ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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MUNDOS PARALELOS

2ª parte de A MEMÓRIA DOS LIVROS (João B Serra)
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Mundos Paralelos. Exemplos.
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Recapitulando: se a ficção, por mais realista que se apresente, é constituinte de mundos paralelos, os livros ensinaram-me a transitar entre eles. Com essa chave, que comecei a aprender a manejar em livros aos quadradinhos adquiridos por força de artimanhas várias, tornei-me progressivamente um bibliodependente. Intelectualmente, emocionalmente. Fisicamente. Não é recomendável, eu sei, mas não consegui evitar. Conforme combinado, chegou a hora dos exemplos. Escolhi três. Se já conhecerem algum deles (com a idade, a auto-vigilância sobre a repetição das memórias abranda), passem de imediato ao seguinte.
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Amor de Perdição
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Nunca antes me sentira assim perturbado pela leitura de um livro. Entusiasmara-me com as histórias de Os Cinco e deixara-me encantar pelas aventuras de Gulliver, de Robinson Crusoé ou do Rei Artur com os seus cavaleiros da Távola Redonda. Mas aquele era um livro absolutamente diferente, falava de pessoas e de problemas que eu jamais imaginara e cuja significação, aliás, estava longe de atingir por completo. Uma mulher absolutamente adorável irradiava a sua beleza e o seu amor sobre os homens de uma cidade fascinante, Paris. Um jovem, Armando Duval, enamorava-se dela, e a sua paixão, ingénua mas vigorosa, incómoda mas pura, vencia todos os obstáculos com a coragem que só o amor pode alimentar. Mas não lograva evitar a morte da sua amada, Margarida Gautier, vítima de tuberculose, uma doença incurável no século XIX. Armando aplicou o resto da sua vida a recordar esse seu amor dorido pela mulher cuja beleza o autor do romance (Alexandre Dumas, Filho) espelhava na face de pele aveludada como um pêssego que permaneceu intocado, nos grandes olhos negros, nas sobrancelhas em arco, no nariz fino e direito, nas narinas ligeiramente abertas por uma aspiração de vida sensual (fosse o que fosse que isso pudesse querer dizer), numa boca cujos lábios se abriam graciosamente sobre dentes brancos como leite. À medida que progredia na leitura, apercebia-me confusamente que estava a franquear uma porta até aí fechada, dando entrada num mundo novo, de personagens e de sentimentos até aí ignorados. Ocultava cuidadosamente o livro e só me atrevia a lê-lo à noite, depois de me assegurar que os meus Pais se tinham recolhido ao quarto. No silêncio da velha casa, eu incarnava Armando perdido de amores por Margarida.
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Suspenso da trama, nem me dei conta, um dia, que o meu Pai abrira a porta do quarto, inquirindo do motivo da luz acesa a hora tão tardia. Não tive tempo de esconder o livro, antes que a lesta mão paterna o tomasse. O meu Pai nem queria acreditar: o seu filho com A Dama das Camélias debaixo do travesseiro. Num misto de estupefacção e irritação, perguntou: onde é que foste buscar este livro? – No sótão, Pai, na arca dos livros que eram do Tio Padre – respondi com a inocência dos 12 anos. Num gesto brusco, o meu Pai recolheu o livro e rumou ao seu próprio quarto, no passo hesitante de quem se interroga sobre como lidar com o incidente.
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O Tigre do Atlântico
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As notícias, vincadas pela voz grave do locutor da Emissora Nacional, não punham em dúvida que se tratava de um acto da mais despudorada pirataria. Um navio de transporte de passageiros, um paquete, tinha sido ocupado pela força e obrigado a desviar o seu rumo. Os motivos dos assaltantes eram pouco explícitos. Sentia-me vagamente tocado pela indignação das autoridades, mas intrigava-me a classificação de piratas dada aos autores.
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Estávamos em finais de Janeiro de 1961 e eu acabava de dar passos na minha educação literária sobre o fenómeno da pirataria. Emílio Salagari entrara, pelo Natal, na minha estante, conquistando de imediato uma prateleira de primeiro plano. As extraordinárias aventuras relatadas nos seus livros decorriam nos mares distantes da Malásia, onde o corso teria sido prática corrente.
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Os piratas de Salgari moviam-se por razões nobres, a autonomia e liberdade do povo de Monpracem, subjugado por um poder colonial dominador, servido por governadores sem escrúpulos.
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Era difícil assimilar ao caso do Santa Maria o que aprendera com a leitura do Tigre da Malásia. Eu procurava encontrar as similitudes, mas as incógnitas superiorizavam-se às certezas. Que território queriam, neste caso, os piratas libertar? Acaso as autoridades portuguesas podiam ser equiparadas às da Inglaterra do século XIX? A pergunta era em si mesma perturbadora, e eu estremecia só de pôr a hipótese.

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O episódio acabaria depressa, nos primeiros dias de Fevereiro, quando os supostos piratas entregaram o navio às autoridades brasileiras. Pareceu-me então desproporcionada a auto-satisfação do Governo pela vitória alcançada. A verdade é que, tal como os ingleses nunca conseguiram aprisionar Sandokan, a recuperação do Santa Maria não foi acompanhada da detenção nem de Henrique Galvão, o comandante da operação, nem de Humberto Delgado, o chefe dos revoltosos.
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Pedro Grande
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Quando ele apareceu, logo no primeiro volume, eu soube que ele seria o meu herói. Era um homem grande e desajeitado, que entrava nos salões da aristocracia russa como um elefante na loja das porcelanas. Como todos os meus heróis, a partir daí, era bom e infeliz, generoso e por isso desfrutável, apaixonado e consequentemente incompreendido, absolutamente amável mas destinado a sofrer perante a indiferença e frieza de amantes e falsos amigos.
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Pedro estava disposto a sacrificar-se até ao fim da vida pelos mais sublimes ideais: o derrube dos tiranos e dos opressores, a paz e a harmonia entre os homens, a igualdade e a fraternidade, a irrecusável liberdade da pátria. Não era um militar mas era um valente, não era um estratega mas era um puro.
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Encontrei-me com Pedro, aliás Pierre Bézoukhov, em dias que precediam provas exigentes. Guerra e Paz era o que a professora Branquinha tinha para me emprestar quando lhe pedi uma sugestão de leitura naquele momento esquinado. – Preciso de ler qualquer coisa para contrariar o nervosismo, expliquei. Ao entregar-me os cinco volumes da edição Minerva, preveniu-me: - É um grande romance, mas talvez esta altura de exames não seja a mais indicada para o ler. Porque não o guardas para as férias?
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Não esperei, evidentemente. Pierre não me deixou. Ele sentia-se instrumento de um destino e com essa segurança enfrentava os maiores riscos e desafios. Ao pé dos dele, os meus eram bem mais simples e fáceis.
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Herdeiro de uma imensa fortuna, que realmente não sabia gerir segundo as regras da acumulação da fortuna, lançou-se na utopia de transformar o mundo. Entendeu começar pelo que estava ao seu alcance: o mundo rural, onde afinal se sentia mais à vontade. O objectivo de emancipação do homem aplicou-o então aos seus camponeses, a quem ofereceu ilustração, liberdade e dignidade. Foi animado por esse exemplo que enfrentei os exames do 5º ano do liceu.

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João Serra
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C O M E N T Á R I O S
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VT disse...
Excelente! Excelente! Excelente!
O João de "uma assentada" faz análise sociológica e histórica de uma época - em paralelo com as descobertas e emoções do jovem de então. Faz eco dentro de cada um de nós porque habilmente nos relembra também a qualidadade quase mágica com que vivíamos, na altura, certas situações.
Parabéns
Abraço
VT
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Luisa disse.
As palavras do João Serra retratam com fidelidade os sentimentos de quem lê os primeiros livros e descobre o mundo maravilhoso que lá existe dentro.
Não li o Sandokan,lembro-me só da série televisiva,mas sofri com a Dama das Camélias e vibrei com o regresso aos valores básicos do cristianismo e da solidariedade que Tolsti apregoava.
Obrigado por estes momentos de grande prazer ao ler estas palavras. L
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J.L. Reboleira Alexandre disse...
Sublime, esta análise de uma época por parte de João Serra. Como menciona o assalto ao Santa Maria, e eu, na inocência dos meus 10 anitos da altura, ainda não lia as aventuras de Sandokan (não tardou muito no entanto, logo que iniciei o secundário no ano seguinte),o evento chocou-me imenso ao pensar quanto um dos meus familiares mais próximos, embarcadiço no mesmo, poderia sofrer com a acção dos «bandidos» (as aspas estão talvez a mais).
Foram momentos muito complicados para os meus primos, sobretudo o Zé, mais velho, e para a minha tia, na altura. Como aliás para outros habitantes da aldeia, tantos eram os colegas do meu tio no navio.
Sem querer entrar em polémicas, entendo no entanto que, hoje como ontem, ninguém tem o direito de pôr em risco a vida de inocentes, por mais nobres que sejam as razões que movem tais actos.
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João Ramos Franco disse...
Como amigo e nas circunstância em que nos conhecemos, tenho mantido uma convivência salutar, respeitando-o com consciência de que com quem falo na realidade é o que diz: “tornei-me progressivamente um bibliodependente. Intelectualmente, emocionalmente. Fisicamente.”
O João Serra nestes “MUNDOS PARALELOS”, consegue transportar-nos aos tempos da sua juventude, ao que leu, como o viu e sentiu, com a sensibilidade própria a que já nos vem habituando. Apesar de ter um pouco de mais idade encontro-me com ele no acesso a determinada literatura; na leitura do romance a Dama das Camélias eu poderia citar certas obras de Eça de Queirós em que me aconteceu o mesmo com o meu Pai.Emílio Salagari também li, as aventuras do Sandokan o Tigre da Malásia, só que anos antes, e quando se deu o caso do Santa Maria eu tenho já 19 anos e consciência do que se passa.
O que nos descreve do efeito nele provocou a leitura do Guerra e Paz é talvez semelhante ao que se passa comigo ao ler A Selva e Os Emigrantes, na altura do meu 5º ano do Liceu.
O sempre amigo
João Ramos Franco
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Manuela Gama Vieira disse...
Nesta trilogia o autor dá conta da descoberta através dos livros, de três estádios- “mundos paralelos”- o Amor/paixão, a Aventura (esta, a do S.ta Maria, permitiu-lhe interrogar-se...), e a Magnanimidade do carácter.
O saltitar insaciável entre estes mundos escritos por outros, e logo por si imaginados ao correr das letras,deu-lhe a "chave" para nunca mais parar!"Alcança quem não cansa"...já dizia Aquilino Ribeiro.Muitos parabéns!
Manuela Gama Vieira
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Fátima Clérigo disse:

Muito interessante este relato do João Bonifácio Serra, fazendo jus à qualidade da sua escrita - sábia e cuidada.

Fátima

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João Jales disse:

Mascarada sob a forma de uma crónica literária temos o relato de uma época, de um regime, de um conceito de educação, da literatura como forma de libertação dos condicionalismos temporais e geográficos e de uma forma de ver o mundo.
Um texto notável, como sempre, fazendo-nos lamentar que o João não "apareça" mais vezes, ele que tem sido um dos grandes responsável por este blogue não ser um mero mostruário de velhas fotografias e anedotas. E digo isto não só pelos seus textos mas porque ele, mais do que uma vez, elevou a fasquia e os objectivos deste espaço, levando muitos outros a darem o melhor de si próprios, resultando num blogue colectivo que ultrapassou as expectativas.
Aqui lhe desejo boas férias e lhe mando um abraço. JJ

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Isabel Esse disse...

Os posts de João Bonifácio Serra,que também sigo no seu site,são sempre muito cheios de significado e resultado certamente de profundas reflexões.Nunca são simples descrição de uma coisa apenas,tem razão o JJ que sabe dizer isto melhor do que eu.
Eu sei que gostei muito e ainda bem que ele atendeu o nosso pedido para continuar o post anterior! IS

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OS 100 MELHORES SINGLES (está aqui a música da tua vida?)

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PERGUNTA: está aqui nesta lista, elaborada pela revista
norte-americana Rolling Stone, a música da tua vida?
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"ROLLING STONE"
100 BEST SINGLES OF THE 20th CENTURY
1. (I Can't Get No) Satisfaction - The Rolling Stones 2. Like A Rolling Stone - Bob Dylan 3. I Want To Hold Your Hand - The Beatles 4. I Heard It Through The Grapevine - Marvin Gaye 5. I Want You Back - The Jackson 5 6. Respect - Aretha Franklin 7. (Sittin' On) The Dock Of The Bay - Otis Redding 8. Fortunate Son - Creedence Clearwater Revival 9. Born To Run - Bruce Springsteen 10. Stop! In The Name Of Love - The Supremes 11. Good Vibrations - The Beach Boys 12. The Tracks Of My Tears - Smokey Robinson And The Miracles 13. In The Midnight Hour - Wilson Pickett 14. What's Going On - Marvin Gaye 15. You Really Got Me - The Kinks 16. My Generation - The Who 17. Little Red Corvette - Prince 18. Louie Louie - The Kingsmen 19. You've Lost That Lovin' Feelin' - The Righteous Brothers 20. Gloria - Them 21. Dancing In The Street - Martha An The Vandellas 22. Billie Jean - Michael Jackson 23. Reach Out, I'll Be There - The Four Tops 24. Shake - Sam Cooke 25. The Message - Grandmaster Flash And The Furious Five 26. Gimme Some Lovin' - The Spencer Davis Group 27. Honky Tonk Women - The Rolling Stones 28. My Girl - The Temptations 29. Hey Jude - The Beatles 30. River Deep, Mountain High - Ike And Tina Turner 31. Don't Worry Baby - The Beach Boys 32. Anarchy In The U.K. - The Sex Pistols 33. When A Man Loves A Woman - Percy Sledge 34. Thank You (Falettin-Me Be Mice Elf Agin) - Sly And The Family Stone 35. Da Doo Ron Ron - The Crystals 36. 96 Tears - ? And The Mysterians 37. The Letter - The Box Tops 38. Be My Baby - The Ronettes 39. Wooly Bully - Sam The Sham And The Pharaohs 40. Light My Fire - The Doors 41. Chain Of Folls - Aretha Franklin 42. Hotel California - The Eagles 43. Oh, Pretty Woman - Roy Orbison 44. Imagine - John Lennon 45. Let's Stay Together - Al Green 46. Pride (In The Name Of Love) - U2 47. Suspicious Minds - Elvis Presley 48. Strawberry Fields Forever - The Beatles 49. Try A Little Tenderness - Otis Redding 50. Stayin' Alive - The Bee Gees 51. When Doves Cry - Prince 52. Proud Mary - Creedence Clearwater Revival 53. Help! - The Beatles 54. I Want To Know What Love Is - Foreigner 55. California Dreamin' - The Mamas And The Papas 56. Brown Eyed Girl - Van Morrison 57. For What It's Worth - Buffalo Springfield 58. Go Your Own Way - Fleetwood Mac 59. Who'll Stop The Rain - Creedence Clearwater Revival 60. Good Times - Chic 61. Walk This Way - Aerosmith 62. Groovin' - The Young Rascals 63. Love Will Tear Us Apart - Joy Division 64. Needles And Pins - The Searchers 65. All Along The Watchtower - Jimi Hendrix 66. Hold On, I'm Comin' - Sam And Dave 67. Crimson And Clover - Tommy James And The Shondells 68. Jumpin' Jack Flash - The Rolling Stones 69. Once In A Lifetime - Talking Heads 70. Somebody To Love - Jefferson Airplane 71. Bridge Over Troubled Water - Simon And Garfunkel 72. Wild Thing - The Troggs 73. Superstition - Stevie Wonder 74. Brown Sugar - The Rolling Stones 75. The House Of The Rising Sun - The Animals 76. Ohio - Crosby, Stills, Nash And Young 77. Son-Of-A Preacher Man - Dusty Springfield 78. She's Not There - The Zombies 79. Instant Karma (We All Shine On) - John Lennon 80. Papa's Got A Brand New Bag - James Brown 81. Walk On The Wild Side - Lou Reed 82. Walk Away Renee - The Left Banke 83. Devil With A Blue Dress On/Good Golly, Miss Molly - Mitch Ryder And The Detroit Wheels 84. Your Song - Elton John 85. A Whiter Shade Of Pale - Procul Harum 86. Mr. Tambourine Man - The Byrds 87. Maggie May - Rad Stewart 88. Summer In The City - The Lovin' Spoonful 89. Tell It Like It Is - Aaron Neville 90. Overnight Sensation (Hit Record) - The Raspberries 91. Good Lovin' - The Young Rascals 92. Bang A Gong (Get It On) - T Rex 93. Night Moves - Bob Seger 94. War - Edwin Starr 95. Every Breath You Take - The Police 96. Whole Lotta Love - Led Zeppelin 97. Layla - Derek And The Dominos 98. Back Stabbers - The O'Jays 99. Uptown Girl - Billy Joel 100. People Get Ready - The Impressions
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Once upon a time you dressed so fine
You threw the bums a dime in your prime, didn't you?
People'd call, say, "Beware doll, you're bound to fall"
You thought they were all kiddin' you
You used to laugh about
Everybody that was hangin' out
Now you don't talk so loud
Now you don't seem so proud
About having to be scrounging for your next meal.

How does it feel
How does it feel
To be without a home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

You've gone to the finest school all right, Miss Lonely
But you know you only used to get juiced in it
And nobody has ever taught you how to live on the street
And now you find out you're gonna have to get used to it
You said you'd never compromise
With the mystery tramp, but now you realize
He's not selling any alibis
As you stare into the vacuum of his eyes
And ask him do you want to make a deal?

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

You never turned around to see the frowns on the jugglers and the clowns
When they all come down and did tricks for you
You never understood that it ain't no good
You shouldn't let other people get your kicks for you
You used to ride on the chrome horse with your diplomat
Who carried on his shoulder a Siamese cat
Ain't it hard when you discover that
He really wasn't where it's at
After he took from you everything he could steal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?

Princess on the steeple and all the pretty people
They're drinkin', thinkin' that they got it made
Exchanging all kinds of precious gifts and things
But you'd better lift your diamond ring, you'd better pawn it babe
You used to be so amused
At Napoleon in rags and the language that he used
Go to him now, he calls you, you can't refuse
When you got nothing, you got nothing to lose
You're invisible now, you got no secrets to conceal.

How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?



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C O M E N T Á R I O S

jorge disse...
mas porque é que é o 2º e não o 1º single que ilustra este artigo?os rolling stones e satisfaction!!!fora isso achei a ideia fantástica.jorge

J L Reboleira Alexandre disse...
Será que houve afinal «uma» música da nossa vida? Ao ver estes títulos e autores todos sou levado a pensar que houve muitas músicas da minha vida. Concordo com a escolha da Rolling Stone, a bíblia da música anglo-saxónica.
Já agora peço ao Jorge que explique melhor a dúvida dele. Eu não entendi e não serei o único.
Abraço

Margarida Araújo disse...
Se está aqui a música da minha vida?Respondo que aqui está grande parte da minha vida nestas músicas. Ainda há pouco a minha filha mais nova comentava a qualidade e diversidade da música da nossa geração. Aqui está prova disso,bjs
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jorge respondeu ao José Luis:
é fácil:a lista publicada é encabeçada por satisfaction do r stones,mas o jj escolheu a segunda classificada,do bob dylan,para publicar.clear?j

Luis disse:

Tem razão a Margarida,são todas grandes músicas!Obrigado JJ por este "estendal" de grandes memórias da nossa vida musical.L

Guida disse...
Bob Dylan ainda continua a ser um monstro sagrado da música. Porquê escolher só essa? Não tenho uma música da minha vida, elas ainda continuam a aparecer por aí. Ainda não estou morta, gaita. Nem vivo de recordações. Homessa! Tenho 60 anos mas ainda mexo!

António disse...
Estão aqui ALGUMAS músicas da minha vida.mas faltam Caetano Veloso,Chico Buarque,Gal Costa,Jacques Brel,Moustaki,Ferré,Zeca Afonso,a lista nunca mais acabava...

Mas não quero só criticar,esta é a lista anglo-saxónica da geração mais rockeira e recorda grandes canções que estão ligadas à nossa vida e nesse aspecto é muito bem feita.Como diz o Reboleira Alexandre,que não conheço,a Rolling Stone é a melhor revista da especialidade.A

Isabel disse...
São quase todas...umas mais que outras e em situações diferentes! Faltam ainda algumas .
BjsIsabel
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Belão disse...
Estão aqui várias músicas da minha vida, que ligo a várias épocas, como já disse. Não consigo eleger uma.Mas está cá aquela que referi no post - "Bridge over troubled water" - entre outras que deram colorido à minha vida. Bjo

João Ramos Franco disse...
A melhor música da minha vida anda uns anos para traz, distante da elaboração desta lista, apesar de estar aqui muita que gosto ouvir.O meu gosto vai mais para música que vou publicando no meu Blogue.
O amigo João Ramos Franco
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J.L. Reboleira Alexandre disse...
Neste pequeno diálogo entre mim e o Jorge (não o conheço mas se ele está ligado a essas coisas das engenharias, a questão que levanta tem toda a razão de ser), creio entender que o facto da Rolling Stone ter colocado o Satisfaction em primeiro lugar não implica necessariamente ser tal obra (maravilhosa), a que melhor define a época em questão.

A escolha da canção do Dylan, e tudo o que este autor representou nos anos 60, serão, penso eu, a razão da escolha do JJ. Quem melhor do que Dylan e de toda a sua obra define a forma de estar e de viver da juventude da nossa época? Afinal foram os jovens da nossa geração que criaram a aura de Bob Dylan que diz e repete nos concertos que continua a dar: “I just sing. The messages ?? You create them, not me!”Abraço
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JJ disse:
Sim, o José Luís tem razão. Mas, das canções que aqui estão, várias mereciam estar em primeiro lugar, não atribuo um valor especial à classificação, a lista vale globalmente pela excelente escolha.
Claro que eu substituiria algumas que aqui estão por outras ausentes e ordenaria de outro modo, mas esta é uma lista votada por cerca de 250 grandes especialistas nesta área, não faz sentido fazer outra coisa senão apresentá-la integralmente.

DISCO SOUND (disse a Belão)






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No seu texto a Belão trouxe pela primeira vez ao Blog o Disco. Apesar do desdém com que era encarado pelos apreciadores de música de todo o mundo, poucos se poderão gabar de não ter dado uns saltos ao som de "That's the Way (I Like It)", "(Shake, Shake, Shake) Shake Your Booty","You Should Be Dancing", "Stayin' Alive", I Will Survive, "Love to Love You Baby", "Love’s Theme" , "Fly Robin Fly" ou "Le Freak". A lista não acaba (e eu não sou um especialista).
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O Disco Sound apareceu no início da década de setenta, filho do som da Motown, bem como do Soul e do Funk em geral; foi em Filadélfia e Nova Iorque que surgiram as primeiras discotecas em que os hispânicos, os negros, os travestis e a comunidade gay em geral se encontravam em noites loucas de Sábado, com as drogas a correrem de forma abundante e descarada. Claro que se tornaram locais irresistíveis para a juventude americana em geral, onde se dançava com movimentos corporais lascivos e com tacões altos (eles e elas), exibindo penteados afro e patilhas farfalhudas unidas ao bigodes, as calças boca-de-sino a apertarem na cintura e a alargar desmesuradamente junto ao chão... A roupa era espartilhada, muito justa, e decorada com cornucópias e folhos, em padrões roubados à op-art e aos artistas psicadélicos. Saturday Night Fever retrata (em tons suaves…) esta realidade.
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Com o seu aparecimento os pressupostos da música popular alteraram-se (e degradaram-se) de forma definitiva. Os músicos e cantores eram meros contratados dos produtores, técnicos de som e arranjadores, a música de dança deixou de lado conceitos de originalidade criativa, honestidade artística, expressão pessoal, virtuosismo e capacidade de improvisação, etc. Os espectáculos ao vivo, um dos grandes momentos de celebração da anterior Geração do Rock, faziam-se agora em play-back, já que só a coreografia interessava. Sintetizadores, orquestras anónimas e sons pré-gravados substituíram as individualidades musicais que o Rock tinha transformado quase em deuses. Os guitar heroes eram ignorados e até os bateristas viram o seu papel diminuído, já que uma das características do Disco era o facto do ritmo ser marcado por linhas de baixo sincopadas que marcavam muitas vezes, como no Jazz, os contratempos. Mas eram usadas gravações sintetizadas e sincronizadas ao milésimo de segundo, e não músicos. As letras eram frívolas e alienantes, completamente subordinadas ao fim em vista: a febre de Sábado à noite. Cheirando a drufos e a suor, os dançarinos não reparavam nem se preocupavam com a qualidade da música, obviamente.
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Dizia-se que no final da noite no famoso Studio 54 de Manhattan, as mulheres da limpeza empacotavam o conteúdo dos sacos dos aspiradores para revender na rua….
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Os disc-jockeys eram os principais promotores e divulgadores desta música, sendo até chamados a remisturar temas que depois assinavam com o seu nome no mesmo tamanho dos intérpretes originais! Com o disco a música pop desceu os seus padrões, tornando-se estereotipada, repetitiva e pouco imaginativa, contribuindo para a diminuição dos padrões do gosto musical.

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Saturday Night Fever, de 1977, com uns Bee Gees em versão castrati, constituiu o apogeu da moda que viria a acabar mais ou menos subitamente nos Estados Unidos, devido ao êxito junto dos media da campanha “Disco Sucks” e principalmente após a Disco Demolition Night realizada em Chicago em Setembro de 1979. O Punk e a New Wave tinham ganho a batalha nos EUA, mas na Europa continuou-se a dançar Disco e, mais tarde, hip-hop, techno, house, electro-dance, etc., herdaram muitos dos seus princípios.
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Claro que em Portugal tudo isto aparecia, em quase todas as circunstâncias, apenas com o carácter superficial de uma simples moda e é a isso que a Belão se refere no seu texto.
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Se me apontassem uma arma à cabeça e eu tivesse que ouvir e dançar uma música de Disco Sound para salvar a minha vida, qual escolheria? Se tivesse mesmo que ser, seria esta, de uma grande senhora da música de New Orleans que, em meados de setenta, também gravou Disco (temos todos que ganhar a vida, não é?).
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João Jales



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COMENTÁRIOS

Belão disse...
Não conheço apreciador de música que goste de Disco Sound. Aquele tum tum tum tão criticado, aquele som tão igual em todas as músicas, aquelas letras tão sem nada, marcaram uma época. Foram uma moda. Segundo o meu filho: Que foleirada, mãe!

Mas divertia-me muito naquela época. Gosto de dançar! Acho que as coreografias me fascinavam e foi talvez quando mais exercício físico fiz. Eram horas a fio num "shake your body".

Gostei e gosto de recordar esses tempos e vou mesmo confessar-te João, que não resisti a ir ao Pavilhão Atlãntico, devidamente trajada, dar um pézinho de dança quando por cá passaram os Kool and the Gang e os Chic, tristíssima por ter faltado, no ano anterior, aos Bonnie M e aos Village People. Deu também para ver que a idade não perdoa!

Adorei ler toda a informação que aqui nos ofereces e recordar todas as boas músicas referidas em posts anteriores. Há muitas marcantes e que poderei ligar a esta ou aquela fase da minha vida, ou a alguém em particular. Mas lembrei-me que ninguém ainda tinha falado desta moda que, tal como dizes " poucos se poderão gabar de não ter dado uns saltos ao som de .....". Independentemente da qualidade musical, era a moda. E eu aderi à moda. joão, ainda havemos de dançar uma musiquinha destas!Bjo
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Isabel Esse disse...
Mais uma Lição de Música!!!Nem de propósito para me dar razão,ainda há diias aqui escrevi que o Jales era mestre nesta matéria.E esta até mostrei ao meu filho para ele ver que perceber de música não é só saber fazer Download daquelas "musicas" que ele houve no mp3!Bj.IS
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ze_mas disse...
Como muitos outros venho todos os dias ao blogue mas sem nunca ter tempo para escrever nada.Mas hoje arranjei dois minutos para dizer que é uma grande satisfação:

1 Ver uma época descrita com o entusiasmo e a alegria como fez a Isabel e

2 Ver uma explicação de forma tão bem feita como a que o João aqui acrescentou às recordações da amiga.

É sempre um prazer ler estas explicações feitas por quem sabe e gosta.Parabéns!

Guida disse...
Adorei a informação musical, a qual vivi intensamente e que neste momento se me apresenta já um pouco remota devido ao B.I., mas contudo estou aqui para as recordar ao vivo , para quando um renascer das discotecas de época?
Esses locais onde conviviamos em sã camaradagem com os nossos namoricos à mistura e dos quais existem grandes exemplares...Bjs
Migui


Luís disse:
Nunca fui grande dançarino mas embora concorde com o JJ quanto à qualidade musical da maioria da música DISCO não posso deixar de concordar também com a Blão em relação ao ambiente de alegria e festa que se vivia nas discotecas ao som destas canções.
A prosa do JJ é informativa e sintética mas talvez demasiado opinativa,como quem o conhece sabe que é habitual nele!E eu sei que há uma história com ele e esta Lady marmalade no Ferro-Velho,ou não há?
Um abraço.Luis

O Principezinho, os Poetas Mortos e o Barry White

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O Principezinho, o Clube dos Poetas Mortos e o Barry White (entre outros),

por BELÃO

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Ao fim de tanto tempo parcialmente ausente deste blog, estou enfim a iniciar umas merecidas férias e portanto, mais disponível para desfrutar da vossa companhia e boa disposição. Ainda não consegui pôr a leitura do blog em dia, mas prometi ao JJ que participaria com o meu testemunho. E aqui estou, espero que não fora do prazo.
Livros, músicas, filmes...

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Quanto ao livro que me marcou, há um em especial, que recebi aos 10 anos - O Principezinho, de Antoine de Saint-Exupérit. É provavelmente o livro que mais vezes li, reli e que recomendo sempre aos meus alunos no final do 1º ciclo. Assim, quando chegarem ao 6º ano e o tornarem a ler, fá-lo-ão com “outros olhos”, como me sucede, sempre que lhe pego. É um livro que, digamos, não escolhe idades.

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Adoro cinema. Daí a dificuldade em eleger um filme. Eles são tantos... Estive mais de uma hora a “rebobinar a cassete”, deitadinha no sofá e lembrei-me:
-Das risadas enormes que ecoavam no Pinheiro Chagas quando assistia aos filmes do Cantinflas e do Groucho Marx, nas cadeiras duríssimas da plateia.
- Das “cowboyadas” que passavam no Salão Ibéria.
- De uma fase, típica da adolescência, em que era vidrada em filmes de terror. Não perdia um. À noite custava-me adormecer, já sabia de antemão. Mas ia a todos.

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São muitos os filmes que vi e são muitos os que poderia recordar aqui, mas houve um, de 1976 (se não me engano) que me fascinou sobretudo pela interpretação soberba do meu actor preferido – “Voando sobre um ninho de cucos”, de Milos Forman, com Jack Nicholson. É um filme controverso e tocante, maravilhosamente representado.
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Na década de 80, vi três vezes, quase seguidas “ O clube dos poetas mortos”, de Peter Weir, no qual Robin Williams tem, na minha modesta opinião, o seu melhor papel. Uma lição de vida, de humanismo. A maneira como ele ensina os alunos a seguirem as suas paixões individuais e tornarem as suas vidas extraordinárias é maravilhosa. É música para a alma.
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E quanto a músicas……. nem sei que vos diga.

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Início dos anos 70- Bridge Over Troubled Water, de Simon and Garfunkel era uma das minhas preferidas. Quem não desfrutou deste slow em qualquer festa de garagem?

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Devo confessar que sempre gostei muito de dançar. Daí que seja “fãzerrima” do Disco e do Soul. Lembro-me de, uma noite, no Inferno da Azenha, ao fim de várias horas de dança com uns saltos altíssimos, me ter descalçado e, quando quis regressar a casa, os sapatinhos vieram na mão, pois não cabiam nos pezitos, tão inchados estavam.

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Aquela batida fazia-me saltar para a pista, quer fosse Gloria Gaynor, Village People ou Boney M.

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Mas gostar, mesmo muito, ter tudo o que era disco, ouvir milhentas vezes, durante horas a fio – o meu preferido – Barry White.



Até treinei aquela bela coreografia de Peter Mac Nicol em Ally McBeal, ao som de My first, my last, my everything! Durante uns tempos, Love’s Theme foi o tema de abertura da pista do Green Hill, à meia-noite. Acreditam que eu fazia questão de lá estar para esse momento?
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Isabel Sousa e Silva
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C O M E N T Á R I O S
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João Ramos Franco disse...
O escrever em quase todos os Post desta série, foi um desafio a que me propus.
Conhecer as pessoas só pelo que escrevem e não fazer uma imagem de jovem pela sua sensibilidade, literária, cinéfila e musical, não é trabalho fácil, mesmo estando neste blog apenas a recordar as nossas memórias. Talvez eu peque pelo defeito de “gostar de conhecer o escritor”…
Na literatura, O Principezinho apesar de recomendado para jovens, muito nos desperta a consciência para o mais tarde, é sem dúvida uma obra que não escolhe idades,“ O clube dos poetas mortos”, que Filme e que mais posso acrescentar ao que a Belão já disse…
Na música, apesar do Barry White não estar nos favoritos da minha geração, o que canta não se diferenciancia e bem podia estar incluído neles.
O sempre amigo
João Ramos Franco
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Luisa disse:
Gostei muito de ver aqui referido o Principezinho que li durante toda a minha vida,não só na infância.Um livro maravilhoso.O clube dos poetas mortos é também um dos meus filmes favoritos mas já o vi com 30 anos ou coisa assim.Conheço mal as músicas de que a Belão fala mas também nunca fui grande dançarina.
Parabens à Belão e espero que regresses rapidamente com mais recordações!!!
Beijinho. L
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Ana Carvalho disse.
Concordo contiga em todas as tuas escolhas. O Princepezinho que já li e reli não sei quantas vezes e que serviu de tema para o casamento da minha filha, com uma pequena leitura feita na igreja, uma frase nos convites, nos nomes das mesas etc..O filme tambem foi dos que mais me marcou e que revi várias vezes e as músicas, apesar de ser um pouco "pé de chumbo", também me dizem qualquer coisa e ouço-as sempre com muito agrado.
Como sempre muitos parabéns pela colaboração e esperamos mais durante o Verão.
Beijos PP
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João Jales disse:
Agrada-me muito este tom coloquial e casual dos posts da Belão, que me dão sempre a impressão que nos encontrámos por acaso, partilhámos umas memórias e continuámos o nosso dia-a-dia tranquilamente, porque as amizades com dezenas de anos (no meu caso, para ela é menos!) existem naturalmente, não precisam de ser alimentadas. Mas lamento, como a Luisa, estes intervalos demasiado longos entre as aparições da Belão. Pode ser que, a partir de Setembro, os astros sejam mais favoráveis.
Vai aparecendo! JJ
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Belão disse:
Já vi que as meninas e os meninos não são muito dados à dança, lembram-se das musiquinhas vagamente... mas quanto às minhas escolhas em livro e filme, o acordo é total.
Obrigada pelos vossos comentários. Prometo ser mais assídua, pelo menos durante as férias.
João, achei graça à tua referência aos meus posts. E tens alguma razão. A amizade nasce naturalmente e fica. O amor é que precisa ser alimentado. A amizade é para toda a vida, estejas longe ou perto.Já alguém dizia: posso trocar o carro, a mulher, a casa.... mas os amigos nunca.
Bjos a todos.

WHITER SHADE OF PALE

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São Caixinha disse:
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Participei em suficientes bailes para me poder reencontrar nesta estória! Eram mesmo assim, os preparativos para a festa...e os "slows", com a excitação e a ingenuidade que os acompanhava!
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Podia acrescentar a lista com alguns titulos mas, para mim, o absolutamente número um era "A Whiter Shade Of Pale"! Nunca consegui compreender a letra, o titulo sim, e ainda o acho lindo, com a melodia... e a fragância que lhe correspondia!
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João Jales respondeu:
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“Whiter Shade Of Pale”, embora assinada por Gary Brooker, líder dos Procol Harum, foi composta realmente por J S Bach: a melodia é da sua “Ária para a 4ª Corda” e o famoso arranjo de órgão é decalcado da “Suite nº 3 em Ré Maior “. O êxito foi tão estrondoso (ainda hoje é um retrato e símbolo do Summer Of Love) que impediu a extraordinária obra posterior dos Procol Harum de ter a visibilidade e reconhecimento que merecia. (A melodia já tinha sido roubada no ano anterior em “When A Man Loves A Woman”).
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Há aqui uma espantosa coincidência (julgo que não houve intenção) na citação desta canção a propósito de "Hotel California", porque há um ponto inequivocamente comum, de que falarei mais à frente. Transcrevo a letra, que parece confundir a São, da autoria de Keith Reid, letrista extraordinário, que fazia parte dos Procol Harum mas apenas escrevia poemas, não compunha música nem tocava qualquer instrumento.
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We skipped the light fandango
turned cartwheels 'cross the floor
I was feeling kinda seasick
but the crowd called out for more
The room was humming harder
as the ceiling flew away
When we called out for another drink
the waiter brought a tray
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And so it was that later
as the miller told his tale
that her face, at first just ghostly,
turned a whiter shade of pale
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She said, 'There is no reason
and the truth is plain to see.'
But I wandered through my playing cards
and would not let her be
one of sixteen vestal virgins
who were leaving for the coast
and although my eyes were open
they might have just as well've been closed
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She said, 'I'm home on shore leave,'
though in truth we were at sea
so I took her by the looking glass
and forced her to agree
saying, 'You must be the mermaid
who took Neptune for a ride.'
But she smiled at me so sadly
that my anger straightway died
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If music be the food of love
then laughter is its queen
and likewise if behind is in front
then dirt in truth is clean
My mouth by then like cardboard
seemed to slip straight through my head
So we crash-dived straightway quickly
and attacked the ocean bed
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O tema comum com o tema dos Eagles é obviamente a "sombra branca", a cocaína. "You can check out any time you like, but you can never leave", lembram-se? Não me digam que nunca pensaram no que é que queria dizer....
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"Whiter Shade Of Pale" é pois sobre uma morte de alguém querido com uma overdose (há aqui também referências a Shakespeare e Milton, mas isso fica para outra oportunidade).
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Esclarecida, cara São? Espantada com o tema da canção que dançava com o nariz na camisa do seu par, cara Fátima? Espero não ter assombrado com fantasmas as doces recordações da adolescência...
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Enjoy the music.
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JJ
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C O M E N T Á R I O S
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PLB disse...
mais um dica sobre o assunto:
P.Bandeira
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João Ramos Franco disse...
Eu também me encontrei com esta música. É a que melhor recordo quando, em 1967, tinha acabado de regressar do ultramar e estava de férias em Caldas. Penso até que reaprendi a conviver e dançar ao som dela, na Azenha e no Ferro Velho… A porcaria da guerra tinha-me roubado muito de quem eu era…
Um abraço, do amigo
João Ramos Franco
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São Caixinha disse:
Estou esclarecida! Já sei porque é que na altura não compreendia a letra, por exemplo, porque é que gostava tanto da melodia (na realidade de Bach) e porque é que estava tão longe de saber o verdadeiro significado do titulo A Whiter Shade of Pale.
Obrigada João, pela riquissima e interessante exposição! E os fantasmas não causaram danos, garanto-te... voltar a ouvir a canção, depois de todos estes anos até me refrescou a memória... suspeito que o perfume era Aramis!
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Luis disse...
A música é lindissima,não sabia que era inspirada num tema de JS Bach.É sempre um prazer recordar estas canções e os momentos que elas proporcionaram.
Confesso que nunca pensei muito naquela altura no que significavam as letras pelo que também fui surpreendidio e elucidado pelo enciclopédico JJ.
Parabéns por mais uma imaginativa série.
Luis
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Vasco B disse:
"ESTE É PARA TI"- foi com esta frase pespegada do titulo que recebi "a ordem" para fazer um comentário ao tema - Whiter Shade of Pale dos Procol Harum - significando algo como "através dessas coisas" traduzido do Latim (allô Padre Renato).
Depois das brilhantes intervenções dos meus antecessores pouco resta a acrescentar que não seja esta pequena informação sobre a origem do nome, sugerido pelo empresário do grupo na altura, e também a de que como homenagem ao grupo foi atribuído o seu nome ao asteroide 14024.
O primeiro contacto que tive com este tema foi através do éter e claro, não faltou muito para que tivesse na minha mão o EP com o AWSP, e o Lime Street Blues emcomendado na British Store da qual me servia para ter antes, muito antes as novidades que 6 a 8 meses depois por cá iam aparecendo. Banda de Rock Progressivo tal com os Emerson Lake and Palmer ou os Moody Blues, os PH usaram o èxito e a fama conseguidos com AWSP para produzir aquilo de que mais gostavam ou seja incursões em novas sonoridades e ambientes. A Whiter Shade o Pale, qq coisa como A BRANCURA DA SOMBRA DA ESTACA - poético- é considerado o tema mais tocado dos último 75 anos, segundo o jornalista br Paulo Nogueira. Isto consta num artigo, curioso,onde também está um dos primeiros videoclips do qual deixo o link
para quem quiser consultar. Por último, versões - vulgo covers- do Whiter são ás dezenas e sempre com grande nomes do panorama musical.
Beijinhos e abraços
VB
(música é como a comichão...)
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Ana Carvalho disse:
Ai Joãozinho, mê rico menino, que esperto que ele é , inteligente.....é o orgulho do nosso blogue não me canso de olhar para ti e dizer a toda a gente,sou tua amiga, eu conheço-o, tão esperto, as coisas que ele sabe!!!!!Foi assim desde pequenino e o jeito que ele tem para explicar as coisas às loiras burras que aqui vêem blogar. Obrigado Joãozinho, passo a vida a aprender muito contigo.
Mais uma coisinha adorei reviver a musica, é linda, e lembra-me qualquer coisa..Cajó, bailes dos manos Castros, sotãos de avós,todos muito agarradinhos, para não cairmos, claro, e também me lembro de ouvir estas e outras belissimas musicas em casa do António Medina.
Bjs pp
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JJ disse:
Se dúvidas houvesse, espero que a publicação do comentário anterior demonstre a inexistência de qualquer censura neste Blog!
Bjs para ti também, Paulinha.....JJ
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Isabel Esse disse...
Estes comentários sobre música do JJ,e neste caso do Vasco,são sempre muito reveladores e a Ana Carvalho(?)tem razão,mesmo num estilo brincalhão.
Recebi há dias um link de um amigo que mostra melhor que palavras aquilo que digo.Espero que seja isto:
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Julinha disse:
Obrigada, São, por me teres proporcionado ouvir esta linda melodia! Quanto ao JJ,este homem sabe tudo...e explica muito bem, quer a escrever quer em entrevistas!
Bjs
JuliaR
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HOTEL CALIFORNIA

ou
Uma Roulotte em Caldas da Rainha,
por Fátima Clérigo



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Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao JJ o convite para escrever um texto neste blog, a quem desde já envio um cumprimento especial pela vasta cultura musical, pela singularidade evidenciada nos relatos que produz e pelos excelentes dotes de repórter e de comunicador.



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Em segundo, é um privilégio e uma honra poder aceder a um "mundo" muito especial. Já conhecia o blog que traduz um espírito de amizade sincera e de nostalgia que parece unir os ex-alunos do ERO. Parece-me igualmente tratar-se de um conjunto de Pessoas muito interessante, em que as capacidades são diversas e o talento sente-se...
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Não sou Caldense, mas se fosse...como gostaria de ter pertencido ao ERO ! Tenho aí uma grande Amiga - a Emiliana.
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No entanto, desde muito pequenina que as minhas férias me ligam às Caldas e à Foz do Arelho – uma das praias da minha infância – a que mais destaco.

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Em terceiro, cá vai a minha história…
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Tinha dezasseis anos e, precisamente no mês de Julho “embarquei” numa aventura com 3 amigas… 2 semanas de férias nas Caldas da Rainha. Ficámos no ex Parque de Campismo da Orbitur numa espaçosa e acolhedora roulotte, a que desde logo apelidámos de “Nosso Hotel”.
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A excitação era imensa e os preparativos por si só, deixavam antever uma experiência inolvidável… Recordo que tinha uma vasta colecção de saias coloridas, algumas acabadas apressadamente, momentos antes de partirmos, confeccionadas por uma talentosa costureira considerada “muito à frente” para o seu tempo e que ficaram na história destas férias…diariamente disputadas entre as 4 amigas. Completava o décor outra colecção de sabrinas, cujas aplicações foram por mim elaboradas por forma a torná-las o mais versáteis possível, desde laços a botões forrados a tecido, aplicações metálicas…enfim…meia dúzia de sabrinas multiplicavam-se em outras tantas, parecendo sempre novas…
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Escusado será dizer que com tanta “encenação”, ao 2º dia de estadia já tínhamos alguns “amigos” a “gravitar” à nossa volta. Iniciámos então a nossa incursão pela cidade e a “noite” passou a ter um lugar de destaque nos nossos dias, sendo a discoteca “Queens” e o “ Ferro Velho” os locais de eleição das 4 amigas e de outros tantos “amigos”.
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E é aqui que entra a minha música…a que guardo numa das minhas gavetas das recordações e que me liga às Caldas – “Hotel California” dos Eagles.








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Em noites de discoteca, recordo como momento mais aguardado, o dos “slows”,e os acordes das violas e o timbre peculiar da voz do vocalista, presentes nesta música, colocavam em riste o mais obediente dos cabelinhos (que me perdoe o JJ se proferi alguma atrocidade musical). E assim, no início dos “slows” os pares “faziam-se à pista” e “dançavam”, praticamente sem sair do mesmo sítio… Recordo que “ do meu metro e meio”, a que se juntavam apenas alguns solidários centímetros, me esforçava diariamente para alcançar os cerca de 20 centímetros a mais do “meu par”…Por altura dos ditos “slows” o meu pobre nariz embatia no seu peito, impregnado de “Old Spice”, esbracejando aflito, clamando oxigenação – valeu-me a apneia treinada diariamente nas águas da Foz do Arelho…ou hoje não estaria aqui para contar a história…
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Para concluir, esta aventura não se ficou por esta música, mas quando ainda há pouco a ouvi de novo, é de facto a que me traz à memória o aroma das árvores do Parque de Campismo, o canto dos pássaros ao acordar e por vezes ao deitar, e o entediante “Old Spice” (memória que refuto de bom grado, porque nunca mais tolerei o aroma) e bem ,os cabelinhos continuam obedientes, isto é, o efeito da música mantém-se, (agora que abri a “tampa do alçapão”)…como que a querer dizer “Welcome to Caldas da Rainha, Such a lovely place…Such a lovely place…”
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Bem, o que é certo é que contrariei a máxima de que “Nunca voltes ao local onde um dia foste feliz.” e, desde há 21, anos voltei às Caldas da Rainha para iniciar a minha vida profissional e para residir.
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Um beijinho a todos e um voto de que mantenham essa união...tão rara nos dias de hoje.
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Fátima Clérigo
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C O M EN T Á R I O S
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Manuela Gama Vieira disse:
Tem toda a razão a Fátima, que não tenho o prazer de conhecer, quando enaltece as múltiplas qualidades do João Jales.
Muito agradável também, a apreciação que faz do blog do ERO. Gostei muito do seu texto "Uma Roulotte em Caldas da Rainha"....com quatro teen-agers.Da descrição do "décor" às vivências na "boîte", como na altura se dizia, encontrei imensa graça nos pormenores que refere.
Quanto ao tema dos Eagles, “Hotel California”, nem de propósito, apropriadíssimo ao "Nosso Hotel"- a espaçosa e acolhedora roulotte- que lhe proporcionou umas férias agradáveis e divertidas.
Manuela Gama Vieira
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São Caixinha disse:
Li com muito prazer o Hotel California e começo por agradecer á Fátima as simpáticas palavras que escreve sobre o nosso Blog!
Este texto cuidadosamente escrito evoca com presição e humor as sempre desejadas férias de verão!! Participei em suficientes bailes para me poder reencontrar nesta estória! Eram mesmo assim, os preparativos para a festa...e os "slows" com a excitação e a ingenuidade que os acompanhava!
Podia acrescentar a lista com alguns titulos mas para mim o absolutamente numero um era "A Whiter Shade Of Pale"! Nunca consegui compreender a letra, o titulo sim e ainda o acho lindo, como a melodia...e a fragância que lhe correspondia!
Eu faço um voto para que a Fátima nos surpreenda com outras estórias!
São Caixinha

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VT disse...
Parabéns à Fátima pelo excelente texto de estreia que faz muito bem o retrato de uma época. Sobretudo a criatividade da escrita e o detelhe surpreendem quem não conheça já os seus textos. Ficamos todos à espera de continuação como quando no final de um episódio de uma história pedíamos: e depois...


BjsVT
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António disse...
A abertura do blogue a autores fora dos alunos ERO é um enriquecimento deste espaço.Especialmente quando nos apresentam prosa que nos agrada ler pela qualidade da escrita e a capacidade de despertar as nossas melhores memórias.

Hotel California é uma música que nunca deixei de ouvir e apreciar e que acompanha muito bem este relato adolescente,sob o ponto de vista de um rapariga,o que é sempre interessante.
Obrigado e parabéns à Fátima Clérigo!A
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Anabela M disse:
Parabéns à estreante Fátima pelo seu encantador texto e música que me fez sonhar, como se eu fosse ainda uma adolescente.........
É interessante ver que pessoas, embora não tendo sido alunos do Ero, estejam a aparecer e a colaborar com uma escrita tão boa que torna o blog muito mais rico e atractivo. Continuem a aparecer, por favor, pois só assim e com a forte boa vontade e disponibilidade do João, o nosso blog pode continuar em "chama".
Um abraço
Anabela Miguel
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MJoaoGomes disse...
Pois é Fátima, depois destes comentários que corroboro, só posso dizer-te: bem-vinda.

Bjs MJoaoGomes
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João Ramos Franco disse...
Uma árvore que teria 22/23 anos de idade estava presente nesse Parque, a observar a vossa juventude, eu plantei-a lá logo que pude, não queria partir e deixar de estar presente...

Hoje a árvore já tem 66 anos, raízes mais profundas, mas continua a ser a mesma, eu, que teimosamente não me afasto, de onde nasci e estudei…Quando vou às Caldas, visito-a sempre, e ela conta-me as histórias a que eu não assisti…Uma delas foi a da Fátima e de mais três amigas. A coincidência entre o que conta e o que ela me contou é tal que até do Hotel Califórnia me falou…
Não, não arrisco a comentar, o que conta aqui é belo e aquela árvore do Parque, que aí continua, é testemunha das suas palavras…
Bem vinda ao blogue, o amigo
João Ramos Franco
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Isabel Cx disse:
Que excitante deve ter sido para 3 meninas viveram esta aventura tão engraçada!
Tambem gosto muito desta canção e ainda hoje é me muito bem-vinda. Gostei particularmente das memórias que a Fátima descreve sobre o guarda-roupa de então, e acima de tudo das sabrinas! Oh.. as sabrinas... como eu gostava daqueles sapatinhos de princesa... ainda hoje os acho tão amorosos.
Interessante como um perfume pode materializar tão fielmente emoções e imagens...pena neste caso a fragância ser ... "Old Spice"...
E uma vez que o alçapão da Fátima se abriu, deixou no ar a vontade de mais episódios!
Obrigada pelo momento e pelas tuas simpáticas palavras .
Beijinho e até breve
Isabel Caixinha
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Laura disse:
Parabéns à Fátima, que não conheço, pelo texto que trouxe até ao blog do ERO. Descreve as suas férias com uma clareza e beleza fantásticas. Ao abrir a sua gaveta cheia de recordações, de onde saiu esta música e a lembrança da dança num espaço diminuto, reporta-me a uma época muito especial que recordo com saudade. Atrevo-me a dizer que passou assim a fazer parte desta família que são os ex-alunos de um colégio com muita história. A partir de agora contamos com a sua colaboração, pois na gaveta mais contos devem existir.
Faço daqui um apelo à Emiliana para dedicar umas palavrinhas à sua grande amiga.
Para si, Fátima, um beijinho de agradecimento pelos elogios que faz aos colaboradores deste blog.
Fica-me a esperança de um dia a encontrar na minha cidade.
Laura
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jorge disse...
excelente post,magnífica música,deliciosas recordações.
este blog continua em grande forma para além de todas as expectativas,nunca pensei que isso fosse possível durante os dois anos de intervalo entre os encontros.há alguém que merece os louros por esta constante renovação de colaboradores...jorge
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João Jales disse:
Esta colaboração saiu de um desafio que eu fiz à Fátima quando percebi que uma pessoa como ela, cheia de energia, alegria de viver e genuína simpatia, teria certamente episódios da sua vida para partilhar. E foi essa a minha única participação (e o meu único mérito) neste post, que animou o Blog e que eu também espero que tenha continuação!
Bjs. JJ
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Julinha disse:
Já atrasada, e após vários comentários com os quais me sintonizo, tenho que salientar o prazer que tive ao ler o artigo da Fátima, que não conheço, mas de quem provavelmente já ouvi falar nas palavras da "nossa amiga em comum" Emiliana.
Gostei muito e é sempre muito grato saber que alguém de fora nos vem fazer companhia e com palavras tão agradáveis neste blog em que um" Amigo" conseguiu criar uma Amizade!Achei imensa piada às toilletes de Verão, á maneira como nos reporta àquela época e faço uma pequena ideia do sucesso que teriam tido as 4 meninas....imaginem !!!! E o aroma do Old Spice,o perfume que ainda perdura em todos os supermercados, isso então" está de morte ".
Fátima, seja muito bem vinda ao Blog dos amigos do ERO e aguardo mais histórias saídas dessa gaveta de boas recordações. Obrigada, e espero conhecê-la pessoalmente num dos nossos encontros.
Júlia R
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Ana Carvalho disse:
Muitos parabéns pelo texto,muito bem-vinda a este maravilhoso blogue, esperamos mais textos como este que tão bem escrito estava.
Beijos PP
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Fátima Clérigo respondeu:
Pois...Bastou um primeiro "Molhar de Pés" nesse "Oceano Magnífico", para ser brindada com uma "Onda Gigante" de mimos...À medida que ía lendo cada um dos vossos gentis e acolhedores comentários, foi-se instalando em mim uma imensa "Ternura" e retribuo assim o brinde, com uma citação de Júlio Machado Vaz (presença assídua na minha mesa de cabeceira), alusiva a essa mesma ternura:
“Há na ternura uma constância impossível na paixão e finita no amor romântico, que nela desagua muitas vezes. É um carinho rumorejante, oficialmente pouco ambicioso, mas capaz de resistir às mirabolantes tropelias do coração. Porque nem o ressentimento mais azedo pode garantir a sua morte, ela sobrevive, com doce arrogância, em meia-dúzia de neurónios fiéis depositários de recordações politicamente incorrectas. Também nasce de amizades, surpresas e indiferenças "definitivas". Tudo isto sem alarde. Mas deixando marcas; pistas; tiros de partida; promessas de chegada...”
O ponto de partida está estabelecido…que à chegada sejamos Felizes…
Muito obrigada e um beijinho a todos
Fátima Clérigo
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