Foi já instalado há vários dias em Mueda que tomei conhecimento das“zonas quentes” e orientações da luta, nessa altura fazendo uma introspecção à memória recente, compreendi a atitude dos “colonos”brancos no porto da Beira. Para eles eu era o terrorista que ia fazera guerra… afinal nem sabiam o que se passava tal a eficácia da nossa acção em confinar a guerra no norte de Moçambique longe dos seus olhares e calada aos seus ouvidos.
Ignorantes é o mínimo presenteio que lhes posso dispensar. Com o passar do tempo perdoei-os. Afinal nada sabiam. Mas este magnânimo gesto não o dispenso aos muitos outros ignorantes que, após a Revolução dos Cravos, escamotearam com maléficas e insidiosas mentiras e artimanhas, - “… assassinos dos nossos irmãos negros” - com que fomos mimoseados, e que, de naturais heróis, passámos a proscritos da Nação.
E o “lindo” deste anedotário, tornaram-se nos potentados dirigentes de “massas” que dirigiram tão bem essas “massas”, e as outras massas,ao ponto de levarem o País à dependência de mingua. Da altivez e orgulho de uma Nação que deu Novos Mundos ao Mundo passamos à ridícula e vergonhosa “pedincha”.
Apesar de tudo continuo a gritar bem alto “Viva o 25 de Abril” mas acrescento… abaixo os que se aproveitaram da liberdade alcançada para vigarizar, roubar e enxovalhar este povo que continua puro e a ser com orgulho, simplesmente Português.
Um abraço
A.Justiça
C O M E N T Á R I O S
PLB disse...
Caro Alfredo Justiça: A alusão à segunda guerra mundial, em Moçambique, foi com certeza um lapso, na primeira guerra mundial é que tivemos que defender a fronteira norte de Moçambique dos alemães.
http://www.arqnet.pt/portal/portugal/grandeguerra/pgm_mocam02.html
http://www.arqnet.pt/portal/portugal/grandeguerra/pgm_mocam04.html
abraço. Pedro Bandeira
Inês disse:
Eu não fui à tropa... mas nem era preciso assentar praça para entrar na guerra. Vi partir primos, irmão, amigos, vizinhos. Escrevi aerogramas de adeus-até-ao-meu-regresso.
Em 62 partilhava a camarata com estudantes ultramarinas, a Leonete sonhava com as cores do pôr do sol na Ilha de Luanda e a Fernanda com as maravilhas da sua Inhambane. A guerra estava no início e não fazia parte das nossas conversas de caloiras. Como a Irene da sua história, elas tinham mentalidades bem abertas. A África dos grandes espaços tinha muito pouco a ver com o Portugal minúsculo e limitado.
Do 25 de Abril recordo sobretudo a frase "A guerra acabou!" gritada pelos rapazes. Até então desculpavam-se quando não estudavam com um desalentado "Não vale a pena, professora. Vamos ser carne para canhão."
Foi bonita a festa, pá!
Bj
Inês
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