ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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Analisemos :

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As guerras em Angola, Guiné e Moçambique não são comparáveis por vários factores que as distinguem mas principalmente porque:
1. A guerra em Angola despoletou-se em Luanda, a capital, e foi“empurrada” para o exterior da cidade na tentativa, conseguida, de a afastar desta metrópole transportando-a para províncias situadas a centenas de kilómetros. Anos depois a capital só tinha conhecimento da existência da guerra porque pelo seu espaço aéreo circulavam os helicópteros transportando os militares doentes, feridos ou mortos;
2. Na Guiné, igualmente estalou na capital, Bissau, e de lá estendeu-se a toda a região e a todo o País, nunca de lá saiu e nos anos vindouros continuou acesa e cada vez mais intensa devido,principalmente, ao empenho de países, ditos comunistas, mais oportunistas que comunistas, que forneciam, instruíam e instigavam à luta através da colocação no território de mais e melhor equipamento e armamento;
3. Em Moçambique as coisas passaram-se de forma diferente. A guerra colonial estalou em Mueda, mais propriamente no Chai, Província de Cabo Delgado, norte do País, e estendeu-se a Tete e Niassa, regiões situadas a mais de mil kilómetros da capital, Lourenço Marques e de outras importantes cidades, capitais de província, Quelimane e Beira, que da guerra apenas ouviam falar por alto e em noticias devidamente filtradas, e para que assim fosse a intensa permanência da policia politica para que não houvesse devaneios com estórias de combates, mortes e atitudes e feitos pouco dignificantes, mas naturais em toda e qualquer guerra. Todo e qualquer militar de licença nestas cidades estava terminantemente proibido de envergar o camuflado, muito menos transportar armas acima de corta-unhas. Aliás, deveriam de preferência, vestir “à civil”.Com esta “politica” as gentes destes burgos só de quando em vez,talvez, lhes viesse ao cérebro que havia uma guerra, guerra essa que,para além de outras motivações, os militares mantinham longe, lá para o norte, acima da capital militar, Nampula, nunca permitindo aexpansão para sul. Lutava-se, morria-se e evacuavam-se para o hospital da capital militar e dali saiam, os mortos devidamente encaixotados,de avião para a metrópole ou de barco, onde eram embarcados no porto de Nacala ou Porto Amélia não incomodando as boas gentes das capitais do sul.
“Bem vindos a Mueda, Terra da guerra, Aqui trabalha-se luta-se e morre-se”.Foi com estas palavras que cheguei a Mueda. Elas encontravam-se escritas num cartaz de boas-vindas colocado no arame farpado que delimitava a zona militar.

Foi já instalado há vários dias em Mueda que tomei conhecimento das“zonas quentes” e orientações da luta, nessa altura fazendo uma introspecção à memória recente, compreendi a atitude dos “colonos”brancos no porto da Beira. Para eles eu era o terrorista que ia fazera guerra… afinal nem sabiam o que se passava tal a eficácia da nossa acção em confinar a guerra no norte de Moçambique longe dos seus olhares e calada aos seus ouvidos.

Ignorantes é o mínimo presenteio que lhes posso dispensar. Com o passar do tempo perdoei-os. Afinal nada sabiam. Mas este magnânimo gesto não o dispenso aos muitos outros ignorantes que, após a Revolução dos Cravos, escamotearam com maléficas e insidiosas mentiras e artimanhas, - “… assassinos dos nossos irmãos negros” - com que fomos mimoseados, e que, de naturais heróis, passámos a proscritos da Nação.

E o “lindo” deste anedotário, tornaram-se nos potentados dirigentes de “massas” que dirigiram tão bem essas “massas”, e as outras massas,ao ponto de levarem o País à dependência de mingua. Da altivez e orgulho de uma Nação que deu Novos Mundos ao Mundo passamos à ridícula e vergonhosa “pedincha”.

Apesar de tudo continuo a gritar bem alto “Viva o 25 de Abril” mas acrescento… abaixo os que se aproveitaram da liberdade alcançada para vigarizar, roubar e enxovalhar este povo que continua puro e a ser com orgulho, simplesmente Português.

Um abraço

A.Justiça

C O M E N T Á R I O S

PLB disse...
Caro Alfredo Justiça: A alusão à segunda guerra mundial, em Moçambique, foi com certeza um lapso, na primeira guerra mundial é que tivemos que defender a fronteira norte de Moçambique dos alemães.

http://www.arqnet.pt/portal/portugal/grandeguerra/pgm_mocam02.html

http://www.arqnet.pt/portal/portugal/grandeguerra/pgm_mocam04.html

abraço. Pedro Bandeira

Inês disse:

Eu não fui à tropa... mas nem era preciso assentar praça para entrar na guerra. Vi partir primos, irmão, amigos, vizinhos. Escrevi aerogramas de adeus-até-ao-meu-regresso.
Em 62 partilhava a camarata com estudantes ultramarinas, a Leonete sonhava com as cores do pôr do sol na Ilha de Luanda e a Fernanda com as maravilhas da sua Inhambane. A guerra estava no início e não fazia parte das nossas conversas de caloiras. Como a Irene da sua história, elas tinham mentalidades bem abertas. A África dos grandes espaços tinha muito pouco a ver com o Portugal minúsculo e limitado.
Do 25 de Abril recordo sobretudo a frase "A guerra acabou!" gritada pelos rapazes. Até então desculpavam-se quando não estudavam com um desalentado "Não vale a pena, professora. Vamos ser carne para canhão."
Foi bonita a festa, pá!
Bj
Inês

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