Dr Azevedo
Na aula de matemática
Ai Jesus que aflição
Mas que coisa tão apática
De cortar o coração
Quando ele entra lá na sala
Impera o magro terror
Nós só pensamos na ala
Lá pr’ó grande corredor
Quando à segunda-feira
Ele entra furioso
O Benfica fez asneira
E o zero é mais viçoso
Se por acaso ao entrar
Traz na mão sua batinha
Há reumático e o azar
Começa de manhãzinha
Mas apesar destas coisinhas
Preferimo-lo, é fenómeno
Os brônquios andam sãozinhos
Não sabemos polinómios.
Versos de MANUELA CARVALHEIRO (1963)
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COMENTÁRIOS
Manuela Carvalheiro disse:
Caros amigos
Foi uma óptima ideia, lançar um Blog na web sobre o Externato Ramalho Ortigão e os seus antigos alunos. Para alguns de nós, como eu, já passaram muitos anos desde esse tempo na saudosa década de 60. Nem faço contas, por causa das rugas. No entanto é bom ver que alguns de vós ainda se recordam de mim e eu através do Blog recordo-me de todos e dos anos maravilhosos da nossa adolescência e juventude. Um abraço muito especial à Júlia, a minha porta de entrada nesse mundo de recordações e de amizade. Fico sensibilizada ao ver como durante todos estes anos ela guardou os meus versos de pé quebrado, com que eu glosava as pessoas (claro os professores) e as situações. Obrigada Júlia. Agora vou com alguma frequência às Caldas recuperei a quinta de S. José, a dos magustos, e encontro também lá um pouco desse passado que se vive no Blog.
Gostaria de estar convosco. Tem sido difícil no almoço convívio, a data tem colidido com responsabilidades profissionais. Talvez no próximo ano. E aí nas Caldas? Alguns de vós estão por aí. Têm algum local de encontro? Quem sabe se proximamente poderíamos conversar.
Fico à espera e contem comigo sempre
Manuela Carvalheiro
Isabel Vieira Pereira disse:
Desta vez, só quero expressar a minha satisfação pelo aparecimento da Manela Carvalheiro. Agora só falta ela vir a Lisboa com alguma disponibilidade para nos podermos encontrar, como já foi falado.
A não ser que ela vá passar o Natal às Caldas e a gente se veja por lá. Isabel VP
João Jales disse:
A poeta tem momentos de maior e menor hermetismo ao longo das cinco quadras. Não sendo a poesia uma área da minha especialidade (o que neste caso me dá imenso jeito), deixo aos leitores e comentadores a tarefa de decifrar:
- “Nós só pensamos na ala /Lá pr’ó grande corredor” (será que queriam fugir da aula, correndo pelo corredor fora?)
- A quarta quadra, que implica uma relação misteriosa entre a sua batinha e o seu reumático (parece que sofrendo de qualquer afecção reumatismal deveria vestir algo mais protector que uma batinha. Ou trazia-a na mão, e não vestida, porque tinha dores?).
- “Os brônquios andam sãozinhos” também não devia ser verdade num grande fumador como o Dr. Azevedo (mas, se não sabiam polinómios, não “andariam sãzinhas” certamente as caixas cranianas da autora e colegas).
As caricaturas da São Caixinha mostram sempre talento. Acho esta especialmente feliz, como se além da imagem a São tivesse guardado mais recordações do Azevedo. Uma das surpresas desta série! (Já sabem que basta clicar sobre a imagem para a ver em tamanho grande)
Júlia Ribeiro disse:
Joãozinho:
Não sei que castigo te irei dar...vou pensar! Já sei.....Acabaram-se as provas da ginginha!
A dizeres mal dos "maravilhosos" versos da Manela que, com tanto esforço, os ia fazendo nas respectivas aulas e depois no recreio nos proporcionavam umas gargalhadas.....
Estás a pôr-me numa situação perigosa....a Manela ainda me vai excomungar, pois a autora é ela, mas a responsável deles aqui estarem é da Júlia (conheces ?),a minha sorte é que foi com o seu conhecimento....eu não faria isso sem a sua autorização.
Se virem bem,são um resumo do muito que aqui já foi dito em relação ao Dr. Azevedo. A batinha...o Benfica....a má disposição à 2ª feira...o reumático...não vejo como não percebeste!
Com isto tudo não achas que, às vezes, nos apetecia sair porta fora? Lá para o grande corredor....
Em relação à caricatura da São,mais uma vez nos mostra os seus dotes que desconheciamos até ao inicio do Blog. A postura...a careca...os óculos...a pastinha....e a particularidade do ponteiro que não me lembrava mas que logo recompôs algo à sua imagem. Para que serviria ? Alguém consegue descobrir ?
Parabens São!
E agora um apelo à autora de todos os versos de professores entre 1958 e 1965, Manuela Carvalheiro . APARECE, todos aguardamos que digas alguma coisa....Dificuldade em escrever não tens...já sei que é falta de tempo, mas arranja só 5 minutos......Serás bem vinda, até porque muitos colegas te conhecem pelos magustos na tua Quinta, ou será que só te viam no principio e se esqueciam de tudo mais para o fim?! Não me admira nada.......
Um abraço para todos, obrigada Manela.
Júlia R
Isabel Esse disse...
Esplêndida a caricatura da São Caixinha.Na minha opinião a melhor das que aqui apresentou,há não só semelhanças como expressão.Parabéns.Os versos da década de 60 são uma preciosidade,embora concorde contigo que num ponto ou outro se tenha perdido significado em favor da rima...Mas ninguém liga a isso!
João Ramos Franco disse:
A caricatura pela mão da São Caixinha está mais próxima da realidade do Dr. Azevedo, aquele traço dos lábios muito bem (enigmático qb). Os versos da Manuela Carvalheiro também se aproximam mais da realidade.
Talvez não saibam, mas comportamento dele para com alunos melhorou quando o Dr. Perpétua saiu da direcção. O Dr. Azevedo utilizava também a reguada, talvez com pouca frequência, “mas o receio dela estava sempre presente”. Quando a direcção do ERO passou para o Patriarcado, e como o novo director, Pe. António Emílio, não concordava que o medo de agressão fosse favorável ao ensino numa sala de aulas, os hábitos de bater de nos aluno desapareceram.
João Ramos Franco
São Caixinha disse:
Olá João!Já tinha esta tarde visto que tinhas publicado a caricatura, mas só agora tenho tempo para te escrever! Acho que ficou muito bem a acompanhar os ingénuos e engraçados versos da Manuela que indiscutivelmente deviam ter sido, na altura, grande fonte de divertimento! Bom, ainda me divertem agora...e o teu comentário também!!
Z C Faria disse:
Eu, abaixo assinado, que aqui considerei que com as intervenções pedagógicas do Dr. Azevedo se estava apto a extrair raízes quadradas e também as raízes dos molares, juro e declaro, pela minha honra e saudinha que, se os motivos para tal se deviam a um qualquer (na época, raro) desaire conjuntural do glorioso e pluribus unum Sport Lisboa e Benfica, então era por uma nobre e excelente causa...
José Carlos Faria (por extenso e tudo)
A Nónimo respondeu:
Eu, abaixo não assinado, que aqui considerei que as intervenções pedagógicas do Dr. Azevedo não eram as mais apropriadas, juro e declaro, por minha honra e saudinha, que, se os motivos para tal se deviam ao facto do Z C Faria ser do Benfica, então eram por uma nobre e excelente causa! A Nónimo
Margarida Araujo disse:
Que bem verseja Manuela Carvalheiro e a caricatura da São Caixinha é como sempre formidável. Dava para se editar uns novos Perfis com Professores. Claro que seria trabalhoso para a São, mas talvez se consiga a pouco e pouco.
Espero que por aí na Holanda o este teu trabalho tenha visibilidade. Por aqui também. É que é bom de mais para ficar escondido.
Margarida
Ana Carvalho disse:
São, as tuas caricaturas são fantásticas não te sabia tão grande artista, o que vale é que este blog tem dado a conhecer muitos talentos. Espero que haja mais caricaturas para aparecer aqui no blog. Beijos PP
Manuela Gama Vieira disse:
Parabéns à São pelos seus excelentes desenhos/caricaturas! Ao Dr. Azevedo, nem as rugas da testa escaparam...
À Manuela Carvalheiro, os seus versos talvez sofram das influências das aulas de Português, a preocupação com a métrica e a rima.
Conclusão: Alunos do ERO...uns TALENTOS!!! Manuela G V
4 comentários:
Esplêndida a caricatura da São Caixinha.Na minha opinião a melhor das que aqui apresentou,há não só semelhanças como expressão.Parabéns.
Os versos da década de 60 são uma preciosidade,embora concorde contigo que num ponto ou outro se tenha perdido significado em favor da rima...Mas ninguém liga a isso!
A caricatura pela mão da São Caixinha está mais próxima da realidade do Dr. Azevedo, aquele traço dos lábios muito bem, (enigmático qb), Os versos da Manuela Carvalheiro também se aproximam mais da realidade.
Talvez não saibam, mas comportamento dele para com alunos mudou bastante quando a direcção do ERO mudou para o Pe. António Emílio.
João Ramos Franco
A caricatura pela mão da São Caixinha está mais próxima da realidade do Dr. Azevedo, aquele traço dos lábios muito bem, (enigmático qb), Os versos da Manuela Carvalheiro também se aproximam mais da realidade.
Talvez não saibam, mas comportamento dele para com alunos melhorou quando Dr. Perpétua saiu da direcção. O Dr. Azevedo utilizava também a reguada, talvez com pouca frequência, “mas o receio dela estava sempre presente”. Quando a direcção do ERO passou para o Patriarcado e como o novo director, Pe. António Emílio, não concordava que o medo de agressão, numa sala aulas, fosse favorável ao ensino, os hábitos de bater de nos aluno desapareceram.
João Ramos Franco
Desta vez, só quero expressar a minha satisfação pelo aparecimento da Manela Carvalheiro. Agora só falta ela vir a Lisboa com alguma disponibilidade para nos podermos encontrar, como já foi falado. A não ser que ela vá passar o Natal às Caldas e a gente se veja por lá.
Isabel VP
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