ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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09/09/09

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Quarenta anos depois da última gravação dos Beatles como grupo, precisamente em Setembro de 1969, vamos poder usufruir finalmente de todas as gravações oficiais do grupo em formato digital, na melhor qualidade que é possível com a tecnologia de que dispomos hoje.
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Os CDs dos Beatles disponíveis no mercado até hoje eram puras transcrições feitas a partir da mistura final de estúdio e não a partir das gravações originais. Daí que a grande maioria dos amantes da sua música preferissem sempre ouvi-los, com melhor qualidade, nas edições originais em vinil. É este o motivo, para quem não sabia, do enorme entusiasmo e excitação que rodeiam este lançamento, que não é uma simples reedição.
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A música dos Beatles faz parte integrante da vida de todas gerações da segunda metade do século XX, independentemente do gosto pessoal de cada um.
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Isto porque nunca mais o mundo parou à espera de um disco, nunca mais a gravação de uma canção foi televisionada para o mundo inteiro (e hoje seria fácil fazê-lo), nunca mais uma afirmação de popularidade de um músico (“we’re more popular than Jesus” – e eram) incendiou os E.U.A. e motivou autos de fé, nunca mais o FBI contratou Elvis Presley para espiar quatro adolescentes, nunca mais uma canção teve mais de quatro mil versões gravadas, nunca mais nenhum grupo vendeu tantos discos , nunca mais nenhuma geração ouviu o que um bando de adolescentes tinha para dizer sobre a guerra, a humanidade e o futuro (e eles pouco sabiam sobre tudo isso…), nunca mais um Presidente telefonou dezenas de vezes ao seu director nacional de segurança perguntando se um músico já tinha sido expulso do seu país (e não foi, Nixon também não teve essa satisfação), nunca mais outra banda teve sistematicamente os seus discos em todas as votações da melhor música do século XX (vejam a última lista da Rolling Stone), nunca mais se mantiveram durante anos estações de rádio (não digitais) só com as canções de um grupo.
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E a música, alguém ainda quer saber da música? Eu espero ansiosamente a caixa com 14 CDs que encomendei há semanas numa loja online, como se a fosse ouvir pela primeira vez. V
em aí aquela que é verdadeiramente a Banda Sonora da Minha Vida.
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JJ
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COMENTÁRIOS
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Artur R. Gonçalves disse...
Sempre tive uma certa dificuldade em eleger a música, o livro e o filme da minha vida. Prefiro falar das músicas, dos livros e dos filmes que marcaram momentos importantes da minha vida. Limitar o leque de preferências a um caso singular em cada género incomoda-me um pouco. É como se estivesse a pôr o derradeiro ponto final num testamento que não me sinto ainda preparado para assinar. Entretanto, vou exercitando os sentidos para captar o belo à medida que ele vai surgindo.
Os Beatles não é a Banda Sonora da Minha Vida. É uma das bandas que ouvi com muito prazer ao longo da minha vida e espero continuar a ouvir na companhia de outras. Dispor de 14 CD's em formato digital é um privilégio que só a tecnologia actual tornou possível. Ironicamente, é um prazer que só poderá ser usufruído por 50% dos elementos que compuseram o agrupamento. Nós ainda teremos a oportunidade de ouvir todas essas gravações. Nalguns casos pela enésima vez. O pior é quando a nossa audição já não ouve com o mesmo desembaraço como o fazia há quarenta anos atrás. É como se dispuséssemos da obra completa de Shakespeare e não conhecêssemos suficientemente o inglês isabelino para prescindir de uma qualquer tradução.
Mas isto são divagações pessoais sem grande sentido para todos aqueles para quem o 09/09/09 passará a constituir, porventura, a Capicua da Sua Vida. Esperemos pelas novidades que nos trará 10/10/10. É já daqui a 13 meses.
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J J disse...
Obrigado ao Artur pela sua pertinente reflexão.
Já uma vez com uma comentadora deste Blog tive oportunidade de discutir esta questão, a propósito do lançamento desta série. Não será possível que ainda esteja por ler, ouvir ou ver o Livro, o Disco ou o Filme da nossa vida? Penso que o Artur, como a referida amiga, defende que sim.
Eu julgo sinceramente que não, não só pelas condições de produção artísticas actuais como pela minha incapacidade de constituir hoje um terreno tão impressionável como era na minha adolescência e juventude. Realço que falo por mim, não defendo que seja assim com toda a gente, gostaria de ouvir outras opiniões e tenciono voltar brevemente a este tema.
Mas a minha audição, que é para mim um instrumento de trabalho, está óptima, foi medida há pouco tempo e vou portanto poder usufruir das melhorias sonoras incluídas nestes CDs.
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Fernando disse...
Se havia um "fanático" dos Beatles era o JJ!O fantástico texto que escreveu neste blogue sobre o Srgt Peppers demonstrou-o amplamente a todos o que ainda o ignoravam.
Eu concordo com tudo o que é aqui factualmente referido mas o meu coração musical balança por aqui mas também por outros lados...
Esperemos pela continuação. Fernando
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J.L. Reboleira Alexandre disse...
A situação do Artur é talvez aquela que assenta melhor à maioria de nós.
Já quanto à dúvida que levanta, sobre se ainda está para aparecer a música da vida dele, aí não entendo. É que se em termos de audição, e depois de recente limpeza geral, também não estou muito mal, já o facto de não estar mais disponível para fazer 1400 Kms de carro em 2 dias, para ver o «meu grupo preferido», como o fez o meu descendente mais jovem (21 anos, idade linda)no último fim de semana, quer dizer muito.
Por isso, I will give up, e considero um facto adquirido que por muito boa vontade que possa ter, a música, ou as músicas da minha vida já estão todas cá fora, e infelizmente a maioria dos autores já nem andam entre nós.
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Isabel X disse...
A tolerância é a única atitude razoável porque nos é vedado viver a vida dos outros, experienciar as suas experiências. Mesmo que isso fosse possível, como cada um de nós é um ser único e irrepetível, senti-las-íamos de um modo diferente, e seria diferente o efeito que em cada um de nós causariam.
Penso (tenho quase a certeza) ser eu a amiga a quem o amigo João Jales se refere e em conversas que mantivemos, estivemos de acordo pelo menos num ponto: é que a recordação que vamos tendo do passado vai mudando ao longo do tempo e é em cada momento o resultado da reconstrução mental que nos faculta uma memória que é activa, e ainda bem. O que me faz impressão não é descrer da capacidade de agora se criar algo superior ao que criaram os Beatles, ou a quem quer que nos tenha emocionado na adolescência; o que me parece incompreensível é assegurar de antemão que já não se possui a capacidade de emoção comparável à desse tempo só porque se é mais velho. Parece-me uma estratégia de defesa que se coloca à vida e à urgência de vivê-la plenamente ao longo de todo o seu tamanho. É alguém condenar-se a viver de um modo um pouco menor, um pouco amputado, faz-me pena.
Diz-se que "recordar é viver", mas essa frase para mim é de questionar quando acontece fixarmo-nos ao passado com tanto afinco. Quando eu digo que não me lembro do passado, algo que tem sido contestado por alguns dos meus colegas comentadores, digo-o também um pouco por provocação, para fazer pensar. Mas, de facto, tenho que me esforçar por recordar coisas em que nunca mais havia pensado, talvez porque não considero os episódios desse tempo mais marcantes dos que vivi num passado mais recente, dos que vivo agora e, espero, dos que viverei no futuro!
-Isabel Xavier -
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António J M disse...
Comentou-se muito mas ainda ninguém disse que:
1.Este texto tem muito "coração", reflecte muitas emoções de quem o escreve.
2.Este texto tem muita "informação",gostava de saber melhor alguns dos temas que aqui se abordam.Saberá o Fernando que há uma continuação?
3.Este texto tem muita "paixão" porque só quem tem um lugar muito grande na sua vida para a músuca escreve omo o autor escreve(hoje e anteriormente).
4.Quem sabe se a recordação será ou não mais forte que a próxima emoção que vai sentir?Aqui não concordo com o JJ.
5.Depois de ler este texto reli o do Sargent Peppers e digo:é ainda melhor que este,experimentem relê-lo.
Abraço.AJM

6 comentários:

Artur R. Gonçalves disse...

Sempre tive uma certa dificuldade em eleger a música, o livro e o filme da minha vida. Prefiro falar das músicas, dos livros e dos filmes que marcaram momentos importantes da minha vida. Limitar o leque de preferências a um caso singular em cada género incomoda-me um pouco. É como se estivesse a pôr o derradeiro ponto final num testamento que não me sinto ainda preparado para assinar. Entretanto, vou exercitando os sentidos para captar o belo à medida que ele vai surgindo.

Os Beatles não é a Banda Sonora da Minha Vida. É uma das bandas que ouvi com muito prazer ao longo da minha vida e espero continuar a ouvir na companhia de outras. Dispor de 14 CD's em formato digital é um privilégio que só a tecnologia actual tornou possível. Ironicamente, é um prazer que só poderá ser usufruído por 50% dos elementos que compuseram o agrupamento. Nós ainda teremos a oportunidade de ouvir todas essas gravações. Nalguns casos pela enésima vez. O pior é quando a nossa audição já não ouve com o mesmo desembaraço como o fazia há quarenta anos atrás. É como se dispuséssemos da obra completa de Shakespeare e não conhecêssemos suficientemente o inglês isabelino para prescindir de uma qualquer tradução.

Mas isto são divagações pessoais sem grande sentido para todos aqueles para quem o 09/09/09 passará a constituir, porventura, a Capicua da Sua Vida. Esperemos pelas novidades que nos trará 10/10/10. É já daqui a 13 meses.

Anónimo disse...

Se havia um "fanático" dos Beatles era o JJ!O fantástico texto que escreveu neste blogue sobre o Srgt Peppers demonstrou-o amplamente a todos o que ainda o ignoravam.
Eu concordo com tudo o que é aqui factualmente referido mas o meu coração musical balança por aqui mas também por outros lados...
Esperemos pela continuação. Fernando

J J disse...

Obrigado ao Artur pela sua pertinente reflexão.
Já uma vez com uma comentadora deste Blog tive oportunidade de discutir esta questão, a propósito do lançamento desta série. Não será possível que ainda esteja por ler, ouvir ou ver o Livro, o Disco ou o Filme da nossa vida? Penso que o Artur, como a referida amiga, defendem que sim.
Eu julgo sinceramente que não, não só pelas condições de produção artísticas actuais como pela minha incapacidade de constituir hoje um terreno tão impressionável como era na minha adolescência e juventude.
Realço que falo por mim, não defendo que seja assim com toda a gente, mas gostaria de ouvir outras opiniões e tenciono voltar brevemente a este tema.
JJ

J.L. Reboleira Alexandre disse...

A situação do Artur é talvez aquela que assenta melhor à maioria de nós. Já quanto à dúvida que levanta, sobre se ainda está para aparecer a música da vida dele, aí não entendo. É que se em termos de audição, e depois de recente limpeza geral, também não estou muito mal, já o facto de não estar mais disponível para fazer 1400 Kms de carro em 2 dias, para ver o «meu grupo preferido», como o fez o meu descendente mais jovem (21 anos, idade linda)no último fim de semana, quer dizer muito.

Por isso, I will give up, e considero um facto adquirido que por muito boa vontade que possa ter, a música, ou as músicas da minha vida já estão todas cá fora, e infelizmente a maioria dos autores já nem andam entre nós.

Isabel X disse...

A tolerância é a única atitude razoável porque nos é vedado viver a vida dos outros, experienciar as suas experiências. Mesmo que isso fosse possível, como cada um de nós é um ser único e irrepetível, senti-las-íamos de um modo diferente, e seria diferente o efeito que em cada um de nós causariam.
Penso (tenho quase a certeza) ser eu a amiga a quem o amigo João Jales se refere e em conversas que mantivemos, estivemos de acordo pelo menos num ponto: é que a recordação que vamos tendo do passado vai mudando ao longo do tempo e é em cada momento o resultado da reconstrução mental que nos faculta uma memória que é activa, e ainda bem. O que me faz impressão não é descrer da capacidade de agora se criar algo superior ao que criaram os Beatles, ou a quem quer que nos tenha emocionado na adolescência; o que me parece incompreensível é assegurar de antemão que já não se possui a capacidade de emoção comparável à desse tempo só porque se é mais velho. Parece-me uma estratégia de defesa que se coloca à vida e à urgência de vivê-la plenamente ao longo de todo o seu tamanho. É alguém condenar-se a viver de um modo um pouco menor, um pouco amputado, faz-me pena.
Diz-se que "recordar é viver", mas essa frase para mim é de questionar quando acontece fixarmo-nos ao passado com tanto afinco. Quando eu digo que não me lembro do passado, algo que tem sido contestado por alguns dos meus colegas comentadores, digo-o também um pouco por provocação, para fazer pensar. Mas, de facto, tenho que me esforçar por recordar coisas em que nunca mais havia pensado, talvez porque não considero os episódios desse tempo mais marcantes dos que vivi num passado mais recente, dos que vivo agora e, espero, dos que viverei no futuro!
-Isabel Xavier -

António J M disse...

Comentou-se muito mas ainda ninguém disse que:
1.Este texto tem muito "coração", reflecte muitas emoções de quem o escreve.
2.Este texto tem muita "informação",gostava de saber melhor alguns dos temas que aqui se abordam.Saberá o Fernando que há uma continuação?
3.Este texto tem muita "paixão" porque só quem tem um lugar muito grande na sua vida para a músuca escreve omo o autor escreve(hoje e anteriormente).
4.Quem sabe se a recordação será ou não mais forte que a pr´xima emoção que vai sentir?aqui não concordo com o JJ.
5.Depois de ler este texto revli o do Sargent Peppers e digo:é ainda melhor que este,experimentem relê-lo.
Abraço.AJM