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Estes comentários referem-se ao post "À JANELA DA RAINHA", que deve ser lido antes. Basta clicar AQUI para o fazer. Se já o leu, aprecie os comentários. Nuno Valadas disse...
Apesar de ser apenas filho adoptivo das Caldas não deixei de vibrar com este comentário da minha amiga Isabel pelo que tem de autenticidade e poesia. Os namoros de janela fazem parte também do meu imaginário juvenil e tornei a revivê-los. Brilhante! .
Júlia Ferreira disse:
Gostei muito do texto da Isabel nas referências à função das janelas no «dantes», e não pude deixar de sorrir com o ritual do namoro «de estaca» ou «de gargarejo», nas costas da Rainha, que mesmo passando do segundo para o primeiro andar teria ainda de obrigar a códigos de comunicação não-verbal. São apontamentos curiosos evocando a tradição feminina de espera e de reserva dentro do espaço doméstico, característico da burguesia urbana do Portugal dos «brandos costumes».
Mas a Isabel só não nos diz como era quando chovia. O namoro era interrompido, o enamorado (com torcicolo crónico...) aguentava ainda à janela estoicamente ensopadinho, correndo o risco de apanhar gripes e constipações ou passava-se só à troca de cartas «em papel perfumado»?
Também fui testemunha, nos meus tempos de «menina e moça», de namoros de janela. Só que as burguesinhas «do catolicismo» (como lhes chama Cesário) e os «burguesinhos» de uma vila pequena como a minha tinham mais sorte: nas moradias unifamiliares, a janela era no rés-do-chão, o que dispensava o recurso a técnicas sofisticadas de sinais e de alfabetos de gestos e permitia «outros abusos». E, neste campo, o meio rural ainda tinha mais sorte, com as idas à fonte e as desfolhadas nas eiras.
Sobre o título do «post», não tenho muito a dizer: no meu tempo de ave que arribou às Caldas e que depois migrou para outras paragens, nunca pude estar «à janela da Rainha», porque a minha janela, na rua da Alegria, dava para o comboio…. Mas lembro-me ainda de que Sua Majestade, apesar de me virar as costas quando eu saía da cidade, parecia acolher-me bem no regresso ao burgo.
Obrigada, Isabel, por este texto. Talvez não o tenha comentado como gostarias, mas… não podes esperar muito da escrita da pessoa «um tanto esgrouviada», que tens na memória…
Um beijinho e até breve,
Júlia Ferreira
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Pedro disse:
Isabel:
Que belo texto! Não é só poetisa (desculpe não dizer ‘poeta’, mas continuo a preferir distinguir o género!), é também “prosista”!
Parabéns e um abraço do
Pedro Sinde
Joaquim disse:
É a segunda vez que eu dou a minha opinião na "janela da rainha" e é com muito gosto que vejo que o prédio em que eu dizia que era de um granito esverdeado (o que parece ser) já lá vão 50 anos, era onde o Valente ia namorar a sua futura esposa. Eu mencionei pessoas que viviam naquele largo, porque não haveria janelas, se não houvessem pessoas.
As casas de um piso que estão no lado direito eram do Sr Joaquim Herculano, que eu tinha mencionado antes, que também tinha duas filhas que gostavam de estar à janela. Na casa dos "Samagaios" ( logo a seguir) ao prédio, eu falava muito com a Dona Margarida, porque ela adorava estar à janela assim como sua irmã e quando da minha chegada do ultramar ela foi das primeiras pessoas a ir a minha casa dar-me a boas vindasP.S..O cunhado da Isabel (o Valente) era muito popular "embora menino fino" juntava-se com colegas de várias camadas sociais da época e quando havia um jogo de bola lá estava ele "corria muito e tinha muita habilidade".
Joaquim
.Ana disse...
Adorei a leitura Isabel!Também eu, me revejo numa janela da Rainha...A casa das minhas Avós, Nia e São... e numa infância cheia de coisas boas. O Quintal, com vista para a Rainha, os quinzes de Maio...claro! A ladeira, e as janelas...A da "casa da costura", da qual guardo memórias únicas, os primos, a infância, os Verões intermináveis e o cheiro dos bolos da Avó São. Mas a "minha" janela...era a outra a seguir... a do quarto da minha Avó Nia! Ir dormir a casa da Avó era a melhor das experiências... o travesseiro a a almofada, o cheiro dos lençóis brancos e o barulho dos carros a passar mesmo ali ao lado...
Obrigada pela sua partilha, realmente os afectos que nos ligam a cada local desta cidade são comuns à nossa condição de Caldenses, que bom manter estas memórias tão vivas.
Ana Azevedo Coelho
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Não vou comentar a janela da Isabel Xavier cujo texto é excelente e descritivo do Largo (embora da Rainha só possa descrever as costas) e arredores. Vou pegar na fotografia que nos mostra a pompa e circunstância das comemorações do 15 de Maio, dia da cidade. Não faço ideia se esta mesma fotografia foi tirada no ano que, resumidamente, vou evocar mas as semelhanças com o que presenciei na altura e que difusamente me vêm á memória são espantosamente iguais. Saímos da Escola em formatura, era eu na altura um imberbe Chefe de Quina Arvorado, e fomos alinhar com a formatura do RI5 e a formatura dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha. Depois destas hostes terem recebido a instrução sobre o papel de cada uma no desfile e das honras a prestar, não só à Rainha mas também aos ilustres “casacas” convidados para a homenagem, lá seguimos marchando com o garbo e a altivez que o momento requeria: A Banda de música do RI5 na frente tocando uma marcha marcial qualquer marcando o passo dos mancebos, Bombeiros e Mocidade.
Embora tanto a Corporação de Bombeiros como o Corpo da Mocidade Portuguesa se tivessem apresentado com as suas respectivas caixas e clarins para marcarem o seu respectivo compasso, tanto estes como aqueles foram proibidos de tocar ficando a cadência entregue apenas à Banda do RI5. Disseram eles, os mandantes da altura, que era para não haver confusão com a mistura de toques. Acontece que a Mocidade encerrava o desfile, a vários metros de distância da Banda e o som chegava-nos difuso, baralhado e com eco, o que nos obrigava a, constantemente trocar o passo, na vã tentativa de acompanhar a cadência.Ao longo da rua, desde a Escola, passando pela Praça de Touros, topo da Rua das Montras e descer até ao Largo assistimos a uma mixórdia de desfile de passos trocados que faria corar o mais bem intencionado. A coisa só melhorou quando o Comandante de Grupo deu ordem aos Comandantes de Castelo para darem vozes de cadência… 1, 2, 1, 2… e aí as coisas entraram nos eixos.
Formados no Largo da Rainha (que afinal é o Largo Conde de Fontalva se bem me apercebi agora) ficamos à espera que as celebrações começassem. Só que neste tipo de eventos “os cães grandes”, nome que dávamos aos senhores de “casaca”, nunca chegam a horas e o tempo, longo tempo, de espera fez-nos suar “as estopinhas” provocando mal estar, dores de pernas e insolações inerentes.Por fim lá chegou o Almirante, sem barco, e ouviu-se o cornetim do RI5 a tocar o “firme”, “sentido”, “abrir fileiras”, “continência”, os Chefes e Comandantes saberiam este ritual, agora os jovens mancebos da hoste, de calções caqui e camisa verde com quinas ao peito não percebiam “patavina” do significado dos toques e foi a atrapalhação, bem disfarçada por sinal através das ordens de viva voz dos Comandantes.
Revista “às tropas em parada”, o Hino Nacional “a Portuguesa” tocado pela Banda e logo de seguida aguentámos estoicamente os discursos, a deposição das coroas e das flores aos pés da Rainha e o regresso, nós à Escola, os Bombeiros ao seu Quartel no final da Av. da Estação e os militares ao RI5.
Foi giro… tão giro que nos anos seguintes me esqueci de ir.
Um abraço
A.Justiça
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Júlia Ribeiro disse:
Um texto muito bem escrirto,muito agradável de ler,aliás, coisa a que a Isabel já nos vem habituando.....muitos parabéns e um beijinho.
Júlia R
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Luis disse:
Gostei do "romance" e da evocação da Rainha, embora o que eu recordo mesmo com saudade em relação a essa casa seja o "Much",várias vezes aqui referido.
Excelente post,na sequência de outros que também o foram,parabéns a todos.Abrç.L
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João B Serra disse:
O texto de memórias cruzadas da Isabel é um exercício sobre a metáfora da janela: um enquadramento da visão e dos afectos, uma silhueta onde se recortam rostos e paisagens.
Nas últimas décadas, a palavra foi popularizada pela informática e houve mesmo um sistema operativo que a tomou como designação. A janela passou a ser um dispositivo de organização que facilita o contacto entre o utilizador e o programa. A banalização da palavra fê-la entrar no sociologuês, surgindo em expressões de gosto tão duvidoso como "janela de oportunidade" e similares. A Isabel recuperou-a aqui para osentido original: abertura para o exterior, espaço através do qual se estabelece uma relação de duplo sentido de dentro para fora da casa.
Bela história a da negociação entre namorados e cúmplices que permitiu, num primeiro momento, aproximar a janela da função e, num segundo momento,conduzir quem estava no exterior para o lado de dentro da janela.
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Pedro disse...
Belíssima, esta sua evocação, Isabel! Perdeu-se, na verdade, este hábito antigo de falar à janela, como se perderam tantas outras coisas, que a Isabel agora resgata com a ternura da Saudade!
Um beijinho
Pedro
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Jaime Serafim disse...
Ler um texto da Isabel é sempre um prazer enorme, mas este tocou-me especialmente.
Conheci a casa da Isabel. Ia lá semanalmente dar explicações à Lena. Naquele tempo era frequente os explicadores deslocarem-se a casa dos explicandos. Era uma casa onde se respirava o conceito de família na mais plena acepção da palavra. A Avó era uma senhora de forte personalidade, supervisora dos netos, em especial da Helena que, talvez por ser a mais tímida, requeria uma atenção mais dedicada. A Mãe da Isabel e de mais quatro irmãos, uma mãe serena, atenta, cuidadora, carinhosa, sempre com um sorriso no rosto, era, e consta que ainda é, uma senhora linda, elegante, sempre muito cuidada, perfumada e bem vestida. Uma casa cheia de gente jovem, mas de uma alegria tranquila onde sempre fui muito bem recebido e sentia os elos de carinho, de amor e de amizade que enlaçavam todos os seus componentes.
Mas os meus contactos com elementos desta Família também existiram fora daquela casa. A Irmã mais velha da Isabel, a Gracinha, foi minha colega no Externato e casou com o Tozé Valente, que foi o meu colega de carteira, também no Externato. São meus compadres - sou padrinho do segundo filho.
Fui professor do Luís, da Lena, da Isabel e do Mário.Mais tarde fui colega da Isabel. Embora de grupos disciplinares algo afastados, fizemos muitos trabalhos em comum, sempre com grande cumplicidade, muita amizade e admiração mútua.
Às vezes encontro a Lena – fazemos sempre uma grande festa. A amizade é forte e recíproca.
Também o texto da Isabel me recordou o que eu ouvia dizer do namoro no tempo dos nossos pais, sempre com muito recato e distância. Trouxe-me à lembrança uma cançoneta cantada naquele tempo pela voz fresca de uma cançonetista, como na altura se designava:Ir à baixa de trem é o que convém e que mais realça.
E tocar todo o ano, no meu piano, a mesma valsa.
E poder namorar no meu quarto andar, com grande alvoroço…
E o rapaz lá na rua, a olhar p’ra Lua, com dor no pescoço.
Beijinhos, Isabel
Jaime Serafim
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Paulinha disse...
Olá Isabel
Que maravilha de texto, adorei, realmente aqui aparecem muitos talentos.
Escreve mais!
BjsPP.
dalila disse...
Excelente texto. Continuo a gostar de janelas, ainda que não veja nem rainha nem rei!Têm algo de mágico e romântico. Como o texto que acabei de ler.
Dalila Garcia
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Artur Henrique Ribeiro Gonçalves comentou no Facebook:
Nunca apreciei muito particularmente a estátua estadonovista da rainha das caldas, Dona Leonor de Lancastre ou de Viseu ou de Avis, Infanta e Rainha de Portugal, criadora das misericórdias e do hospital termal da vila/cidade que passou a ser a sua, mecenas, princesa perfeitíssima, mulher do renascimento, inventora, sem o saber, da arte manuelina, que celebraria o nome do irmão e monarca afortunado, protetora de mestre Gil Vicente, a rainha velha dos autos, inflexível nas suas decisões, mão do infortunado príncipe D. Afonso e madrasta do infante bastardo D. Jorge. Ainda hoje há quem se pergunte se o marido e primo terá morrido de morte natural ou matada. Ainda hoje há quem se pergunte sobre o papel que a refugiada na Madre de Deus terá tido no desaparecimento do marido. Ainda hoje há quem se pergunte se alguma vez houve nestes reinos tornados república alguma governanta como ela...
Gosto de a ver representada
P.S. As minhas palavras acima referem-se exclusivamente, à foto que me enviaram. Tal como a Cris, não fui aluno do ERO, mas já tenho contribuído pontualmente com alguns pequenos comentários.
Gostei particularmente do texto da Isabel Xavier (que só conheço destas paragens), mas não tive oportunidade de compor umas palavras adequadas à postagem e nada me garante que o consiga em tempo útil. Este impedimento aplica-se a muitos outros textos publicados no Blog, que leio sempre com muito prazer, apesar do meu silêncio ser mais fruto das circunstâncias apontadas do que de uma falta de vontade de dar uma opiniãio através da escrita...
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Guida Sousa disse...
Belísima hstória, contada com mestria e carinho e lindissimas fotografias.Tanto quanto julgo saber a autora não perdeu nada por não estar à janela,já que casou cedo!!!Bonita evocação familiar em que se lembram as Caldas de outros tempos,enriquecendo este blogue. Parabéns.GS
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Ana Saudade e Silva disse...
Isabel,Gostei muito da sua história. De facto a beleza das tradições de antigamente, e os sentimentos deixam saudade... A beleza dos sentimentos...
Beijinho
Ana Saudade e Silva
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Patrícia disse...
Já sabe, Isabel, que não resisto a estes textos que escreve.Também este me tem cativa pela forma e pelo conteúdo.
Acho adorável a forma como conta o namoro dos seus pais à janela e a ironia com que descreve a utilização da janela.
Não sei se é fidedigno que a sua mãe se tenha referido à desconsideração da Rainha por estar de costas para a vossa janela, mas parece que a oiço dizer as palavras!
Mais uma vez, no fim, a singularidade da menina que foge à norma e que prefere as janelas do quintal do que as que dão para a rainha. Umas oportunidades podem ter sido perdidas, mas outras terão certamente sido ganhas!!
beijo
Patrícia Baptista
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A tua escrita, mas também a forma como começamos a dispensar afectos a locais, edificios e até a estátuas! E o amor pela cidade faz-se assim, pelo amor por cada um dos elementos que a integra. Por isso nos revoltamos quando algo que faz parte de nós , da nossa identidade, se pretende destruido, a troco de uma modernidade que ninguém compreende. Já bastam os dois mamarrachos da Praça. E ligados aos lugares estão as pessoas, que somos todos nós. E nós somos a cidade. Somos nós, que cá vivemos ou que por cá passámos, nós que amamos esta cidade e que mantemos a sua identidade viva e impedimos que se torne um dormitório da grande cidade, sem alma e sem afectos, somos nós que somos as Caldas!
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João Ramos Franco disse...
Nascido uns anos antes da Isabel Xavier, num prédio com janela para o chafariz, no inicio da estrada para a Foz do Arelho, a minha passagem diária pelo “Largo da Rainha” era obrigatória e ao qual dediquei um post no meu blogue com o nome “Exatidão”e do qual fazia parte o poema de Jorge de Sena que trancrevo. Exactidão
Levam as frases sentido
que uma cadência lhes dá:
sentido do não-vivido
a que fica reduzido o que, escolhido, não há.
Do imo do poder ser, Onde o não-sido se arrasta,Ouvi cadências crescer:vaga música de ter,na vida, quanto não basta - quanto um sentido se entenda, que nem verdade ou mentira. (Que o que dele se aprendaé como cobarde venda para que a luz nos não fira.Luz sem luz, brilho da treva que tudo no fundo é;e a certeza que se elevado fundo da própria treva, de exacta que seja, é.) Levam justiça consigoas palavras que dissermos.
Por quanto sentido antigo, nelas ficou por castigo o futuro que tivermos.
Levam as frases sentido
que uma cadência lhes dá. É justo, injusto - o escolhido?Como quereis que, vivido,ele não seja o que será? Jorge de Sena, in 'Post-Scriptum'Sob o post e o local a Isabel X. escreveu as palavras que transcrevo: "Isabel X disse...Pois fique sabendo, João Ramos Franco, que o "local de passagem diário" da sua juventude, ali mesmo por trás da estátua da rainha, foi o local onde eu nasci (1957), vivi até aos dezoito anos, e ainda vivo, até certo ponto, sempre que lá vou, pois a minha mãe continua a morar na mesma casa.Largo Conde de Fontalva, nº 7.
Não me estou a enganar! O Largo da Rainha D. Leonor é o do Hospital Termal, antigo Largo da Copa!
- Isabel Xavier -" 17 de Outubro de 2009 19:44
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Uma verdade, somos amigos, os 15 anos de idade que não nos separam…
Adorei ler “À JANELA DA RAINHA”, por acaso não me viu passar no Largo!?…
Um abraço amigo do
João Ramos Franco
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Joaquim disse.
Leitura muito agradável e um muito bem escrever da I.Xavier, a dizer-nos o que realmente se passava em tempos já lá idos e não "antigos", assim evito dizer "nos tempos de antigamente".
Vou tentar descrever o Largo M. de Fontalva (largo da Rainha) como ainda hoje o vejo mas, talvez com alguns enganos. Começando com a Rua de Camões (Rua do Parque) e a Almirante Reis (Rua do Felizardo), havia na junção "tipo vértice" das duas com o largo, um restaurante (hoje um estabelecimento de faianças artisticas ) do Sr. Mendes. Na junção Alm. Reis e a H. da Grande Guerra viviam os Parreiras. Contornando o largo era a taberna do Joaquim Herculano, depois se tornou também faianças e hoje...?
Caminhando um pouco mais, um prédio de granito esverdeado onde o Valente "aluno do Liceu" da família dos Natários e, segundo a minha memória me diz, uma vez candidato à presidência da Câmara Municipal, ia namorar "ele na rua, ela à janela". Depois um pequeno café (o Café do Rocha) e logo a seguir os "Samagaios" com a Senhora Margarida e a irmã sempre à janela, o irmão Zé Samagaio (pai), os filhos Augusto, o Toino (aluno do liceu) e a irmã. Havia um outro Samagaio (o Fernando) que tinha uma filha que casou com um sueco e por lá ficou. Nota curiosa: a esposa do F. Samagaio teve a sorte de ser contemplada com 200 contos na lotaria e na semana seguinte o marido com 1.000 (segundo constou), o que era uma quantia avultada para a época.
Continuando a caminhar era a loja do Joaquim Claro (J. Charuto), como era conhecido. No primeiro andar morava o Dr. Carvalho e a família. Do outro lado da Calçada era o Quintal do Charuto .onde moravam os Pereiras e toda a família "Charuto". Linda propriedade mas que foi dada ao abandono. Do outro lado da estrada da Foz, era a oficina do Adelino Ferrador, que mais tarde se tornou no "Pinto das Bicicletas". Presentemente na esquina "sentido Lisbonense", o café do Amadeu Rosa que possivelmente trocou de nome.
Outra curiosidade: em frente à oficina dos Samagaios havia uma bomba de gasolina, talvez a mais antiga das Caldas. O Toino Samagaio como aluno do Liceu que apareça a dizer algo.
Joaquim
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Cristina comentou no Facebook:
Obrigada por divulgarem esta foto. A nossa rainha representada de forma muito académica por Francisco Franco. Rigidez própria da época e também de qualquer regime, pois os regimes gostam do que se enquadra em parâmetros muito fixos e dentro da sua época. Maravilhosas obras ficaram fora de concursos, de qualquer tipo de aceitação, apenas por estarem fora do seu tempo.
Mas do que eu gosto, ainda mais do que a famosa rainha com quem quase todos os dias me cruzo, é da história/lembranças da Isabel no blog do EROS. Através dela conheci uma vivência que não vivi, mas da qual agora, também, de certo modo faço parte. Não tendo partilhado essas histórias gosto de fazer parte do vosso/nosso mundo e quando leio o que escrevem, sinto que de certo modo passei por aqui "naquele tempo". Porque as histórias da nossa juventude são todas únicas, mas contudo são tão parecidas.
Obrigada Isabel pela partilha. Um beijinho para ti e para os antigos alunos de uma "velha aluna" que entrou agora para os bancos do colégio.
Cristina Ramos Horta .
2 comentários:
Gostei muito do texto da Isabel nas referências à função das janelas no «dantes», e não pude deixar de sorrir com o ritual do namoro «de estaca» ou «de gargarejo», nas costas da Rainha, que mesmo passando do segundo para o primeiro andar teria ainda de obrigar a códigos de comunicação não-verbal. São apontamentos curiosos evocando a tradição feminina de espera e de reserva dentro do espaço doméstico, característico da burguesia urbana do Portugal dos «brandos costumes».
Mas a Isabel só não nos diz como era quando chovia. O namoro era interrompido, o enamorado (com torcicolo crónico...) aguentava ainda à janela estoicamente ensopadinho, correndo o risco de apanhar gripes e constipações ou passava-se só à troca de cartas «em papel perfumado»?
Também fui testemunha, nos meus tempos de «menina e moça», de namoros de janela. Só que as burguesinhas «do catolicismo» (como lhes chama Cesário) e os «burguesinhos» de uma vila pequena como a minha tinham mais sorte: nas moradias unifamiliares, a janela era no rés-do-chão, o que dispensava o recurso a técnicas sofisticadas de sinais e de alfabetos de gestos e permitia «outros abusos». E, neste campo, o meio rural ainda tinha mais sorte, com as idas à fonte e as desfolhadas nas eiras.
Sobre o título do «post», não tenho muito a dizer: no meu tempo de ave que arribou às Caldas e que depois migrou para outras paragens, nunca pude estar «à janela da Rainha», porque a minha janela, na rua da Alegria, dava para o comboio…. Mas lembro-me ainda de que Sua Majestade, apesar de me virar as costas quando eu saía da cidade, parecia acolher-me bem no regresso ao burgo.
Obrigava, Isabel, por este texto. Talvez não o tenha comentado como gostarias, mas… não podes esperar muito da escrita da pessoa «um tanto esgrouviada», que tens na memória…
Um beijinho e até breve,
Júlia Ferreira
É a segunda vez que eu dou a minha opinião na "janela da rainha" e é com muito gosto que vejo que o prédio em que eu dizia que era de um granito esverdeado (o que parece ser) já lá vão 50 anos, era onde o Valente ia namorar a sua futura esposa. Eu mencionei pessoas que viviam naquele largo, porque não haveria janelas, se não houvessem pessoas. As casas de um piso que estão no lado direito eram do Sr Joaquim Herculano, que eu tinha mencionado antes, que também tinha duas filhas que gostavam de estar à janela. Na casa dos "Samagaios" ( logo a seguir) ao prédio, eu falava muito com a Dona Margarida, porque ela adorava estar à janela assim como sua irmã e quando da minha chegada do ultramar ela foi das primeiras pessoas a ir a minha casa dar-me a boas vindas
P.S..O cunhado da Isabel (o Valente) era muito popular "embora menino fino" juntava-se com colegas de várias camadas sociais da época e quando havia um jogo de bola lá estava ele "corria muito e tinha muita habilidade" Joaquim
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