ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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CORREDORA DE AUTOMÓVEIS

Este post é um comentário da Ana Lúcia, a que foram
acrescentadas duas imagens escolhidas pela autora.
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"O Peugeot da Avó" é uma fantástica narrativa. É um texto que deixa algumas saudades desses belos tempos de infância e, como alguém comentou, nos faz pensar que houve realmente gente que se divertiu à grande...

Na altura em que eu era miúda, e na aldeia onde passei o tempo que vivi em Portugal, os meus pais eram dos poucos que se davam ao luxo de ter carro. Assim sendo, como podem calcular, o trânsito era mínimo.
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Eu, apesar de ser filha única e rapariga, fugia um pouco à norma, apesar de muita
gente se lembrar de mim como muito bem comportada e calada.
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Enquanto cresci, o meu pai tentou sempre ensinar-me a ser auto-suficiente. Dizia ele muitas vezes: - "hoje em dia as raparigas têm que saber defender-se e, se conduzem um carro, têm que saber como se desenrascar se houver uma avaria", parece que o estou a ouvir... E para tal era imperativo saber mexer num carro, motor e tudo o mais. Às escondidas, e muito contra a vontade da minha mãe, que achava que carros eram coisa de rapazes, o meu pai ensinou-me a guiar tinha eu os meus 12 anos. Assim cresceu o meu gosto por carros. Naquela altura tentava competir com o meu tio, somente mais velho que eu uns quatro anos, em conhecimento automóvel, sobre as últimas novidades em modelos, etc.
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Um dia, entre o casal que nós tínhamos e a casa onde residíamos, o meu pai deixou o carro por minha conta. Fez isso muitas vezes, embora o percurso não fosse nada fácil. Uns 2 quilómetros em estrada de terra batida com uma ladeira que, nos melhores dias, exigia geralmente duas ou três tentativas para subir. Com cuidado e muitas dicas do meu pai lá fiz a ladeira na primeira tentativa e, como calculam, fiquei muito orgulhosa de tal feito. Como já referi a estrada era de
terra batida mas só dava para um veículo; carro, mota, bicicleta, carro de bois, carro de mão, cavalo, etc., e, para agravar a situação, se dum lado havia uma valeta do outro havia um morro. Calculo que já estejam a ver a cena, para um veículo ou animal passar, o outro teria de parar ou abrandar. O que eu não vos disse ainda é que o carro em questão era um Citroen Ami 8, o meu pai adorava Citroens.
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Para quem gosta de carros franceses, este carro tinha algo de especial. O Ami 8 veio substituir o Ami 6. O primeiro carro que eu conduzira tinha sido o Ami 6 e, como devem calcular, conduzir um carro novo era algo muito especial. O Ami 8, além de todos os melhoramentos, carroçaria redesenhada, etc., etc., era o primeiro carro francês que utilizava injecção electrónica. Que bomba!
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Como disse, a ladeira foi um sucesso mas, numa das
curvas, sem visibilidade e comigo a acelerar um pouco, deparei-me com uma mota vinda em sentido oposto. Não, não bati em ninguém, não danifiquei o carro, mas algo bem mais incrível aconteceu naquele momento. Se eu conseguira dominar aquela máquina, com certeza que não teria o menor problema a conduzir veículos de alta competição! De repente cresceu em mim o desejo de ser corredora de automóveis...
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Um sonho que não se tornou realidade.... O ano passado quase me inscrevi na semana de treino do Clube Touareg, só não o fiz porque o meu trabalho não mo permitiu, mas o próximo provavelmente não escapa.
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O meu pai teria feito o possível para que o meu desejo se tornasse realidade mas com a minha mãe a caso foi bem diferente... Eu conto noutra altura.
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Ana Lúcia
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C O M E N T Á R I O S
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JJ disse:
Passadas as Santas Festas, estava o Blog em sossego com um bom lote de fotografias muito bem arrumadas e prontas para publicação, quando subitamente irrompem, pela pena do João Serra, o Virgílio Rui, perdão, Virgílio Ruy e o Luís Pinto Ribeiro num Mini (gamado à mãe deste) em trânsito para o Aeroporto!
Desde aí instalou-se a bagunça e a despudorada apologia da transgressão neste espaço: conduz-se sem carta, rouba-se o carro à avó, partem-se semi-eixos e caixas de velocidade, há pais que ensinam meninos de dez e meninas de doze anos a conduzir, a Julinha trocou os pés (ou os pedais?) na aula de condução… que mais revelações e confissões escabrosas irão ainda surgir?
E, como mostra este excelente relato da Ana Lúcia, receio bem que isto ainda não tenha acabado…

João Serra disse:
O fascínio pelas máquinas e pela partida (aeroportos, horizontes abertos, viagens reais ou imaginárias) é nos portugueses coisa antiga e transversal. Entretanto a senda do bom humor prossegue no blog. Vem aí o Carnaval. Que mais irá acontecer?
JS
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Maria Manuela Gama Vieira disse:
Abençoado o comentário do JJ ...é mesmo fantástico que "isto ainda não tenha acabado"!
:-)
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Luis disse:
Se "isto" é o blogue, nunca mais deve acabar! Gostei especialmente da sucessão de histórias que uma recordação gerou,um pouco como aquelas conversas que se diz que são como as cerejas...
Pelo que percebo das meias palavras do JJ-que nunca nos conta tudo,como já repararam-ainda vai haver mais posts sobre os malucos dos automóveis!Espero que sejam tão interessantes como esta aventura da Ana Lúcia,já imaginaram bem uma miúda de doze anos a conduzir uma Ami por um barranco de terra batida acima?
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Isabel Esse disse...
Recordo-me efectivamente do Dr. Serafim ter num comentário anterior descrito a Ana como calma e sossegada ou coisa do género.Mas é uma verdadeira maria rapaz que aqui aparece nesta verdadeira aventura.Qual é a verdadeira Ana Lucia?
Gostei muito de ler,claro.Beijo.IS
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M Rosário Pimentel disse:
Gostei imenso de saber que não só os rapazes mas também meninas,como a Ana Lúcia,foram tão precoces nas artes da condução automóvel.
Com ela,só tenho um ponto em comum - o privilégio de um Pai que, no seu zelo pelo futuro dos filhos,para além de um Curso Universitário eles teriam,também,de tirar a Carta de Condução.Os meus Pais consideravam o primeiro como fundamental e indiscutível mas a segunda era como que um complemento.
Assim,um Domingo à tarde,como habitualmente,meu Pai dirigiu-se à garagem e perguntando-lhe pela Mãe,ouvi surpresa:
-Hoje não vamos passear.Vou ensinar-te a conduzir!
Maria do Rosário Pimentel
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3 comentários:

Isabel Esse disse...

Recordo-me efectivamente do Dr. Serafim ter num comentário anterior descrito a Ana como calma e sossegada ou coisa do género.Mas é uma verdadeira maria rapaz que aqui aparece nesta verdadeira aventura.Qual é a verdadeira Ana Lucia?
Gostei muito de ler,claro.Beijo.IS

Anónimo disse...

Se"isto"é o blogue nunca mais deve acabar! Gostei especialmente da sucessão de histórias que uma recordação gerou,um pouco como aquelas conversas que se diz que são como as cerejas...
Pelo que percebo das meias palavras do J.J.-que nunca nos conta tudo,como já repararam-ainda vai haver mais posts sobre os malucos dos automóveis!Espero que sejam tão interessates como esta aventura da Ana Lucia,já imaginaram bem uma miúda de doze anos a conduzir uma Ami por um barranco de terra batida acima?
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Anónimo disse...

Gostei imenso de saber que não só os rapazes mas também meninas,como a Ana Lúcia,foram tão precoces nas artes da condução automóvel.
Com ela,só tenho um ponto em comum-o privilégio de um Pai que, no seu zelo pelo futuro dos filhos,para além de um Curso Universitário eles teriam ,também,de tirar a Carta de Condução.Os meus Pais consideravam o primeiro como fundamental e indiscutível mas a segunda era como que um complemento.
Assim,um Domingo à tarde,como habitualmente,meu Pai dirigiu-se à garagem e perguntando-lhe pela Mãe,ouvi surpresa:
-Hoje não vamos passear.Vou ensinar-te a conduzir!

Maria do Rosário Pimentel