ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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Back to BloguEro

por João Bonifácio Serra
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Passei a manhã a tentar recuperar um mês de afastamento deste bloque. As relações fortes têm oscilações assim: momentos de interrupção, pausas, seguidas de reatamentos e reachamentos. De modo que me deitei com frenesim à consulta da série de post, comentários e fotografias recentes, procurando avidamente absorver num lance o resultado das diversas colaborações e da paciente dedicação de bloguistas nas últimas semanas. O resultado foi, como seria de prever, contraditório: o prazer da descoberta somou-se ao desconforto da falha de partilha simultânea, a surpresa da diversidade de temas e de perspectivas cruzou-se com a dificuldade de a todas reconhecer em paridade. A forma possível de sair desta ambivalência é tentar escrever sobre o que li e vi, comentar de novo, provocar.
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Recuperámos memórias cinéfilas (João Jales, José Carlos Faria) literárias (Maria Manuela Gama Vieira, José Carlos Faria), musicais e discográficas (João Jales, José Carlos Faria). Graças a Vasco Trancoso, uma verdadeira aquisição do blogue certamente conseguida após duro teste à capacidade negocial do João Jales, pudemos ter contacto com uma memória dos anos 50, objectivada numa recriação do ano de 55, o ano em que o Brylcreem deu lustro e forma a cabeleiras e o rock and roll mudou a história do mundo, criando pela primeira vez uma cultura da juventude.
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José Carlos Faria, uma presença rara mas sempre marcante neste blogue, escreve naquele estilo torrencial de que só conheço equivalente no Jorge Silva Melo (curiosamente também um homem do teatro), onde as referências culturais não têm fronteiras nem de temas nem géneros nem de espaço geográfico. E assim deambulamos pelas literaturas, pela música ou pelo cinema guiados pelo conhecimento e pela boa disposição do Zé Carlos e pelo seu imenso prazer de desfrutar as criações humanas de mistura com as vivencias pessoais, de as descrever e tornar públicas.
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Maria Manuela Gama Vieira, alguém que tem uma rara capacidade de se entusiasmar com a vida e a literatura, trouxe-nos uma nota que é uma expressão do seu pathos queirosiano.
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Fernando Jorge faz da sua fidelidade à banda desenhada uma celebração da imaginação e da iniciação à vida. Superou com garbo e proveito a “Cartilha Maternal”.

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Mas os três acontecimentos bloguisticos deste Verão são as reportagens. A primeira, do “Encontro de Verão no Inatel”. Se tivesse acontecido em Vila Moura teria honras de páginas e páginas em revistas do social. Se contasse com a presença de um jovem politico em ascensão, poderia dar origem a um encarte no “Jornal das Caldas”. Na dimensão que o Picasa empresta ao slide show é um convívio alegre e empenhado de um conjunto de jovens que recusa a indiferença, apesar da inevitabilidade da mudança dos tempos. Devemos estar-lhes gratos.
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A segunda a fotografia que a Guidó legendou “Três Nascimentos e uma Margarida”. Ela ilustra de forma superior o fascínio da imagem. O interior da tenda que reflecte uma ordem, um gosto, um espírito de alguém, Ivone, que não estando presente fisicamente dá sentido ao que se passa em primeiro plano. A pose das meninas nos seus sorrisos confiantes (na fotógrafa, evidentemente, também ela, Emília, presença não física mas adivinhada, escolhendo o elenco, o momento e a disposição dos elementos) e a Ana, na sua beleza serena, dando a todo o cenário, de uma singular coerência, um sentido que revela e esconde uma montagem que é toda ela feminina, nos actores, nos olhares, na organização, no ambiente.
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A terceira reportagem é, claro, a de Belão. Não é a primeira vez que ela nos traz um registo de uma viagem. Para mim é sempre um acontecimento ler os seus textos: são claros e informados, são descritivos e pessoais, são imaginativos e rigorosos, são envolventes e precisos. A Belão, nas suas reportagens finge tão completamente que chega a fingir que é simples e natural aquilo que como simples e natural ela sente.
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Eu sei que agora há holofotes distorcidos cravados no tema da verdade. Foi o momento escolhido pelo João Jales para tentar reescrever histórias passadas de Verão. Ele tem a base e dados e fez a sua escolha. Mas não nos deixemos iludir pelos seus modos insinuantes. Não se passou nada.
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Até Novembro.
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João Serra
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COMENTÁRIOS

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Manuela Gama Vieira disse:
Claro que à sua falta de assiduidade ao BloguEro, o P.e Renato só poderia dizer: “Menino João, alumno dilecto meo, vá-se penitenciar de tamanha falta!”
Penitenciou-se e…brilhantemente com o texto em que de fio a pavio,tece as suas apreciações às participações dos seus ex-colegas.Reparei que, por motivos óbvios, se esqueceu….dos “Mundos Paralelos”,da sua autoria, cabendo-nos a nós colocar esta “nota” no Back toBloguEro”.Seria injusto não incluir a sua excelente participação na Série “Músicas, filmes e livros da nossa juventude”, proposta pelo nosso talentoso amigo João Jales, para o Verão 2009.
Que muitos Verões, Outonos, Invernos e Primaveras nos acompanhem a todos, aqui, no BloguEro!E agora que já começa a entardecer, vamos a caminho do Outono, o Sol nos deixa mais cedo e dá lugar à Lua, vou citá-lo, com uma evocação à Lua, num artigo que escreveu na sua juventude, publicado na Gazeta das Caldas, a propósito de uma noite enluarada de umas férias que passou na Foz do Arelho: “Palavra, que ainda um dia subo lá a cima e a tragotoda para baixo. Palavra…Palavrinha.”Quando conseguir…venha aqui contar-nos, fazendo uso do seu logos…(retribuição ao meu…pathos)!
Maria Manuela Gama Vieira
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Belão disse...
Esta ausência do João Serra está de certeza justificada. Já tinha saudades de o “ver” por aqui. E digo por aqui, porque o visito frequentemente no “o que eu andei”. Muitas vezes a falta de tempo, por motivos profissionais, impede-me de viajar pelos blogs. Mas na correspondência que tento actualizar, são muitos os mails que recebo, e ainda bem, que me encaminham para a sua escrita. E dá-me sempre muito prazer.
Quando fiz o Complemento de Formação na Universidade Aberta, sobre Património Histórico Local, telefonei ao mestre Pedro Flor, meu orientador, e questionei-o sobre a bibliografia a consultar. Sugeriu-me várias obras e concluiu: “Mas em JB Serra tem tudo.”
Apesar de ter lido um “Até Novembro” aqui no blog, espero que nos continuemos a encontrar por “aí.”Um beijo.
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Guida disse...
Não podias resistir a parafrasear Pessoa. Não é, Bonifácio?
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VT disse...
Agradeçendo as palavras sempre amigas do João, aproveito para referir que colaborar no Blog do ERO é que representou uma aquisição para mim... Para além dos amigos que já tinha vim a conhecer aqui outras pessoas também estimáveis que enriqueceram os meus conhecimentos e as minhas solidariedades.
Comungo da opinião que este Blog merece mais destaque ainda, devida à grande qualidade dos diversos contributos... Porque não a edição de uma brochura com textos e imagens (obrigatórias as caricaturas da São) mais significativas?
Para nós que nos habituamos aos excelentes textos e às opiniões profundas e amigas do João, o "até Novembro" soa a muito tempo... Apesar de compreendermos, esperamos que nos continuemos a encontrar "por aí" como diz a Belão - na Blogosfera... e não só.
Abraço
VT
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Luisa disse...
Achei muito interessante esta crítica do João Serra,até porque não tem sido muito habitual alguém escrever sobre toda uma temporada do blogue.Queria dizer que gostei muito mas achei que houve dois esquecimentos para mim incompreensíveis,além do artigo do autor como a Manuela referiu.Refiro-me ao Hotel Califórnia e sobretudo ao Piquenique,dois textos que,melhor do que qualquer descrição,mostram bem a vida na nossa adolescência.
Não pretendo com isto fazer qualquer crítica,se calhar os dois artigos já tinham sido referidos e eu é que não reparei.O que interessa é que este foi um dos melhores temas de sempre aqui no blogue.Bjs.Luisa
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João Serra respondeu:
Tem razão, Luisa. Não li todas as colaborações de Verão e disso me penitenciei logo na abertura do meu breve e ligeiro comentário. É provável que tenha perdido o melhor. Mas vou tentar recuperá-lo e volto já.
João Serra
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João Jales disse:
É sempre bom conhecer uma perspectiva assim do Blog, para quem, como eu, tem dele uma visão parcelar, diária e sempre demasiado próxima. Saber o que alguém, que por aqui passa após algum tempo de ausência, retém e aprecia é um indicador precioso, particularmente quando o observador é o João Serra.
Os autores dos posts referidos já responderam ao comentário, restam apenas os pobres e tão maltratados Mitos Estivais... Sempre que ficcionei alguns episódios mais ou menos românticos da minha adolescência, recebi sempre comentários que os analisavam como se de uma auto-biografia se tratasse! Agora que decidi relatar ipsis verbis três pequenos apontamentos estivais, estes sim verídicos e biográficos, a resposta que recebo é "não nos deixemos iludir pelos seus modos insinuantes. Não se passou nada." Só talvez o (também) incompreendido Fernão Mendes Pinto me fizesse justiça...
Espero que a longa ausência do João não se repita e ele apareça de forma mais regular neste Blog onde as suas colaborações são sempre muito apreciadas.
Um abraço. JJ
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Isabel X disse:
Este olhar para dentro do próprio blogue, óptima ideia aliás e que tão bem resultou, só mesmo o João Serra para a ter! E, principalmente, só ele para a executar deste modo subtil e cheio do humor velado que lhe é característico.
Quanto aos post a que se refere ou não refere neste texto, suponho que estão todos os que foram publicados desde a última vez em que o João participou no blogue. Não me parece que haja lugar a apontar esquecimentos.- Isabel Xavier -
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Margarida Araújo disse:
É verdade que temos por aqui um Quinteto (Sexteto?) de peso. Em diferente áreas, ou em áreas comuns, são um manancial rico de memória, de informação, de cultura. Cada um com estilo próprio de escrita, traçam a história de várias gerações, e são um prazer para quem os lê.
João, "Três Nascimentos e uma Margarida" é um título muito feliz, que o JJ arranjou. A lembrar-me outro, "Paredes de Louça", que tu deste a um trabalho meu e do Património Histórico sobre a azulejaria de fachada das Caldas da Rainha.
Deixo aqui o recado da autora da fotografia e o meu: a tua análise comoveu-nos. O teu olhar exterior a reforçar o que ali se passa. Como actrizes, como uma encenação, como um teatro, como a vida.
Guidó
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José Carlos Faria disse:
É um privilégio para todos poder contar com a participação do João Bonifácio Serra e desfrutar da sua lúcida ponderação, da aguda capacidade crítica tão serenamente transmitida, da sensibilidade das suas estórias e do sentido da(s) sua(s) história(s). ficamos a aguardar (ansiosamente) por Novembro, que remédio...
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Anónimo disse...
Luisa,atente neste parágrafo do João Serra:"Eu sei que agora há holofotes distorcidos cravados no tema da verdade. Foi o momento escolhido pelo João Jales para tentar reescrever histórias passadas de Verão. Ele tem a base e dados e fez a sua escolha. Mas não nos deixemos iludir pelos seus modos insinuantes. Não se passou nada."
Afinal...o Jales tem "a base de dados",percebe agora...o esquecimento?Mais que desculpado o João Serra...
E o menino Jales é muito traquinas...
Como bem diz o povo..."uns comem os figos,a outros rebenta-lhes a boca"!
Manuela Gama Vieira
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6 comentários:

Belão disse...

Esta ausência do João Serra está de certeza justificada. Já tinha saudades de o “ver” por aqui. E digo por aqui, porque o visito frequentemente no
“o que eu andei”. Muitas vezes a falta de tempo, por motivos profissionais, impede-me de viajar pelos blogs. Mas na correspondência que tento actualizar, são muitos os mails que recebo, e ainda bem, que me encaminham para a sua escrita. E dá-me sempre muito prazer.
Quando fiz o Complemento de Formação na Universidade Aberta, sobre Património Histórico Local, telefonei ao mestre Pedro Flor, meu orientador, e questionei-o sobre a bibliografia a consultar. Sugeriu-me várias obras e concluiu: “Mas em JB Serra tem tudo.”
Apesar de ter lido um “Até Novembro” aqui no blog, espero que nos continuemos a encontrar por “aí.”
Um beijo.

Guida disse...

Não podias resistir a parafrasear Pessoa. Não é Bonifácio?

VT disse...

Agradeçendo as palavras sempre amigas do João, aproveito para referir que colaborar no Blog do ERO é que representou uma aquisição para mim... Para além dos amigos que já tinha vim a conhecer aqui outras pessoas também estimáveis que enriqueceram os meus conhecimentos e as minhas solidariedades. Comungo da opinião que este Blog merece mais destaque ainda, devida à grande qualidade dos diversos contributos... Porque não a edição de uma brochura com textos e imagens (obrigatórias as caricaturas da São) mais significativas?
Para nós que nos habituamos aos excelentes textos e às opiniões profundas e amigas do João, o "até Novembro" soa a muito tempo... Apesar de compreendermos, esperamos que nos continuemos a encontrar "por aí" como diz a Belão - na Blogosfera... e não só.
Abraço
VT

Anónimo disse...

Achei muito interessante esta crítica do Dr. João Serra,até porque não tem sido muito habitual alguém escrever sobre toda uma temporada do blogue.
Queria dizer que gostei muito mas achei que houve dois esquecimentos para mim incompreensíveis,além do artigo do autor como a Manuela referiu.Refiro-me ao Hotel Califórnia e sobretudo ao Piquenique,dois textos que,melhor do que qualquer descrição,mostram bem a vida na nossa adolescência.
Não pretendo com isto fazer qualquer crítica,se calhar os dois artigos já tinham sido referidos e eu é que não reparei.
O que interessa é que este foi um dos melhores temas de sempre aqui no blogue.Bjs.Luisa

Isabel X disse...

Este olhar para dentro do próprio blogue, óptima ideia aliás e que tão bem resultou, só mesmo o João Serra para a ter! E, principalmente, só ele para a executar deste modo subtil e cheio do humor velado que lhe é característico.
Quanto aos post a que se refere ou não refere neste texto, suponho que estão todos os que foram publicados desde a última vez em que o João participou no blogue. Não me parece que haja lugar a apontar esquecimentos.
- Isabel Xavier -

Anónimo disse...

Luisa,atente neste parágrafo do João Serra:"Eu sei que agora há holofotes distorcidos cravados no tema da verdade. Foi o momento escolhido pelo João Jales para tentar reescrever histórias passadas de Verão. Ele tem a base e dados e fez a sua escolha. Mas não nos deixemos iludir pelos seus modos insinuantes. Não se passou nada."
Afinal...o Jales tem "a base de dados",percebe agora...o esquecimento?Mais que deculpado o João Serra...
E o menino Jales é muito traquinas...
Como bem diz o povo..."uns comem os figos,a outros rebenta-lhes a boca"!
Manuela Gama Vieira