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Fernando Figueiredo possui aquele jeito singular do contador de histórias.Cada um de nós julga adivinhar nas suas palavras um sentido particular.Quando termina, é em nós que elas continuam o seu trajecto. Por vezes parece que o andar se desviou do caminho, mas não. Tratou-se apenas de uma pequena paragem destinada a ganhar fôlego para a etapa final. Ao fim da tarde, na esplanada do Parque, na sua voz grave evoca as passadas largas do seu irmão, a quem se refere simplesmente como “o padre”. Sorrimos, enternecemo-nos, sofremos, revoltamo-nos, julgamos adivinhar as perplexidades e os entusiasmos, nas gestos e nas palavras do Fernando, do “padre”, do Padre António Emílio.
Não sei se o Fernando tinha alguma intenção precisa, para além de nos desvendar um pouco da outra história desse padre que marcou gerações de caldenses. Mas o eco que nos quis transmitir, se interpreto bem, é o de alguém que sempre se viu como aquele que ajuda a encontrar caminhos, aquele que dá passagem.
O debate sobre os sinais que queremos deixar nas esquinas da cidade não é um debate ocioso. Objectei à atribuição que a Assembleia Municipal fez de um fragmento de rua ao nome do Padre António Emílio, em termos de uma racionalidade epidérmica.
Uma outra perspectiva é possível, no entanto. O que Fernando Figueiredo me fez ver foi que o local indicado para inscrever na cidade o nome do “padre”, mais do que uma rua ou uma avenida ou uma praça, é uma ligação entre espaços, um traço de união, uma passagem. Aquela que a Assembleia decidiu, sem o saber, é afinal tão boa como qualquer outra.
João Serra
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C O M E N T Á R I O S
C O M E N T Á R I O S
15-06-2008
Belão disse:
Ainda lá estaria a esta hora, não fora o adiantado da hora e também os compromissos previamente assumidos. Que maravilhoso fim de tarde passámos na esplanada do parque com o Fernando Figueiredo!
Confesso que antes de o ouvir partilhava da maioria das opiniões, no que se refere à localização da futura Rua Pe.António Emílio. Mas o Fernando falou, falou, contou, explicou,... e nós, os presentes neste agradável fim de tarde, ouvimos, questionámos, sorrimos... ficámos a conhecer um pouco mais do "padre" e sobretudo do Homem. O suficiente para não mais questionar a localização/dimensão da rua.
Um beijinho,Fernando.
Belão
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15-06-2008
João Ramos Franco disse:
Na verdade, João Serra, o teu testemunho sobre o vosso encontro com o Fernando Figueiredo fala-nos do que ele é: ele "Possui aquele jeito singular do contador de histórias. Cada um de nós julga adivinhar nas suas palavras um sentido particular. Quando termina, é em nós que elas continuam o seu trajecto".
Já depois de ter comentado a localização da Rua Padre António Emílio, peguei no telefone e falei com o Fernando sobre o assunto. Claro que ele me deu a sua opinião e eu acabei por concordar com ele. No entanto nada disse e esperei fosse ele a dizer alguma coisa.
É para mim um privilégio ter entre os meus “Amigos” o Fernando Figueiredo. O nosso companheirismo, desde alunos do ERO até trabalharmos na mesma instituição, permitiu-me conhecê-lo bem. Ao longo deste anos temos conversado muito. Habituei-me a encontrar nele o equilíbrio para o ponto certo que eu gostaria de atingir.
João Ramos Franco
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18-06-2008
Fernando Figueiredo disse:
Amigos:
Sou eu que vos estou grato pelo bom bocado que passei convosco... e, mais do que isso, pela paciência de me escutarem. Fiquei muito contente porque perceberam a minha mensagem.As fotos estão óptimas... a Guidó é uma artista!... Parabéns.
Só que fizeram de mim uma espécie de protagonista desta história toda... coisa que não desejo nem nunca quis assumir.O verdadeiro protagonista, pelo que representou e representa para todos vós e para nós também, é e será sempre o meu irmão, Padre António.Mas fiquem certos ... ele está presente em todos estes momentos...
Abraços, FF
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