ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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ANTES DO EXTERNATO RAMALHO ORTIGÃO - Os colégios das Caldas da Rainha (1928-1945)

Por João B. Serra


1. Introdução



A história do ensino particular liceal no nosso país está por fazer. Também não dispomos de monografias históricas sobre instituições de referência desse sector supletivo do ensino público. O breve apontamento aqui apresentado sobre as primeiras duas décadas dos estabelecimentos de ensino liceal nas Caldas da Rainha não pôde cruzar informações relativas a processos congéneres, nem beneficiar do método comparativo.
A expansão do ensino constituiu um dos elementos centrais da revolução social do século XX, sobretudo da sua segunda metade. Ainda no século XIX, os Estados mais desenvolvidos tinham incluído nas suas prioridades a alfabetização. O ensino primário fez então muitos progressos, tendo diversos países começado a atingir taxas de alfabetização superiores a 50 e 60% da população. Mas o número de estudantes na fileira do ensino secundário/superior permaneceu, em todo o mundo, até aos finais da década de 1950, muito reduzido, quase tão insignificante, quantitativamente, como na Idade Média. Ao longo das décadas de 1960, 1970 e 1980, os dados, porém, alteraram-se radicalmente. De forma generalizada, as famílias fizeram extraordinários esforços para colocar os seus filhos no ensino superior. Não se tratava apenas, como anteriormente, de famílias com capital económico ou cultural elevado. A ampliação da procura de ensino só pôde acontecer porque a ele acorreram jovens oriundos de estratos de rendimentos médios e baixos, cujos pais viram no ensino uma oportunidade de melhorar a condição social de origem.
Para participar neste movimento, Portugal, como é sabido, teve de ultrapassar obstáculos muito exigentes, à cabeça dos quais podemos apontar o fraco investimento do Estado Novo na expansão do sistema público de ensino. Esta observação vale tanto para o ensino primário, como para o secundário e superior. Particularmente gravoso para as regiões mais periféricas e para os grupos de menores rendimentos foi o princípio da concentração da malha de liceus nas capitais de distrito, uma vez que só os liceus davam acesso directo ao ensino superior. Em alternativa, desenvolveu-se, ao longo da primeira metade do século XX, sobretudo a partir dos anos 1920, uma rede de estabelecimentos privados que proporcionaram, nas localidades com alguma dimensão demográfica, ensino liceal. Sem essa rede, a modernização do país teria sido certamente muito mais lenta e estreita e o fenómeno de democratização do ensino superior mais atrasado e provavelmente menos consistente.


2. Fontes


Efectuei uma primeira pesquisa sobre o ensino secundário particular nas Caldas da Rainha em 1986, no âmbito de um estudo então iniciado sobre a formação das elites urbanas entre 1887 e 1941. Efectuei na altura entrevistas aprofundadas com diversos actores qualificados, como o tenente-coronel Justino Moreira, o Professor José Lalanda Ribeiro, o Dr. José Venâncio Paulo Rodrigues e o Dr. Aníbal Correia e consultei a imprensa local. A investigação foi no entanto interrompida e só muito recentemente retomada, no quadro da realização de provas académicas.
Mas o impulso decisivo para tornar público um ensaio historiográfico sobre este tema, numa forma ainda incipiente, veio do blog dos antigos alunos do Externato Ramalho Ortigão, do seu principal animador, o João Jales, e da sua colaboradora Margarida Araújo.
O João Jales publicou uma “Breve História do Externato Ramalho Ortigão, 1945-1973” onde incluiu referências a um período anterior a 1945, com identificação de algumas unidades e professores, baseando-se fundamentalmente em fontes orais. Facultou-me acesso ao texto, no decurso da sua própria elaboração, assim desencadeando um desafio estimulante que me “forçou” a ocupar-me de novo da questão. No diálogo que travámos, quase sempre a desoras, “intrometeu-se” a Margarida Araújo. A Margarida, a quem me une uma amizade com longínqua origem precisamente na docência da história, foi colocando em cima da mesa (ou seja nas nossas plataformas digitais) uma sucessão “interminável” de informações colhidas em edições da Gazeta das Caldas. Como dizia o João, fomos todos procurando compor o puzzle, ou, como na imagem inspiradora dos trabalhos de Penélope, fazendo, desfazendo e refazendo a história.
Aqui está o resultado (provisório) a que chegámos. Digo “chegámos” com inteira verdade: eu escrevi, eles foram participantes e cúmplices activos.

3. Os primórdios: 1926/1927


É em Agosto de 1926 que nos deparamos com a primeira notícia da Gazeta das Caldas sobre a criação de um colégio-liceu. “Uma iniciativa simpática” titulava o jornal, dando a lume uma entrevista com um dos seus principais protagonistas, o Dr. António Correia Sousa Neves.
António Sousa Neves queria transpor para as Caldas a experiência bem sucedida do colégio-liceu de Sintra, de que há 6 anos era director. “Portugal precisa de escolas que se preocupem com mais alguma coisa que impingir lições feitas à máquina; carece de olhar pelos seus filhos, criando-lhes qualidades, para que não continuem a ser esses eternos homens de amanhã, sempre inutilmente desejados…” (G.C. 22 de Agosto de 1926). Projectava dotar as Caldas de um estabelecimento de ensino para ambos os sexos, provido de professores especializados (para ciências e para letras), onde as línguas estrangeiras estivessem a cargo de professores das respectivas nacionalidades, se garantiria a disciplina de ginástica bem como a de higiene individual, à responsabilidade do subdelegado de saúde, Dr. Fernando Correia, que também exerceria as funções de médico escolar.
A atenção para as Caldas terá sido despertada por um professor do colégio de Sintra, Carlos de Loureiro “que conhece as Caldas”. As instalações não se encontravam ainda decididas, dependendo do número de inscritos, mas o nome já estava escolhido: “Colégio-Liceu de D. Leonor”.
Desconhecemos a sequência desta iniciativa, embora o nome da Rainha nos surja mais tarde ligado a um outro colégio das Caldas. Nada nos prova, porém, a existência de uma continuidade entre ambos. Mas parecia ter razão Sousa Neves quando afirmava que as Caldas “há muito reclamavam a organização de um estabelecimento de ensino e educação, vazado por moldes da moderna pedagogia, e no qual se pudesse cursar os liceus”. No seu entender, “Para não falar já nos progressos acentuados desta vila, basta a circunstância de haver cidades do país sensivelmente com a mesma população do que as Caldas e arredores e dotadas de um liceu oficial”.
Em 1930, residiam na freguesia das Caldas da Rainha 7822 indivíduos, sendo o total concelhio de 29207 (Censo da População de Portugal).Mais de 75% dos habitantes do concelho eram analfabetos.
Além de escolas primárias oficiais e privadas, na vila das Caldas tinha existido até justamente Julho de 1926, o mês anterior ao desta entrevista, uma Escola Primária Superior.
Para se compreende melhor o lugar desta escola, convirá recordar a orgânica do sistema de ensino republicano. Partindo da distinção entre ensino primário e secundário, o primeiro era obrigatório e compreendia 5 anos (dos 7 aos 12 anos), compreendendo 5 classes. Os que não seguissem o ensino secundário, que desembocaria no ensino superior, mas quisessem aprofundar estudos, tinham à sua disposição o ensino primário superior (3 anos, dos 12 aos 15), facultativo, compreendendo 3 classes. O diploma do curso das Escolas Primárias Superiores, habilitando os alunos com conhecimentos de línguas, dava acesso directo às Escolas Normais Primárias e a outras escolas do chamado ensino médio (agrícola, comercial e industrial) e equivalia ao Curso Geral dos Liceus.
Não encontrei dados sobre a frequência dos estabelecimentos de ensino primário nas Caldas nesta época, mas o Censo da População de 1930 indica o número de indivíduos alfabetizados entre os 6 e os 12 anos: 384. Estes números são evidentemente aproximativos, mas dão-nos um valor de referência muito baixo para a frequência do ensino primário no concelho das Caldas. Se tivermos em conta que os estudos já efectuados apontam para uma taxa de pouco mais de 4%, em 1930, para a população escolar primária que prossegue os estudos secundários, não podemos deixar de concluir que a margem seria muito apertada para os que se propunham criar um colégio-liceu nas Caldas.
A extinção da Escola Primária Superior caldense em Julho de 1926 deverá estar relacionada com este panorama. Mas pode ter tido reflexos directos ou indirectos em projectos de lançamento do ensino secundário. Professores e famílias tiveram que procurar alternativas, os primeiros à sua actividade docente nas Caldas, as segundas a uma via de estudos pós-ensino primário.
Um ano decorrido sobre a entrevista ao director do colégio-liceu de Sintra, a Gazeta insere uma notícia sobre iniciativa similar, desta vez com origem no colégio de S. José, em Santarém, cujo director, Oliveiros Brás Machado, se propõe abrir nas Caldas um estabelecimento similar (G.C., 29 de Set. de 1927). Também neste caso, desconhecemos o destino do projecto.
Um facto, porém, ocorrido exactamente em Setembro de 1927, parece ter sido decisivo para o arranque do ensino secundário liceal nas Caldas. Tratou-se da instalação definitiva do regimento de Infantaria 5 naquela que acabara de ver reconhecido, precisamente em Agosto, o estatuto formal de cidade.

4. O Colégio Moderno (1928)


Em 1918, ano em que a Grande Guerra chegou ao seu termo, os Pavilhões do Parque D. Carlos I receberam um batalhão do regimento de Infantaria 5. Pouco depois, o batalhão retornou a Lisboa. Em 1927, porém, é o próprio regimento que troca a sua sede lisboeta, no Castelo de S. Jorge, pela das Caldas da Rainha. O facto não deve ser estranho à elevação, em Agosto, das Caldas a cidade. Este processo culminava uma ampla mobilização das forças políticas, económicas e sociais locais pela afirmação da cidade como segundo núcleo polarizador do distrito de Leiria.
Os oficiais do Regimento de Infantaria 5 deram um duplo impulso ao ensino liceal caldense: como organizadores e professores e como pais e familiares de alunos. Necessitavam de um estabelecimento que preparasse os seus filhos para ingressar em escolas superiores; ofereciam, em contrapartida, as suas próprias disponibilidade e capacidades para leccionar.
De acordo com testemunhos orais, ter-se-ia formado, também em 1927, um colégio de ensino primário. O seu director, um antigo professor primário, António Augusto Ferreira, tinha a intenção de o fazer evoluir para o ensino liceal. Não pudemos
comprovar a existência de uma articulação entre António Augusto Ferreira, Carlos de Loureiro e António Sousa Neves (do Colégio-Liceu de Sintra), mas o certo e que o colégio se denominava também D. Leonor.
Em 1928, juntam-se a António Augusto Ferreira o tenente Justino Moreira e o Professor José Antunes Faria, respectivamente, oficial do RI 5, e antigo professsor da Escola Primária Superior. O novo colégio, resultante dessa associação, terá o nome de Colégio Moderno. Anuncia-se na Gazeta, a 23 de Setembro de 1928, como estabelecimento onde se pratica a coeducação, se dispõe de professora habilitada para o ensino primário e se preparam alunos do secundário por meio de explicações. Situa-se na Rua General Queiroz, 19, 21 e 23.
Pouco tempo durou, porém, esta associação. Mais uma vez segundo o testemunho de Justino Moreira, houve desentendimento entre os Professores Ferreira e Faria, logo em 1929. Da cisão no Moderno, surgirão duas novas entidades.

5. Lusitano e Rainha D. Leonor


O ano escolar de 1929/1930 abriu em Outubro com dois colégios nas Caldas da Rainha: o colégio Lusitano e o colégio Rainha D. Leonor.
Este último é propriedade de António Augusto Ferreira, que recupera o nome do seu anterior estabelecimento. Continua a funcionar na Rua General Queirós. Apresenta-se com regime diurno e nocturno e, além do ensino primário e das explicações de secundário, também anuncia Educação Física (G.C., 10 de Novembro de 1929). Oferece ensino gratuito a dois alunos desprovidos de meios para estudar que sejam indicados pela Gazeta das Caldas, um do primário e outro do secundário.



No ano lectivo de 1930/31, o D. Leonor instalou-se no Hotel Madrid, localização que a Gazeta das Caldas saudou com entusiasmo (G.C., 11 de Janeiro de 1931). Mas em Outubro desse ano muda-se para um 1º andar do topo da Praça da República (nº 106). Anuncia também aulas de escrituração comercial. Faz gala dos seus resultados: 52 aprovações e apenas 4 reprovações no ano anterior. Torna públicas as mensalidades, como se pode ver no recorte junto (G.C., 4 de Outubro de 1931).
De acordo com o testemunho de José Paulo Rodrigues, neste crescimento do Rainha D. Leonor teve papel importante o Professor Ivo Mendes, inspector do ensino oficial, que se associou a A. A. Ferreira em 1930.

O tenente Justino Moreira e o Prof. José Antunes Faria responderam a António Augusto Ferreira com a criação do Lusitano. Começou a funcionar, em Outubro de 1929, num rés-do-chão da Rua Alexandre Herculano, nº 50.
O colégio Lusitano ficou também conhecido como o colégio dos militares. Além do director, nele leccionaram Mesquita de Oliveira (que tinha um curso incompleto de engenharia), Ruben Gomes (conhecido pelos seus dotes para o desenho), Paulo Cúmano (descendente de italianos, falava fluentemente várias línguas, incluindo o alemão) e José Pedro Pereira, todos tenentes.



Em Outubro de 1930, o Lusitano muda as suas instalações para o nº 75 da Rua de Camões, beneficiando da proximidade do Parque D. Carlos. Ao ensino primário e secundário junta também o ensino comercial. Os dois colégios caldenses jogam o jogo da concorrência. Mas nele não correrão o risco de se esgotarem?

6. Colégios, liceu: um debate (1931/32)

A 12 de Julho de 1931, a Gazeta das Caldas publicava um artigo onde se equacionava a questão do ensino nas Caldas e se advogava a criação de um estabelecimento que ministrasse formação ao longo de todo o percurso liceal. Para o autor do texto, a concorrência entre os dois colégios tinha precisamente esse ónus, o de não garantir tal objectivo. “Razões de ordem vária a isso se opõem, entre as quais a dispersão de competências espalhadas pelas duas casas de ensino – que as têm, e de valor – a falta de professorado que ensine até ao 5º ano e outras que a razão e o melindre nos mandam que calemos”. E acrescenta: “Ora, esta dispersão de forças de que, seja-nos lícito dizer, as Caldas é fértil, evita, neste caso, toda a possibilidade que possa haver na criação de um Colégio-Liceu, à roda e dentro do qual todos se reunissem, ministrando numa camaradagem apreciável o pão do espírito a tantas e tantas crianças”.
O artigo não é assinado, o que pode significar proximidade à direcção do jornal, na altura dirigido por Guilherme Nobre Coutinho, um dos próceres da corrente de autonomia regionalista que marcou a segunda metade da década de 1920 das Caldas. É, aliás, em nome dos interesses caldenses, que o autor do texto se julga legitimado para exigir que o problema seja debatido pela Comissão de Iniciativa, pela Associação Comercial e pela Câmara, à qual competiria subsidiar um Liceu municipal, e bem assim pelo “Núcleo de bons professores que aí há (ao qual pede que “estude a maneira de conseguir este benefício para esta terra”). A ausência de curso completo dos liceus nas Caldas tem as seguintes consequências que importa avaliar. “Daqui se transportam para vários liceus do País dezenas de rapazes, alguns com pesados sacrifícios para as suas famílias, deixando por lá, quantas vezes a sua saúde, e sempre o seu dinheiro, que aqui poderia ficar. Além desses que têm de ir buscar a outras terras a conclusão dos seus estudos do curso geral dos liceus, outros há por aqui em quantidade, que mais não seguem nos estudos porque não têm elementos para isso, na exiguidade dos seus recursos, e que uma vez aqui um Colégio-Liceu, seguiriam na estrada luminosa da instrução, concluindo-os e tornando-se aptos para a vida!”
Estava dado o primeiro sinal para uma reivindicação que só quatro décadas mais tarde seria satisfeita: um liceu nas Caldas. A Gazeta vai ecoando o tema ao longo dos anos de 1931 e 1932. A 27 de Setembro deste ultimo ano, publica um artigo intitulado “O Liceu Nacional”, no qual se reporta a um movimento de caldenses e amigos das Caldas que aplaude entusiasticamente o projecto de criação de um Liceu nas Caldas. “Na verdade, dissémos e voltamos a repetir, que a região das Caldas da Rainha, composta dos seus quatro grandes concelhos, canaliza para os diferentes liceus do País grande número de estudantes, e que além deles, outros há, de todas as terras limítrofes que preferem decerto vir matricular-se no liceu que, porventura, possa ser aqui criado. Há aí a uma Escola Industrial, que bons serviços tem prestado a esta região, frequentada por 200 ou mais alunos, a maioria deles ansiosos por que aqui se crie um Liceu, mas que, na sua falta, ali vão buscar a luz da instrução que tão necessária é! Há dois colégios onde alguns anos do liceu se leccionam, cujos alunos e seus pais têm de arcar com o incómodo de fazer os seus exames noutros liceus do país, com um gravame enorme para o seu orçamento”.
Cerca de um ano mais tarde, o jornal exulta com a confirmação de “um grande melhoramento: a criação de um Liceu Municipal nas Caldas da Rainha é uma realidade”. A notícia desenvolve a informação obtida “de boa fonte”, de que a Câmara Municipal obteve do Ministro da Instrução Pública concordância para a criação de um Liceu Municipal o qual deverá entrar em funcionamento no próximo ano lectivo. Exultante a Gazeta (30 de Outubro de 1932) não só assevera que o Presidente da Câmara (o Dr. José Saudade e Silva) já tem escolhido o edifício onde irá funcionar o Liceu, como dá início de imediato a uma campanha de angariação de alunos com o objectivo de rapidamente elevar o futuro liceu de municipal a nacional.
Neste caso, porém, o desejo é que foi tomado por realidade. Em Março do ano seguinte, o jornal lastimava-se que após a promessa “tudo caiu no silêncio confrangedor, neste marasmo muito da nossa terra, sem que publicamente nada se diga, sem uma nota oficiosa, como gota de água venha desfazer a sede escaldante da curiosidade pública. Perguntam-nos: - então, o Liceu? Então, esse Liceu vem ou não vem?. Vocês da Gazeta sempre são muito ingénuos… Acreditam em cada peta…” (G.C., 18 de Março de 1933).




7.O Caldense (1933-1945)


Em Outubro de 1933, um novo colégio emerge na cidade: o Caldense (G.C., 28 de Outubro 1933). Arranca na Rua dos Artistas nº 24, liderado pelo Prof. Ivo Mendes. Aparentemente, o Caldense preenche o lugar deixado vago pelo Rainha D. Leonor. Não se encontraram referências ao Prof. António Augusto Ferreira, a partir de 1932. Sabemos que Ivo Mendes tinha colaborado com ele.
O projecto pedagógico do Caldense é distinto do dos colégios precedentes. Além de inserir a Música Canto Coral, os Trabalhos Manuais e a Arte Aplicada na oferta formativa, ao lado da Educação Física, oferece o Curso Geral dos Liceus. Em 1934 (G.C., 22 de Setembro) muda as instalações para a Rua Dr. Leão Azedo, anunciando uma separação orgânica entre uma unidade vocacionada para o ensino liceal e outra para o ensino primário (o chamado colégio José Malhoa). Indica como professores os médicos José Pinto e Mário de Castro, José da Costa Abrunhosa (matemática), João de Oliveira Carvalho (Filosofia), Almeida Ávila (Letras) e Dario Preto Ramos.
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Em 1936 o Caldense tem instalações na Rua Miguel Bombarda (G.C., 12 de Setembro). Anuncia que prepara alunos para admissão à Universidade. De facto, o Caldense será o primeiro colégio das Caldas da Rainha a proporcionar uma frequência completa do ensino liceal. No seu depoimento, José Paulo Rodrigues afirma ter sido dos primeiros estudantes que preparou o curso liceal nas Caldas, terminado em 1939. Os exames dos alunos preparados pelo Caldense eram realizados em Santarém.





No princípio da década de 1940, o Caldense consegue uma vantagem sobre o seu concorrente. Entre 1939, 1940 e 1941 o Governo insiste na aplicação de uma disposição prevista em legislação de 1928, a qual restringia a tolerância para com a coeducação no ensino particular, só a permitindo “a título excepcional e precário” nas localidades onde não existisse mais do que um estabelecimento do mesmo tipo. Não era o caso nas Caldas, tendo o Caldense, porventura beneficiando da influência do seu fundador, o inspector Ivo Mendes, obtido autorização para ensinar o sexo masculino.
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8. O Lusitano


O aparecimento do Caldense obrigou o Lusitano a introduzir melhorias na sua oferta formativa, garantindo o Curso Geral dos Liceus. O Lusitano tinha a seu favor a qualidade e boa localização das instalações. Uma reportagem sobre o colégio, publicada pela Gazeta das Caldas em 9 de Outubro de 1932 punha essa circunstância em destaque: “Entrámos numa casa completamente transformada, cheia de luz e de bom ar, que acaba de ser adaptada a casa de ensino, de harmonia com o Estatuto do Ensino Particular”. Mas, no final da década de 30 e princípios da seguinte, o colégio vai passando por sucessivas crises. Justino Moreira é mobilizado para Cabo Verde e é forçado a deixar a direcção do estabelecimento.
Depois vem a imposição de leccionar apenas ao sexo feminino. Em 1944, um grupo
de professores, liderado por Alcino Jorge de Morais adquire o alvará. Em entrevista que concede à Gazeta das Caldas (20 de Outubro de 1944) Alcino de Morais confessa-se preocupado com a baixa frequência do colégio, mas admite ser possível inverter a tendência de as famílias caldenses preferirem para as suas filhas o curso comercial ao curso liceal.
Esta experiência não teve continuidade. Em 1945, o alvará de Justino Moreira mudará outra vez de mãos, desta vez para a Sociedade de Desenvolvimento Caldense, liderada por Júlio Lopes. Tornara-se, porém, evidente que a sobrevivência do ensino liceal particular nas Caldas estaria sempre comprometida com dois colégios, obrigados pelo salazarismo à separação do ensino por sexos. A Sociedade terá de adquirir também o Caldense para poder cumprir o preceito legal que autorizava a coeducação onde só existisse um estabelecimento de ensino liceal. Com a dupla aquisição, Júlio Lopes criou o Externato Ramalho Ortigão. Mas essa é uma outra história, que está a ser feita pelos contributos deste blog e pelo trabalho de recolha e síntese de João Jales.



João Bonifácio Serra
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comentários
2008-01-28
Rui F S disse.
... vejam como o que parecia ser apenas (mais) uma iniciativa nostálgica, está a produzir conteúdos com tanto interesse, nomeadamente para a história da educação em Portugal! Um abraço do Rui Ferreira da Silva
2008-01-28
A J Figueiredo Lopes disse:
Mais uma vez muitos parabéns a todos. Acabo de ler o fantástico artigo do J. Bonifácio Serra que em parte se deve ao contágio da vossa insistência e interesse. No fundo é uma parte do passado das Caldas dos últimos 90 anos... É interessante ver nomes de várias pessoas que ainda conheci mas cujas actividades em prol das Caldas, desconhecia. Houve outro militar o major Alves que ainda foi professor de Geografia. A filha, a Lídia Alves, velha amiga com quem infelizmente perdi o contacto, ex aluna do Lusitano, vive actualmente no Porto.Um abraço A. J. F. Lopes
2008-01-29
Mário Gonçalves disse:
Caro Amigo: Acabo de receber o seu excelente trabalho de investigação sobre a história mais remota do ensino secundário nas Caldas da Rainha. Trata-se de um importante contributo que vem enriquecer o conteúdo do blog ao qual o João Jales tem dedicado muito do seu tempo e o maior entusiasmo e carinho, bem como a Guidó, que colaborou no trabalho através das pesquisas feitas na Gazeta das Caldas dessa época já remota.
Sendo um dos beneficiários da leitura da sua investigação, não posso deixar de lhe manifestar o meu reconhecimento por assim me facultar o acesso aos factos que vivi a partir de 1937. Abraço Amigo
Mário Gonçalves
2008-01-30
João Ramos Franco disse:
Parabéns João Serra, mais um contributo para demonstrar que a nossa cidade tem um passado fértil de lutadores pela cultura da sua sociedade.
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2008-01-30
Luís António disse:
Ficámos a saber tudo sobre os colégios antes do Externato , e a história está muito bem redigida, e com muita informação. Mas com a fasquia tão alta o que é que vem a seguir, João?...
2008-01-30
Vasco B disse.
.........e assim com esta magnifica contribuição do João B. Serra todos nós ficamos mais próximos e enriquecidos. Aqui fica o meu agradecimento pelo teu magnífico trabalho, bem hajas.Vasco
2008-02-03
Deolinda P. Barros disse:
Tenho seguido com muito interesse o que o nosso blog nos tem proporcionado... Alguns são apenas nomes... Outros como o Bonifácio Serra fazem parte da minha história porque também como acabei na docência o nome dele foi-se cruzando comigo em múltiplas ocasiões e era sempre com prazer eorgulho que o via referenciado... Depois, creio que também andou nas lides da Presidência da República quando um amigo meu lá estava………………… ........Hoje, ao ler o artigo do Bonifácio Serra, que neste momento é apenas um nome (se o vir nem o reconheço), senti um orgulho enorme de ter nascido em Caldas da Rainha e de lá ter crescido, no seio de uma família em que o meu pai era do Porto e minha mãe alfacinha. Bem-hajam todos os que trabalham para que continuemos a sentir mais perto estas memórias contidas, guardadas que, no meu caso, esquecera que um dia também as tinha vivido. Outro dia vi uma referência à Tertúlia e aos encontros pessoanos... Eu recitava na época Fernando Pessoa e o saudoso David Mourão-Ferreira foi lá falar de Fernando Pessoa. A Eduarda Rosa e eu lá estivemos... por isso vos enviei a notícia da exposição de pintura que ajudei a organizar sobre Pessoa e que está na Fundação Mário Soares. Como fui muito lacónica, ninguém percebeu porque é que mandava a notícia. Um abraço especial de gratidão ao Bonifácio Serra pela preservação da história da instrução/educação da nossa terra. Deolinda Pereira de Barros
2008-02-10
Ana Nascimento disse:
Olá Bonifácio Em boa hora a Guidó se “intrometeu” e o JJ te “forçou” a escrever esta crónica. Resultou num documento óptimo que nos permite saber a evolução do ensino na nossa cidade.
A título de curiosidade, ligando o passado ao presente, sempre ouvi a minha mãe falar do colégio Lusitano, onde conheceu o meu pai e para onde transitou vinda do ensino particular, mais precisamente da D. Maria Perpétua porque esta não podia propor alunos a exame. No Lusitano teve como professora a D. Maria, autora de um livro que a minha mãe guarda religiosamente. Quanto ao Capitão Mesquita de Oliveira, que fez parte do “staff “ do Lusitano, é o avô da Maria Aida ou seja o pai do Zeca Mesquita.
Obrigada rapaz pelo teu interesse e pelo teu empenho, através dos quais enriqueci o meu conhecimento. Um abraço da Ana

TÓ FREITAS

Na minha recente conversa com o Tó Freitas para a "Breve história do E.R.O." tive, mais uma vez, a oportunidade de reencontrar uma espantosa memória caldense, capaz de recitar nomes completos de turmas inteiras de alunos do colégio que ele frequentou, de forma intermitente e diletante, entre 1952 e 1962.
A caricatura é do meu amigo Vasco Trancoso e o texto do Hermínio de Oliveira. Foram originalmente publicados no "Álbum de Figuras Caldenses 1990/1991" e são aqui reproduzidos com um abraço de agradecimento pela colaboração do Tó na referida "Breve história...". JJ


O Tó Freitas

Doutorado em politica, catedrático de estratégias, mestre de xadrez, arauto de novidades.
Conhece 18.689 nomes de pessoas e os respectivos possuidores.
Amador da Canção Nacional, tem de cor a letra e o tom de 971 fados e conhece-lhes os autores. Sabe distinguir uma guitarra duma viola, pelo toque, coisa que eu não sei.
É detentor do record de fala contínua, durante 574 horas.
Consegue em 80 ganhar 3 partidas de xadrez, o que convenhamos não é nada mau, mas que ele espera melhorar sacrificando o seu sagrado repouso para estudar e aprofundar a sublime arte de Alekine.
Requintado sibarita conhece, pelo rótulo, 1040 vinhos, e pelo paladar mais de 500. Sabe qual é o melhor para acompanhar o linguado, - Seco de Bucelas, meio-seco de Colares, - Não desdenhando um branco de Figueira de Castelo Rodrigo, embora mais doce.
Mas também não desdenha um tinto cartaxeiro para fazer escorregar umas petinguinhas fritas com açorda, porque se pela.
Tem pois um paladar democrático, ao nível do “Jaquinzinho” e arroz de pimentos, com umas febres intermitentes de restaurantes de luxo, donde sai alagado em suor, pela escaldadela.
Antigo aluno do Colégio Moderno foi nesse alfobre de personalidades graúdas que forrageou para o seu celeiro celebridades a quem trata por tu.
Lá jogou futebol e deu algumas caneladas em aristocráticas gâmbias que fortaleceram velhas amizades, ainda bem vivas quer recordando o toque quer a nódoa negra.
Há para ai quem diga que a população portuguesa está a envelhecer e a nascer menos o que eu acho um acto de sovinice. Deixar de nascer é o acto mais miserável que o homem pratica, para além de fazer baixar a estatística o que é sempre mau… por ser uma baixa. Nisso o Tó e exemplar nem evitou de nascer nem evitou que lhe nascessem três filhas. Equilibrou a estatística.
Pela mais velha foi o Tó de avião aos Açores… sem aconselhar o condutor a ter cuidado nas curvas.
Irreverente, independente, senhor de si, nunca vestiu a batina que o Trancoso lhe enfiou, sendo aqui um símbolo da sua catedrática sabença… em política central partidário – coscuvilheira.
Fundador do PS e o seu mais antigo membro nas Caldas, nunca ocupou qualquer lugar, na Câmara, Assembleia Municipal ou mesmo em qualquer modesta e plebeia Junta de Freguesia. Foi no entanto deputado, e, embora lá estivesse pouco tempo, ainda fez um contracto especial de prestação de serviços parlamentares, extra eleitoral, na Comissão de Saúde, onde falou de remédios, seus velhos conhecidos de infância. Mantém o escritório do pai – meu querido e chorado amigo António Maldonado Freitas – tal como ele lho deixou, com os livros no mesmo lugar e os jornais no mesmo monte... Não precisa, nem quer, alterar nada, fixando-se na memória dos seus antepassados com uma devoção religiosa pelos livros lidos pelo seu pai, as cerâmicas, gravuras e quadros, que lhe foram fonte de beleza, transformando esse velho escritório num santuário onde murmura as suas orações de saudade.
O Café Central, de que é co-proprietário não lhe é só escritório; é também e sobretudo um local onde se vive, onde se conversa, onde se sabe. Património caldense, traz até nós um tempo em que o tempo não contava, em que os minutos não valiam a tanto por escudo, em que se estava, e está, sentado a mirar essa obra deliciosamente romântica de Júlio Pomar, rasgada a ouro no azul celeste da parede.
Tudo isto é o Tó, em “quem luz algum talento” como dizia o Bocage, mas que vale sobretudo… por saber ser um amigo.

Hermínio de Oliveira

A verdadeira história do encontro da Lareira

Hesitei muito em publicar este documento com receio de más interpretações, polémicas estéreis ou susceptibilidades feridas. Porém, após mais de dois meses de comentários tendenciosos, afirmações imprecisas e não raras vezes evidente distorção dos factos, por respeito à verdade e no exercício do dever de informar, decidi levar ao conhecimento de todos a verdadeira história do Encontro da Lareira.

As imagens falam por si e, apesar de não ter havido captação local de som, foi possível reproduzir fielmente os diálogos ocorridos, utilizando a sofisticada técnica da legendagem em balão.

É claro que este testemunho fica muito aquém da realidade vivida durante aquelas horas de convívio sem preconceitos e muito ficou por registar daquele fluxo de informação fluindo entre gerações de hEROis da mesma memória comum. Ainda assim terá valido a pena se cada um se reencontrar com as suas próprias afirmações e repuser, para memória futura, o rigor das experiências vividas em momentos tão marcantes.

Mergulhe então neste documento informativo, mas antes deixe-me dar-lhe algumas informações úteis e recomendar-lhe que siga escrupulosamente as instruções:








Instruções

1º Com o rato mova o cursor para qualquer zona interior do rectângulo que representa o primeiro filme e faça duplo “click” no botão esquerdo do rato .


2º Abre-se uma nova janela com um novo monitor em tamanho reduzido, dando-se início à visualização


3º Coloque o cursor no botão que figura no canto inferior direito do monitor onde começou a correr o filme, para aumentar o tamanho da projecção para a dimensão de ecran inteiro (“full screen”)

4º Ajuste o volume de som no cursor que figura à direita na barra inferior do ecrã.




5º Quando terminar a visualização faça ESC, regresse a esta página do Blogue e repita o processo para as 2ª e 3ª partes.






Informação complementar

1. O filme está dividido em três partes, por imposição técnica relacionada com a sua dimensão e as limitações impostas por esta forma de publicação na internet.

2. As partes devem ser vistas pela ordem correcta, sendo esta a seguinte:

1ª – ALMOÇO NA LAREIRA pt1
2ª – ALMOÇO NA LAREIRA pt2
3ª – ALMOÇO NA LAREIRA pt3

3. A duração de cada uma das partes é a seguinte:

Primeira Parte – 7:54 minutos
Segunda Parte – 7:54 minutos
Terceira Parte – 7:42 minutos

Ficha Técnica

Administração do Blogue - João Jales

Assistência Técnica - Vasco Baptista

Realização - Luís Filipe Flores


PARA VISUALIZAR:




ALMOÇO NA LAREIRA pt1








ALMOÇO NA LAREIRA pt2








ALMOÇO NA LAREIRA pt3





Olha os Comentários...

E quando menos se esperava, provindo de recônditos teclados perdidos no virtual espaço do Blogue, surge o debate, sorrateiro, na forma subtil de pequenas ironias que certamente não ficarão sem resposta.

Margarida Araújo disse...
Emtão não se diz nada do trabalho do Flores?Fartei-me de rir e ele muito simpático em me chamar "moça". BjGuidó
05 Fevereiro, 2008

Anónimo disse...
Dizer o quê? Que ele revela que eu me arrependi de me ter metido naquela desorganização, que não acreditava que alguém aparecesse, que tínhamos 100 lugares para 160 comensais e que, apesar e tudo, nos fartámos de divertir? Francamente ! Para 14-11-2009 nem sei se vamos aceitar a inscrição do Flores...


Afinal há mais comentários deliciosos, enriquecendo os testemunhos vivos daquele dia.
Vejam como estes dois concordam um com o outro:


... achei muito divertido e inspirado. A minha única dúvida é se não há um ou outro vernáculo ...que deveria ser evitado. Sendo substituído por algo menos forte, evitaria reparos de olhares mais sensíveis...
Abraço
Rui Ferreira da Silva

e

Acho que está mto bom embora se pudesse apimentar mais certas imagens...Um abraço

Miguel B M

É claro que a excitação de absorver conteúdos tão estimulantes gera impaciência:

Só vi o 1º....está FAAAAAAAAAAAAABULOSO!
Por mim só lhe cortava 3 a 4 sgs por frame..está um bocado lento...
Com os melhores cumprimentos,

José Manuel Pereira da Silva


Não fora tratar-se de um anónimo e certamente a Administração do Blogue accionaria um pedido de apoio imediato através de uma ambulância daquelas com muitos comprimidos ao autor deste comentário:

Estou em estado de choque.... Aquele dentista do golfe, quem diria ... E as carecas todas à mostra... E a perseguição e o deboche àquele moço mais rotundo das arbitragens... E as cinquentonas, todas loiras e gaiteiras... E a Alzheimer do Sr. Prior... E a marrafinha daquele playboy... Mas nem há comentários possíveis !!!

Anónimo


E ainda o magnífico contributo das nossas amigas São e Isabel Caixinha em lugares longínquos que serão por certo fonte de inspiração para os 252 potenciais comentaristas ainda na penumbra da blogosfera:

Eu e a São já tinhamos falado que se até amanha (hoje!) não houvesse mais comentários aos videos, iriamos fazê-lo.
Pena que pouca gente aproveita os comentários para trocar impressões!
Achei, à partida, que como não estive no "Encontro" podia parecer um pouco "intrometido" da minha parte fazer alguma observação... mas por outro lado os videos estão girissimos e isso posso apreciar independentemente de estar ao não no almoço!
Que composição e que legendas de videos tão giras!!!...do princípio ao fim!
Se eu já estava com pena que não estive presente no encontro, então agora só se agravou...
Tambem a musica que acompanha os videos está muitissimo bem escolhida!
Bem...só me resta desejar que em 2009 voltem a repetir!!!
Bjs
Isabel Caixinha

CARO EX-ALUNO DO EXTERNATO RAMALHO ORTIGÃO

Caro Ex-Aluno do Externato Ramalho Ortigão
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. Ao navegar na rede (net) neste fim de tarde chuvoso, sem história, deparei com o portal dos ex-alunos do Externato Ramalho Ortigão. Não pude ficar indiferente ao mesmo e, com alguma emoção, porquanto eu próprio frequentei in illo tempore esse estabelecimento de ensino, tentei reavivar memórias há muito esbatidas. Recuperar ou resgatar recordações de infância e de adolescência, de um tempo em que apartados das mais elementares responsabilidades sociais deixamos o sonho comandar os nossos destinos, afigura-se uma tarefa meritória a merecer louvor público. Em suma, trata-se de uma iniciativa a ser não apenas acarinhada mas também estimulada.

Se os anos da idade adulta convidam à lisonja e à vanidade, muitas vezes a coberto de pressupostos altruístas, os verdes anos de adolescência mais não constituem do que uma bênção e uma profissão de fé. Corporizar as fragrâncias, os sabores e as colorações de antanho, de um tempo que inexoravelmente desapareceu, é algo que todos desejamos. Seja por simples melancolia ou pelo desejo de homenagear a memória de quantos já partiram, familiares ou amigos, a verdade é que desejamos reavivar, com cores mais carregadas, esses anos em que fomos flibusteiros, mareantes, escambadores, missionários, capitães, rameiras, freiras de clausura, truões, astronautas, arqueólogos, ou, até, senhores de desvairados domínios.

O tempo rolou e, hoje, perto de quatro décadas volvidas sobre o encerramento do Externato Ramalho Ortigão, estertor de um período que a todos marcou, resta-nos este elo para resgatar compassos de tempo tão intermitentes quanto omnipresentes. Tempos em que o estabelecimento dependia inteiramente do patriarcado de Lisboa e da figura ímpar de D. Manuel Gonçalves Cerejeira.

Corria o ano lectivo de 1968-1969 quando, vindo de São Paulo de Luanda, Angola, me matriculei na segunda classe do Externato Ramalho Ortigão. Com a professora Esperança permaneci até ao termo do ano lectivo de 1970-1971, momento em que concluí a quarta classe. Já não frequentei o primeiro ano dos liceus nas Caldas da Rainha porquanto rumei a Lisboa para, no Colégio Militar, prosseguir os estudos. Os quais, de obstáculo em obstáculo, me levaram a fazer do mundo a minha casa e a recordar, com preito de gratidão, esses anos em que (depois de uma primeira classe em terras africanas) aprendi os rudimentos da língua pátria e da matemática.

Jamais pude olvidar esse triénio em que frequentei o Externato Ramalho Ortigão. Desse compasso de tempo em que guardo memória apenas de um colega e do nome de mais duas ou três outras colegas, ficou o desejo de restabelecer pontes e, assim, encurtar distâncias. É possível que este portal e o livro de memórias em curso, contendo os nomes de todos os ex-alunos, publicação símile a muitas outras que seguem idênticos propósitos, tenham o condão de unir o que o tempo apartou.
Grato por esta viagem a um passado que guardo com carinho,

Atenciosamente,

António C. Tavares


Recebi por email a mensagem acima, que fala por si e dispensa os meus comentários. Num posterior contacto o António escreveu:
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"Posso recordar-lhe, a talhe de foice, que fazia parte da turma do Miguel Ballu Loureiro, da Luísa Gama, da filha do professor Narana Coissoró e da Samy. Em suma, uma turma infantil que o tempo apartou e levou a diferentes latitudes."
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"Não creio que o público leitor tenha o menor interesse em saber onde presentemente me encontro. Serei mais um, entre tantos, a dar voz a Afonso Lopes Vieira: os portugueses têm uma franja de terra entre a Espanha e o mar para nascer e o mundo inteiro para morrer ..."
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comentários
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2008-01-24
Ana N disse:
Olá António
Já percebi que também foste colega da minha irmã Margarida. Não me lembro bem de ti e não te encontro nas nossas fotos dessa altura.
Obrigada, foste o primeiro desse grupo a colaborar no blog !
Aqui vai o meu abraço com votos das maiores felicidades.
Ana Nascimento
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2008-01-25
São Caixinha disse:
Olá António! Li com interesse e admiração a tua carta! Nào me lembro de ti, pois por essa altura já andava eu no ciclo, apesar de possivelmente te ter vendido gluseimas na cantina! Entretanto temos todos curiosamente a mesma idade. A mim, que também "ando pelo mundo", interessa-me saber onde te encontras! O mundo que desde então se tornou mais pequeno, e também curiosamente,cada vez mais, a pátria de todos nós! São Caixinha

"Excursão a Ceuta 1966" - FINALMENTE O FILME !

ESTE É FINALMENTE O FILME DA EXCURSÃO A CEUTA EM 1966, AQUI COLOCADO GRAÇAS À “MAGIA TÉCNICA” DO VASCO BAPTISTA.
EM ARTIGO SEPARADO (IMEDIATAMENTE A SEGUIR) A NOSSA ENVIADA ESPECIAL CONTA TUDO!
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QUANDO INTERROGADA SOBRE O FILME UMA DAS PARTICIPANTES, QUE EXIGIU O ANONIMATO, DISSE :
"E há um filme??? dessa é que eu não me lembro…. Será que tem cenas eventualmente chocantes??? Não me ocorre nada … só a São Quintas e a Lucília a fazerem ginástica no quarto depois de um jantar muito bem regado …. Bem e há outra … eu completamente grogue, não do vinho, mas de uns desgraçados duns comprimidos, de seu nome Vomidrine, que tomei antes de fazer a travessia de barco para Ceuta pois o medo de enjoar era mais que muito…."
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SAIBA TUDO, É SÓ CLICAR NO PLAY :
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O BARCO DO AMOR

Foi publicada aqui no Blog uma crónica sobre a viagem de Finalistas de 1966 . Podem lê-la em:


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Posteriormente a Ana Nascimento acrescentou as legendas das fotografias e algumas notas pessoais que constituem esta crónica. Os comentários aguardam impressões de outros excursionistas.


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ABRIL DE 1966 - VIAGEM A CEUTA

CURIOSIDADES QUE HÁ 40 ANOS PERDURAM NA MEMÓRIA DE UMA EXCURSIONISTA

Meus queridos amigos, gloriosos excursionistas de Abril de 1966,
Para já deixem-me que vos diga que este pequeno apontamento é escrito ao correr da pena, sem qualquer intenção que não seja a de recordar e partilhar convosco os bons momentos que passámos. Espero que a Drª Maria Armanda, minha querida professora de português e madrinha nas Guias, não me apareça a corrigir o texto, senão estou feita…
Esta excursão foi de facto um espectáculo pois para muitos de nós, era a primeira vez que saíamos do país e foi vivida com muita intensidade, aproveitando todos os momentos e valorizando imenso aqueles em que o “programa das festas” nos deixava livres. ….

Lembro-me com muita ternura da alegria, camaradagem e de algumas vivências, cenas engraçadas que vou passar a contar:

1. As refeições
A comida em Espanha era horrível, então quando nos davam um sumo de tomate em vez da sopinha a que estávamos habituados aqui neste cantinho,…. era de vomitar …..o que se aproveitava era mesmo a sobremesa… um “helado” pequenito mas que se degustava com algum agrado..

2. Os lugares marcados no autocarro.
O JJ falou com muita graça sobre a “dança das cadeiras” , devidamente anotada no Guia da viagem pouco tempo antes do embarque …
Todas as suas suposições se confirmam… alguém pertencente à “organização” viu que ia uma rapariga e um rapaz sentados lado a lado, e isso era impensável num Colégio em que os recreios eram separados… a ser tolerado, só poderiam ser irmãos ou então casados …..assim a troca sobrou para os manos Vieira Lino.
Para mim sobrou a distribuição pelos quartos, como éramos dezassete raparigas e os quartos normalmente eram duplos tive que ficar várias vezes no quarto da Tia Anita. Claro que gosto imenso dela…mas, com 16 anos, queria era ficar com as pequenas da minha idade para poder brincar e rir daquelas parvoíces que faziam parte da nossa adolescência. …. Só estava dispensada desta situação quando existia um quarto triplo…

3. Horários e saídas à noite.
A excursão estava bem organizada, até existia uma escala de cronistas e os horários tinham que se cumprir … a palavra de ordem era : Todos presentes e à mesma hora !
Quanto a saídas à noite, as meninas só saíam acompanhadas pelos professores e os rapazes podiam ficar por sua conta mas tinham que entrar no hotel até à uma hora da noite.
Em Ceuta, ninguém teve autorização para sair, estávamos todos avisadíssimos que não poderíamos fazê-lo pois era muito perigoso. Não me lembro qual seria o perigo… mas talvez assalto … rapto…. sei lá…pode ser que algum dos excursionistas se lembre e me dê uma ajuda.…

4. O amor pairava no ar
Alguém mencionou recentemente que, nas crónicas da época, constava que o autocarro em que viajámos não tinha sido um autocarro vulgar mas sim um verdadeiro Barco do Amor.
Pensando sobre o assunto constatei que de facto havia algum fundamento, pois vários casais surgiram após esta excursão. O Bonifácio nessa altura acho que já andava a arrastar a asa à Lena Arroz (não creio que ela confesse… isto é um pessoal muito contido…). Além deles o Dr Serafim e a D. Esperança bem como a Emiliana e o Rego Filipe também viriam a casar. Lembrei-me agora de mais um amor que estava em vias de pairar no ar e também acabou em casamento (digo em vias pois ainda não se dava por nada, acho que já estavam na faculdade quando isso aconteceu), a Ilda Lourenço e o Zé Tó Ribeiro Lopes.Entre a Lena VP e o Pestana também havia algum encantamento, provavelmente nascido nos ensaios da peça de teatro que representaram no Ginásio do Colégio ...


Conclusão…. O Cupido também tinha ido connosco… mas clandestino… só assim poderia ter escapado à perspicácia do Padre Albino !... .
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5. Granada – espectáculo nas “Cuevas”
Fomos assistir a um espectáculo de flamengo nas Cuevas, sempre acompanhados pelos professores, como mandava o figurino…
As bailarinas não deviam nada à beleza, eram feias e gordas, sem graciosidade e ao movimentarem-se exalavam um odor pouco agradável …acre…. direi mesmo …a cebola….
Recordo que o espaço se assemelhava a um túnel, abobadado, com um pé direito baixo e algo apertado onde as bailarinas rodopiavam e nos tocavam com as saias, quase dançando ao nosso colo. …
Foi uma risota ver o ar apreensivo do Padre Albino enquanto que o nosso Padre Chico com aquele seu jeito que todos conhecemos, dizia muito sério :


- Então, todos os lugares têm que ser santificados !!!!
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Ida ao Flamenco, episódio descrito pelo Maduro
1- Em Sevilha o grupo teve uma saída nocturna para assistir a danças e cantares sevilhanos.
2- Nos intervalos havia possibilidade de se dançar.
3- Como é compreensível, e em defesa dos “Bons Costumes” não houve permissão para se dançar. As alegações para a situação tiveram como base o facto de “desconhecidos” poderem ter contactos mais “próximos” com as Alunas do ERO ( dançar sem misturas não estava garantido !! ).
4- À meia noite, e para que os “Bons Hábitos” não se perdessem, toca a recolher.
5- Chegados ao hotel foram dadas instruções ao porteiro para não permitir saídas.
6- Um conjunto de “revoltosos”, incluindo a minha pessoa, reuniu num quarto do R/c, que tinha grades, para delinear uma estratégia que permitisse furar o esquema.
7- Entretanto, apanhei o porteiro distraído e dei o salto.
8- No exterior esperei pelo resto dos “revoltosos” que, tanto quanto me lembro, não tiveram hipótese de sair.
9- Criada a situação resolvi regressar ao Club onde tínhamos estado anteriormente.
10- Às quatro da matina chego ao hotel, toco a campainha, sou reconhecido pelo porteiro ensonado, disse-lhe que tinha tido permissão para ficar até mais tarde e deitei-me com a esperança que nada chegasse aos ouvidos do nosso Padre Albino.
11- Passadas que foram as primeiras horas da manhã, concluí que me tinha safado!!
Nota : Já não me lembro bem dos” revoltosos” mas penso que seriam, entre outros, o Xico V. Lino, o Vítor Henriques e o saudoso João Lourenço. Não será difícil confirmar.

6. Visita às Grutas de Aracena

As grutas de Aracena, conhecidas como as grutas das Maravilhas são famosas pela variedade das suas salas mas existe uma , a “ de los desnudos”, em que as estalactites e estalagmites são muitas semelhantes à loiça malandra das Caldas… autênticos símbolos fálicos em tamanhos pouco usuais !!!
Agora imaginem o nosso Director, Padre Albino, ao passar nesta sala … foi de chorar a rir ….. só nos pressionava para vermos tudo a correr pensando que talvez assim os ditos cujos passassem despercebidos aos olhos do grupo…e não parava de dizer: meninos, meninos, mexam o pé detrás, mexam o pé detrás que estamos atrasados…
Acho que conseguiu o objectivo pois já falei neste episódio a alguns colegas e eles não se lembram de nada !!!!.

7. Reportagem fotográfica
Na altura não tínhamos dinheiro para máquinas fotográficas, estávamos dependentes das máquina dos pais que também não arriscavam colocá-las nas nossas mãos. O fotógrafo deve ter sido o Padre Chico. Penso que foi ele o autor da maior parte das fotos colocadas no artigo sobre esta excursão.
Constou-me que existe também um filme, quem será a/o sortuda/o a quem o pai emprestou a dita câmara? Decididamente desta é que eu não me lembro !
Será que o dito filme tem cenas eventualmente chocantes ??? …nessa altura ? com tanta fiscalização à volta ? não é nada provável ….. mas …talvez….talvez apareçam imagens de duas meninas a fazer ginástica sem qualquer sucesso … os braços estavam tão pesados que mal os conseguiam levantar. Diga-se que esta cena foi passada depois do jantar, por certo tendo como objectivo provar que não seria preciso recorrer às pastilhas rennie para auxiliar a digestão … (Penso que o jantar em causa foi oferecido pelo consulado em Ceuta, num sítio lindo, onde comemos optimamente e bebemos ainda melhor…). Bem e há outra … eu completamente grogue, não do vinho, mas de uns desgraçados duns comprimidos, de seu nome Vomidrine, que tomei antes de fazer a travessia de Algeciras para Ceuta. Era a primeira vez que andava de barco e o medo de enjoar era mais que muito….andei todo o dia cheia de sono e perdi a maior parte do programa cultural…. a visita à Igreja de N.Srª.: de Africa passou-me ao lado, só tenho uma vaga ideia de um estandarte (ou seria bandeira ?) bordado pela nossa Rainha D. Filipa…..…
O que será que o filme nos reserva? Estou curiosa, mas…… lá terei que aguardar as cenas dos próximos capítulos para deslindar este mistério ….


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8. Conclusão
Depois deste esforço verdadeiramente hercúleo, atravessar 40 anos em busca de informação, só me resta apelar a todos vós meus amigos e excursionistas :


- ENVIEM AS VOSSAS RECORDAÇÕES !
Peço-vos que não se acomodem… apliquem-se….. remexam nos baús e mergulhem nos registos de vossa memória… acrescentem as minhas notas.
Façamos como os Mosqueteiros …”Um por todos e todos por um” para que estas linhas se possam transformar na

CRÓNICA DA VIAGEM DOS FINALISTAS DO ERO A CEUTA, EM 1966.

O meu abraço a todos

Ana Nascimento

FOTOGRAFIAS LEGENDADAS
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Eu desconhecia esta foto, é da ida às Cuevas, em Granada. O primeiro desconheço (não sei se seria outro turista como nós, ou o nosso motorista), depois vem o Chico Teodósio, Lopes, Dario, Eduardo, Vítor e Isabel Tomás.
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(NOTA: esta fotografia foi censurada e sonegada à redacção do Blog, que só a obteve após prolongadas e dispendiosas investigações. Será porque parece contrariar um pouco o estilo Walt Disney em que esta Excursão é sempre apresentada pelos intervenientes?)
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Da esqdª para a direita 1ª fila a contar de trás
Drª Deolinda (aplicadíssima lendo quiçá a historia da da chegada dos portugueses a Ceuta ….) Lopes, Bonifácio, Pestana ,Drª Cristina, Virgínia, Dr. Lopes,Dr. Azevedo, Tia Anita, Lena Arroz, Ana VL, Mª de s. José, Lena Magalhães, São Quintas, Nô Monteiro, Dr. Luís, Maduro, Dr.Serafim, Esperança, Eu, Lena VP
2ª fila
Ema Botelho e a mana Maria João, Manela VP, os tios da São Quintas, Padre Albino, Drª Cândida, Emiliana, Isabel Tomás e Lucília
3ªfila
Temos o friso dos rapazes interrompido apenas pela Ilda Lourenço, a saber:
Chico VL, Nascimento, Vítor Henriques (vulgo Vítor da pôpa) , Eduardo, Ilda, Jorge, Dario (trabalhava na secretaria) e o Chico Teodósio.






Esta foto não conhecia….
Em pé, ao fundo e de óculos escuros a Maria João Botelho
Sentados – Zé Tó Ribeiro Lopes, Lena Magalhães, S. José, Lena Arroz (aplicadíssima a filmar), Vítor Henriques, Emiliana e Lurdes Serrazina.
O senhor ao lado da Lurdes, de boné e camisa aos quadrados e com uma “peuguette” às riscas , seguramente não era mocinho do nosso grupo. Poderão comprovar em fotos anteriores (por ex. na porta da Igreja de N. Srª de Àfrica) que os nossos rapazes estavam todos impecavelmente vestidos e engravatados !!!

Da esquerda para a direita:
Isabel Tomás, Eu , Maria de S. José, Lurdes Serrazina, Manela V.P.,Nô Monteiro, Maria João Botelho, Virgínia, Lena V.P., Ema Botelho, Lena Magalhães, Emiliana, Lena Arroz, São Quintas e Lucília.





Começando pela primeira fila a contar de baixo temos: Manela Vieira Pereira, Maria João Botelho, Ana Nascimento, Emiliana Pinto Nunes (agora Rego Filipe), Maria Ema Botelho (irmã da Maria João), Ilda Lourenço, Maduro, Eduardo, Chico Teodósio e o Director Padre Albino
2ª fila - Drª Deolinda, Lena Arroz Pinto Correia, Lena V.P., Lurdes Serrazina, Ana Vieira Lino, Lucília (não me lembro do apelido), Gina , Zé Manel Pais, Bonifácio (João José Bonifácio Serra)
3ª fila - Dr. António Zé Lopes, São Quintas, Pestana, Esperança, Dª. Anita, Drª Cristina, Dr. Serafim, Jorge e o Padre Chico
4ª. Fila - Nascimento (mas não é da minha família), Drª Cândida, Maria de S. José, Isabel Tomás, Zé Tó Ribeiro Lopes, Lopes (que salvo erro é da Nazaré) e o Dario.
5ª. Fila - Luís Ângelo, Lena Magalhães, Nô Monteiro, Dr. Azevedo, Chico Vieira Lino, Vítor Henriques (mais conhecido por Vítor da pôpa, graças ao penteado que ostentava com muito orgulho….) e o Dr. Luís.


As fotos estão, COM MUITO MELHOR QUALIDADE, no Álbum de Recordações
onde podem vê-las ou descarregá-la para o vosso computador.
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comentários



21 Janeiro,2008
Margarida Araújo disse.
Nunca fui a Ceuta.
Estes rapazes e raparigas não são da minha idade, mas conheço-os quase a todos. Fui-me encontrando com eles ao longo da minha vida. Fiz boas amizades com parte deles.
Deliciosa recordação cinematográfica (penso com realização da Helena Arroz, que reconheci com um lenço na cabeça e com aquele ar de menina que ainda hoje tem). Emocionei-me à séria. Um sentimento não lamecha, assim como um doce a rir.
Banda sonora bem escolhida, como seria de esperar.
Imaginei-me naquele barco, deitada nos bancos e a rir com todos vós.
Obrigada à Lena, ao João e ao João.


24 janeiro,2008
JJ disse:
Não vejo o João Lourenço nas fotos da Excursão, embora o Maduro o nomeie no episódio de Sevilha. Quem se lembra?


2008-02-03
Deolinda P. Barros disse:
Nasci aí, nas Caldas, passei por aí, pelo E.R.O., mas quando vocês partiam para a viagem de finalistas eu fazia as malas para ir para a guerra... Tem sido muito gratificante, mas de sentimentos indizíveis, o meu contacto com este magnífico trabalho do blog. Deolinda Pereira de Barros

O BALLET NO ERO - Ana Nascimento e Isabel Caixinha

“O ballet aparece no Colégio quando foi necessário deixar as instalações no antigo Turismo, junto ao parque, onde hoje funciona o Museu do ciclismo. O nosso director, Padre Albino, acordou com a Dª Isabel ceder o ginásio, em troca da colaboração dela em todas as festas do Externato.” ANA NASCIMENTO
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O que vão ler é uma troca de emails a propósito do Ballet no ERO. Copy » Paste , sem efeitos especiais. As fotos estavam incluídas na primeira mensagem. As diferentes cores identificam os autores das mensagens.

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Isabel Caixinha
Ana Nascimento
Eu (JJ)


Olá João
Cada vez que vejo um artigo ou fotografia da Ana Nascimento, penso assim: vou-lhe dizer uma coisa, e logo a seguir penso... ah criancices! Mas já agora que aqui estou e antes que o 2º pensamento me assalte aqui vai.
Do principio então:
Antigamente no colégio, ao sábado à tarde havia lições de Ballet. Eram dadas por uma senhora muita querida que vinha de Lisboa, Isabel Affonsêca (com tristeza soube que faleceu este ano em Maio).

Muitas alunas do Ero frequentavam esta classe e lembro-me que houve algumas representações de bailados muito bonitas. Entre elas uma festa de ballet noTivoli em Lisboa.
Contudo o que mais me marcou foi ver a Ana a dançar “A Morte do Cisne"!!! A paixão e intensidade com que ela dançava...Não havia Nureyev ou Margot Fontaine que lhe fizesse sombra! Que orgulho e que sorte ela ser nossa (do colégio)!
Uma vez, e noutra festa, agora do ERO , lembro-me de estar nos bastidores do palco e de ver a Ana dançar "A Morte do Cisne" .As lágrimas escorriam-lhe pelo rosto! Estava doente e tinha muitas dores, ouvi dizer.
Fiquei ali entre os panos do palco a ver como que hipnotizada aquele Bailado divino. Impressionante...um cisne tão triste...e tão corajoso... até que alguém me tirou do caminho e me levou para o refeitório!
E foi assim que a Ana despertou em mim a seriedade de sentir tão profundamente um ballet!
E ficou assim!
Felizmente.
Um beijinho grande á "nossa PRIMA BALLERINA", com saudades.
Isabel Caixinha

PS. Se a Dra. Ermelinda achava que as tuas redacções eram "lamechas e piegas"... ainda bem que ela não foi minha professora!

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Olá Ana
Esta é para ti . Queres fazer tu um comentário? É para publicar, direitinho, assim mesmo.
Corrige o nome, será "Affonseca" ? ou "Fonseca" ?
JJ


JOÃO
Bem, estou num pranto…mas de alegria não te preocupes… independentemente do comentário, tenho que falar com com a Isabel, depois dás-me o email dela s.f.f.?
Nunca pensei que o meu amor pelo bailado batesse tão forte no coração da Isabel e a despertasse. E é tão bom para mim sabê-lo …
Vais pôr a mensagem tal e qual? Está tudo certo, o nome da D. Isabel é mesmo Affonseca.
Eu daqui a pouco já escrevo a resposta, agora estou imprópria… tenho um turbilhão de emoções e saudades, muitas saudades das aulas de ballet, do ambiente, do convívio, das alegrias, tristezas e da D. Isabel a quem devo um pouco daquilo que sou hoje.
Até já
Ana


Olá Ana
Sim, parece-me o tipo de mensagem para pôr "tal e qual", vale pela informação e pela emoção.
O endereço da Isabel estava lá.
JJ


Tá bem, nem vi (foi por causa da água….) obgd

mais tarde...


Bem João já me recompus, mas não foi fácil….confesso.
Como gostas destas coisas mando-te em anexo o artigo feito pela Natacha Narciso na Gazeta das Caldas… quanto tiveres tempo dá uma olhadinha e vais perceber que a minha paixão pelo ballet é um pouco como a tua pela música….
Bem, mas vamos lá à resposta à Isabel. Escrevi com o coração, se estiver piegas… paciência… eu sou assim, uma mulher de afectos…(e a minha professora foi a Maria Armanda não foi a Ermelinda !!!!)


Olá Isabel

Tem sido muito bom saber notícias vossas…. Há muito tempo que vos tinha perdido e várias vezes estive para pedir o teu email ao João para poder contactar-te.
E agora apareces-me com esta mensagem … fiquei num pranto, mas de alegria. Quantas recordações tu vieste acordar… um turbilhão de emoções e saudades, muitas saudades das aulas de ballet, de todas vós, do convívio, das alegrias, tristezas e da D. Isabel a quem devo um pouco daquilo que sou hoje.
Oh minha querida só mesmo os teus olhos de menina para me veres como a Margot !!! eu ao pé dela não passava de um pato marreco ….mas realmente sentia que era um cisne a despedir-se da vida e com uma enorme vontade de viver… que bom ter conseguido passar esta mensagem para ti.
E como tu te lembras de eu dançar !!!! Estava doente sim…. foi no Tivoli, fiz um esforço enorme… tão grande que no fim ,com a alegria de ter conseguido, nem ouvia as palmas, fiquei completamente surda, não me mexia julgaram que eu tinha desmaiado e foi só quando a D. Isabel me gritou dos bastidores que me levantei para agradecer..
Nunca pensei que o meu amor pelo ballet tivesse batido tão forte em ti … e o orgulho que tinhas em mim por eu ser vossa !!!!!! Aquilo a que tu chamas de “criancice” … são as emoções e os afectos que permanecem na nossa vida e nos ajudam a vivê-la com uma enorme alegria.
Obrigada Isabel pelo bem que me fizeste hoje e sempre, um beijinho muito grande da
Ana (ou do Cisne…… para quem como tu andou comigo no ballet…)
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Olá Isabel
A tua mensagem foi enviada à Ana Nascimento que, suponho, te vai escrever.
As fotos, com um texto talvez da Ana, aparecerão brevemente no Blog.
Bjs
JJ


Ola João
Obrigado pelo teu mail.
Estou muito contente que passaste o mail à Ana...contactar ex-ero's desta forma vai muito para além das minhas expectativas!
Fico aguardando noticias dela e fielmente a visitar o teu cada vez mais interessante blog, que a este ponto já é "viciante"!
Obrigado pelas doces recordações que tens soltado.
Bjs
Isabel Caixinha
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comentários:
17 Janeiro, 2008-01-17
Luísa Nascimento disse:

Já lá fui ver o artigo. Que saudades e que belíssimas recordações, não só do que dançamos mas também da camaradagem, amizades e principalmente dessa senhora maravilhosa , Isabel Affonseca , que a todas marcou ao transmitir-nos o profissionalismo, o rigor da execução e uma vivência sadia e pautada pela boa disposição e humor. Eu entrei para o Ballet com três anos e meio e era conhecida por Menino Jesus (era assim que a Dona Isabel, ternamente, me chamava) por causa dos meus caracóis.Aos 21 anos terminou a minha carreira artística pois o tempo livre era mais para namorar. Nunca cheguei aos calcanhares da minha irmã Ana, ou seja às pontas. Ela sim, tinha talento e até chegou a ser sondada, aos 16 anos, para ir estudar para Londres.
Enfim, saudades!!!
Não me vou pôr aqui com mais recordações porque tu não tens muito a ver com isto, este não é o teu peditório..... Será que a tua irmã tambem andou no Ballet? Já não me recordo.
Bjs.
Luisa
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17 de Janeiro, 2008
JJ disse:
É mesmo verdade, não sabendo bem como abordar este assunto, decidi pura e simplesmente publicar os emails trocados a propósito das fotografias.
Atendendo à genuína emoção que emana dos textos das duas dançarinas coibi-me até de fazer um daqueles meus comentários parvos, dizendo que nas estórias da Ana morre sempre um pássaro: da outra vez foi um pombo, desta foi um cisne. Portei-me bem ou não? JJ
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17 Janeiro, 2007
Ana Nascimento disse:
Não deves ter reparado mas numa das fotos, além da São Caixinha, há mais caras conhecidas: a Belica Mesquita (irmã da Aida), a Anico Baptista e penso que a Mena da Traviata, será que elas se reconhecem ?
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17 Janeiro, 2007
Isabel disse:
Também me parece que está a Guida Rego...será??
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18 Janeiro,2008
São Caixinha disse:
Ainda sobre o ballet queria apenas dizer que é também com muita saudade que revejo (interessante fotografia) a Ana como bailarina. Sim, era assim mesmo. E também eu fico comovida. No decorrer de todos estes anos tive oportunidade de assistir a várias interpretações do "Swan Lake", entre elas uma de uma companhia russa e acredita que não houve Odete nenhuma (este é o nome do cisne [pássaro?!!! João...] que na realidade é uma princesa enfeitiçada!) que como muito bem diz a Isabel, como a Ana, conseguisse transmitir a emoção do agonizante momento. Um grande beijinho para ela, que com o seu talento soube para sempre, despertar em nós o gosto pela dança.
Bjs São Caixinha
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Fernanda Ribeirinho disse...
Querida Ana, também eu - Fernanda Ribeirinho - te vi dançar a morte do cisne, com lágrimas nos olhos, nos bastidores do Tivoli!!! Eu era aluna da D. Isabel Affonseca de Lisboa e nesse ano fiz de "Veneno" e de "A menina que queria ser bailarina" (papel principal). Que saudades! E só hoje soube que a nossa querida Professora morreu em Abril de 2007. Um grande beijinho para ti! Fernandinha
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Ana Nascimento disse:
Minha querida Fernandinha
Este blog tem um sido um encontro não só de colegas do ERO como de amigos e eis que através dele me apareces tu…Como é bom ter notícias notícias tuas … sei muito bem quem tu és…. a Ribeirinho, como a nossa D.Isabel carinhosamente te chamava.
Recordo com muita saudade os tempos que passamos entre aulas e ensaios para aquelas apresentações no Tivoli que eram sempre uma emoção….. que mimo tu me deste ao fim destes anos …obrigada minha querida.Deixa o teu contacto para podermos falar.
Um beijinho muito grande da Ana ( ou do cisne …. agora mais pato marreco eheheheheh)
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NOTA: Colegas e amigos que queiram entrar em contacto podem fazê-lo através de ex.alunos.ero@gmail.com