ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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YOU'VE GOT A FRIEND

por Isabel Caixinha

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Eu frequentava ainda o Colégio em 1971. Quando tinha a possibilidade de descer a ladeira e ir “à cidade” encontrava-me por vezes com um amigo, que não andava no Colégio.
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O A. era sempre uma companhia agradável, possuidor de um particular sentido de humor, que usava perfumes maravilhosos e falava nervosa e rapidamente. Tinha as unhas pequeninas, roídas, decerto consequência do seu nervosismo. Nos nossos sempre curtos e bem dispostos encontros falávamos sobretudo de música.
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Um dia inesperadamente contou-me um segredo. Ia ter que se ausentar para o estrangeiro por um período ainda indefinido de tempo. Fiquei preocupada, e sobretudo triste, com a ideia de‘perder ‘um amigo, ainda que fosse temporariamente.
Fez me um pedido um pouco estranho, mas a que achei difícil recusar .
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Se lhe podia guardar a colecção dos seus Long-Plays enquanto ele estivesse ausente. Na verdade foi com muito prazer que me dispus a ajudá-lo porque, como tínhamos o mesmo gosto musical, podia ao mesmo tempo desfrutar da música que há tanto tempo era o tema das nossas conversas.
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Passado pouco tempo combinamos encontrar-se e ele apareceu no Café Central com os discos. Disse-me que a partida estava planeada para essa noite e tinha pouco tempo, porque ainda tinha coisas a tratar.
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Mais nervoso que o habitual despediu-se e ali fiquei eu com um braçado de discos sem saber bem o que pensar.
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Ao chegar a casa fui imediatamente e com extremo cuidado guardar aquele “ tesouro” que me tinha sido confiado. não fosse o meu pai descobri-los e fazer perguntas a que eu não saberia responder.
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Tinha agora comigo todos os discos de que falávamos nos nossos encontros, entre eles um disco que me chamou a atenção, o meu favorito.. James Taylor , You’ve Got A Friend !
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Sem hesitar liguei o gira discos e deixei-me absorver pela música…esta canção fazia agora mais sentido que nunca para mim. Sem o conseguir substituir no gira-discos, ali ficou desde que o meu amigo partiu até ao seu regresso .
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Ficou como o disco que mais ouvi durante a minha vida e ainda hoje me traz fielmente à memória a presença do meu carismático amigo A.
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Isabel Caixinha
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C O M E N T Á R I O S
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João Ramos Franco disse...
A Isabel Caixinha traz-nos um tema que retrata um sentimento que me é muito querido, “Amizade”. Uma semente que sempre cultivei e dela guardo os frutos, com todo o carinho…
Só um pequeno comentário à tua tristeza, “medo de com a ideia de‘perder ‘um amigo”, mesmo que nunca mais o visses ele “existia” para sempre em ti… As tuas palavras de hoje dão-nos essa realidade.
Um abraço amigo
João Ramos Franco
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VT disse...
Quero dar os parabéns à Isabel pelo interessantíssimo texto que nos trouxe e que nos merece alguns comentários.
Em primeiro lugar não posso deixar de assinalar e compreender que alguém, mesmo roendo as unhas, tenha o bom gosto de considerar a sua colecção de discos (provavelmente de boa escolha a julgar pela amostra)como "tesouro". Estou certo que o meu amigo João Jales faz coro comigo a este respeito.
Depois esse amigo confia, plenamente, na Isabel... ao ponto de lhe depositar nas mãos o acervo de que tanto gosta.
É quase uma parábola que define a própria Isabel. Ou seja: desde muito cedo as pessoas confiam nela - como uma "guardadora de tesouros". É esta a sensação que tenho desde que, recentemente, a comecei a conhecer.
Aliás, aproveito para referir que o relacionamento que iniciei com a Isabel e com a São Caixinha - via Blog - é uma das boas surpresas que 2009 me trouxe. Sente-se, ao longo da participação constante neste Blog, que ambas irradiam uma enorme simpatia, tendo sempre palavras sinceramente agradáveis para todos.Com Sensibilidade e simplicidade aliadas a um espírito (e coração) ainda com a "força" da Juventude que tanto prezam e que cultivam diariamente frequentando este Blog - são muito estimadas por todos.
Já tive ocasião de referir que as excelentes caricaturas da São, merecem publicação. Têm personalidade própria e qualidade técnica qb (é muito mais difícil caricaturar alguém de frente - em vez de perfil).
Mas a história também revela outra característica (quanto a mim fundamental) e que se mantém nos dias de hoje: a capacidade de "ver" as outras pessoas. São atentas aos outros - mas no bom sentido. Isto é, com disponibilidade para descobrir - sobretudo as qualidades nos outros, e não o contrário, como geralmente acontece.
Ou seja não são só guardadoras de "tesouros".O "Tesouro" também está dentro delas próprias.
Bj
Vasco
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Luisa disse:
A canção é lindíssima e,se me permitem,diria que expressa o sentimento deste blogue-tantos amigos que nós tinhamos e não sabiamos onde estavam.Vamos estar todos juntos no próximo dia 14 de Novembro?Espero que sim.
Parabéns Isabel pela tua participação e entusiasmo no "nosso" blogue.Beijos . L
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J.L. Reboleira Alexandre disse...
A Isabel conta-nos num Português simples (e como diria a minha companheira, sem aqueles «floreados» tão habituais noutras narrativas) uma história maravilhosa. A história da amizade entre dois jovens, um que fica e outro que parte, num até não sei quando. As razões dessa partida não são aqui desvendadas,e acrescenta um cheirinho de mistério delicioso. Atendendo à época em que estavamos, quase que as conhecemos. Ou talvez não ! A música de James Taylor (como está diferente hoje em dia, como todos nós afinal!) não era propriamente uma das minhas favoritas. Obrigado Isabel!
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jorge disse...
a música do james taylor era muito bonita,penso que ele tem dois ou três discos muito bons ali um pouco antes de 1974.esta história da isabel é um bom exemplo dos desencontros daquela época,de pouca liberdade e mobilidade,principalmente das raparigas.obrigado pelas memórias que despertaste.jorge
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João Jales disse:
Concordo com o José Luis na admiração pela forma simples como a Isabel conta uma estória pessoalmente complicada, como se adivinha.
Esperava este contributo da autora já que, como eu, todas as suas recordações aparecem sempre ligadas a músicas e intérpretes que a acompanharam durante a adolescência e juventude.
Partilho também da visão do Vasco em relação à Isabel e à São, nem me atrevo a dizer mais nada. Estou também de acordo com ele na apreciação do talento do James Taylor (e recordo, já agora, que a música não é dele mas da Carole King).
Obrigado Isabel por este depoimento, esta é seguramente uma das músicas da tua vida.
Vai aparecendo!
JJ
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Isabel Esse disse...
Não sei se gostei mais de recordar a música do James Taylor ou as histórias dos amores escondidos... Estas "amizades" eram muitas vezes romances envergonhados.
Como já disse antes a Isabel tem sido uma grande impulsionadora deste blogue.
Parabéns!
Isabel S

5 comentários:

João Ramos Franco disse...

A Isabel Caixinha, traz-nos um tema que retrata um sentimento que me é muito querido, “Amizade”. Uma semente que sempre cultivei e dela guardo os frutos, com todo o carinho…
Só um pequeno comentário à tua tristeza, “medo de com a ideia de‘perder ‘um amigo”, mesmo que nunca mais o visses ele “existia” para sempre em ti… As tuas palavras de hoje dão-nos essa realidade.
Um abraço amigo
João Ramos Franco

VT disse...

Quero dar os parabéns à Isabel pelo interessantíssimo texto que nos trouxe e que nos merece alguns comentários.
Em primeiro lugar não posso deixar de assinalar e compreender que alguém, mesmo roendo as unhas, tenha o bom gosto de considerar a sua colecção de discos (provavelmente de boa escolha a julgar pela amostra)como "tesouro". Estou certo que o meu amigo Jão Jales faz coro comigo a este respeito.
Depois esse amigo confia, plenamente, na Isabel... ao ponto de lhe depositar nas mãos o acervo de que tanto gosta. É quase uma parábola que define a própria Isabel. Ou seja: desde muito cedo as pessoas confiam nela - como uma "guardadora de tesouros".
É esta a sensação que tenho desde que, recentemente, a comecei a conhecer.
Aliás, aproveito para referir que o relacionamente que iniciei com a Isabel e com a São Caixinha - via Blog - é uma das boas surpresas que 2009 me trouxe.
Sente-se, ao longo da participação constante neste Blog, que ambas irradiam uma enorme simpatia, tendo sempre palavras sinceramente agradáveis para todos.
Com Sensibilidade e simplicidade aliadas a um espírito (e coração) ainda com a "força" da Juventude que tanto prezam e que cultivam diariamente frequentando este Blog - são muito estimadas por todos.
Já tive ocasião de referir que as excelentes caricaturas da São, merecem publicação. Têm personalidade própria e qualidade técnica qb (é muito mais difícil caricaturar alguém de frente - em vez de perfil).
Mas a história também revela outra característica (quanto a mim fundamental) e que se mantém nos dias de hoje: a capacidade de "ver" as outras pessoas. São atentas aos outros - mas no bom sentido. Isto é, com disponibilidade para descobrir - sobretudo as qualidades nos outros, e não o contrário, como geralmente acontece.
Ou seja não são só guardadoras de "tesouros".
O "Tesouro" também está dentro delas próprias.
Bj
Vasco

J.L. Reboleira Alexandre disse...

A Isabel conta-nos num Português simples (e como diria a minha companheira, sem aqueles «floreados» tão habituais noutras narrativas) uma história maravilhosa. A história da amizade entre dois jovens, um que fica e outro que parte, num até não sei quando. As razões dessa partida não são aqui desvendadas,e acrescenta um cheirinho de mistério delicioso. Atendendo à época em que estavamos, quase que as conhecemos. Ou talvez não !

A música de James Taylor (como está diferente hoje em dia, como todos nós afinal!) não era propriamente uma das minhas favoritas.

Obrigado Isabel!

jorge disse...

a música do james taylor era muito bonita,penso que ele tem dois ou três discos muito bons ali um pouco antes de 1974.esta história da isabel é um bom exemplo dos desencontros daquela época,de pouca liberdade e mobilidade,principalmente das raparigas.obrigado pelas memórias que despertaste.jorge

Isabel Esse disse...

Não sei se gostei mais de recordar a música do James Taylor ou as histórias dos amores escondidos... Estas "amizades" eram muitas vezes romances envergonhados.
Como já disse antes a Isabel tem sido uma grande impulsionadora deste blogue.Parabéns!
Isabel S