ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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MEMÓRIA DOS LIVROS

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por João Bonifácio Serra



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Primeiro, na aula do Capitão Dario, à Avenida, onde fiz o primeiro ano, foram os pequenos livros de cowboys. Os mais populares, da colecção “Mundo de Aventuras”, cabiam no bolso das calças e podiam esconder-se sob a capa de um caderno diário. Nas prateleiras onde acondicionávamos as pastas, por baixo dos tampos das mesas compridas, o tráfico desses livritos era intenso. Os mais novos (eu, o Clemente, o Preto Ramos) desenvolvemos um método de os surripiar aos mais velhos, usando um elástico com um gancho que prendíamos ao objecto cobiçado. A história era sempre a mesma, o desfecho seguro e certo, a ilustração eloquente, o herói era valoroso e o vilão um safado, a rapariga atraente e frequentemente bem decidida. Esta leitura tinha todos os ingredientes para se tornar compulsiva. Rapidamente adquiri o vício.

O financiamento – 15 tostões por exemplar – foi assacado ao meu avô. O expediente usual eram os trocos dos pagamentos das tarefas de que ele me incumbia: adquirir uma revista para a minha avó, comprar os bilhetes da camioneta, preencher e entregar - a partir de 1961 - o totobola.

Ninguém mo tinha dito, mas desde sempre me convenci que se tratava de prática não recomendável. Evitava que o meu Pai tomasse conhecimento da dependência e das suas sequelas. Ocultava o resultado deste movimento aquisitivo num caixote de madeira, no sótão, até que fui miseravelmente descoberto, numa incursão raticida comandada pela minha mãe. Como esperava, a reacção paterna foi negativa. Estava em causa o que parecia um gasto excessivo e injustificado, uma atracção por matérias duvidosas e um conflito inaceitável entre formas nobres ou ignóbeis de ocupação do tempo. Apesar de antecipado, o castigo que o meu Pai me infligiu pareceu-me, porém, desproporcionado e excessivo. Fiquei envergonhado e revoltado. Por uma noite dormi fora de casa.

A segunda fase fez entrar na voragem outro tipo de livros, livros com lombada e autor, livros a sério. O meu Tio ajudou a gerir a crise da repressão sobre o consumo de trash cowboyesco e a transição de acesso à literatura. Dava instruções e orientava pessoalmente as compras em épocas especiais: aniversários, passagens de ano e natais. Continuei a ser um devorador de livros, mas o vício tomou uma forma menos clandestina e aparentemente menos exclusivista.

As fontes de abastecimento diversificaram-se, passando a incluir além de aquisições e presentes, o empréstimo de amigos e familiares, a procura desenfreada dos salvados das antigas bibliotecas dos padres (ou candidatos mal sucedidos ao sacerdócio) Bonifácios e a biblioteca Gulbenkian sita nos Pavilhões do Parque. O impulso consumista manteve-se alto e abarcou diferentes géneros: a literatura para adolescentes (Condessa de Ségur, Enid Blyton, Emílio Salgari), a novela policial, o romance de aventuras. E, por fim, o romance, o grande romance (Camilo, Dumas, Eça). Falarei dessa progressão não linear a seu tempo, se a benevolência do gestor deste blogue o autorizar e a paciência dos leitores o tolerar.

É verdade que, como nas boas famílias tradicionais sempre se soube, o risco que corria era elevado. Os meninos que liam de mais acabavam a tresler. Foi, mais ou menos, o que se passou comigo. É certo que já lá vai quase meio século desde os acontecimentos que relato e consegui abafar o caso e disfarçar as suas consequências. Mas de facto, a passagem da literatura de cowboys à literatura propriamente produziu uma alteração radical de valores. Uma subversão do real. Como se diz em brasileiro, o mundo pontacabeça. Ou seja, enquanto li livros de cowboys, tudo bem. Eu percebia que aquilo não existia. Mas quando comecei a ler romances, aconteceu uma coisa surpreendente: uma cortina de névoa, cada vez mais espessa, isolava-me de tudo o resto à minha volta. Ao alcance do meu olhar, por vezes até das minhas mãos, quando não dos restantes sentidos, ali estavam personagens que deviam ser imaginários, cenas que deviam ser virtuais, objectos que deviam ser imateriais. Mas não eram: tinham espessura, cheiro, vida.

Não, não se tratava de representação, de projecção da alegoria das cavernas. O que se passou comigo foi simplesmente isto: mundos paralelos. Conhecem a teoria? Ao lado do mundo que nós julgamos real, há outro, com outras regras, outros personagens, outra história. Ambos os mundos são reais, mas prosseguem lógicas distintas, ignoram-se mutuamente. Pois bem: eu aprendi a transitar entre um e outro, graças aos livros. Acreditam?


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João B Serra


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C O M E N T Á R I O S



Isabel X disse...
Isto da memória tem muito que se lhe diga! Eu que já confessara a "desmemória" em que ando(até já escrevo à Mia Couto...) e eis que este texto teve o condão de me fazer lembrar um período da minha infância em que descobri debaixo da cama do meu irmão Luís um caixote cheio de livros de cowboys, colecção seis balas, salvo erro! A partir de então, lia um por dia, durante vinte minutos, meia-hora, em que me escondia para o efeito. Repunha-o no caixote e tirava outro. Tudo feito clandestinamente e com a agravante, no meu caso, de ser necessário agir em duas frentes: o mano mais velho e os meus pais! Até que um dia, sem ter a mais leve noção de estar a pôr em causa um sistema tão bem arquitectado, resolvi perguntar à mesa, aos restantes membros da família, o que significava uma palavra, essa palavra, além de constituir o título do próximo livro que eu (julgava que) ia ler, era-me totalmente desconhecida: "O Parricida"! O meu pai ia-se engasgando, claro, e não descansou enquanto não apurou a origem daquela minha dúvida tão pouco metódica. Até parece que sinto agora a frustração que então senti por nem ter chegado a ler o livro. Aliás, nunca mais voltei a ler livros daqueles, mas tenho lido e treslido muito mais do que o bom senso aconselha.
Quanto à transição entre mundos de que o João é capaz, fico expectante, à espera da prometida continuação deste tão promissor texto: conte-nos como é, está bem?
- Isabel Xavier -
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farofia disse...
Esta narrativa está uma delícia! Que recheio, hmm… nem sei… hmm… (desculpe,… hmmm) nem sei qual o ingrediente a destacar, que eles são tantos e a mistura finíssima… hmm!


Escolho um pedacinho de susto ‘Por uma noite dormi fora de casa’… e mais a cena do ‘deve e haver’ do financiamento… ah!... e o vício do ‘herói, vilão e rapariga’… e a ‘perdição’ dos mundos paralelos!

…desisto! Enquanto continuo a deleitar-me com esta, estou já a aguardar a próxima ‘delícia’ do João BS
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João Ramos Franco disse...
O João Bonifácio Serra, dá-nos aqui, e muito bem, a imagem de um percurso pelos livros, em que gerações se tocam numa caminhada de leitura pelos heróis da nossa juventude. Não existe outra realidade, todos passamos esta.
Com sua arte de relatar factos, envolve-nos nas aulas do Capitão Dário (Professor que também foi meu e numa sala que bem conheço), no seu método de aquisição dos livros e os conflitos que este tipo literatura gerava perante a educação familiar.Em seguida mostra o caminho como partiu para os outros géneros literários com o conflito que gera o começar a arrumar na nossa mente tudo o que lemos e sabê-lo distinguir para o poder tornar em conhecimento e validá-lo.
Não vou alargar o comentário, estou na presença de um texto de alguém que muito respeito pelo seu saber e vou aproveitar para aprender com ele na continuação do que tem para nos contar…Sempre amigo
João Ramos Franco
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Luis disse:

Texto muito "saboroso" como diz a "farófia" (é a Drª Inês, não é?),em que apesar da diferença de idades, eu me revejo, já que a leitura de quadradinhos era também censurada no meu tempo.Os livrinhos de "coubois" que comprávamos em 2ª mão,trocávamos,roubávamos uns aos outros, já que dinheiro líquido não abundava na altura foram também as minhas primeiras leituras.
Anoto a promessa de continuação!O João Serra tem muito que contar. L
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ze_mas disse...
Sigo também as reflexões do autor no seu blogue mas aí ele reflecte mais sobre a actualidade do que o passado.
Esta evocação do que significa a leitura,Texas Jack ou os Três Mosqueteiros,retrata realmente o que os livros e a leitura significaram para nós.Será que a Internet e a Playstation terão o mesmo papel nas novas gerações?
Este post,com continuação pelo que percebo,coloca alto as expectativas deste novo capítulo do blogue.
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João Jales disse:
Talvez por ser mais novo nunca tive qualquer censura ao Mundo de Aventuras nem ao Falcão, para os quais houve sempre alguns abonos familiares legais.
O gosto pelos quadradinhos de dois primos,mais velhos,que passaram lá por casa enquanto estudavam no ERO, ajudou-me até a conhecer melhor o Mandrake,Fantasma,Matt Dillon,Tarzan,Flash Gordon,Cisco Kid, Kit Carson (o meu preferido)... Havia muitos mais, mas não os recordo, não me marcaram como estes.Mesmo o célebre Sgt Kirk, desenhado por Corto Maltese (e editado no Falcão), só muito mais tarde me despertou a atenção.
No excelente texto do João, que dispensa os meus elogios, há uma passagem que me chamou a atenção quando a li:
"Os meninos que liam de mais acabavam a tresler. Foi, mais ou menos, o que se passou comigo (...) consegui abafar o caso e disfarçar as suas consequências." Será mesmo?
Se o gestor do Blog a que o autor se refere sou eu (vejo-me mais como um contínuo/linotipista de serviço) só posso afirmar que a continuação deste texto é uma exigência colectiva, bem expressa em todos os comentários.
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Manuela Gama Vieira disse:
Será um lugar comum elogiar as já conhecidas e múltiplas qualidades do autor do texto, mas não posso deixar de o fazer. O seu estilo literário imbuído da singularidade de nos transportar ao mundo e "cenários" da sua juventude, como que conduzindo-nos aos lugares e objectos- aquele delicioso caixote, no sótão-constitui uma viagem ao passado, que parece não ter meia centena de anos, de tão claro e vivo.
O gosto pela leitura ainda nas "carteiras" do Colégio- delicioso, o truque do elástico...- redundou no leitor compulsivo que diz ser, no brilhante escritor e comunicador que, reconhecidamente, é!
Manuela Gama Vieira
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Ana Carvalho disse:
É sempre uma delicia ler estes textos do João Bonifácio. Enquanto o lia, eu que não me conseguia lembrar de nada, recordei-me que, quando era pequena, por volta dos meus 7 anos, começaram a sair uns livros pequenos que se chamavam "Histórinhas Semanais"; eram da Disney, contavam uma história, Os três Porquinhos, O Capuchinho Vermelho, etc, e eu esperava ansiosamente que fosse, salvo erro, 4ª feira, para sair um novo livro que o meu pai nunca se esquecia de me comprar.
Depois vieram "Os Cinco, "Os sete", alguns livros de cowboys , recordo-me do Zorro e muito livros de banda desenhada do Pato Donald, Tio Patinhas, e muito mais coisas que eu lia, melhor devorava...ainda hoje leio alguma coisa, tenho de ter sempre um ou dois livros entre mãos.
Bjs PP
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Isabel Esse disse...
Acho que não percebi bem como é que surripiavam -palavra gira!- os livros aos mais velhos com o elástico mas isso não me impediu de ler e reler esta história da infância do João Serra.Porque ela despertou-me as memórias dos truques para arranjar 2$50 para uma revista,um bolo,uma pastilha elástica,etc.
Eu nunca li o mundo de aventuras porque as minhas bds eram mais o pato Donald e Zé Carioca e depois passei também para a Enyd Blyton.
Gostei muito desta Memória dos Livros e também peço ao autor que não se esqueça da continuação!Lembrou-me isto que havia umas revistas que eram de continuação e era preciso comprar várias para saber a história toda,mas outras estavam entretanto a meio.Lembram-se?
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Isabel Cx disse:
Gostei imenso de recordar muitas destas leituras que o Bonifácio descreve.Leituras que estavam completamente adormecidas na memória e que tambem eu lia e tambem às escondidas..Os favoritos eram sem dúvida o Mandrake e o Kit Carson!!!
Se eu e o Bonifácio fossemos da mesma idade, possivelmente nos teríamos encontrado algum dia na biblioteca do Parque, que para mim era como que uma fonte onde podia acalmar a sede de ler... e mais uma vez às escondidas do meu pai!
Gostei muito dos mundos paralelos...infinidade de mundos onde podemos transitar quando queremos e viver situações conscientemente escolhidas por nós !
Gostei muito.
Beijinho. Isabel Caixinha
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J L Reboleira Alexandre disse...
João Serra, como de costume, conta-nos da forma que só ele sabe a maneira como a maioria de nós (parece que as miúdas também liam livros de cowboys) rapazes, nos iniciávamos na leitura.
Ver a capa do Sargento Preston da GRC (iniciais em francês) ou da RCMP (em inglês) ou para todos nós em Português, da Policia Real (somos ainda súbditos de sua Majestade Britânica)Montada Canadiana, dá para verificar que o actual uniforme de Inverno é o mesmo.Eu «era» no entanto mais Kit Carson, e a sua Jane, Tin Tin e Ron Ron (e não Milu como agora se diz), Buffalo Bill e Coronel William Cody, Capitão Fiúza e os outros que os jovens americanos aprendem na história, como Daniel Boone, ou o grande David Crockett, herói da batalha de Los Alamos. Porque não também o Zorro e o seu companheiro indio, o Tonto. Mas o «meu» Zorro não lutava contra os espanhóis, não usava espada, e disparava balas de prata montado no cavalo Silver.
Enfim a lista nunca mais acaba e faço daqui um desafio ao Nuno Mendes para explicar, com a memória que todos lhe reconhecemos, onde é que fui arranjar a maioria destes livrinhos.
Os cinco, e os sete vieram a seguir, e depois por influência destes veio a literatura. Como a censura doméstica era mínima, pude seguir a minha evolução literária ao sabor das minhas preferências e o sotão ainda guarda muitas destas reliquias.
Abraço
J L Reboleira Alexandre

6 comentários:

Isabel X disse...

Isto da memória tem muito que se lhe diga! Eu que já confessara a "desmemória" em que ando(até já escrevo à Mia Couto...) e eis que este texto teve o condão de me fazer lembrar um período da minha infância em que descobri debaixo da cama do meu irmão Luís um caixote cheio de livros de cowboys, colecção seis balas, salvo erro! A partir de então, lia um por dia, durante vinte minutos, meia-hora, em que me escondia para o efeito. Repunha-o no caixote e tirava outro. Tudo feito clandestinamente e com a agravante, no meu caso, de ser necessário agir em duas frentes: o mano mais velho e os meus pais! Até que um dia, sem ter a mais leve noção de estar a pôr em causa um sistema tão bem arquitectado, resolvi perguntar à mesa, aos restantes membros da família, o que significava uma palavra, essa palavra, além de constituir o título do próximo livro que eu (julgava que) ia ler, era-me totalmente desconhecida: "O Parricida"! O meu pai ia-se engasgando, claro, e não descansou enquanto não apurou a origem daquela minha dúvida tão pouco metódica. Até parece que sinto agora a frustração que então senti por nem ter chegado a ler o livro. Aliás, nunca mais voltei a ler livros daqueles, mas tenho lido e treslido muito mais do que o bom senso aconselha.
Quanto à transição entre mundos de que o João é capaz, fico expectante, à espera da prometida continuação deste tão promissor texto: conte-nos como é, está bem?
- Isabel Xavier -

Anónimo disse...

Esta narrativa está uma delícia! Que recheio, hmm… nem sei… hmm… (desculpe,… hmmm) nem sei qual o ingrediente a destacar, que eles são tantos e a mistura finíssima… hmm!

Escolho um pedacinho de susto ‘Por uma noite dormi fora de casa’… e mais a cena do ‘deve e haver’ do financiamento… ah!... e o vício do ‘herói, vilão e rapariga’… e a ‘perdição’ dos mundos paralelos!

… desisto! Enquanto continuo a deleitar-me com esta, estou já a aguardar a próxima ‘delícia’ do João BS

João Ramos Franco disse...

O João Bonifácio Serra, dá-nos aqui, e muito bem, a imagem de um percurso pelos livros, em que gerações se tocam numa caminhada, de leitura, pelos heróis da nossa juventude. Não existe outra realidade, todos passamos esta. Com sua arte de relatar factos, envolve-nos nas aulas do Capitão Dário (Professor que também foi meu e numa sala que bem conheço), no seu método de aquisição dos livros e os conflitos que este tipo literatura gerava perante a educação familiar.
Em seguida mostra o caminho como partiu para os outros géneros literários com o conflito que gera o começar a arrumar na nossa mente tudo o que lemos e sabe-lo distinguir para o poder tornar em conhecimento e validá-lo.
Não vou alargar o comentário, estou na presença de um texto de alguém que muito respeito pelo seu saber e vou aproveitar para aprender com ele na continuação do que tem para nos contar…
Sempre amigo
João Ramos Franco

Guida Sousa disse...

Sigo também as reflexões do autor no seu blogue mas aí ele reflecte mais sobre a actualidade do que o passado.
Esta evocação do que significa a leitura,Texas Jack ou os Três mosqueteiros,retrata realmente o que os livros e a leitura significaram para nós.Será que a Internet e a Playstatios terão o mesmo papel nas novas gerações?
Este post,com continuação pelo que percebo,coloca alto as expectativas deste novo capítulo do blogue.

Isabel Esse disse...

Acho que não percebi bem como é que surripiavam-palavra gira!-os livros aos mais velhos com o elástico mas isso não me impediu de ler e reler esta história da infância do João Serra. Porque ela despertou-me as memórias dos truques para arranjar 2$50 para uma revista,um bolo,uma pastilha elástica,etc.
Eu nunca li o mundo de aventuras porque as minhas bds eram mais o pato Donald e Zé Carioca e depois passei também para a Enyd Blyton.
Gostei muito desta Memória dos Livros e também peço au autor que não se esqueça da continuação!Lembrou-me isto que havia umas revistas que eram de continuação e era preciso comprar várias para saber a história toda,mas outras estavam entretanto a meio.Lembram-se?

J L Reboleira Alexandre disse...

João Serra, como de costume conta-nos da forma que só ele sabe a maneira como a maioria de nós (parece que as miúdas também liam livros de cowboys) rapazes, nos iniciàvamos na leitura. Ver a capa do Sargento Preston da GRC (iniciais em francês) ou da RCMP (em inglês) ou para todos nós em Português, da Policia Real (somos ainda súbditos de sua Majestade Britânica)Montada Canadiana, dá para verificar que o actual uniforme de Inverno é o mesmo.

Eu «era» no entanto mais, Kit Carson, e a sua Jane, Tin Tin e Ron Ron (e não Milu como agora se diz), Buffalo Bill e Coronel William Cody, Capitão Fiúza, e os outros que os jovens americanos aprendem na história, como Daniel Boone, ou o grande David Crockett, herói da batalha de Los Alamos. Porque não também o Zorro e o seu companheiro indio o Tonto. Mas o «meu» Zorro não lutava contra os espanhóis, não usava espada, e disparava balas de prata montado no cavalo Silver.

Enfin a lista nunca mais acaba, e mando daqui um desafio ao Nuno Mendes para explicar, com a memória que todos lhe reconhecemos, onde é que fui arranjar a maioria destes livrinhos.

Os cinco, e os sete, vieram a seguir, e depois por influência destes veio a literatura. Como a censura doméstica era mínima, pude seguir a minha evolução literária ao sabor das minhas preferências e o sotão ainda guarda muitas destas reliquias.

Abraço
J L Reboleira Alexandre