ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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DO YOU SPEAK ENGLISH?

por Luis Flores Santos

Flores e Zé Neto



Estou simplesmente fascinado com o magnífico artigo do Luís Marcelino!

Não podia imaginar que quarenta anos depois, através de um retrato tão preciso e sensível, se tornaria presente a imagem da Drª Cândida num testemunho tão genuíno quanto impressivo do nosso amigo Luís António.

Subscrevo a substância e admiro a forma como ele me fez regressar de novo a uma época tão marcante para todos nós. Estimulado pela evocação do Dr Luís, não resisto a contar uma experiência surpreendente que vivi no início das férias grandes seguintes à conclusão do 3º ano.

Estávamos por isso em 1967 e o nosso inglês tinha os pilares assentes numas centenas de tiras de papel com cinco frases, cortadas artesanalmente de folhas A4, distribuídas em cada aula ao longo do primeiro ano da disciplina.

No prédio contíguo à casa dos meus pais existia ainda o Museu de equitação e toureio Joaquim Alves, obra notável do saudoso Dr Paulino Montez que com tenaz dedicação o manteve vivo até ao limite das suas forças. Segundo creio, o espólio acabou por ser doado à autarquia, tendo-se-lhe perdido o rasto!

A este propósito, devo dizer que não sou apreciador da arte e tenho mesmo algumas reservas em relação a certos valores que lhe estão subjacentes. Mas o Museu Joaquim Alves tinha um acervo vasto e valioso, reunido ao longo de décadas com laborioso empenho do seu promotor, não deixando de ser, à sua escala, um espaço de cultura que merecia ser preservado. Talvez esteja mal informado, ou mesmo a conjecturar injustamente, mas tudo me leva a crer que os esforços que o Dr Paulino Montez fez em vida para que não se perdesse o seu trabalho foram totalmente inúteis e manifestamente incompreendidos.

Mas voltando ao tema, numa tarde de um Sábado soalheiro quando saía de casa, deparo-me com uma figura de um homem estranhamente alto, cuja atitude identifiquei de imediato como mais um dos forasteiros que, com frequência, rondava a zona procurando o museu que em geral estava fechado. Nesses casos costumávamos tentar contactar o Dr Paulino Montez que comparecia, passados poucos minutos, para iniciar mais uma viagem pelas memórias do tempo tauromáquico, expostas ao longo das cerca de 8 salas totalmente repletas de cartazes, fotografias, vestuário, farpas, capotes, muletas e centenas de outros objectos, cada um com a sua mensagem precisa, premiando o esforço de quem procurara a visita.

“Do you speak english”? Ouço numa pronúncia inovadora, mas que me impeliu mecanicamente a responder: “Yes, I do”! Mal eu sabia que ia ser confrontado com a maior prova da competência de um professor que alguma vez tinha experimentado!
Richard Earl Perry Cone, mais tarde simplesmente o meu amigo Dick Cone, era um americano de Los Angeles que já visitara Portugal outras vezes, procurando desta feita visitar o museu do qual ouvira falar não sei como. Na excitação dos meus 13 anos e imbuído da natureza prestável atribuída aos portugueses, ainda por cima podendo exercitar o meu incipiente inglês, apressei-me a encontrar o Dr Paulino Montez que, como de costume, compareceu prontamente para novo périplo taurino.
Julgava aí terminada a minha missão, mas enganava-me. Creio que o Dr Montez não dominava a língua (à distância de quatro décadas é pelo menos essa a justificação que me satisfaz) e vejo-me então catapultado para guia de língua inglesa num museu de equitação e toureio, tema associado a um léxico técnico de grande extensão, àcerca do qual o meu conhecimento era rigorosamente nulo!

Ainda hoje não sei como circulei por aquele espaço hermético, exprimindo-me com desinibida desfaçatez, “traduzindo” as dicas que o Dr Paulino me transmitia em frases construídas a partir do vocabulário adquirido ao longo de um ano nos recortes de cinco frases do Dr Luís. Sei apenas que o Dick manifestava assertiva compreensão pelo meu esforço e o feito mereceu destaque no meu curriculum durante muitos anos, até se instalar no baú das memórias de infância como uma das glórias mais nobres de aluno do Ramalho Ortigão.

Nesse dia compreendi que, para além do prazer da aprendizagem que aquele professor tinha trazido para as nossas aulas com o seu método revolucionário e a sua técnica para estimular uma saudável competição entre nós todos, ele nos estava sobretudo a preparar para a vida.

Durante vários anos troquei correspondência com Dick Cone que me enviava regularmente informação em inglês sobre os mais variados temas. Chegou a oferecer-me uma assinatura da saudosa revista “Life”, até que as voltas da vida acabaram por me fazer perder o seu contacto, o que lamentei especialmente quando tive oportunidade de visitar Los Angeles e não o soube encontrar.

Obrigado Dr Luís por nos ter dado a oportunidade de aprendermos consigo.

Obrigado Luís António por me teres estimulado o despertar dessa agradável memória.


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LFS
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As fotografias são da colecção do Padre Xico
e escolhidas por mim para ilustrar o artigo. JJ
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COMENTÁRIOS
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Ana Carvalho disse:
Que rapazinhos tão jeitosos que estão na foto, uns autenticos galãs! Ainda não existia a Coca-Cola em Portugal senão decerto que os contratava para um anúncio! Flores, que texto excelente, tu sempre escreveste bem, se bem me recordo. Volta sempre, é um prazer ler o que escreves.
Aparece mais vezes.Bjs PP
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Flores disse:
Creio que nunca tinha visto estas fotografias, que se referem ao nosso primeiro acampamento no Bom Sucesso, com o Padre Xico.
Talvez venha a ser também um tema para evocar em ocasião com mais tempo.
Abraço
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Luisa disse:
Como já disse antes fui aluna do Luis que considerei um excelente professor. Considero estes dois textos excelentes testemunhos e uma confirmação da minha opinião. Aproveito para cumprimentar os dois autores(só me lembro do Flores)porque estão ambos escritos de forma a enaltecer o Colégio onde estudaram!
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AntMor disse...
As fotografias são fantásticas,o Flores e o Malinha escrevem muito bem,onde vai parar este blogue???E o que é feito do Tó Zé Neto que parece uma estrela do surf dos anos 60???O Luis e a Cândida eram Grandes professores,assino essa declaração.
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João Jales disse:
A grande qualidade dos textos do Flores ficou bem patente nas suas colaborações iniciais neste Blog, lembro-me bem que ele foi um dos primeiros a não "recear" partilhar as suas memórias e a fazê-lo de uma forma muito original.
Além de todos os méritos que lhe apontei, o depoimento anterior do Luis António teve também o de provocar esta resposta, além de um comentário do também "reaparecido" Tó Zé Hipólito.
Como se vê, se a "malinha" do Luis António tem muito que contar, o Flores não tem menos "contas" no seu rosário (a seu tempo saberão ao que me refiro).
Um abraço aos dois Luises . JJ

STANDING TALL...

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«Quem já tem o livro de Inglês?»
Muitos braços se levantam, mais de meia turma. Era a vantagem de já ter o material logo na primeira aula. «Guardem o livro, não vão precisar dele. Eu sou o livro!» Gosto. E a seguir, outra pergunta: «Quem já tem a gramática?» Ainda muitos braços. «Guardem a gramática, não vão precisar dela. Eu sou a gramática!» Desapontante? Não, gosto ainda mais, mas será a sério? Em Português e em Francês temos livro e gramática -- em Inglês não é preciso!? «Quem já tem dicionário?» Ainda mais braços -- afinal o dicionário é peça insubstituível, ainda mais que a gramática.
«Guardem o dicionário, não vão precisar dele. Eu sou o dicionário!» Tanto gozo a sério já causa receio -- parece que isto não vai ser mais do mesmo.
Não foi, o Dr. Luís era, como ele dizia, de 18s e de 8s. E lá começa a escrever no quadro a sua primeira «sentence»: «How are you? I am all right, thank you». E mais quatro sentences. Treinar a pronúncia, repetir a rodar pela sala de aula. Dia seguinte, primeira coisa, na ponta da língua: tudo. O Dr. Luís era diferente, a disciplina de Inglês era diferente, e era disruptiva para com as outras disciplinas.
Isto aconteceu e hoje, como acontece com tantas outras coisas, parece inacreditável. Onde estava o espartilho, a avaliação do professor, a certificação, o controlo de conteúdos e métodos? Naturalmente, havia quem não concordasse com o estilo do Dr. Luís, mesmo entre os outros professores. Como ousa ele fazer isto? Em surdina as perguntas seriam talvez mais assim, em linguagem de hoje, Can he get away with it? Can he pull it off?
É uma história nossa que vale a pena recordar, aconteceu mesmo e com sucesso -- tremendos sucessos dos alunos ERO nos exames nacionais.
E eu, muitos anos depois, «The weather is getting milder and milder» -- a impressionar os Américas.
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Tinha dado o primeiro toque. Saía da Sala de Professores e caminhava na nossa direcção, para a sala a Este na ponta do corredor, a Dra. Cândida. Senhora alta, fina, dossier no braço esquerdo, um pouco contra o peito, aproximava-se. Era uma presença agradável -- uma professora nova, elegante, num estilo sóbrio e clássico. Bonita, de pernas finas, feições finas, tez clara, cara esguia mas feminina, cabelo puxado para cima, pescoço longo, visível apesar do lenço, dentes em arcada esguia e perfeita, sorriso natural. Uma grande serenidade, um olhar calmo mas não triste, olhos serenamente vivos, castanhos claros e límpidos, abertos, sem óculos. Voz clara, dicção sempre correcta, mas tolerante (não é portenha, diz velhice com e fechado mas aceita aberto). Não há gritos nem histerias. Serenidade e presença. Uma presença de grande classe, numa classe de miúdos rabinos. «Comment allez-vous, Madame?» dizem os meus colegas logo à entrada da segunda aula de Francês -- o Filipe (do Bom Sucesso) é o mais ilustre. Na aula seguinte, já está a Dra. Cândida com os três eee de «élève». Há muito mais aqui ...
A Dra. Cândida foi talvez a melhor professora que eu tive. Muito gostaria de a poder voltar a encontrar e agradecer-lhe o muito que fez: ensinar bem, procurar incutir formas de disciplina, e acima de tudo mostrar logo no primeiro ano que ninguém estava abaixo de ninguém, e que ela era justa, disciplinante e que nos compreendia e apreciava. [JJ, não te lembras de como ela apreciava o teu especial jeito a adjectivar e adverbiar?]
Sei que lhe dei algumas alegrias, que recebi alguns prémios (livros), que certamente lhe demonstrei a minha afeição pelo respeito que lhe tinha, pela atenção como a escutava e olhava e como me sentia bem nas suas aulas. Aulas chatas? Só uma, a Francês, e como foi só uma não dá para esquecer -- a chamada ao Jorge Pedro, um craque, não está a correr bem (para grande consternação dela) e quando me chama a seguir eu sei que a minha também não vai correr bem. Não corre, para uma talvez ainda maior consternação dela e alguma dissimulação de misérias óbvias. [Eu tinha sido chamado no dia anterior e tinha inferido que não iria ser chamado no dia seguinte; e a lição era bem difícil, sobre as galinhas e os Lenoir].
Exigente, sem excessos, tolerante mas sem tolerância para excessos, nem sempre recebeu a apreciação que merecia da nossa parte. Entregava-se ao ensino, e a nós para além do mero ensino, com dedicação e com entusiasmo, como uma grande professora, que de facto era. Standing tall, mas sem olhar por cima.
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Luis Marcelino
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COMENTÁRIOS
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Tó Zé Hipólito disse:
Bravo Luis! Realmente o espirito observador e a atenção nos pormenores sempre foram teus apanágios. Este retrato detalhado da Dra. vem ao encontro de uma recordação das famosas sabatinas das aulas de geografia do Dr. Lopes em que uma das perguntas feitas pelo rapazinho em causa, era "o que é a standardização?"
Claro que não lembro quem era a vitima ou, generalizando, as vitimas pois ninguém da turma sabia a resposta. O prof., depois de uma rara (nele) prelecção sobre a qualidade da pergunta, motivada pela não especificação no livro de geografia do significado que tinha, argumento usado por alguém da turma para amenizar a falha, perguntou como era que o "génio" sabia. Simplesmente foi ao dicionário. Seguiu-se o post scriptum da prelecção, com o elogio das qualidades de inteligencia e blablabla... do L.A. Tudo isto num dos raros longos momentos de silencio que a nossa turma sempre foi parca.
Fico a espera de mais momentos que tenhas guardados no arquivo da tua "malinha".
AJH
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João Jales disse:
Magnífico texto, mostrando, se tal fosse necessário, que a "malta da F" também sabe escrever (e bem).
Várias satisfações pessoais para mim:
- o Luis António foi meu colega de turma e amigo durante os sete anos do liceu;
- esta é a sua primeira colaboração;
- o seu depoimento corrobora a impressão e opinião que eu aqui exprimi sobre estes dois excelentes professores que tivémos o privilégio de ter no Colégio. ( Podem ler ou reler OS PROFESSORES QUE VIERAM DO FRIO ) .
Não é, aparentemente, uma memória consensual, mas as memórias não têm que o ser.
E sim, respondendo à pergunta que ele faz, lembro-me de ser um bom aluno que a Cândida apreciava, mas um bom aluno apreciado por um bom professor dificilmente é uma estória interessante...
Um abraço para o autor , e o desejo que volte a escrever o mais depressa possível. JJ
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Ana disse...
Gostei muito de ler este depoimento que também acho muito bem escrito,quem diria que debaixo do cientista estava um escritor?
A minha memória dos dois professores é igualmente muito favorável nem desconfiava que houvesse opiniões contrárias;li o teu texto sobre eles mas não os comentários feitos depois por falta de tempo.
Parabéns ao Luis António.Ana
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AntMor disse...
As fotografias são fantásticas,o Flores e o Malinha escrevem muito bem,onde vai parar este blogue???E o que é feito do Tó Zé Neto que parece uma estrela do surf dos anos 60???O Luis e a Cândida eram Grandes professores,assino essa declaração.

D. ANITA NASCIMENTO

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Nesta nossa já vasta série de professores, há que referir ainda uma nossa querida professora que julgo fazer parte do imaginário feminino de várias gerações que passaram pelo ERO.
Trata-se de uma senhora que dedicou grande parte da sua vida ao nosso colégio, primeiro como professora de Lavores e posteriormente como funcionária da secretaria.
Bonita, simpática, de porte elegante e de fino trato, foi uma figura igualmente presente na maior parte das excursões de finalistas.
Esteve cerca de 50 anos ao serviço do Colégio, tendo começado a sua actividade quando este se situava ainda frente à casa da Família Calisto.Já perceberam com certeza que estou a falar da Sr.ª Dona Anita.

Caricatura de São Caixinha

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Julgo que muitos meninos se recordarão também da sua pessoa, embora seja mais marcante a sua lembrança no universo feminino, por motivos óbvios, pois era nas suas aulas que nós, meninas, tomávamos contacto com todo aquele estranho e misterioso mundo dos pontos e nós Era nas suas aulas que a “luta” se desenrolava, dum lado nós, cabecitas de sonhos vagos, pensando em tudo menos em agulhas e linhas, do outro, a professora tentando abrir as mentes para que as suas alunas pudessem vir a ter créditos firmados na arte dos bordados.
Alguma coisa julgo que foi conseguida, pois cada uma de nós terá, porventura, lá no fundo do baú, uma toalhita, um pano de tabuleiro, em ponto cruz ou outro, ou talvez, quem sabe, uma botinha ou casaquinho de malha feito por alturas do Natal, que ao não sair “direito”, ficou guardado a aguardar que o tempo corresse e que, anos mais tarde, serviria de modelo ao primeiro casaco dos primeiros bebés daquelas que um dia foram meninas do ERO. Os bonitinhos serviam para aquecer os bebés mais desfavorecidos de então, conforme já foi referido neste blog. Estas peças serão hoje o testemunho de quanta paciência, quanta compreensão e dedicação a Dona Anita teve ao longo dos anos e ao longo de várias gerações para nos ensinar e.... aturar.

Recordo-a com saudade e ternura, primeiro como professora e mais tarde incumbida já de outras funções, mas sempre com o seu sorriso fácil, espirito de ajuda e ombro amigo para o bem e para o mal, e ainda como tia das colegas e queridas Manas Nascimento, que todo o mundo tão bem conhece.
Era também presença assídua nas nossas excursões de finalistas e soubemos há pouco, que tinha como missão “tomar conta” das meninas... que dos meninos tomava o Padre Albino.
Soubemos por exemplo duma vez em que havia decidido não participar, não lhe dava jeito despender aquele dinheiro naquela data (sim porque a viagem era a expensas suas) e que foi “obrigada” a fazê-lo, a pedido de várias meninas, alegando estas que os pais só permitiam a sua ida se tivessem a companhia da Dona Anita.
Tivemos o prazer de a encontrar no 1º Encontro de Bloguistas, de boa saúde, igual simpatia e óptima memória. Embora sem a agilidade doutrora, que os anos já vão sendo alguns, nota-se que mantém um espirito jovem uma cara bonita e a elegância de sempre.
Por tudo o que nos “deu” de bom, um grande Bem-haja e um abraço do tamanho do mundo, onde possam caber todas as recordações, memórias e saudades, daquelas menininhas de então que o tempo ajudou a tornar nas mulheres do presente.


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Mélita Teotónio
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COMENTÁRIOS
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Emiliana Filipe disse:
Falar da D.Anita? Recorda-me a minha toalha de pagodes chineses bordada a ponto cruz, o lençol de bainha aberta que nunca terminei...mas também o meu vestido de malha azul ou o meu casaco encarnado que,como tudo o que saía das suas mãos,foram por ela primorosamente tricotados.
Cresci a ouvir a minha mãe falar da D. Anita(e da familia Nascimento) com grande amizade e a ouvir contar os bons momentos passados nos tempos de mocidade.Além da professora de quem guardo uma terna recordação gosto de pensar na amiga e no afecto que sempre nos uniu.
Foi uma boa surpresa revê-la no almoço dos bloguistas e foi bom podermos disfrutar de alguns momentos de agradávelconvívio.
Para si D. Anita um grande beijinho.
Emiliana
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Manuela Gama Vieira disse:
Recordo o seu vivo olhar, a leveza, ligeireza e jovialidade do seu “andar”, a maestria com que as suas habilidosas mãos dominavam a agulha, o bastidor dos bordados, o jogo das cores, num compromisso persistente e paciente para com as suas alunas e os “Lavores Femininos”.
Apesar da esforçada Professora, do meu desempenho…não vou falar! Para mim, agulhas e linhas…sempre tiveram segredos que nunca logrei desvendar!
Manuela Gama Vieira
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Julinha disse:
Com que ternura a Mélita descreve a D. Anita ! Este texto faz um retrato muito completo duma professora que me foi, e continua a ser, muito querida.Mantém ainda o seu ar sereno,afável,paciente..... caracteristicas estas que nos levam a recordar com alegria e saudade aquelas aulas de Lavores.
Gostei muito de a rever no Encontro de Bloguistas e constatar que ainda hoje mantém traços da sua" juventude". Contei-lhe, nesse dia, um episódio que aconteceu no Natal de 2007 e que vou compartilhar convosco. Aquando da distribuição de presentes abro um embrulho e qual não é a minha admiração quando dentro vejo uma toalha que tentei fazer em 1965, a ponto de "matiz", nas aulas da D. Anita e que não me recordo sequer se terei chegado a terminar o primeiro ramo. Foi ponto que nunca consegui aprender,seria da professora? Não,de certeza,foi mesmo da aluna. Então esta toalha que andou perdida durante 42 anos , teve a sorte de ir parar às mãos de uma tia minha com muito jeito para bordados que a terminou e me fez a surpresa na Noite de Natal. Deliciei-me.....recordei a D.Anita que tanto se esforçou... e agradeci com muito carinho à minha Tia Guita.
Um Grande Beijinho. Júlia R
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João Jales disse:
Boa memória, ideias claras e coração nas mãos são características dos textos da Mélita. Este é mais um, desta vez sobre alguém que eu conheci mal enquanto frequentei o Colégio, como a maioria dos alunos masculinos.
Foi curiosamente o Blog que me fez conhecer melhor a D. Anita, cuja excelente memória tem contribuído para muitos dos textos que aqui tenho escrito. Ainda hoje de manhã partilhámos algumas ideias e recordações!
As caricaturas da São continuam a ser uma mais valia deste blogue, ilustrando e valorizando os textos com o talento dos seus desenhos. JJ
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João Ramos Franco disse...
A D. Anita
É difícil falar da Senhora que toda minha vida considerei como pessoa da família. Amiga da minha tia Leonarda Calisto e da minha Mãe (Maria Veridiana Calisto Ramos Franco), falavam mais sobre assuntos referentes ás minhas primas, mas quando era necessário, também a nós rapazes, dava o seu conselho amigo. O afecto que e o respeito que tenho por a D. Anita é como se fossemos família.
João Ramos Franco

MILA MARQUES : UMA ÉPOCA E TRÊS PROFESSORES






MARIA EMÍLIA FRANCO HENRIQUES
Uma antiga aluna do Colégio Ramalho Ortigão

Na minha terra e para a minha geração, sou a Mila Marques, filha do José Marques Henriques. para a da minha filha, sou a mãe da Guidó e para a das minhas netas, sou a avó da Sara e Mariana Gouveia.

Nasci nas Caldas da Rainha no Ano de 1930, na Avenida da Independência Nacional, nº 29.Nesta época era habitual as crianças nascerem em casa dos seus pais e não nas Maternidades, sendo o parto assistido por uma parteira.

Estudei sempre na minha terra até vir para Lisboa para fazer o Curso Geral de Enfermagem.
Da 1ª à 4ª classe estive no ensino oficial, tendo tido sempre a mesma professora -Dona Antónia - de quem tenho a melhor recordação. Julgo que o apelido era Almendra.
Depois veio o Colégio Lusitano e o Colégio Ramalho Ortigão e é deste último que venho dar o meu testemunho, a pedido do João Jales, que em boa hora quer reviver o passado.


COLÉGIO RAMALHO ORTIGÃO

Nasceu da vontade e do empenhamento de alguns pais que queriam que os filhos continuassem a estudar mas sem partirem tão novos para outras cidades.
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E, talvez por ter nascido bem, era um colégio excelente, quer pelo ambiente, quer pelo ensino que nele se praticava. Pelo menos é esta a avaliação que eu faço á distância e passados tantos anos.

O ter sido criado sem separação de sexos permitiu uma convivência saudável entre adolescentes. Poderemos considerar que isto era avançado para a época dado que no ensino oficial havia Liceus para raparigas e outros para rapazes.
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Foi berço de grandes amizades, que ainda hoje perduram, apesar de da vida ter separado muitos de nós. Recordo em especial os colegas do meu 7º ano -Ciências, Jeca Lopes, Mário Gonçalves e Jorge Sotto-Mayor.

Foi ainda berço de casamentos... Na minha época vi nascer os namoros da Bé Castro e do Zeca Mesquita, assim como da Ana Maria e do Mário Gonçalves.

Quero ressaltar ainda a preocupação que a Direcção do Colégio tinha na selecção de professores em relação à qualidade e sem olhar a credos políticos ou religiosos.
E como exemplo farei referência a 3 professores, que escolhi pela influência que tiveram na minha Vida.


PROFESSORES DO COLÉGIO RAMALHO ORTIGÃO

1. ANITA NASCIMENTO (29/02/1920)
Foi a minha professora de bordados, assim como deve ter sido de dezenas de raparigas caldenses. Tinha uma atitude maternal no modo como ensinava. Serena, perseverante, sorridente e cheia de paciência para que aprendêssemos bem a sua Arte. É assim que ainda hoje a vejo.


Foi um prazer aprender com ela o filet matemático e o ponto cruz, quase milimétrico e com avesso. Mas com ela aprendi também como é importante procuramos a perfeição em tudo o que fazemos. Assim, mais tarde, quando fiz o meu curso de enfermagem, era conhecida pela Pontinhos ou Pontos...




2. LUÍS ROSA BRUNO (Redondo, 1916 -?)
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Licenciado em matemáticas pela Universidade de Coimbra , foi meu professor de química e era notável o modo como ensinava.
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Alentejano, nascido no Redondo, possuía uma figura carismática e uma personalidade multifacetada, que tinha algo de quixotesco!


Bastante magro e com grandes olhos negros, fazia-me lembrar o Manolete, toureiro espanhol muito em voga nessa época. Fumava muito e tinha um jeito peculiar de agarrar no cigarro. Revejo-o com as mãos muito esguias, queimadas pelo tabaco e levantadas de um modo como se estivesse a declamar. Ele assim nas suas aulas: um Professor excelente, que gostava de ensinar. Relembro, que para além do trabalho no Colégio, tinha alunos a quem dava explicações.


Houve um período da sua vida que trabalhou na Secla, possivelmente na área de laboratório.


Adorava o seu Alentejo, mas as Caldas foram também um outro amor. Basta ler a poesia por ele escrita sobre a Praça da Fruta e que a Isabel Castanheira (Loja 107) divulgou num dia de Poesia!


Para além de ser para mim uma referência quanto ao seu método de ensino, a ele devo também o tanto ter gostado de Química, a ponto de ter pensado seguir esse rumo. Devo-lhe também o ter aprendido a escrever à máquina. E perguntarão porquê? Passo a explicar: ele pretendia editar um livro sobre Química e eu ofereci-me para o dactilografar. E assim, por tentativa e erro, lá fui escrevendo numa máquina que o meu pai me tinha oferecido – uma “Woodstock” – e que ainda hoje tenho como uma relíquia do passado! Lembro-me que era necessário 1 original e três cópias e que havia um lindo capítulo sobre os gases raros da atmosfera. Nunca soube se chegou a ser editado, como foram outros que podem ser consultados na Biblioteca Nacional (ver lista de publicações). Como eu gostaria de ter ficado com uma cópia desse meu primeiro trabalho.


Para terminar desejo fazer uma sugestão: uma rua das Caldas ter o seu nome, por aquilo que ele foi como Professor e Poeta e pela dedicação franca que tinha pela nossa terra.


Publicações


Acontecer poesia, Caldas da Rainha, 1957

A minha selecta – Fernão Lopes: útil aos estudantes do 4º e 5º anos liceais, Beja: [s.n.], 1955

O alumínio: conheça os metais. Beja: [s.n.], 1955

O lítio: conheça os metais, Beja: [s.n.], 1955

Poesia de Luís Rosa Bruno, texto policopiado / compil. Maria Alcina Rosa Bruno, [S.l.: s.n., 19--]

Sou d'além...: versos, S.l. : s.n.], 1945 (Montemor-o-Novo: -- Emp. Gráfica)

Tesoiro sem preço: a língua portuguesa, Lisboa: Editorial Ultramar, 1955

Um novo mundo nasceu, [S.l.: s.n., 1946] ([Estremoz: -- Tip. "Brados do Alentejo"]), colecção “Bocadinhos de física; 1”

Tríptico: a Santo Aleixo da restauração pelos seus heróis de 1641, 1644 e 1704, Beja: Minerva Comercial 1954


3. MÁRIO BRAGA (Coimbra, 1921)
Foi meu professor de Filosofia. Transmitiu-me o seu interesse por esta matéria e a paixão pela leitura. Passados tantos anos, foram talvez as suas aulas de que me fizeram entusiasmar a frequentar cursos organizados pelo Instituto de Filosofia Luso-Brasileira. O próximo será sobre a “Filosofia Portuguesa no século XVIII”.



Vim a encontrá-lo mais tarde, dado que fez o curso de Administração Hospitalar e assim os nossos destinos voltaram a cruzar-se.


É autor de vasta obra literária de reconhecido mérito e gostaria que tivesse uma página na Internet, onde se dando conta de trabalhos passados e futuros. De momento, sei que decorre uma exposição biobliográfica no Museu do Neo-realismo em Vila Franca de Xira, que procurarei ver.



Dirigiu a revista de cultura Vértice entre 1946 e 1965.


Publicações


Nevoeiro, 1944

Caminhos sem Sol, 1948

Serranos, 1948

O Pedido, 1949

Platão e a Poética, 1950

Camilo e o Realismo, 1957

Mariana, 1957

Quatro Reis, 1957

Histórias da Vila, 1958

Vale de Cangens, 1958

O Cerco, 1959

O Livro das Sombras, 1960

Corpo Ausente, 1961

Viagem Incompleta, 1963

A Ponte sobre a Vida, 1965

Café Amargo, 1966

Antes do Dilúvio, 1967

Os Olhos e as Vozes, 1971

Entre Duas Tiranias: Uma Campanha Pouco Alegre em Prol da Democracia, 1977

O Intruso, 1980

Contos Escolhidos, 1983

As Rosas e a Pedra, 1995

Contos de Natal, 1995

Espólio Intacto, 1996

Momentos Doutrinais, 1997

As Ideias e a Vida

O Reino Circular
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Mila Marques
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COMENTÁRIOS
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O meu Pai continuou até ao fim dos seus dias a pesquisar, a escrever, a experimentar, a pensar...muito haverá a dizer, a contar, a perguntar, a partilhar...agradeço contacto da Vossa parte.
Parabéns pelo vosso blogue e muito obrigada pela ALEGRIA que me proporcionaram. Joana Bruno
P.S.a minha mãe Maria Alcina R. Bruno continua a procurar textos e outros do meu Pai, eu quero ajudar e conto convosco.
Muito Grata
Joana Bruno
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Foi com imenso prazer que li o que a Mila escreveu. Dos professores tive o prazer de conhecer o Dr. Rosa Bruno e a D. Anita que, apesar de não ser professora dos rapazes, é uma amiga que todos recordamos.
Apesar dos doze anos de idade que nos separam recordo-me dos colegas que cita e de si, o nome não me é estranho na memória, mas já fico grato pelo seu aparecimento neste espaço de são convívio. João Ramos Franco
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João Jales disse:
Foi com enorme prazer que vi a nossa colega Mila aceder ao meu convite para colaborar com as suas memórias nesta série sobre os professores.
As nossas meninas se encarregarão de falar um pouco mais da D. Anita, gostaria eu aqui de realçar a enorme influência pessoal que Rosa Bruno teve em todos os que foram seus alunos, todos o descrevem com um enorme entusiasmo e um brilho nos olhos (ou nas palavras). Há poucos professores assim.
Mário Braga, de cuja passagem pelo ERO só tive conhecimento há um ano, é uma figura relevante no panorama das letras portuguesas no séc. XX e o facto de ter sido professor no Colégio uma prova da qualidade do seu corpo docente.
A forma clara e vibrante como tudo isto é exposto torna a informação não só útil mas um prazer de ler. Obrigado, Mila, ficamos à espera de mais!
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Mário Gonçalves e Ana Maria disseram:

O depoimento da Mila Marques contém um precioso testemunho que traz à actualidade a recordação de uma época passada no ERO e que nós, os da sua geração, desejaríamos talvez menos distante. É escusado dizer que adorávamos a Mila, a suas qualidades de boa aluna e de excelente colega, ponderada, possuidora de uma capacidade de estima que nos contagiava e por vezes, serenava. As amizades que assim criou são profundas, perenes. Nós, cá em casa, é assim que a consideramos ainda mais por ter sido a nossa companheira de eleição no namoro que, de facto, viu nascer. Poderíamos até não estar longe, talvez ao lado, no momento em que foi tirada a fotografia que a identifica perante as juventudes que vieram depois.

São justas as referências elogiosas que faz aos fundadores do ERO que, um pouco contra a corrente, alcançaram juntar no mesmo Colégio, as raparigas do Lusitano e os rapazes do Caldense, com óbvias vantagens para elas e para eles, no aspecto pedagógico, está bem de ver.

Os três Professores que a Mila elegeu merecem bem o destaque que lhes foi concedido, amplamente confirmado pelas qualidades humanas e pedagógicas que justamente lhes foram atribuídas e pelos dados curriculares com que complementou os outros talentos literários que tão bem se revelam na poesia de Rosa Bruno e na vasta prosa do consagrado escritor Mário Braga.

Agradecemos à Mila por ter representado de forma tão admirável a geração dos primeiros alunos que frequentaram o ERO e que o recordam com compreensível saudade.

Muitos beijinhos para a Mila com aquela nossa Amizade.

Ana Maria e Mário
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Guidó disse:
Por aqui se compreende parte dos laços que me unem ao Colégio Ramalho Ortigão (outra parte deve-se a tantos dos meus amigos por lá terem andado). Cresci a ouvir histórias de professores e colegas da minha mãe e do meu tio Cazé (Carlos José Marques Henriques). Soaram-me sempre a um bom tempo e a uma boa formação.
Da Anita um conhecimento amigo de uma vida.
Do Mário Braga o encontro de vários livros nas estantes lá de casa e do Rosa Bruno a história do livro de Química, dactilografado na "Woodstock" e na qual eu fiz os meus primeiros trabalhos na Faculdade.
Beijos amigos para todos
da Guidó (Margarida Araújo)
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António José Figueiredo Lopes disse:
Muitos parabéns Mila, adorei ler a tua colaboração no “BLOG”, fez-me recuar no tempo e reviver um passado sem dúvida muito feliz.

A vida profissional e até o período de formação afasta muitas vezes os que nascem em pequenas cidades, separa convívios e cria novos contactos e novas amizades. Julgo que isso ainda acontece, embora em menor escala, dado que actualmente existem boas vias de comunicação.

Não foi o nosso caso de há mais de sessenta anos. A cidade era pequena, mas como isso era agradável, o nosso convívio intenso, permanente, havia um sentido de apoio entre todos. Acho que foi isso que cimentou os nossos sentimentos. Embora separados pelo nossos diferentes percursos, nem o tempo nem a distância conseguiram destruir as nossas amizades de adolescentes, que perduraram por toda a vida… até hoje.

Lembras-te de ser a minha comadre um ou dois anos. Brincadeira que infelizmente penso que se perdeu “o contratar, contratar, quem primeiro manda rezar”, e graças à qual posso garantir que fazias excelentes bolos.

Falando de professores e em relação ao Dr. L. Maria Rosa Bruno estou totalmente de acordo contigo, mas à tua lista de livros gostaria de acrescentar uma Aritmética Racional cujas provas tipográficas ajudámos a rever. Infelizmente desapareceu-me um exemplar do livro de versos “Eu sou d’além” com uma dedicatória do Dr. Bruno.

Continua a escrever e manda mais fotos A.J.F.L
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Júlia Ribeiro disse:
Não há dúvida que o blog ,dia após dia,está a tornar-se mais interessante !Não sei onde irá parar.....Fiquei a saber coisas que não imaginaria,nomes de pessoas que me diriam algo, mas que não fazia a minima ideia que teriam sido professores do ERO. Assim,passo a passo, vamos sedimentando ideias e conhecimentos do colégio, e do ensino,que pelo que a Mila nos relata ,teria sido sempre de grande qualidade.Obrigada Mila
Julia R
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Sara Gouveia disse...

Adorei! A neta orgulhosa,
Sara

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Isabel VP disse...

Gostei muito do testemunho da Mila Marques, que eu só conheço de ouvir falar (Mila, lembra-se da Sra. D. Emília, costureira, que morava na Rua do Hospício? Era ela que nos falava muito de si).
Quanto aos professores referidos, a Sra. D. Antónia Almendra era nossa vizinha na Estrada de Tornada e também, em casa dela, foi minha professora e da Muki (filha do treinador do Caldas Szabo), 3ª classe, e da minha irmã Lena, salvo erro na 1ª. A Sra. D. Anita é o que todas sabemos e por quem todas temos uma imensa ternura. O Dr. Bruno, que também só conheci através de conversas do meu irmão, era para mim como uma lenda.
Apreciei imenso o seu retrato do ERO e das amizades (e amores) que por lá foram nascendo, afinal tão semelhantes às que foram nascendo mais tarde, no nosso ERO. Afinal de contas, mudam-se os tempos mas as vontades nem sempre se mudam tanto! Isabel VP
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Isabel Esse disse...

"Foi ainda berço de casamentos..." escreveu esta nossa colega(se posso tratá-la assim)que nos retrata um colégio de todos os tempos com um à vontade e uma ligeireza admiráveis!!!Tudo tão igual que até a D.Anita foi também minha professora! Estou a brincar,porque não tive a felicidade de conhecer o Dr.Luis Rosa Bruno que já aqui tinha sido citado,nem o Dr.Mário Braga,pelos vistos um escritor importante que passou pelo colégio.Parabéns Mila, pela sua contribuição.Isabel
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Jaime Serafim disse:
Deliciei-me a ler o texto daquela Senhora (D. Maria Emília Henriques). Que belo testemunho e que texto tão bem escrito!
Um abraço Jaime
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São Caixinha disse:
Adorei ler o relato da Mila sobre os tempos anteriores ao nosso e os professores que a marcaram. Felizmente conheci a D. Anita a partilho sobre ela a sua opinião! Que amoroso o bordado... e que curioso recordar ainda os documentos escritos á máquina com cópias feitas a papel químico! Como era importante não fazer erros!!! Uma verdadeira maravilha esta participação...os meus parabéns, e desejos para que nos volte a deliciar com mais estórias.
São Caixinha
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António Delicado disse...

Minha querida amiga Mila.
Não acompanhei esta sua vivência tão carinhosa e precisamente descrita neste texto mas tive o grande prazer em ter partilhado, durante alguns anos da sua vida profissional já como enfermeira consagrada na Direcção Geral dos Hospitais e depois da Saude, momentos de árdua labuta e ao mesmo tempo de grande partilha.A sua disponibildade, empenho e alegria contagiante ficaram marcados profundamente em mim e, creia, que são coisas que sempre perdurarão.
Grande beijinho António Delicado
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Isabel Caixinha disse:
Que surpresa tão agradável ler o texto da Mila Marques.Não só foi aluna do princípio do ERO que eu conheci, como também do ERO que eu nem tinha conhecimento que tinha existido, e que foi graças ao Blog que conheci!
Dos professores mencionados só a D. Anita me é conhecida e também eu tive a sorte de aprender nas suas aulas de lavores "pontinhos" que ainda hoje adoro fazer.
Que informação tão valiosa para a reconstrução da história do ERO!Ficam os desejos que a Mila nos venha mais vezes falar dum passado que eu não conheci mas que de certa forma nos é comum .
um beijinho
Isabel Caixinha
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farofia disse...

Apetece-me começar com um sorriso de frase que a Emília escreveu: "Lembro-me que era necessário 1 original e três cópias e que havia um lindo capítulo sobre os gases raros da atmosfera"
:))
Quando a Emília conta ...
o "COLÉGIO RAMALHO ORTIGÃO nasceu da vontade e do empenhamento de alguns pais que queriam que os filhos continuassem a estudar mas sem partirem tão novos para outras cidades. E, talvez por ter nascido bem, era um colégio excelente, quer pelo ambiente, quer pelo ensino que nele se praticava"...
fico a pensar como esta lição de 'querer é poder', de 'pôr as mãos à massa' e 'os pés ao caminho', é um clássico que precisamos reler nos dias que correm.
(ah! e adorei o seu post!)
Inês
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Isabel X disse...

Aquele professor de matemática tinha muito estilo, realmente! Não é de admirar que a Mila se tivesse oferecido para lhe dactilografar o livro. Ainda para mais sendo parecido com o Manolete!
A Mila é tão fidedigna na descrição que faz que até parece que o vemos a acender o cigarro. Agora a sério: gostei muito! Este blogue cada vez congrega mais e mais gerações do ERO. Um beijinho para a Mila.
- Isabel Xavier -
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jorge disse...

começa a surgir realmente uma panorâmica de toda a existência do colégio.excelente texto cheio de memórias interessantes e informações inéditas.parabéns.
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Amélia Viana disse:
Que bom termos o testemunho de uma "jovem colega" ,nascida em 1930...É a prova de que o tempo ilumina as mentes interessadas e curiosas da vida...Que bela é a sua descrição e que bem escrito o texto, tem o dom de nos reportar áquela época e vivenciar um pouco das suas experiências, percursos e ambiências.
Já não era novidade, mas agora fica mais reforçada ainda, a ideia de que houve desde sempre uma grande preocupação em relação ao corpo docente do nosso ERO para que tivesse os melhores professores,os de topo. Muitos parabéns à autora e não deixe de nos brindar com os seus maravilhosos contributos.
Amélia Teotónio
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Raf disse...

A Tia Miloca que se tornou, para mim, muito mais que a avó da Sara e da Mariana! Só tenho mais uma vez a agradecer os miminhos que nos proporciona depois de uma noite de festa, não esquecendo a paciência!
Espero poder continuar a viver esta sua alegria durante muito mais tempo.Um grande grande beijinho, Rafinha.
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Joana Bruno disse...

Muito grata aos digníssimos Mila Marques, João Jales e a todos os que partilham neste blogue o vosso Passado Comum, que traz conhecimento às gerações seguintes dos vossos tempos e tanto nos enriquece e inspira...
Joana Rosa Bruno

OS PROFESSORES NA ERA DO PADRE ANTÓNIO EMÍLIO


João Ramos Franco no EXTERNATO RAMALHO ORTIGÃO,
na época do Padre António Emílio

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Apenas durante dois anos frequentei estas instalações do ERO como aluno efectivo, depois devido aos chumbos na Secção de Ciências do 5º ano, passei a aluno assistente.
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O Padre António Emílio como Director trouxe a esta Escola aquilo que melhor sabia dar, amor e fraternidade.

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Tudo se tornou diferente quanto ao ambiente existente no anterior edifício do Crespo, vieram novos Professores e, dos que transitaram, até o Dr. Azevedo passou a ser mais sociável com os alunos.
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Os Professores de que me recordo são, entre 1958/63 (agradeço todas as contribuições que completem esta lista):
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Matemática........................Dr. Azevedo
Físico-Química.................. Dr André Dias Gonçalves
Geografia.......................... Dr. Azevedo, Dr. António Lopes
Ciências Naturais............. Drª Maria do Rosário Leal
Desenho Geométrico……. Engº Cabral
Desenho à vista................ Pe. Renato
Português..........................Pe. Renato, Dra. Cremilde Palma, Dr.Fontinha,

Drª Armanda Carrilho, Dr. Jaime Umbelino
Francês............................ Drª Irene Albuquerque
Inglês................................ Drª Irene Albuquerque
Alemão.............................. Drª. Irene Albuquerque
Latim................................. Pe. Renato
Grego……………………....Dra. Elvira Bento Monteiro
História............................. Padre Luis Moita
Filosofia............................ Dra. Deolinda, Padre Luis Moita

OPAN................................ Dr Sanches
Religião/Moral....................Pe. Salvado, Pe. Afonso
Canto Coral....................... Pe. Renato

Educação Física................ D. Rosa (meninas) e Sargtº. Ramalho (rapazes)
Lavores.............................. D. Anita, D. Dora
Trabalhos Manuais............ Mestre Mateus
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As novas instalações foram para nós, habituados ao prédio do Crespo, com pequenas salas de aula e um recreio sem condições, como sair de um castigo de estar fechado e de repente sair para o ar livre!


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A subida até ao Colégio, a lama no acesso e no recreio, tudo eram males menores… A existência de um Ginásio e estarmos perto da Mata e do campo de futebol eram motivo de satisfação. O convívio entre rapazes e raparigas melhorou, não havia imposições (fora do colégio) para virmos a conversar durante o percurso de acesso.

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As memórias e o sentimento que tenho em mim, do tempo que frequentei estas instalações, é o mesmo que encontro em todos vós quando falam delas e dos seus Professores.

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João Ramos Franco
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COMENTÁRIOS
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Júlia disse:
1 - O João Ramos Franco refere que o Dr. Azevedo se tornou mais sociável quando entrou o P. António. Não conheci o Dr. Azevedo antes mas acredito plenamente, aliás nessa época começou a haver uma grande aproximação entre alunos e professores e sabem porquê? Sabem porque apareciam, no recreio alguns professores , por exemplo, a jogar ao ringue connosco? Era precisamente o P.António Emílio que fomentava isso, que lhes propunha, não impunha.....e foi a Drª M.Alda Lopes que me disse quando conversei com ela para escrever o texto sobre ela.
Tenho pensado várias vezes que este nosso convivio, este nosso entusiasmo nasceu precisamente nessa época, e se reflectirmos um pouco, parece-me haver uma coincidência de gerações .....alunos e professores.....e agradeço ao Padre António Emilio que foi UM GRANDE AMIGO,FOI UM GRANDE HOMEM !

2 - A propósito da lista apresentada quero dizer que:
Falta a Drª M.Alda Lopes a Geografia e a Papi a Inglês.
O P:Afonso deu História e o Dr. Sanches também.
O Dr. Lopes em 62/63 ainda não estava no Colégio, só em 1964.
O P.António Emilio deu Religião e Moral e Canto Coral
A Drª Cremilde deu Português e Francês.

Júlia R

OS PROFESSORES DO "CRESPO" (Armando João)

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Perante o grande laconismo da maioria dos frequentadores do “ERO / Prédio do Crespo”, mantive uma amigável conversa com o Armando João Francês sobre os seus professores na década de 50.
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Verifiquei que as informações constantes em
BREVE HISTÓRIA DO EXTERNATO RAMALHO ORTIGÃO 1945-1973 1ª parte

estão de acordo com as suas memórias.
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Foram pois seus professores:
Drª Alda Lopes – Português (e directora na transição da Miguel Bombarda para a General Queirós)
Drª Lídia – Francês
Dr. Azevedo – Matemática, Físico-Química, Geometria Descritiva
Dr. Rosa Bruno – Físico-Química e Ciências Naturais
Padre Teodoro – Religião e Moral
Prof Carlos Silva – Canto Coral
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Alguns professores foram sendo substituídos, saindo a Drª Lídia para o Bombarral, o Dr. Rosa Bruno para uma falhada tentativa de um colégio e S. Martinho, a Drª Alda para Lisboa e há novos professores na segunda metade da década:
Drª Irene T Albuquerque – Francês, Inglês, Alemão.
Dr. Perpétua – História, Filosofia, OPAN.
Drª Margarida – Matemática, Ciências Naturais.
Drª Teresa – Ciências Naturais, Geografia.
Dr. Serôdio –Fisíco-Química, Ciências Naturais.

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Pelos vistos a atribuição das disciplinas de Ciências Naturais, Geografia e mesmo Físico-Química eram, nesta altura, bastante arbitrárias e dependentes mais das necessidades de preenchimento dos horários lectivos do que das habilitações específicas dos professores. Fenómeno semelhante aconteceria com a Geografia durante a década de sessenta.
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Os alunos não eram muito diferentes dos que eu conheci uma dúzia de anos depois. Contou-me ele que um sempre “ausente” Zé Machado depois de ouvir, distraidamente e pela rama, uma descrição das vicissitudes da travessia do deserto pelos Judeus, passando fome, sede e calor, só reteve a idiomática frase que o professor repetiu três ou quatro vezes nessa hora de aula escrevendo, num ponto posterior, que eles se foram alimentando nesse período de “passas do Algarve”… Enfim, os alunos foram sendo muito parecidos ao longo dos anos!
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JJ e Armando João
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COMENTÁRIOS
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João Ramos Franco disse...
As informações dadas pelo Armando João Francês sobre os seus professores na década de 50, vêm acrescentar as minhas, o que concordo, porque sendo mais velho, acompanhou a mudança de instalações e tem uma visão dos Professores que entraram e saíram.
Estas memórias são sempre uma mais valia para o nosso esclarecimento.João Ramos Franco
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Jaime Serafim disse:
Estive a ler o texto sobre os professores do "Colégio do Crespo", que foi escrito segundo dicas do Armando João. Estão lá algumas imprecisões e algumas omissões.
Poderei tentar uma panorâmica da época acima referida - os sete anos em que fui aluno do Externato - se o Jales entender valer a pena, mesmo nesta rampa final do tema.
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JJ respondeu:
Estou em busca dessa panorâmica dos anos 50 desde que iniciámos esta série. Escrita por alguém que tem memórias fidedignas e uma grande capacidade de as transmitir, será uma enorme mais valia para o Blog. Ficamos todos a aguardar.
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João Ramos Franco disse...
ERO “Prédio do Crespo”
Os Professores eram:
Dr. Manuel Perpétua – Director (Português e História), Dr. Azevedo (Matemática, Geografia, Físico-Química e Ciências Naturais), Dra. Lídia Gomes (Ciências Naturais), Maestro Carlos Silva (Canto Coral), Escultor Macário Dinis (Desenho), Dra. Irene Trunninger Albuquerque (Francês, Inglês e Alemão), Dra. Lúcia (Francês), Padre Teodoro e …? (Religião e Moral), Dr. Umbelino Torres (Latim) Dra. Alice Freitas (Português e Francês), Dra. Elvira Bento Monteiro (Grego), Dra. Deolinda (Histórico-Filosóficas), Dr.ª Margarida (Matemática) Capitão Hipólito (Ginástica), D. Dora e D. Anita (Lavores). Na secretaria estava a Dº Eulália e os contínuos eram o Sr. Madeira e a Sra. Albertina.Penso que estando esta lista de Professores mais completa, seria oportuno votar a publicá-la, na medida em com a colaboração do Dr. Serafim, estando a tentar encontrar “essa panorâmica dos anos 50”, talvez desse uma ajuda. João Ramos Franco

FINALMENTE "O ENCONTRO - THE MOVIE" !

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Está já disponível, em seis partes, o filme integral do 1º Encontro de Bloguistas do Externato Ramalho Ortigão.
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O editor do filme, o Vasco Baptista, optou por uma versão Director's No Cut, isto é, uma versão integral de toda a filmagem do grande Manuel de Oliveira, perdão!, Joaquim Oliveira.
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Podem sempre optar por ver uma parte por dia...


video 1

Filmado no exterior, com um belo dia de sol, é o ideal para ver as toilettes, as barrigas, as carecas, os cabelos brancos, as rugas ....



video 2

Já no interior da sala a falta de luz disfarça mais, mas dá para ver que elas continuam a ficar mais novas, mais louras e mais elegantes e eles mais acabados, barrigudos e carecas. Só no final se começa a usar a captação de som como elemento cinematográfico, infelizmente o actor não é famoso.



video 3

Começa uma apresentação dos bloguistas mas o entertainer de serviço limita-se a ir repetindo que este é A que todos conhecem, aquele é B, que todos conhecem.... Nessa fase podem saltar para o próximo.


video 4

Ainda algumas apresentações (e umas prendas, para fazer inveja a quem nada recebeu...). Há um grande momento de cinema em que se pode observar detalhadamente o chão e os pés do cameraman. Temos finalmente uma estrela, o Zequinha faz um muito aplaudido discurso!


video 5

Não percam as intervenções da Julinha, Mário Xavier, Vasco Trancoso e Jaime Serafim.


video 6

Final da intervenção de Jaime Serafim e breves palavras da nossa Presidente. Termina o filme com uma pequena pausa para reflexão.

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COMENTÁRIOS

Júlia Ribeiro disse:
Caríssimos colegas e amigos
Não se coíbam de dizer mal, fazer comentários menos favoráveis desta espécie de filme, se esta sucessão de imagens se pode chamar assim… Umas imagenzitas em que se avalia, muito mal, o que nos divertimos, convivemos, comemos e....
Está péssimo, que horror! Mal se conhecem as pessoas, ouve-se pessimamente (com os auriculares consegui perceber algumas palavras e frases que uns oradores desprevenidos para lá disseram), até houve pedaços em que me fez pensar se seria a D. Dora de máquina em punho, "aos saltinhos" de um lado para o outro, a filmar!
Podem dizer (se acaso tiveram pachorra de ver), escrever, comentar, tudo o que vos vier à cabeça..... E até perguntar o que estes idiotas, "realizadores de meia tigela", andaram para aqui a fazer…. Não pensem que estou a maltratar o Quim, eu também filmei, mas, como podem verificar, as condições da sala não eram as melhores... E estamos de acordo, eu e o Quim, que não é dos nossos melhores filmes…
Enfim, a finalidade do almoço foi conhecermo-nos, divertirmo-nos, analisar o Blog, voltarmos aos nossos tempos de meninas e meninos com alguns professores (que afinal nessa altura também o eram, a diferença de idades, verifica-se agora, não é nenhuma ). Penso que se poderá adivinhar nestas imagens que foi isso que aconteceu e esse é todo o seu valor.
Informamos que podem estar descansados que não cobrámos qualquer cachet!
Júlia R

farofia disse...
Termina o filme com uma pequena pausa para reflexão... ah!ah!ah! e eu a pensar que o YouTube tinha avariado!Venho dizer à Júlia e ao Quim que fizeram o milagre de pôr as fotografias a falar. É que, quando comecei a olhar bem as fotos pensei 'só lhes falta falar'.E não é que logo a seguir às fotos vieram os vídeos e as imagens ganharam uma vida nova?! este grupo maravilha faz com que não nos falte nada. Nem as condições adversas da acústica da sala impediram os magníficos repórteres de nos presentear com este encontro ao vivo.Muito obrigada. Inês

JJ respondeu:
Cara Inês:
Enquanto tivermos uma bloguista como você, o Blog não acaba. Obrigado pelo apoio. Bjs . JJ

Emiliana disse:

Gostámos muito de participar neste almoço e de rever professores, colegas e amigos.As fotos estão um espanto e o almoço foi delicioso, principalmente por ser saboreado em boa companhia.

Um agradecimento também nosso às organizadoras,Isabel e Júlia. Não há dúvida que o entusiasmo da Julinha é contagiante! Mas para o Jales,pelo seu incansável trabalho diário (a maior parte das vezes já a horas tardias) vai também da nossa parte um OBRIGADO muito especial.Um abração para todos e um até já, porque afinal,hoje uns, amanhã outros, todos os dias nos vamos encontrando através do nosso blog.

Emiliana e Rego Filipe