário!)
Parabéns J.J. esta é uma excelente história.
.
farofia disse...
(resposta ao vitor b: farófia é bolinha de sabão assoprada por este blog)
Trago aqui uma historinha de Caldas num carnaval uma dúzia de anos mais velho: o meu ‘herói’ chama-se Luís Filipe. Caldense de gema, foi ao baile de máscaras num edifício (que acabou destruído por um incêndio) ao lado das antigas Faianças Germano, frente ao Parque. Logo, logo, encantou-se com uma Máscara, dançaram, dançaram, e dançaram naquele ‘tásse-bem’… “Tira a máscara!” pediu ele - “Não”, recusava a dama. - “Tira!” - “Não, vais ficar desiludido!” - “Tira, vá lá!” … e ela tirou… e era menos charmosa do que ele espectava e uma singela vendedeira da Praça da Fruta. [Pá, Luís, o que é que tu espectavas? a Bela Adormecida em pessoa?! ]
.
João Ramos Franco disse...
Desta vez o João Jales, que já nos habituou como um bom contador de histórias, traz-nos o Carnaval.
Falar-vos sobre carnavais, os quais na nossa cidade gozei em plena juventude, frequentando tudo o que havia no meu tempo e pregando tantas partidas (principalmente pelo telefone). Só de recordar o que fiz, aos 66 de idade parece-me ter 100 de carnavais… João Ramos Franco
.
Júlia disse:
João!
Ontem só cerca da meia noite vim espreitar o blog. Deparo-me com um enorme texto teu e logo pensei que aquela hora tardia não seria a ideal, teria que ler e reler, mas hoje também não pude deixar de o fazer. Ler e voltar a ler....não só porque quase me senti envolvida naqule ambiente carnavalesco,mas para confirmar o final !!!!!!!!!! Que pena me fez....imaginei a tua cara de desilusão....mas como já estavas habituado,foi mais uma ....Coitadinho do então jovem "pinga-amor" !!!!
Tu continuas a revelar-te como um extraordinário Contador de Histórias....a maneira como descreves, consegues envolver-nos e deliciar-nos de tal maneira que me atrevo a lançar-te um desafio. Porque não escreveres um livro de contos?
Aceitam-se palpites para o "título".
Muitos Parabéns, Bjs. Júlia R
.
Ana Nascimento disse:
Parabéns João
Que texto bonito e que linda música…. Como tu retratas tão bem o ambiente das festas de garagem que se vivia nessa altura !!!!!!!
Cada vez gosto mais do que escreves…como diz a Julinha tens que te aplicar na “feitura “ dum livro de contos….
Um beijinho grande da
Ana
.
Luisa disse...
Como os artigos não têm data não sei com que atraso estou a ler o blogue.Mas não podia deixar em claro este maravilhoso conto de carnaval.Li duas vezes seguidas para ver se descobria o truque mas fiquei tão deleitada que não descobri nada!!Suponho que a Isabel Xavier tem razão,a narração e a acção são mesmo ao mesmo tempo.Parabéns João!Luisa