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Bom amigo Figueiredo Lopes
e todos os Amigos das Caldas
(em especial ex-alunos do ERO)
Antes de mais as minhas melhores saudações para si, Figueiredo Lopes, pelos justíssimos louvores que os Caldenses lhe prestaram. Associo-me de todo o coração, por todas as razões e pela velhíssima amizade que nos une. Tive muita pena de não estar presente nesse almoço, mas as actividades ao sábado ou ao domingo para os padres são fatais, nunca dá, estamos sempre presos. Mas tenho esperança que um dia mais livre destes compromissos possa satisfazer esta sede de vos abraçar.
Tenho seguido, diariamente, a abundante e variada conversa que o Blog nos envia. É fantástico como estas técnicas permitem uma tão fácil e rápida comunicação. Já não nos podemos lamentar da distância ou do isolamento. Tem sido para mim um extraordinário recordar de velhos tempos. Tenho pena de já não me lembrar de muitos nomes, e muitas caras-- como estão mudadas!-- também já não as identifico. A memória começa a fraquejar muito cedo e os anos de separação já são muitos. Deixei-vos há 35 anos.
Tenho tido vontade de também partilhar convosco algumas das minhas memórias desse tempo, mas o vagar tem sido pouco, e o que mais vos queria contar não é para mim muito agradável --- o fim do colégio que era o que faltava às vossas histórias. Foi o pior que tive de suportar nos 9 anos que aí estive. Nos últimos três anos muito lutei com outros responsáveis do Ensino particular para que este tivesse outro contexto no panorama do ensino em Portugal. A sua subalternização era humilhante, injusta e desumana. Essa mudança só veio a acontecer depois do 25 de Abril. Não podendo fazer nada, apesar das promessas de Veiga Simão que nunca se chegaram a concretizar, a vinda do Ensino Oficial para as Caldas era, na altura, a melhor solução para os alunos e para as famílias. Dei todo o meu apoio para que os alunos pudessem passar, sem prejuízo, para a Secção do Liceu de Leiria nas Caldas. Mas isso seria, inevitavelmente, a sangria do Ramalho Ortigão. E assim foi. Por isso, e só por isso, dolorosamente, pedi para sair das Caldas. Era um funeral que eu não queria fazer. Vim para Lisboa, para a Ajuda, onde ainda estou. Como gostava de ensinar, e tinha tempo para isso, fui para o Ensino Oficial como fizeram todos os colegas que leccionavam no Colégio. Mas a primeira Escola -- o ERO-- ficou sempre gravada.
Muitas coisas podia ainda contar, mas não vos quero massacrar.
Quero, finalmente, agradecer as mensagens de parabéns pelos meus 70 anos que tiveram a amabilidade de me enviar com o apoio do Blog. A todos um grande abraço de muitas felicidades.
P. Xico
Saúdo a primeira mensagem que o Blog recebe do último Director do Externato Ramalho Ortigão. Não poderia haver melhor tema para estas primeiras palavras do que a figura do nosso professor António José Lopes.
Fico, no entanto, com a curiosidade desperta para saber mais sobre estes três últimos anos do ERO, um capítulo que está em falta na nossa história do Colégio. E quem melhor para a contar do que o Padre Xico?
Sei que o nosso antigo Director tem muitas fotografias desse tempo, já que era das poucas pessoas da época que se fazia acompanhar regularmente de uma máquina. Se em relação a um texto sobre os últimos dias do Colégio compreendo que as tarefas do dia-a-dia o tenham atrasado, em relação a essas imagens ofereço-me desde já para as ir buscar ao local e à hora que o Padre Xico indicar. Sei que o prazer de as partilhar com centenas de antigos alunos através do Blog justificará o seu esforço para as disponibilizar. Nós trataremos da sua digitalização.
Obrigado pela sua intervenção neste espaço. Um abraço.
JJ
16-06-08
João Ramos Franco disse:
Penso que não me competiria ser o comentador da sua mensagem, já que não era aluno na sua época, mas as suas palavras amigas tocaram-me e o final do ERO é uma dor comum e a sua vontade de partilhar velhas histórias é um modo de dizer que está presente.
Sou Antigo Aluno ERO, faço 66 este ano, tendo para mim que toda a história do Externato Ramalho Ortigão é do interesse de todos. Li nas suas palavras: “Foi o pior que tive de suportar nos 9 anos que aí estive”, que gostaria de ler no Blog a realidade de quem os viveu.
Sei Padre Xico quanto é difícil falar daquilo nos dói mas penso que muitas vezes temos que nos sacrificar em prole do conhecimento. Se a partilharmos a dor, ela torna-se mais leve. João Ramos Franco
16-08-2008
Vasco disse:
Obrigado Pe Xico pela primeira (de muitas, espero) intervenções no nosso blog. Partilho com o João a vontade de "tratar" as fotos que tiver a amabilidade de disponibilizar para que avivem memórias e relembrem estórias que provavelmente estão esquecidas. Quando o João se disponibilizou para ir buscar as fotos esqueceu-se de se disponibilizar para as devolver, por isso posso assegurar desde já a sua devolução :-) Mais uma vez agradeço o contributo, que muito me alegrou, aguardando ansiosamente por novos episódios. Um grande abraço VB
1 comentário:
Obrigado Pe Xico pela primeira (de muitas, espero) intervenções no nosso blog. Partilho com o João a vontade de "tratar" as fotos que tiver a amabilidade de disponibilizar para que avivem memórias e relembrem estórias que provavelmente estão esquecidas. Quando o João se disponibilizou para ir buscar as fotos esqueceu-se de se disponibilizar para as devolver, por isso posso assegurar desde já a sua devolução :-). Mais uma vez agradeço o contributo,que muito me alegrou, aguardando ansiosamente por novos episódios.Um grande abraço VB
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