ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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JANTAR DE PROFESSORES - 1965

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Este é o Jantar de Natal dos professores em 1965. Desta vez o local escolhido foi a Pousada de S. Martinho.
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A presença do Dr. Vieira Lino é uma curiosidade e corresponde a uma época em que, penso, ele deu realmente aulas no Externato Ramalho Ortigão em substituição de alguém... Quem sabe os pormenores?


A última foto está estragada, foi o professor de Ginástica, Silva Bastos, que dela "desapareceu".
Espero, como sempre, uma ajuda na legendagem.

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C O M E N T Á R I O S


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JANTAR DE PROFESSORES - 1964


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Há várias notícias de se realizarem jantares de professores na altura do Natal. Em 1964 foi na Pousada de Óbidos. Penso que todos os professores podem ser identificados, aguardo contribuições para completar as legendas das fotos.
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Esq»Dir: Regina,Dario (atrás),Cristina,Esperança,Serafim,Dora,Silva Bastos.

Esperança,P.Xico,Figeiredo Lopes.

Lopes,Regina,?,Deolinda,Xico,Anita,Esperança,?.

Zé Maria,Azevedo,Lopes,Serafim.

Idem 3.


Atrás:Rocha,Dario,Horta.
Anita,?,Papi,Deolinda,Elisa Mª,Rosa,Rita.


De frente:Sanches,Regina,Albino,Papi,Azevedo,Elisa,Renato,?,Dario.

De frente:Dario,Dora,Lopes,Deolinda,?,Anita.
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C O M E N T Á R I O S

A visita de Natal aos “pobrezinhos”

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por Lena Arroz

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As férias do Natal pareciam muito compridas, nessa altura.

O tempo passava tão devagar que dava não só para sentirmos saudades uns dos outros, como para enviarmos cartões de Boas Festas aos professores de quem mais gostávamos, e aos colegas de longe (Carvalhal Benfeito, etc.).

No primeiro dia de férias à tarde, estava sempre combinada a ida à Tália para a compra dos cartões, que tinham que ser cuidadosamente escolhidos, o que justificava que só aparecêssemos em casa ao escurecer. No segundo dia tínhamos que nos encontrar de novo para a compra dos selos (estar numa fila...) e o envio dos cartões pelo correio (estar na outra fila…).

O pior é que nos dias seguintes já não tínhamos desculpa para sairmos de casa e aí ficaríamos fechados até uma eventual subida ao colégio para ver as pautas com as notas, a menos que houvesse alguma actividade em que pudéssemos participar.

Pois, felizmente, nas férias do Natal houve, em alguns anos, uma actividade que consistia em visitar os “pobrezinhos”. A visita, organizada então pelo padre António, era não só pretexto para nos encontrarmos uns com os outros, como motivação e destino dos trabalhos que se executavam na disciplina de “Lavores femininos”.

Na verdade começávamos a preparar as prendinhas para oferecer aos ditos “pobrezinhos” no início do primeiro período, nas aulas da D. Anita. Lembro-me de ter tricotado casaquinhos para bebé, um cor-de-rosa para menina e outro azul para menino. Era bem divertido passar as aulas a tricotar. Sem dar por isso aprendi nestas aulas coisas que me deram imenso jeito depois, como por exemplo, o nº das agulhas a utilizar em relação à espessura do fio de lã, ou a malha para o cós e a malha para o corpo do casaco, etc. Nem eu própria esperava desenvencilhar-me tão bem quando quis fazer certas coisas para os meus filhos. Penso que até a D Anita, se visse então as minhas habilidades “de mãos”, teria ficado surpreendida. Na verdade, enquanto aluna não mostrei nenhuma especial apetência para a execução destes trabalhos, ao contrário das minhas colegas, nomeadamente a Ilda e a Emiliana, cujas obras eram, sem dúvida, sempre mais bonitinhas do que as minhas.

Era pois preparado um grande cesto com as prendinhas, umas feitas por nós, outras constituídas por roupas, coisas para comer e bugigangas que trazíamos de casa.

Na antevéspera de Natal, lá íamos finalmente.

Grande alegria entre nós a carregar a carrinha, cantigas de Natal pelo caminho e depois chegar. Tenho ideia de que íamos a vários sítios, ali para os lados do pinhal que havia a seguir ao bairro das morenas. Eram barracas no meio da erva verde e molhada pela chuva recente, onde submergiam os nossos pés, molhando as meias e as pernas. À porta muitas tralhas, alguidares etc. Aqui viviam grandes famílias com crianças e, felizmente para mim, bebés (senão o que faria eu aos casaquinhos?).

O padre António batia à porta e quando as pessoas apareciam, tratava-as com consideração e amizade. Conversava com elas, enquanto nós, sem saber como nos deveríamos comportar perante aquela situação invulgar, ficávamos a ver de longe, à espera que o padre nos mandasse tirar as prendinhas dos sacos e oferecer.

Das primeiras visitas não tenho fotografia.

As fotos que aqui vão foram tiradas na última em que participei, já no ano de 1964 (se não me engano), já o Padre António não estava connosco e já nós éramos crescidos. Não sei quem nos teria acompanhado desta vez. O padre Albino, o padre Xico?


Desta actividade ficou-me um mal-estar relativo à pobreza, que durante anos me fez parar junto de todos os que pediam esmola, procurando moeditas no fundo do meu porta-moedas, geralmente tão mal recheado. Foi assim até um dia em que, já em Lisboa a estudar no Técnico, uma cigana com um bebé ao colo me abordou na Praça de Londres e eu lhe dei uns tostões, que era o que tinha. Ela, zangada comigo por lhe ter dado tão pouco, veio atrás de mim a chamar-me nomes e a ameaçar-me.

Fiquei tão envergonhada e perplexa que a seguir passei a dar apenas a quem tocava música ou fazia alguma habilidade na rua, que eu achasse merecedora.

Só quando comecei a ganhar o meu dinheiro e a pagar impostos é que este mal-estar abrandou (pelo menos um pouco).
Na foto em frente à barraca, a contar da esquerda:
Emiliana, Xico Vieira Lino, Ana Nascimento,Ilda Lourenço, Lena Arroz, Luís Xavier, Jorge Teixeira, Canhão.


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COMENTÁRIOS

Isabel X disse:
Pela última fotografia vê-se que eram mesmo pobrezinhos, os que recebiam a visita de Natal dos alunos do colégio. Também tricotei casaquinhos para o mesmo fim, orientada pela D. Anita, mas já não havia este tipo de incursões natalícias.
Ao contrário da Lena, para mim as férias de Natal sempre me pareceram demasiado curtas (e continuam a parecer), talvez por ter uma grande família e a minha casa ser no centro das Caldas e muito frequentada de amigos. A propósito, viram como o meu irmão Luís era bonito? Ah! Ainda uma coisa: não eram só os professores de quem a Lena gostava mais que recebiam cartões de Natal, parece-me que o colega do Carvalhal Benfeito também era muito do seu gosto! Se calhar até era por isso que as férias se tornavam tão longas...
Um grande beijinho de Natal, para a Lena e para todos os antigos colegas!
- Isabel Xavier -
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João Jales disse:
TODAS as férias eram CURTÍSSIMAS! As de Natal, só duas semanas, passavam num piscar de olhos! É a minha única discordância do texto da Lena.
Apesar de não saber tricotar (embora houvesse esforços familiares nesse sentido, durante um sarampo ou varicela em que a família já não sabia o que havia de fazer comigo), também colaborei em duas das campanhas de Natal que a Lena descreve. Na primeira era muito miúdo e irresponsável pelo que fui integrado numa equipa chefiada pela Manuela V P, que era mais velha e mais irresponsável do que eu. Visitámos um bairro degradado que se situava no final da Rua da Praça de Touros, na zona onde hoje está a prisão e o quarteirão em frente. Como a Lena, fiquei chocado com o que vi e conheci, ao saber que a 200 ou 300 metros de minha casa havia gente a viver em tais condições... Suponho que fazia parte do regime manter essas situações como um segredo vergonhoso (o que realmente eram!).
Apesar da chefia, o nosso grupo levou a missão a bom termo: fazer uma lista das pessoas, com as respectivas idades e necessidades (era fácil, precisavam de tudo), regressar à base (Turismo, junto ao Machado) e ajustar a "requisição" com a existência (e havia muita coisa, eram solidários os caldenses). Depois combinava-se o transporte com o voluntário de serviço. O Mini da minha mãe, devido ao seu tamanho, teve que fazer a viagem 3 ou 4 vezes para carregar tudo. Ainda hoje lembro a alegria, particularmente dos idosos e das crianças, perante os cobertores, mercearias e brinquedos. Não defendo esta forma de caridade, mas foi uma experiência inolvidável para os garoto privilegiados (e inconscientes disso) que nós éramos. Como havia muitos brinquedos para distribuir, houve alguma liberalidade na atribuição dos pedidos e o nosso grupo teve dois brinquedos e muitas guloseimas (principalmente da Frami, passe a publicidade) para distribuir a cada miúdo. Tanta felicidade, e por tão pouco...
Repeti um segundo ano a experiência mas, sem a carismática liderança da Manela, tenho dessa vez menos memórias.
Mas recordo, sem favor porque nunca tive por ele qualquer simpatia, a meticulosa organização do Padre Albino que conseguiu que esta máquina funcionasse como se fosse profissional. A partir de 1967 a entrega destas acções a uma organização paroquial (Conferência de S. Vicente de Paulo?) e a desmobilização dos jovens levou ao progressivo esvaziamento da iniciativa.
Eu, talvez por não viver no Carvalhal Benfeito, nunca recebi nenhum postal de Natal da autora... Mas ela compensa-me agora, escrevendo para o Blog com uma prosa de uma simplicidade e clareza de que eu sou confesso admirador .
Bom Natal para ti e todos os teus, Lena! JJ
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Ana Luisa disse:
Não me lembro no meu tempo no ERO participar em qualquer campanha de Natal ou fazer qualquer trabalho nos Lavores que se destinasse aos "pobrezinhos".Além da facilidade com que a Lena Arroz escreve, sobressai uma grande sinceridade das suas palavras,estão os seus sentimentos e impressões bem à vista.Partilho com ela o incómodo e a hesitação do que fazer perante a pobreza.
BOM NATAL A TODOS! Ana Luisa

BOAS FESTAS!

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Durante duas semanas vamos falar de Natal.

Inicio esta série com uma notícia da Gazeta das Caldas que, em 1964, assim noticiava a Festa de Natal do Externato Ramalho Ortigão.

Desse acontecimento tenho duas fotografias , que aqui incluo.

Está este espaço aberto a memórias de Natal relacionadas com o nosso tempo no Colégio, mas também a todos os que queiram simplesmente enviar mensagens a todos os bloguistas. BOAS FESTAS!

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-As “Parrequinhas” das Tranças -

por Isabel Xavier




No ano em que a D. Clarisse veio dar aulas para o colégio (1967/1968), vinda de Óbidos, já reformada da Escola Pública, leccionou as turmas da segunda e da quarta classe. Nesta última, a que eu pertencia, havia cinco meninas: três usávamos os cabelos muito compridos, eu, a Célia e a Ana Sofia; duas tinham cabelo curto, a Natércia Monteiro e a Paula Lopes.

Os nossos longos cabelos eram alvo de particular atenção por parte da professora: puxava por eles quando se arreliava connosco, arreliava-se connosco quando mexíamos nos cabelos, impedia-nos de tirar e voltar a colocar a fita que os segurava, ralhava-nos por termos a fita mal posta. Até que um dia nos revelou que, noutros tempos, as meninas que tinham os cabelos compridos não eram umas desgrenhadas como nós, que era possível ver-se-lhes os respectivos rostos, ao contrário do que sucedia connosco, porque… usavam tranças! Estava achada a solução de tão magno problema!

Uma das recordações mais marcantes que até hoje guardo dos tempos em que fui aluna do colégio é a de ter usado tranças durante esse ano lectivo. Aliás, usávamos as três, por ideia da Célia, a que aderimos com enorme relutância, mas ainda maior vontade de agradarmos à D. Clarisse.


Passámos a ser as “parrequinhas” das tranças, pelo menos era assim que nos sentíamos; passámos a ser muito unidas, nenhuma de nós se sujeitava a andar sozinha de tranças; passámos a conhecer o desconforto que resulta de uma situação ambígua e a dupla personalidade necessária à sustentação do nosso recém-adquirido estatuto. Enquanto estávamos nas aulas, muito ufanas e muito elogiadas pelas nossas tranças, durante os intervalos, envergonhadas e gozadas devido às mesmas tranças.

Os trajectos casa-escola, escola-casa, só não eram tão humilhantes para mim como para as minhas colegas porque os fazia na carrinha, que me transportava da porta do colégio à porta de casa. Em casa desfazia imediatamente as tranças, mas nem por isso o meu tormento terminava: é que ficava com o meu (outrora) liso cabelo, transformado num “mar” de ondas que eu detestava, que a minha mãe se esforçava por me convencer que eram muito bonitas e que os meus irmãos se encarregavam de me lembrar que eram, de facto, horríveis. Por mim lavaria o cabelo todos os dias, mas não me deixavam fazê-lo! Salvavam-se os fins-de-semana porque lavava o cabelo e o alisava o mais que podia.

Quanto às meninas de cabelo curto, passaram a ser preteridas, por razões óbvias - não usavam tranças – e, no caso da Paula porque escrevia com erros ortográficos; quanto à Natércia, foi a maior vítima de toda a classe. Sendo ela canhota assumida e nunca contrariada, a D. Clarisse obrigou-a a passar a escrever com a mão direita já na quarta classe. Muito sofreu aquela rapariga!

O lado bom de tudo isto é que todos aprendemos muito e ficámos muito bem preparados em todas as matérias. Outro aspecto a realçar é que os colegas mais velhos que haviam sido alunos da D. Clarisse, em Óbidos, iam sempre visitá-la às nossas aulas, ainda tirando dúvidas com a “antiga” professora e mostrando-lhe os pontos e as notas das várias disciplinas. Entre eles, lembro-me da Filipa Ribeiro e do Álvaro, salvo erro.


Quem também lá aparecia todos os dias e todos os dias tropeçava no estrado, era o neto, menino muito querido de sua avó. Para meu grande espanto, a D. Clarisse apresentava-o sempre como um exemplo a seguir, ideia nada consentânea com o que eu julgava, então, ser exemplar. Eu já conhecia o Zé Carlos Faria de minha casa porque ele era colega do meu irmão Mário e, mais tarde, também da Helena.


Quem me havia de dizer que a vida se encarregaria de dar razão à D. Clarisse! Hoje não tenho a menor dúvida de que o Zé, pela Bondade, pelo Desprendimento e pelo Talento é, de facto, e isto sem a mínima ironia, uma Pessoa Exemplar!


- Isabel Xavier -
Fotografia: D. Clarisse e Zé Carlos Faria, 7 de Julho de 1957.
Uma música para a Isabel :


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C O M E N T Á R I O S
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João Jales disse:
Façam como eu, leiam sempre duas vezes os textos da Isabel, porque debaixo da aparente candura destas narrativas há uma muito pessoal ironia que merece ser apreciada.
A linda-menina-da-sra.-professora não é, às vezes (muitas vezes?), uma tão linda-menina-da-sra.-professora como parece (ou faz parecer)…
Se não fui claro, isto é um rasgado elogio a um excelente, e oportuno, texto. JJ
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Carlos disse:
Não fui aluno da D. Clarisse mas isso não me impede de apreciar este excelente exercício sobre a sra. professora. Dizem-me agora que a Isabel é já uma escritora reconhecida, mas eu só conheci o que escreveu a propósito de S. Martinho aqui no blogue.
Pobre Natércia Monteiro, se foi obrigada a mudar a mão com que escrevia na 4ª Classe! Era a irmã da Amélia e do Tó Zé? Carlos
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Isabel X disse:
Não sei quem é o Carlos, mas posso confirmar que a Natércia era e é irmã da Amélia, do Tozé, e tem ainda um irmão mais novo que, salvo erro, se chama Paulo. A última vez que estive com ela, estava cá em férias, vinda do Chipre, onde vivia com as filhas e o marido, cipriota. Mas sobre isso a Mélita pode informar-nos melhor. Obrigada, mas estou longe de ser uma escritora reconhecida, nem faço muita questão nisso. Abraço. - Isabel Xavier -
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NOTA:
Ultimamente têm surgido alguns comentários de identidades registadas no Blogger mas que eu não conheço (ou não reconheço). Queria pedir que, sempre que possível, os comentadores assinem com o primeiro e último nome, independentemente da "identidade" que usem. JJ
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Júlia R disse.
Quando vi esta fotografia, e após ler o texto da Isabel Xavier, não resisti a escrever mais umas linhas.
Que linda fotografia! Reconheci logo o Zé Carlos, pois lembro-me dele desde que nasceu, acho, e esta foto está "UMA TERNURA".......AVÓ e NETO irradiando felicidade! O artigo da Isabel está muito engraçado e, para quem conheceu a D. Clarisse, retrata uma parte do seu carácter.
Esclareço que era a Filipa (minha irmã) e o Álvaro foram também seus alunos.O meu pai estava muito preocupado porque a mlnha irmã, antes de entrar na primária, não sabia contar até cinco e a D. Clarisse brincava com a situação. Para quem os conheceu no Colégio, esta é mais uma prova da extraordinária professora que foi.
Só mais uma frase da minha tia, hoje com quase 74 anos - quando lhe telefonei a confirmar se tinha sido sua aluna disse-me "foi minha professora da 1ª à 4ª classe (de 1942 a 1946), dava muitas reguadas mas era uma óptima professora......e uma excelente pessoa".
Parabéns Isabel e desculpem se estou a massacrar-vos , mas recordo a D. Clarisse com muito AMOR e CARINHO.Júila R
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Isabel Esse disse:
Sempre ouvi dizer que a D Clarisse era uma professora severa,embora ela só tenha dado aulas no E.r.O. depois de reformada.A história da Isabel mostra-nos isso mesmo.
Está muito bem escrita, adorei ler.Um senão:o Zé Carlos de que me lembro não gostava de ser...uma Pessoa Exemplar!
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Isabel Knaff disse:
Foi com muito gosto que acabei de ler, pela segunda vez, o texto da Isabel Xavier ! Recordou-me destes métodos educacionais que faziam parte da época.. episódios por vezes muito marcantes . Achei curioso "a situação ambígua e a dupla personalidade necessária a sustentação do nosso-adquirido estatuto..." curioso porque ao longo da vida esta "necessidade" repete-se e vai operar em muitas outras diferentes situações.
Nunca tive a D. Clarisse como professora (o meu irmão teve!) mas pelo que ouço dela leva-me a pensar que devia ser uma pessoa com grande conhecimento da vida. Concordo com a Isabel e mais uma vez a Razão está do lado da D. Clarisse...nao só no caso do "neto" como nos conhecimentos práticos que transmitiu e que iam além dos ensinamentos escolares.
Um beijinho, Isabel
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São Caixinha disse:
Que interessante estória a da Isabel Xavier sobre uma, na verdade aparentemente simples, questão de penteados. Como não tive a D. Clarisse como professora nem a oportunidade de a conhecer pessoalmente não quero de forma nenhuma pôr em dúvida as palavras de louvor que sobre ela aqui têm sido escritas. Contudo tenho que admitir que tenho enorme dificuldade em aceitar estes métodos de ensino como razoavéis, mesmo tendo em consideração "os tempos a que pertenciam", e já agora, talvez apenas por motivos pessoais que não cabem no espaço deste comentário!
Compreendo a relutância da autora sobre a dificuldade da escolha a que se viu sujeita, e acho o facto de ter cedido à influência da professora, em função do seu próprio interesse, uma atitude muito adulta. Por outro lado teria sido igualmente nobre, o insistir permanecer fiel a si própria! Faz-me lembrar Hamlet ..."To be,or not to be: that is the question". A iniciação das crianças em ambiguas situações, por parte da professora, se assim se quiser interpretar, é na minha opinião muito discutível!A fotografia com o seu neto capta um agradável momento de genuína felicidade!
Parabéns à Isabel Xavier pelo excelente texto! São Caixinha
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João Serra disse:
Segui o conselho do João Jales e adoptei a prática da Isabel Knaff: li duas vezes o conto sobre "As parrequinhas das tranças". Na primeira, absorvi a variada informação sobre a professora Clarisse, os seus métodos e práticas pedagógicas, os seus gostos, relações e traços do ambiente em que se movia.Na segunda, fui atraído pela(s) personalidade(s) da autora. Também aqui há muita e diversificada informação. Não acham que a personalidade da menina de tranças - que foi quem assinou este texto - deixou à mostra também, aqui e ali, a personaidade da menina de cabelos lisos e compridos?João Serra

D. Clarisse - Óbidos 1954-1955

por Júlia Ribeiro
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Não podia deixar de escrever algo sobre a pessoa que me iniciou nas minhas lides escolares em Óbidos, a D.Clarisse.

Foi minha professora primária de 1954 a 1958, preparou-me para o exame de admissão ao liceu ,ou antes ,para entrar para a grande familia do ERO. Não foi só professora mas também uma amiga,só tinha um "defeito"......quando eu dava mais que 2 erros no ditado, nesse dia à noite o meu pai era logo informado, pelo marido,,no café.Dá para ver que sempre dei poucos erros,caso contrário que seria de mim !!!!

Tive ,na verdade ,uma excelente professora que, após a minha ida para o colégio,era a 1ª pessoa a saber as notas no final dos periodos (vê-se mesmo que ainda não havia telemóvel) para ligar aos meus pais......Saia da camioneta,tocava à sua porta ,que ficava a caminho da minha casa e a D. Clarisse ficava radiante por a "sua menina" ter essa atitude e, claro está, também com as notas !!!!!!!!Ela merecia-o pois interessava-se pela evolução dos seus alunos...

A foto que envio é de 1954/55, a Professora com os alunos. Eu sou a 4ª na fila de baixo a contar da esquerda....quem me conhece ,o que diz?
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Júlia Ribeiro
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C O M E N T Á R I O S
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Manuela Gama Vieira disse:
Eu digo que não a conheço, pessoalmente, mas que gosto muito dos seus contributos no blog, posso dizer. "Aquele" da Praça... e do seu Avô, quanto encantou, fiquei a conhecer alguma "coisa" de si. Pode ser que no próximo almoço de Antigos Alunos, venha a ter o prazer de a conhecer pessoalmente. Entretanto...mando-lhe um abraço! MGV
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João Jales disse:
Lembro-me perfeitamente das meninas, muito bem comportadas, sentadas nas escadas da igreja, à espera do: "passarinho!"(hoje dir-se-ia smile ou cheese, sinal dos tempos...).
A Júlia era muito "quica" e a aluna favorita da D. Clarisse, haviam de ver os ciúmes que as outras colegas tinham dela! Repararam que elegante (soquettes brancas com as sandálias, batinha passada a ferro e penteado que demorava meia-hora a fazer de manhã) e que saudável e bem nutrida estava a nossa colega?
Só não me lembro do nome do fotógrafo, estou a vê-lo, sério e compenetrado, dando instruções para que todas ficassem bem na "chapa" e não se movessem para não estragar o resultado final. Tenho o nome debaixo da língua, mas a memória já não é o que era.
(Espero um prémio por este comentário, já que no último que escrevi num artigo da autora fiquei de castigo...)
Boas Festas, Júlia! JJ
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Amélia Viana disse:
Eu digo que está muito parecida, seria reconhecível em qualquer parte....lembro-me muito bem dela com aquela idade,bonita, de soquete branco, de olho azul e muito loura!
Sempre teve este ar muito aprumado de menina bem comportada. Tinha razão a D. Clarisse por a preferir entre as demais. Sempre foi boa aluna, sempre foi amiga de seu amigo, respeitadora e solidária.
Da D. Clarisse tenho boas recordações, não como minha professora, porque o não foi, mas sim por ser professora da prima Júlia. Era uma senhora muito simpática, que me inspirava respeito e admiração e, como professora, sempre ouvi desde miúda de todos aqueles que a conheciam, palavras elogiosas.

BOAS FESTAS para todos os E R O(S)! Amélia
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Luisa disse:
Todas as meninas estão muito aprumadinhas e arranjadas, suspeito que houve aviso que era "dia de fotografia"... Acertei?
Não fui aluna da D. Clarisse, ela chegou ao E.R.O. já no final da década. Mas tinha fama de não ser pêra doce... mas quem foi aluno dela é que deve saber.
A fotografia é muito bonita, não me canso de olhar para ela.
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Júlia Ribeiro disse:
Joãozinho!
Estás assim com tanto medo de levar um castigo.....não percebo porquê, só dou castigos quando as pessoas merecem !!! Vendo bem, merecias, porque eu enviei o texto como comentário ao do João Licínio e tu pregaste-me a partida e puseste como artigo. Enfim com tantos "elogios" à minha pessoa, QUANDO EU ERA PEQUENINA, estás perdoado e desta vez escapas ....podes beber ginjinha...comer bolo rei...filhozes...o que quiseres … mas olha a barriguinha !!!
Quero agradecer a todos os colegas que tiveram a pachorra de ler os artigos que enviei e escrever os agradáveis comentários; também aos colegas que com os seus artigos me proporcionaram bons momentos e recordações, que me levaram até àquela grande casa que, julgo, todos nos orgulhamos a ter "habitado": ERO .... ERO ... ERO ...
Desculpem, mas um OBRIGADO especial ao João Jales porque sem ele......nada disto seria possível.
Como diz a Manuela G. Vieira, não nos conhecemos pessoalmente, mas julgo que já nos vamos conhecendo todos um bocadinho, não acham?
BOAS FESTAS para todos
Um grande ABRAÇO
Júlia R
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São Caixinha disse:
(.....) Mas o que não quero mesmo esquecer é de agradecer à Júlia a maravilhosa fotografia do grupo de meninas com a D. Clarisse, que eu não tive como professora, mas que fico agora a saber que foi pena, e dizer-lhe que a teria facilmente reconhecido no grupo! Era mesmo bonitinha a nossa Júlia! E que sorte que já te levantou o castigo!!
Beijinhos e Boas Festas para todos! São Caixinha

D. CLARISSE

por Luis Filipe da Gama Vieira

No curso vertiginoso das nossas vidas todos nos deparamos com algumas figuras que nos marcam para o resto dos nossos dias. Curiosamente, a marca que deixam vincada nas nossas almas não tem nada a ver com os "desvalores" globais dos tempos actuais.

A personalidade de que vos quero falar não apareceu em capas de revistas nem exerceu o poder como forma de ascenção social ou prepotência sobre os demais. No seu tempo, sem o saber, foi uma verdadeira Líder, referência incomensuravelmente mais relevante do que muitos dos ufanamente auto-proclamados dirigentes actuais. Chamava-se Dona Clarisse. Nem Doutora, nem Engenheira, nem Empresária, nem Professora Doutora, nem Técnica Superior de 1a Classe. Simplesmente, Dona Clarisse. Foi minha Professora da instrução primária entre 1972 e 1974 no Externato Ramalho Ortigão nas Caldas da Rainha, cidade onde me orgulho de ter nascido. Perguntarão porque a tenho em tão elevada consideração. Muito simples. A Dona Clarisse tinha o dom de combinar qualidades bem raras nos tempos que correm: inspirava respeito sem ter que dominar pelo medo, exercia a autoridade sem vaidade nem manipulação, ensinava com carinho e compreensão. Tudo qualidades próprias dos verdadeiros Líderes. Tive o previlégio de conviver com alguns ao longo dos meus 42 anos. Não mais do que 5, sendo o meu Pai o maior de todos. A Dona Clarisse faz parte deste grupo de estrelas que para sempre brilhará na minha memória.

Os tempos passados nas Caldas da Rainha e no Externato Ramalho Ortigão foram de uma vivência extraordinária. Foram tempos de transformação e crescimento exponenciais para toda uma sociedade acabrunhada por décadas de medo, mesquinhez e prepotência de poucos sobre muitos. Subitamente, tudo explodiu com uma força libertadora, irresistível, que a todos acordou num irrepetível dia 25 (por coincidência incrível, também dia do meu aniversário). Um dos episódios de que me recordo desses inigualáveis tempos foi o dia 1˚ de Maio de 1974, a maior manifestação de convivência fraterna e solidária entre cidadãos a que assisti nos 3 continentes em que já vivi. Um outro episódio, de aventura repleta de adrenalina, foi quando, juntamente com o meu companheiro de traquinices Paulo Monteiro, assisti ao assalto à sede de um partido político no verão quente de 1975. Lembro-me como se fosse hoje: mobília e papéis a voar pelas janelas e a Polícia Militar a chegar para apaziguar os ãnimos. Com uma coragem digna do Regimento de Comandos, lembro-me de eu e o meu amigo Paulo, muito próximos do calor da acção, devidamente agachados junto a uma viatura, procurando protecção das rajadas de G3 que pareciam a ponto de estalar a qualquer momento, Quem não gostou da brincadeira foi a minha extremosa Mãe e protectoras irmãs que andavam aflitas à minha procura... Sem dúvida, uma saborosa experiência vivida muitos anos antes dos nossos voluntariosos repórteres Albarran e Rodrigues dos Santos afrontarem, com capacete e colete à prova de bala (acessórios "desnecessários" no Portugal de 1974), os perigos da Guerra do Golfo e de outras que tais...

"... the more you see, the less you know ... I knew much more then than I do now"

in "City of Blinding Lights" - "How to Dismantle an Atomic Bomb" - U2





Escrito no aeroporto de Monterrey, Mexico, à espera do meu vôo de regresso a Chicago, USA, 12/Novembro/2008



Luis Filipe Gama Vieira

A música é uma escolha pessoal do Luis Filipe Gama Vieira
para acompanhar a leitura do seu texto.





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C O M E N T Á R I O S
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Manuela Gama Vieira disse:
"---------":
Por incrível que pareça, não tenho palavras....para ti!
Foste a razão da minha "Tarde Extraordinária"(o autor desta frase perdoar-me-á o plágio..), no dia 25 de Abril de 1966...associado a um célebre "dia de suspensão" no ERO!
Quem diria, 42 anos depois, a correr Mundo!
Abraço-te!!!
Assino: "---------"


José Luís Reboleira Alexandre disse:
Não conheço o L.F. Gama Vieira, e quando ele estava na primária já eu andava por Lisboa. Depois disso, se volto muitas vezes às Caldas, as estadias são geralmente muito curtas.
Sinto no entanto, na homenagem que faz à sua professora primária uma sensibilidade especial, que creio ser o resultado de uma vida repartida por vários continentes como o próprio menciona, e acentua no final, com a indicação do local, Monterrey cidade mítica, onde escreve.
No texto diz, e cito:
«Nem Doutora, nem Engenheira, nem Empresária, nem Professora Doutora, nem Técnica Superior de 1a Classe. Simplesmente, Dona Clarisse».
Será que, como muitos portugueses que por motivos vários trabalham fora do nosso pequeno cantinho, sempre que lá volta necessita de algum tempo para se reabituar a determinadas formas de estar?
Fazer a pergunta será talvez responder-lhe.
Não é numa geração, que os efeitos da «longa noite» que nos foi imposta pelo ancião de Santa Comba se dissiparão!
J. L. Reboleira Alexandre

Isabel X disse:
Este texto é um testemunho muito interessante e que me fez lembrar os tempos em que também fui aluna da D. Clarisse. Mas eu, menos afoita que o seu autor, confesso que lhe tinha muito medo e isto sem que ela alguma vez me tivesse batido! Mas batia em muitos dos meus colegas por "razões" que eu nunca compreendi. Ainda hei-de escrever sobre isso.
- Isabel Xavier -
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Júlia Ribeiro disse:
Li agora o comentário da Isabel X e posso dar uma achega à interrogação que faz à razão das "reguadas" da D. Clarisse. Eu nunca levei nenhuma, mas estou a ver algumas desgraçadas das colegas a levarem-nas.....era uma por cada erro (se davam muitos). Outras razões não me recordo, mas a régua tinha cerca de 1cm de espessura, 5cm de largura e ,aí 35 a 40 cm de comprimento (o peso não sei !!!!!).
Parabéns ao Luis Filipe, pelo texto e pela homenagem. Júlia
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João Jales disse:
Como se fosse ficção, o 25 de Abril de 1974 surge aqui não só como evocação de libertação mas também como aniversário do autor. O nascimento dele, em 1966, tinha já estado no Blog a propósito de um dia de suspensão de uma comentadora, que o recordou quando outro antigo aluno nos descreveu o nascimento da irmã em 1957… E é assim que estas memórias se entrelaçam.
E agora vem o Luís Filipe falar da D. Clarisse e da Instrução Primária no ERO, num momento em que eu já me passeava pela Universidade de Lisboa. Mas a escolha musical dos Kinks (irrepreensível) une-nos, quarenta anos depois, fazendo com que nos encontremos no reconhecimento do génio de Ray Davies, nós que nunca nos encontrámos no Colégio.
Todos estes encontros, desencontros e reencontros (que evoluem sozinhos, sem que nada nem ninguém aparentemente os controle) são a magia deste Blog.
Aguardamos, claro, o próximo texto do mais jovem dos Gama Vieira, escrito num aeroporto por aí…
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Manuela G V disse:
Pode ser que hoje, neste momento dentro de um avião, em viagem para vir passar o Natal, tenha escrito algum.Uma coisa vos digo, enquanto não entrou no avião, trocámos mensagens, a pedido dele, para lhe transcrever o que os colegas (não importa a diferença de idade) comentaram!Quando ler isto, ai, ai, ai...
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Paula disse:
Os Gama Vieira, família de talentos, tomaram conta do Blog! O Luís Filipe também desenha? Ou só escreve e tem bom gosto musical?
Pena a D. Clarisse não ler esta bela homenagem que lhe é aqui prestada, espero que alguém da família a leia e comente, em seu nome.
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Zé Carlos Faria disse:
A propósito do escrito do Luis Filipe Gama Vieira, dizia eu ao JJ, em conversa electrónica sobre este nosso blog: «O texto, esse, até me comoveu e mais não digo porque não posso». E não posso mesmo, dado tratar-se da minha Avó; de, por isso, me sobrar a força desordenada de emoções, recordações (mesmo as das reguadas, sinal de um tempo antigo, em que tal era tido por «normal») e de, sobretudo, me faltar o discernimento das palavras justas. Leio aquelas linhas num recolhimento interior, que é o lugar onde, por fim, se vai instalar a verdade genuína da gratidão e da felicidade. Z C Faria
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Amélia Viana disse:
Achei o texto do Luís Filipe muito interessante, pois consegue perceber-se a ternura e o carinho que sente ainda, passados todos estes anos, pela sua "velha" professora.
Do neto, Zé Carlos, também me lembro bem dele em miúdo, no ERO.
Parabéns ao autor e BOAS FESTAS para todos os E R O(S)
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São Cx disse:
(...) Quantos são na realidade os Gama Viera? Acho que já houve a participação de 3 deles, pelo menos! A Manuela lembro-me muito bem dela, dos irmãos é que não! Que família tão extraordinária!
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Manuela Gama Vieira disse:
Dirijo este comentário à simpática São Caixinha! Faltaria à verdade se lhe dissesse que me “lembro” de si, como, de resto, de uma quase esmagadora maioria dos colegas que por aqui vão aparecendo. Vicissitudes da vida, da idade…que vão atraiçoando a memória. Contudo, apesar disso, sinto que me lembro e os reconheço a todos! Engraçado, não é? O que importa é que, passados tantos anos…nesta “sala de convívio” que o João Jales mobilou tão confortavelmente para nós, nos falemos, falemos uns dos outros, como se nos tivéssemos “visto” ontem!
Quanto aos manos “Gama Vieira”, somos quatro. Já apareceram três, o João Licínio, a Manuela, o Luís Filipe (que já viveu em Haia, de onde é natural um dos filhos)- o benjamim da Família ! Só falta aparecer a Maria de Fátima, que deve andar a criar “suspense”…para nos fazer uma surpresa!
Claro que não falo das nossas idades…apenas posso dizer que o “benjamim” tem menos 14 anos que eu!!! Os restantes, temos idades muito próximas uns dos outros, em “escadinha”, uns jovens, à semelhança dos nossos(as) colegas(os).
Aproveito a oportunidade para lhe desejar a si e sua irmã, duas talentosas raparigas, devo dizer, um Feliz Natal e que o Novo Ano lhes traga tudo quanto desejam, nesse belo país que, como se diz, Deus fez o Mundo e os holandeses fizeram a Holanda.
Um abraço e espero que surja uma oportunidade para a (re)ver, a si e a sua irmã.
Manuela Gama Vieira
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São Caixinha respondeu:
Olá Manuela!
Que agradável surpresa a sua simpática cartinha de Boas Festas, que agradeço reconhecidamente!Acho muito normal que não se lembre de mim, pois comigo passa-se exatamente o mesmo em relação a muitos colegas e até professores. Eu da Manuela lembrei-me apenas quando vi a fotografia com a Anabela Miguel que acompanhava o seu texto sobre o Sr. Padre Renato! Era uma menina sempre alegre e bem disposta, é a ideia que tenho! Mas como diz, o que importa é que isso não nos impede de nos reencontrarmos nesta sala virtual e partilhar recordações, como se realmente nunca nos tivessemos esquecido!
A propósito, devo dizer que tem sido muito agradável ler as suas intervenções, que prezo pela espontaneidade e o humor, qualidades que são particurlamente do meu apreço, sem esquecer a participação dos seus irmãos que tem sido igualmente um valioso contributo para o nosso blogue! Que curioso o seu irmão Luís Filipe ter vivido em Haia, parece ser um verdadeiro cidadão do mundo!
Vou terminar dizendo que foi um prazer relembrar Miguel Torga e desejar-lhe também, e a toda a família, um BOM NATAL e as maiores felicidades para o NOVO ANO! E claro que hão-de surgir oportunidades para um reencontro!! Com um saudoso abraço, São Caixinha.

OS PROFESSORES QUE VIERAM DO FRIO

por João Jales

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.Dr. Luis (Atrás à direita)
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Cinco frases? Cinco frases inteirinhas em Inglês, língua completamente desconhecida, para decorar, bem como a respectiva tradução, para amanhã? Mas hoje é o primeiro dia de aulas, nem é suposto os professores darem qualquer matéria, apenas aparentarem ser mais simpáticos, exigentes e empenhados do que realmente irão ser ao longo do ano!

Qual a necessidade de assustar pobres crianças de 12 anos (o Zé Luís só tem 11) com tal tarefa, quando seria importante tranquilizá-los em relação ao maior número de disciplinas que vão enfrentar a partir deste 3º ano do Liceu?

Ainda por cima depois de nos entregarem um horário com uma enorme mancha nas quadrículas, muito ameaçadora para as actividades diárias realmente importantes como jogar à bola, ler, ouvir música, passear com os amigos…

Responsável em parte por essa maior carga horária é sem dúvida esta língua estrangeira, com cinco aulas semanais, vamos ter aula com este louco todos os dias! Louco será exagero, o Dr. Luís até parece ser uma pessoa normal, alto e magro, quase elegante no seu casaco de tweed, a gravata estreita com o nó um pouco ao lado e um pequeno cachecol de lã cinzenta negligentemente pousado sobre os ombros, quase sempre com ambas as pontas caindo para a frente. Aprenderei depois que é um adereço, vaguely british, que só alguns tórridos dias de Maio e Junho iriam fazer desaparecer.

O Dr. Luís tinha chegado ao Colégio numa rápida e surpreendente contratação do Padre Albino e do Dr. Azevedo, que tinham ido buscar este caldense (de Salir de Matos) ao Porto, convencendo-o a abandonar o ensino oficial para ingressar no Externato Ramalho Ortigão. Com ele tinha vindo a sua mulher, a Dra. Cândida, formada em Românicas, professora de Português e Francês desta mesma turma.

Como argumentos, e além da oferta de um ordenado mais alto, ao casal tinha sido alugada uma simpática vivenda, por trás da Polícia de Trânsito, ali junto à Secla. Julgo que era propriedade da família Xavier . Ela vinha também atraída por um Inverno mais ameno que o do seu Porto natal, mas nunca soube se se sentiu ou não defraudada nesse aspecto. Durante os três anos seguintes, entre Outubro de 1964 e Abril de 1967, o casal apanharia diariamente a carrinha na Rainha. Mas não em Maio e Junho de 1967, ela continuou a usar esse transporte, mas ele passou a aparecer de automóvel. No ano seguinte ambos saíram do colégio, cada um para seu lado.

A Dra. Cândida era uma excelente professora, devo-lhe em grande parte o francês que sei (ou melhor, que sabia…), e penso que esta é uma opinião unânime entre todos os seus alunos.

Apesar de boa professora, não era propriamente uma democrata. Lembro-me de, após uma eleição formalmente límpida e transparente (embora provocatória...) de um chefe de turma, a Sra. calmamente rasgar os boletins de voto e nomear para o cargo um tímido marrão que ela controlaria todo o ano à sua vontade e que tinha obtido um ou dois votos. Houve uns resmungos, mas a oposição foi fraca e desorganizada… Lá ficou ele chefe de turma, contra a vontade de todos, incluindo seguramente a sua!

Quando ela saiu do colégio, a professora de Francês que a substituiu só me ensinou uma frase, que me repetia incessantemente aos ouvidos: “Taisez vous ou je vous mets à la porte!”. É uma oração que decorei, mas à custa do progressivo esquecimento do que a saudosa Cândida me ensinara laboriosamente nos três anos anteriores.

Mas o problema, como eu dizia e se ainda se lembram, eram as cinco frases de Inglês. Ocupavam a quinta parte de uma folha A4 policopiada e depois descuidadamente recortada. Essa tira de papel, com palavras estranhas e de significado momentaneamente indecifrável, foi cuidadosamente colada no caderno diário, tendo depois sido acrescentada a tradução manuscrita por baixo. Regressei algo apreensivo a casa nesse dia e anunciei aos meus pais que iria chumbar no exame de Inglês do 5º Ano, que se realizaria já dali a trinta e três meses, e que eu não via qualquer hipótese de ultrapassar após esta traumatizante aula.

O processo continuou, cinco frases vezes cinco dias são vinte e cinco frases por semana, cento e dez por mês, à volta de trezentas por período. Todas elas com substantivos, verbos, advérbios e adjectivos. Não tive outra solução senão aprender Inglês e ter nessa disciplina a minha melhor nota no exame do 5º Ano, os tais trinta e três meses depois.

Claro que nessa altura já não tinha o mesmo professor, mas sim uma simpática mini-profa de Inglês, a Dra. Inês, de quem também guardo boas recordações pessoais e lectivas. Mas dela falarei noutra altura, até porque foi também ao Dr. Luís Canas Ferreira que devo a nota referida e as bases da língua, que ainda hoje tão úteis me são para continuar a evoluir na minha profissão e hobbies. E até no contacto com múltiplos clientes britânicos que, delicadamente, me vão compreendendo e elogiando o Inglês.

Felizmente tenho poucos contactos com franceses porque, sempre que os ouço falar a sua língua, recordo imediatamente: “Taisez vous ou je vous mets à la porte!”. Mas não uso a frase, claro; faço um esforço, tento recordar os bons ensinamentos da Dra. Cândida, e lá me faço entender…
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João Jales
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C O M E N T Á R I O S
.Manuela Gama Vieira disse:
Recordaste-me agora os “rectângulos” de papel com as frases! Só me lembrava de um “dicionário” que íamos compondo, num caderno com argolas e folhas amovíveis, que íamos acrescentando à medida que o nosso vocabulário ia “aumentando”. Penso que o Dr. Luís também foi meu Professor de Português, no 5º ano. Tanto “batalhou” com os Lusíadas que, mal dizia uma palavra mais marcante, sabíamos identificar o “Canto” em que ela se encontrava!Um excelente Professor que recordo com saudade.Quanto à Dr.ª Cândida não me lembro se foi minha Professora, mas tenho uma ideia dessa “distância” entre o casal, apesar de, nos meus verdes anos, não perceber nada dessas “coisas”…. Mas percebia qualquer coisa que achava estranha entre eles, o semblante carregado ao entrarem na carrinha, logo de manhã, sem trocarem uma palavra ou um olhar, ela com os olhos tristes, e sentarem-se em bancos separados.“Coisas” entre as línguas anglo-saxónica e românica…não se entenderam!Da Madame Nicole e do estribilho “Taisez vous ou je vous mets à la porte!”….quem pode ter “oublié”!!!Até a minha Mãe se lembra….nós contávamos em casa…!
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Luísa disse:
Muito bom JJ,como habitualmente.E enquanto tu contas eu vou-me lembrando,a Alzheimer desvanece-se,isto é melhor que as gotas e as vitaminas para esta minha memória amnésica.A história de amor,mais uma vez, termina mal(consta que devido a uma afilhada muito mais jovem…)Tu bem podes quere culpar as Anas Kareninas mas os últimos culpados são sempre vocês!!!.
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Miguel BM disse:
O texto do JJ sobre os profs que vieram do frio é excelente embora seja demasiadamente soft e delicado em relação às pessoas em questão. Por exemplo não refere a ameaça ( promessa ) que a Cândida nos fez na sua primeira aula - "quem não estudar leva um bofetadão"- nem os respectivos comentários que se ouviram no intervalo que se seguiu a cada uma das suas primeiras aulas às respectivas turmas, e que eu por uma questão de pudor não vou repetir. No entanto era uma boa professora embora em termos pedagógicos lhe faltasse alguma sensibilidade para lidar com garotos de 10,11 e 12 anos. E como já tinha referido anteriormente no blog aprendi com ela como não funcionava a democracia, o que aliás é perfeitamente descrito pelo arquibloguista JJ. Quanto ao seu marido obrigava-nos impiedosamente todos os dias a decorar cinco frases em inglês (a conversação e a pronúncia não eram para ele importantes ) e depois os pontos eram uma espécie de tabuada. Em resumo, limitámo-nos a aprender o inglês básico ( porta-door; casa-house etc) mas conteúdos e situações mais complicadas népias. No final do ano lectivo, quando soube que se ia embora, deu o livro oficial a martelo, mas entre o sistema do ministério e o dele o diabo que escolhesse. Os anos seguintes quer em francês quer em inglês foram delirantes, mas com a Cândida não há dúvida que se aprendeu muito francês e foi pena que ela só tenha estado connosco dois anos. Em relação ao inglês foi óbvio que tive imensas dificuldades quando ingressei na faculdade e tive que estudar quase sempre em inglês. Tive pois que me auto preparar embora passasse posteriormente a dominar o inglês técnico. Mas uma vez tentei ler um romance em inglês e tive que desistir a meio pois nem o dicionário me salvou. A maioria dos termos, para já não falar nas frases, eram-me totalmente desconhecidos. Miguel B M
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Anabela disse:
Penso que o Miguel Bento Monteiro tem uma visão muito negativa destes professores,especialmente do Dr. Luis.Não me parecem justas algumas das suas palavras,concordo com o autor quando afirma que aprendeu muito com os dois.O mesmo se passou comigo,tive a Dra. Cândida a Português e o Dr Luis a Inglês no 4º e 5º Ano,obtendo boas notas nas duas disciplinas.
Não tenho a mesma memória e capacidade de reconstrução do passado de alguns(JJ e o Faria sobressaem),mas não me recordo de qualquer violência ou intimidação de alunos por parte destes professores,como havia com a Dra. Cristina,por exemplo.Respondendo ao autor do blogue:vou tentar aparecer mais.Anabela
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Júlia Ribeiro disse:
João!Não há dúvida que me dá um enorme prazer ler os teus contos !Parece que a "caneta" corre ao longo das linhas com a mesma facilidade com que nós vamos lendo.....Fantástico !!!Lembro-me muito bem da Drª Cândida embora a não tivesse tido como professora. Acompanhou-nos na nossa viagem de finalistas em 1965 .Foi dos poucos contactos que tive com ela,mas ficou-me uma boa impressão. Quanto ao Dr.Luis,não me lembrava dele, passou-me ao lado.....ou tive uma "branca",não sei !Sei que te quero dar os parabéns por mais este momento de recordações.
Júlia R.
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Alberto Reis Pereira disse:
A Dra. Cândida era uma excelente Professora de Francês, quem queria aprender ficou com bastantes conhecimentos. Das suas atitudes "pedagógicas", confesso não me recordar.Boas Festas para todos. Alberto Pereira.
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Luis António disse:
Estes foram dois grandes professores do ERO, de que tenho boas memórias.Como o JJ diz o Luis ainda teve na Inês uma substituta à altura mas a Cândida não.
"Taisez Vous ou Je Vous Mets à la Porte!!!" tinha-me esquecido mas entrou-me logo pelos tímpanos dentro...
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vitor b disse:
Acabei por não perceber em que anos é que estes dois professores deram aulas no Colégio?Para fazer a história que queremos,esse é um aspecto fundamental.
De resto o depoimento do Jales é giro de ler mas,tirando o “Taisez vous ou je vous mets à la porte!",já lemos coisas dele mais divertidas.A inspiração não é sempre igual.
O Luis era bom professor de Inglês mas não era uma pessoa simpática.E o mesmo se passava com a mulher.Aquele casamento fazia dois infelizes,não deve ter deixado saudades!
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João Ramos Franco disse:
Apenas te posso felicitar pelo modo como escreves e nos apresentas as personagens. Qunto aos professores de que falas não os conheci, como sabes nestas disciplinas fui aluno da Drª. Irene Albuquerque. J R Franco
.
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Ana Carvalho disse:
Olá João, como sempre tenho de te dar os parabéns pelo artigo.
O Dr Luis não foi do meu tempo mas agora percebo perfeitamente porque é que a Anabela Castro não sabia nada de Inglês, nem mesmo os tempos primitivos do verbo To Be... PP
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Charlie Brown disse:
Como sempre o JJ tem uma prosa cheio de ritmo, recordações e informações.Concordo com a Júlia quando ela refere a facilidade com que parece que foi escrito.
Fui aluno da Cândida,boa professora,embora severa,mas não do Luis.Penso que até nesse aspecto o retrato é bom,concordo com o JJ.Abraço.Carlos.
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João Gomes disse:
Este artigo fez-me lembrar o que já julgava esquecido: - as palavras terminadas em "ou" fazem o plural em "aux", com excepção de :- mou, caillou, bijou, chouchou........E foi a Dra.Cândida que me ensinou, deviamos estar no ano de 67 , e eu acabadinha de sair de quatro brilhantes classes na escola do Parque, tão superiormente leccionadas pela D. Maria de Jesus Sanches. MJoãoGomes
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Laura Morgado disse:
João,parabéns!!!!
Tens que pensar em dedicar-te à escrita, pois serás um escritor de sucesso.Consegues cativar para a leitura dos teus textos; adorei a maneira como recordas estes dois professores do ERO.
Não fui aluna de nenhum deles, no entanto, durante a minha viagem de finalistas em 1965, convivi com a Dra. Cândida.Na minha memória predominou a ideia de uma pessoa simpática.
O que eu acho mais interessante é que nunca percebi que essa professora era casada; e muito menos que o marido era o tal Dr. Luís, de quem eu não me lembro.Foi um professor que passou despercebido na minha turma, e nem sequer teve direito a uns versos!!!!
Continua a escrever as tuas recordações, pois dão para perceber que o ERO, foi diferente ao longo dos anos. Ainda quero salientar que a banda sonora-2 para Professores e Personalidades, foi muito bem escolhida. Laura
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Também me lembro das 5 frases de inglês para decorar,falávamos inglês ao fim de poucos meses!E a Cândida,embora sempre de cara um pouco fechada,deixou marcas em todos os alunos,sabia muito e sabia ensinar.
Quanto aos sucessores,ficámos muito melhor a Inglês,com a Inês(essa da mini-profa é gira!).Mas a Helena,já aqui falada também foi boa professora.Qual delas é que casou com o Mário da secretaria?Já disse que gosto sempre do que escreves,mas ainda mais quando há um romance qualquer!
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Miguel Bento Monteiro disse:
Ainda em relação aos pontos de inglês efectuados pelo Luís, eram feitos em apenas metade das folhas de ponto com o logotipo do ERO e que eram vendidas (quantos escudos? 1$, 2$50? alguém se lembra?) no vestiário.Ele mandava separar as duas folhas e utilizando-se apenas uma (a outra guardava-se para o ponto seguinte) começava a ditar palavras em português ( 20 ) a que os alunos tinham que colocar à frente a equivalência em british.Para mim aquilo era de caras,decorava as palavras no intervalo do almoço,pois as aulas eram sempre no horário da tarde,e depois era só debitar.Mas para outros colegas o método era hediondo e a disciplina era-lhes particularmente penosa.Recordo-me de um ponto em que determinado aluno pura e simplesmente inventou as vinte palavras (não eram em inglês!) mas, infelizmente para ele, não correspondiam ao que se pedia. Miguel B M
C O M E N T Á R I O S
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Manuela Gama Vieira disse:
Recordaste-me agora os “rectângulos” de papel com as frases! Só me lembrava de um “dicionário” que íamos compondo, num caderno com argolas e folhas amovíveis, que íamos acrescentando à medida que o nosso vocabulário ia “aumentando”. Penso que o Dr. Luís também foi meu Professor de Português, no 5º ano. Tanto “batalhou” com os Lusíadas que, mal dizia uma palavra mais marcante, sabíamos identificar o “Canto” em que ela se encontrava!
Um excelente Professor que recordo com saudade.
Quanto à Dr.ª Cândida não me lembro se foi minha Professora, mas tenho uma ideia dessa “distância” entre o casal, apesar de, nos meus verdes anos, não perceber nada dessas “coisas”…. Mas percebia qualquer coisa que achava estranha entre eles, o semblante carregado ao entrarem na carrinha, logo de manhã, sem trocarem uma palavra ou um olhar, ela com os olhos tristes, e sentarem-se em bancos separados.
“Coisas” entre as línguas anglo-saxónica e românica…não se entenderam!
Da Madame Nicole e do estribilho “Taisez vous ou je vous mets à la porte!”….quem pode ter “oublié”!!!
Até a minha Mãe se lembra….nós contávamos em casa…!
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Luísa disse:
Muito bom JJ,como habitualmente.
E enquanto tu contas eu vou-me lembrando,a Alzheimer desvanece-se,isto é melhor que as gotas e as vitaminas para esta minha memória amnésica.A história de amor,mais uma vez, termina mal(consta que devido a uma afilhada muito mais jovem…)Tu bem podes quere culpar as Anas Kareninas mas os últimos culpados são sempre vocês!!!
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Miguel BM disse:
O texto do JJ sobre os profs que vieram do frio é excelente embora seja demasiadamente soft e delicado em relação às pessoas em questão. Por exemplo não refere a ameaça ( promessa ) que a Cândida nos fez na sua primeira aula - "quem não estudar leva um bofetadão"- nem os respectivos comentários que se ouviram no intervalo que se seguiu a cada uma das suas primeiras aulas às respectivas turmas, e que eu por uma questão de pudor não vou repetir. No entanto era uma boa professora embora em termos pedagógicos lhe faltasse alguma sensibilidade para lidar com garotos de 10,11 e 12 anos. E como já tinha referido anteriormente no blog aprendi com ela como não funcionava a democracia, o que aliás é perfeitamente descrito pelo arquibloguista JJ.

Quanto ao seu marido obrigava-nos impiedosamente todos os dias a decorar cinco frases em inglês (a conversação e a pronúncia não eram para ele importantes ) e depois os pontos eram uma espécie de tabuada. Em resumo, limitámo-nos a aprender o inglês básico ( porta-door; casa-house etc) mas conteúdos e situações mais complicadas népias. No final do ano lectivo, quando soube que se ia embora, deu o livro oficial a martelo, mas entre o sistema do ministério e o dele o diabo que escolhesse. Os anos seguintes quer em francês quer em inglês foram delirantes, mas com a Cândida não há dúvida que se aprendeu muito francês e foi pena que ela só tenha estado connosco dois anos. Em relação ao inglês foi óbvio que tive imensas dificuldades quando ingressei na faculdade e tive que estudar quase sempre em inglês. Tive pois que me auto preparar embora passasse posteriormente a dominar o inglês técnico. Mas uma vez tentei ler um romance em inglês e tive que desistir a meio pois nem o dicionário me salvou. A maioria dos termos, para já não falar nas frases, eram-me totalmente desconhecidos. Miguel B M
.
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Anabela disse:
Penso que o Miguel Bento Monteiro tem uma visão muito negativa destes professores,especialmente do Dr. Luis.Não me parecem justas algumas das suas palavras,concordo com o autor quando afirma que aprendeu muito com os dois.O mesmo se passou comigo,tive a Dra. Cândida a Português e o Dr Luis a Inglês no 4º e 5º Ano,obtendo boas notas nas duas disciplinas.Não tenho a mesma memória e capacidade de reconstrução do passado de alguns(JJ e o Faria sobressaem),mas não me recordo de qualquer violência ou intimidação de alunos por parte destes professores,como havia com a Dra. Cristina,por exemplo.Respondendo ao autor do blogue:vou tentar aparecer mais.Anabela
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Júlia Ribeiro disse:
João!
Não há dúvida que me dá um enorme prazer ler os teus contos !Parece que a "caneta" corre ao longo das linhas com a mesma facilidade com que nós vamos lendo.....Fantástico !!!
Lembro-me muito bem da Drª Cândida embora a não tivesse tido como professora. Acompanhou-nos na nossa viagem de finalistas em 1965 .Foi dos poucos contactos que tive com ela,mas ficou-me uma boa impressão. Quanto ao Dr.Luis,não me lembrava dele, passou-me ao lado.....ou tive uma "branca",não sei !
Sei que te quero dar os parabéns por mais este momento de recordações.
Júlia R
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Alberto Reis Pereira disse:
A Dra. Cândida era uma excelente Professora de Francês, quem queria aprender ficou com bastantes conhecimentos. Das suas atitudes "pedagógicas", confesso não me recordar.Boas Festas para todos. Alberto Pereira
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Luis António disse:
Estes foram dois grandes professores do ERO, de que tenho boas memórias.Como o JJ diz o Luis ainda teve na Inês uma substituta à altura mas a Cândida não.
"Taisez Vous ou Je Vous Mets à la Porte!!!" tinha-me esquecido mas entrou-me logo pelos tímpanos dentro...
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vitor b disse:
Acabei por não perceber em que anos é que estes dois professores deram aulas no Colégio?Para fazer a história que queremos,esse é um aspecto fundamental.
De resto o depoimento do Jales é giro de ler mas,tirando o “Taisez vous ou je vous mets à la porte!",já lemos coisas dele mais divertidas.A inspiração não é sempre igual.
O Luis era bom professor de Inglês mas não era uma pessoa simpática.E o mesmo se passava com a mulher.Aquele casamento fazia dois infelizes,não deve ter deixado saudades!
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João Ramos Franco disse:
Apenas te posso felicitar pelo modo como escreves e nos apresentas as personagens. Qunto aos professores de que falas não os conheci, como sabes nestas disciplinas fui aluno da Drª. Irene Albuquerque. J R Franco
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Ana Carvalho disse:
Olá João, como sempre tenho de te dar os parabéns pelo artigo.
O Dr Luis não foi do meu tempo mas agora percebo perfeitamente porque é que a Anabela Castro não sabia nada de Inglês, nem mesmo os tempos primitivos do verbo To Be... PP
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Charlie Brown disse:
Como sempre o JJ tem uma prosa cheio de ritmo, recordações e informações.Concordo com a Júlia quando ela refere a facilidade com que parece que foi escrito.
Fui aluno da Cândida,boa professora,embora severa,mas não do Luis.Penso que até nesse aspecto o retrato é bom,concordo com o JJ.Abraço.Carlos.
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João Gomes disse:
Este artigo fez-me lembrar o que já julgava esquecido: - as palavras terminadas em "ou" fazem o plural em "aux", com excepção de :- mou, caillou, bijou, chouchou........E foi a Dra.Cândida que me ensinou, deviamos estar no ano de 67 , e eu acabadinha de sair de quatro brilhantes classes na escola do Parque, tão superiormente leccionadas pela D. Maria de Jesus Sanches. MJoãoGomes
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Laura Morgado disse:
João,parabéns!!!!
Tens que pensar em dedicar-te à escrita, pois serás um escritor de sucesso.Consegues cativar para a leitura dos teus textos; adorei a maneira como recordas estes dois professores do ERO.
Não fui aluna de nenhum deles, no entanto, durante a minha viagem de finalistas em 1965, convivi com a Dra. Cândida.Na minha memória predominou a ideia de uma pessoa simpática.
O que eu acho mais interessante é que nunca percebi que essa professora era casada; e muito menos que o marido era o tal Dr. Luís, de quem eu não me lembro.Foi um professor que passou despercebido na minha turma, e nem sequer teve direito a uns versos!!!!
Continua a escrever as tuas recordações, pois dão para perceber que o ERO, foi diferente ao longo dos anos. Ainda quero salientar que a banda sonora-2 para Professores e Personalidades, foi muito bem escolhida. Laura
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Isabel Esse disse:
Também me lembro das 5 frases de inglês para decorar,falávamos inglês ao fim de poucos meses!E a Cândida,embora sempre de cara um pouco fechada,deixou marcas em todos os alunos,sabia muito e sabia ensinar.Quanto aos sucessores,ficámos muito melhor a Inglês,com a Inês(essa da mini-profa é gira!).Mas a Helena,já aqui falada também foi boa professora.Qual delas é que casou com o Mário da secretaria?Já disse que gosto sempre do que escreves,mas ainda mais quando há um romance qualquer!
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Miguel Bento Monteiro disse:
Ainda em relação aos pontos de inglês efectuados pelo Luís, eram feitos em apenas metade das folhas de ponto com o logotipo do ERO e que eram vendidas (quantos escudos? 1$, 2$50? alguém se lembra?) no vestiário.Ele mandava separar as duas folhas e utilizando-se apenas uma (a outra guardava-se para o ponto seguinte) começava a ditar palavras em português ( 20 ) a que os alunos tinham que colocar à frente a equivalência em british.Para mim aquilo era de caras,decorava as palavras no intervalo do almoço,pois as aulas eram sempre no horário da tarde,e depois era só debitar.Mas para outros colegas o método era hediondo e a disciplina era-lhes particularmente penosa.Recordo-me de um ponto em que determinado aluno pura e simplesmente inventou as vinte palavras (não eram em inglês!) mas, infelizmente para ele, não correspondiam ao que se pedia. Miguel B M