"O sorriso do Rui Hipólito"
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.Foi no final do ano lectivo 62/63. A minha mulher, que na altura nem sequer era ainda minha namorada, leccionava uma segunda classe. Nessa altura fazia uma prova de passagem, constituída por uma escrita e uma oral, muito embora a decisão da transição de ano já tivesse sido tomada. Mas ela entendia que era importante que os alunos fossem aprendendo a prestar provas de exame e a sentir, à sua maneira, o peso da responsabilidade.
Para tornar a prova oral num acto de certa solenidade, pedia ao Director que disponibilizasse um professor do Secundário para estar presente durante a tarde das provas orais. Para os alunos, a presença de uma segunda pessoa, para além da sua professora, tornava o acto mais solene e a responsabilidade era acrescida.
Nesse ano, o Director indicou-me a mim para componente do júri.
Foi uma tarde interessante, observando a reacção ansiosa, briosa e comprometida dos examinandos.
Mas de todos, apenas me lembro de um. Um rapazinho pequeno, magrinho, que, com grande empenhamento, dava respostas prontas e certas e sempre, mas sempre, com um sorriso que se estendia ao brilhar dos olhos e do qual resultou uma empatia extraordinária entre ele, a examinadora e o assistente.
Porque me impressionou tão positivamente a atitude, o comportamento e o sorriso daquele aluno, falei com a professora sobre ele. Disse-me que era sempre assim – colaborador, empenhado e bem-disposto. Que o sorriso dele era constante e um belo contributo para a serenidade e boa disposição da aula. Era o Rui Hipólito.
Embora nunca tenha falado nisto com ninguém, nunca me esqueci da prova oral do Rui e da sua forma de estar.
Fomos convivendo ao longo da vida e verifiquei que aquele sorriso se manteve inalterado. Um sorriso sereno, acompanhado pelo brilho do olhar, que só pode vir de uma boa alma, de alguém tranquilo, bom e amigo.
Reparemos nas fotos inseridas no blogue: em todas elas, mesmo na adversidade da doença, que certamente muito o preocupava, o seu belo sorriso lá está.
Guardo com muito carinho e muita ternura a lembrança da forma com que sempre me tratou – muito respeito e muita simpatia, sempre acompanhados daquele sorriso. Obrigado, Rui.
Cheguei agora de férias e não me foi possível acompanhar a família, nem exprimir-lhe o meu pesar e a minha solidariedade na dor. Não o podendo fazer pessoalmente, deixo um beijinho para a Arlinda, para a D. Euritze, para a Mafalda e um grande abraço para o João e para o Tó Zé.
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.Foi no final do ano lectivo 62/63. A minha mulher, que na altura nem sequer era ainda minha namorada, leccionava uma segunda classe. Nessa altura fazia uma prova de passagem, constituída por uma escrita e uma oral, muito embora a decisão da transição de ano já tivesse sido tomada. Mas ela entendia que era importante que os alunos fossem aprendendo a prestar provas de exame e a sentir, à sua maneira, o peso da responsabilidade.
Para tornar a prova oral num acto de certa solenidade, pedia ao Director que disponibilizasse um professor do Secundário para estar presente durante a tarde das provas orais. Para os alunos, a presença de uma segunda pessoa, para além da sua professora, tornava o acto mais solene e a responsabilidade era acrescida.
Nesse ano, o Director indicou-me a mim para componente do júri.
Foi uma tarde interessante, observando a reacção ansiosa, briosa e comprometida dos examinandos.
Mas de todos, apenas me lembro de um. Um rapazinho pequeno, magrinho, que, com grande empenhamento, dava respostas prontas e certas e sempre, mas sempre, com um sorriso que se estendia ao brilhar dos olhos e do qual resultou uma empatia extraordinária entre ele, a examinadora e o assistente.
Porque me impressionou tão positivamente a atitude, o comportamento e o sorriso daquele aluno, falei com a professora sobre ele. Disse-me que era sempre assim – colaborador, empenhado e bem-disposto. Que o sorriso dele era constante e um belo contributo para a serenidade e boa disposição da aula. Era o Rui Hipólito.
Embora nunca tenha falado nisto com ninguém, nunca me esqueci da prova oral do Rui e da sua forma de estar.
Fomos convivendo ao longo da vida e verifiquei que aquele sorriso se manteve inalterado. Um sorriso sereno, acompanhado pelo brilho do olhar, que só pode vir de uma boa alma, de alguém tranquilo, bom e amigo.
Reparemos nas fotos inseridas no blogue: em todas elas, mesmo na adversidade da doença, que certamente muito o preocupava, o seu belo sorriso lá está.
Guardo com muito carinho e muita ternura a lembrança da forma com que sempre me tratou – muito respeito e muita simpatia, sempre acompanhados daquele sorriso. Obrigado, Rui.
Cheguei agora de férias e não me foi possível acompanhar a família, nem exprimir-lhe o meu pesar e a minha solidariedade na dor. Não o podendo fazer pessoalmente, deixo um beijinho para a Arlinda, para a D. Euritze, para a Mafalda e um grande abraço para o João e para o Tó Zé.
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Jaime Serafim
sem comentários.......tudo o que possa dizer do Rui, é muito pouco para o tamanho de coração que ele tinha, a perca de um amigo de infância é sempre muito dolorosa e por vezes o silêncio fala mais alto...não tenho palavras.
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c o m e n t á r i o s
Paulinha Pardal disse:
Muito bonito o texto que o Dr. Serafim escreveu sobre o Rui é de uma enorme ternura. O sorriso do Rui foi sempre o mesmo até ao final da sua vida. Obrigado Rui por teres sido como foste e obrigado Dr. Serafim pelas suas palavras que nos fizeram recordar o " Sorriso do Rui". Obrigado pelo seu belo texto, em que um simples episódio retrata uma pessoa e uma vida, de uma forma simples e emotiva !
Abraço
JJ
Abraço
JJ
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sem comentários.......tudo o que possa dizer do Rui, é muito pouco para o tamanho de coração que ele tinha, a perca de um amigo de infância é sempre muito dolorosa e por vezes o silêncio fala mais alto...não tenho palavras.
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- Caro Dr. Serafim Não sei se estarei a fazer uma grande confusão, mas tenho ideia que fomos colegas durante os estudos, no final dos anos 50, 6º.e 7º.anos (talvez até na mesma turma), no tempo do Padre António Emílio. Chamo-me Carlos Pereira e sou do Bombarral. Foram meus contemporâneos, entre outros, o Zé Carlos Nogueira (Tália), João Bártolo, malta da Nazaré e Alcobaça, como o Laborinho Lúcio, um moço que jogou futebol no Sporting e outros. Caso eu não esteja confuso (ao fim de tantos anos), deixo-lhe um abraço...Jaime Serafim disse...
- Olá Carlos! Confusão nenhuma! Há quanto tempo... Pois lembro-me muito bem. Éramos muito amigos e conversávamos muito. Penso que chegámos a estudar os dois no E.R.O., prédio do Crespo, depois de terminarem as aulas. Eram nossos professores o Dr.Azevedo, a Dr.ª M. do Rosário Leal, o Dr. Fontinha, o Dr. Sanches e, até certo dia, o tenente Carlos Coelho (Serôdio). O rapaz de Alcobaça era o Moura, mas no Sporting ficou conhecido como Lourenço. Foi um prazer enorme saber de ti. Não faltes ao próximo encontro em Outubro. Até lá, um grande abraço. Jaime Serafim
3 comentários:
Muito bonito o texto que o Dr. Serafim escreveu sobre o Rui é de uma enorme ternura. O sorriso do Rui foi sempre o mesmo até ao final da sua vida. Obrigado Rui por teres sido como foste e obrigado Dr. Serafim pelas suas palavras que nos fizeram recordar o " Sorriso do Rui".
Caro Dr. Serafim
Não sei se estarei a fazer uma grande confusão, mas tenho ideia que fomos colegas durante os estudos, no final dos anos 50, 6º.e 7º.anos (talvez até na mesma turma), no tempo do Pdre. António Emílio. Chamo-me Carlos Pereira e sou do Bombarral. Foram meus contemporâneos, entre outros, o Zé Carlos Nogueira (Tália), João Bártolo, malta da Nazaré e Alcobaçao, como o Laborinho Lúcio, um moço que jogou futebol no Sporting e outros.
Caso eu não esteja confuso (ao fim de tantos anos), deixo-lhe um abraço
Olá Carlos! Confusão nenhuma! Há quanto tempo...
Pois lembro-me muito bem. Éramos muito amigos e conversávamos muito. Penso que chegámos a estudar os dois no E.R.O., prédio do Crespo, depois de terminarem as aulas. Eram nossos professores o Dr.Azevedo, a Dr.ª M. do Rosário Leal, o Dr. Fontinha, o Dr. Sanches e, até certo dia, o tenente Carlos Coelho (Serôdio).
O rapaz de Alcobaça era o Moura, mas no Sporting ficou conhecido como Lourenço.
Foi um prazer enorme saber de ti. Não faltes ao próximo encontro em Outubro.
Até lá, um grande abraço.
Jaime Serafim
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