ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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BREVE HISTÓRIA DO EXTERNATO RAMALHO ORTIGÃO 1945-1973 1ª parte

Conforme descrito no artigo do João Bonifácio Serra (ANTES DO EXTERNATO RAMALHO ORTIGÃO - Os colégios das Caldas da Rainha 1928-1945), no início dos anos 40 há dois colégios activos nas Caldas, o Caldense, exclusivamente masculino e o Lusitano, exclusivamente feminino. A criação de um único estabelecimento de ensino tinha grandes vantagens à partida, permitindo mais inscrições, já que a lei da separação de sexos deixava de se aplicar, e também racionalizar recursos e custos, reunindo num só estabelecimento os melhores professores, dando aulas a mais alunos. É isto que pensam pouco mais de uma dúzia de caldenses ilustres, liderados pelos Dr. Júlio Lopes, Dr. Asdrubal Calisto e Dr. Leonel Sotto Mayor, reunidos na Sociedade de Melhoramentos Caldenses, e que os leva a comprar os dois alvarás existentes fundando, em Outubro de 1945, o Externato Ramalho Ortigão. A intenção não era empresarial, o ensino não era uma actividade lucrativa, os quinze sócios fundadores procuravam uma forma de garantir não só o Curso Liceal mas principalmente o acesso ao Ensino Superior Universitário para os seus filhos, já que só existiam Liceus nas capitais de Distrito.



Não há pois motivo para a perplexidade de alguns pela escolha do nome para um estabelecimento católico, já que o “baptismo” é muito anterior à “conversão”, a escolha do nome é treze anos anterior à sua compra pela Igreja. São trinta e oito os alunos inscritos, entre eles António José F Lopes, Mário Gualdino Gonçalves, José Mesquita de Oliveira, Óscar Baptista, Elmano Soares de Sá, Maria Emília Marques Henriques, Joaquim J Nazareth, António José Rodrigues Borges, Margarida Calisto, Adriano Fidalgo dos Reis, Jorge Sotto Mayor, Carlos O. Gomes, Fernando M. Loureiro de Sousa, Vasco Henriques, Manuel Mesquita de Oliveira, Viriato L. Castro, Sami Bento, Carlos José Marques Henriques, David Vazão …


Começa o ERO por ocupar as instalações do Caldense, na Rua Miguel Bombarda. Os professores mais conhecidos desta época são o Dr. Azevedo (Matemática e Desenho), que leccionará em todas as instalações, o Dr. Rosa Bruno (Matemática e Físico-Química), o Capitão Dario Preto Ramos (Desenho), o Maestro Carlos Silva (Canto Coral), o Dr. Melo (Latim e História), a Dra. Marília (Matemática), o Dr. Mário Braga (sim, o conhecido escritor foi aqui professor de Filosofia), substituído depois pelo Dr. Catarino. Desde o primeiro dia faz parte dos quadros a Dª Anita Nascimento, professora de Lavores e depois também funcionária administrativa, que será a única pessoa que se manterá ao serviço do Colégio durante os seus quase trinta anos de funcionamento.




Entre 1945 e 1950 serão directores o Dr. José Brilhante de Paiva, um professor da Nazaré, depois o Dr. José Melo, dizem que muito cioso dos brasões e pergaminhos da família e a Dra. Lídia Gomes, antiga professora do Caldense que posteriormente fundará o Colégio Nuno Álvares no Bombarral.



É neste período que se atinge o objectivo final, perseguido há vários anos pelos diversos colégios anteriores. No ano lectivo de 1947/48 o Externato Ramalho Ortigão lecciona o 7º ano do Curso dos Liceus (Letras e Ciências) permitindo finalmente que os filhos dos caldenses transitem directamente da sua cidade de origem para a Universidade da sua escolha. Vinte anos tinham passado desde a formação da sociedade de António Augusto Ferreira e Justino Moreira, e os restantes militares, no Colégio Moderno, precisamente com essa intenção.
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Rapidamente o número de alunos cresce e duas mudanças se sucedem em Outubro de 1951: os alunos da primária (e em 1952 os do 1º e 2º ano do Ciclo) ocupam o primeiro andar do prédio que faz esquina entre a Heróis da Grande Guerra e a Rua do Jardim (onde o Dr. Lamy instalará o seu consultório) e os restantes passam para os dois primeiros andares do “prédio do Crespo”, situado no nº 91 da R. Capitão Filipe de Sousa, ali colado à antiga Garagem Caldas. Graças à habilitação conferida pelo seu Curso Comercial é nomeada responsável por este polo destinado aos mais novos a famosa Teodora Costa (vulgo Dª Dora, com um penteado que é uma lenda no ERO).




Continuam alguns dos professores (Dr. Rosa Bruno, Dr.Azevedo, Dra. Lídia Gomes, Dra. Alda Lopes, Maestro Carlos Silva), mas surgem novos nomes: Dr. Manuel Perpétua (Português e História), Escultor Macário Dinis (Desenho), Dra. Irene Trunninger Albuquerque (Línguas várias), Dra. Lúcia (Francês), Padre Teodoro (Religião e Moral), Dr. Umbelino Torres (Latim) e, mais tarde, quatro professoras que também leccionavam na Escola Comercial, a Dra. Alice Freitas (Português e Francês), a Dra. Elvira Bento Monteiro (Grego), a Dra. Deolinda (Histórico-Filosóficas) e a sua sobrinha, a Dr.ª Margarida (Matemática). Na secretaria está a Dº Eulália e os contínuos são o Sr.Madeira e a Sra. Albertina. As aulas de Ginástica eram no pátio, quando a chuva permitia, conduzidas pelo Capitão Hipólito que, curiosamente, dava também aulas de Português, mas essas independentemente das condições climatéricas. Ginástica e Português mostram a grande versatilidade lectiva deste militar.


A directora da transição é a Dra. Alda Lopes (50-52), filha do fundador Dr. Júlio Lopes, que ocupa o cargo no último ano na Miguel Bombarda e no primeiro na Capitão Filipe de Sousa, depois substituída pelo Dr. Manuel Perpétua (52-58) que, com uma gestão polémica, deixou poucos amigos no Colégio, especialmente no grupo de sócios proprietários … Funda um Internato em Porto de Mós em 1958-59 levando consigo um importante grupo de alunos do ERO. O mesmo tinha tentado o Professor Rosa Bruno em 1954 quando, incompatibilizado com o Dr. Perpétua, fundou um outro colégio em S. Martinho. Mas esse sem sucesso.

Os laboratórios, embora já existentes nas anteriores instalações, são ampliados e providos com mais e melhor material, mostrando uma vontade firme de melhorar a qualidade do ensino. A grande carência é sem dúvida um ginásio, embora a Educação Física já não tenha nos anos 50, para a sociedade e o regime, a importância dos anos 30, quando eram exemplo os fascistas e os nazis que glorificavam o corpo e a raça em gigantescas demonstrações atléticas e desportivas.


Não há actividade da Mocidade Portuguesa dentro do Colégio nestes anos, mas muitos alunos se associam voluntariamente às suas actividades desportivas, que tinham lugar Sábado à tarde na Mata, sob a supervisão do Sargento Peixoto (excepto futebol, que não se praticava na MP). Além do desporto a possibilidade de participarem nos acampamentos (uns dias fora de casa…) era também um aliciante.




Neste período realizam-se encontros, sociais e desportivos, com outros estabelecimentos de ensino, nomeadamente os Regentes Agrícolas de Santarém e o I.V.S. São normalmente jogos de Futebol (fotograficamente documentados no Álbum de Recordações) seguidos de lanches ou bailes: “Eu sou um ex-aluno (1957/8/9 ) do IVS - Instituto Vaz Serra de Cernache do Bonjardim (também chamado Instituto de Voos Supersónicos…) e fiz parte da equipe de futebol que anualmente defrontava o Ramalho Ortigão, um ano em Cernache e outro nas Caldas. Num ano, que não posso precisar, a vossa recepção, após o jogo, foi-nos oferecida no Casino das Caldas. Eu fui à chegada pescado para ir almoçar a casa da Teresa Caldeira (o que é feito dela?). Vocês tinham um craque que, salvo erro, já jogava no Caldas e que veio a jogar na Académica.
Passávamos o ano à vossa espera! O nosso colégio também era misto e daí acontecerem cenas giras nos encontros e o esmero nas recepções ser recíproco.”( Acácio Leite, a alcunha no IVS era Yustrich).
Uma dessas cenas giras será relatada oportunamente no Blog.

Ainda não se realizam Bailes e Excursões de Finalistas como virá a acontecer na década de 60 . Há relatos de diversas viagens, mas sempre dentro do país, nunca ultrapassando um ou dois dias. Os bailes e festas são na garagem do edifício, graciosamente cedida pelo proprietário para o efeito. As mais importantes actividades extra-curriculares são talvez as Récitas no Teatro Pinheiro Chagas. Estão no arquivo fotográfico do Blog alguns programas que mostram bem o empenho de professores e alunos nestes eventos que envolvem música, teatro, bailado, poesia… O Dr. Rosa Bruno e o Maestro Carlos Silva surgem como grandes promotores, animadores e até participantes destes espectáculos que envolvem dezenas de pessoas. Não tenho ideia de na década seguinte se realizarem festas desta dimensão no edifício da Diário de Notícias.

A nomeação do Padre António Emílio para substituir o Dr. Manuel Perpétua, no Verão de 1958, prenuncia grandes mudanças que estavam para acontecer.

(continua)

5 comentários:

Teresa Vieira Pereira disse...

Nesta história do Ramalho Ortigão, encontrei um pequeno engano relativamente a datas e a locais.
Eu só entrei para o colégio em Outubro de 56, para o 2º ano, e, nessa altura, todas turmas funcionavam no prédio do Crespo, ao lado da garagem Caldas, ocupando o 1º e o 2º andares. Foi só dois (?) anos mais tarde que houve o desdobramento para o prédio da esquina da rua do Jardim para a rua Heróis da Grande Guerra, aí ficando instalados os alunos mais novos, até ao 2º ano. Creio que a minha irmã Isabel fez parte desse primeiro contingente e deve ter passado directamente para o novo edifício da rua Diário de Notícias.

Maria Antónia Veíssimo Moreira (Toyna) disse...

A Teresa Vieira Pereira tem toda a razão, aliás ela foi minha colega de turma, e nessa altura só funcionava no prédio do Crespo, mais tarde, por falta de espaço, houve o desdobramento para o prédio que faz esquina com a Rua do Jardim.

Maria Antónia Veíssimo Moreira (Toyna) disse...

A Teresa Vieira Pereira tem toda a razão, aliás ela foi minha colega de turma, e nessa altura só funcionava no prédio do Crespo, mais tarde, por falta de espaço, houve o desdobramento para o prédio que faz esquina com a Rua do Jardim.

Maria Antónia Veíssimo Moreira (Toyna) disse...

A Teresa Vieira Pereira tem toda a razão, aliás ela foi minha colega de turma, e nessa altura só funcionava no prédio do Crespo, mais tarde, por falta de espaço, houve o desdobramento para o prédio que faz esquina com a Rua do Jardim.

José Ramalho disse...

José Manuel Ramalho Pereira da Silva
Também andei na primária do ERO que funcionava no prédio do Sr. Crespo e a Professora era a Srª D. Manuela Santos. Ou li mal ou não vi o nome dela aqui mencionado. Não me lembro do ano mas devia ser entre 1951/53 ?... depois segui até ao 5º ano que fiz já no Externato novo propriedade do Patriarcado. Fiz a secção de letras num ano e ciências no outro. Passei sem deficiência mas essa estupidez custou-me um ano de reforma !
A propósito, também andei uns tempitos no tal colégio da Rua Heróis da Grande Guerra com a Rua do Jardim e fui colega de turmas das duas comentadoras Teresa Vieira Pereira e Maria Antónia Veríssimo.