Caro J.J.
Já tive ocasião de lhe manifestar o meu apreço pelo excelente trabalho que tem desenvolvido no blog do E.R.O. Deu-me até a honra de ver publicados dois artigos meus.
Por uma questão de principio, costumo respeitar as opiniões dos outros e tenho consciência que o blog foi criado para uso dos ex-alunos. É lógico que exprima as vivências da sua época. Porém, através do depoimento de Mário João Xavier mais uma vez são referidos o Casino e a Zaira como locais de encontro da juventude caldense.
É certo que têm sido nomeados muitos outros locais, mas o João sabe perfeitamente que o Casino só era acessível aos sócios e seus familiares e a Zaira, embora tivesse a porta aberta, só era frequentada por um extracto social mais elevado.
Não possuo qualquer animosidade em relação ás pessoas que frequentavam os locais mencionados e penso ser muito natural os intervenientes contarem as suas estórias tal como as viveram.
Éramos discriminados? Penso que não, pois convivíamos com outros jovens que os frequentavam. Tive até uma namorada que ia ao Casino, acompanhada dos familiares, mas eu nunca lá entrei.
Opiniões sobre elitismos ou hostilidades entre os alunos das duas escolas?
Sei apenas que existiam famílias de maiores ou menores recursos, e cada uma procurava a escola de acordo com a sua capacidade económica. Como eu pertencia ao segundo grupo é lógico que tinha pena e, porque não dizer, uma pontinha de inveja quando, no Verão, espreitava o Casino e via os casalinhos da minha idade a dançar ao som de boas orquestras. Mas o que lá vai lá vai!
Ferreira de Castro dizia numa das suas obras." O que este ou aquele tem, não importa. O importante é o que a maioria não tem!"
Quando foi publicado no blog o intempestivo artigo de Artur Alves, entendi não votar nem comentar. Pensei imediatamente nos conflitos que iriam surgir (e não foram poucos!).
Embora o Artur tivesse razão nalguns pontos, penso que também existiam alguns ressentimentos.
Elitismos? Sempre existiram.
Hostilidades entre escolas? Já dei a minha opinião em devido tempo.
Quem as provocava? Logicamente aqueles que pouco ou nada tinham, e também gostariam de comprar livros e discos na Tália ou frequentar os locais tantas vezes referidos nas estórias do blog.
Inveja? Discriminação? Ressentimentos? Talvez um pouco de tudo.
Sempre ouvi dizer que toda a vida existiram ricos e pobres. Por isso estou de acordo com aquela expressão que diz: “Cada macaco no seu galho”.
Pessoalmente não me posso lamentar. Embora tivesse uma infância um pouco amarga devido à crise económica provocada pela última guerra, que terminou em 1945, a minha juventude foi passada nas Caldas com uma situação económica mais desafogada e, depois de casar, é que também tive um gira-discos e a seguir o primeiro automóvel, que foi um Fiat 600.
Sem qualquer espécie de ressentimento, e livre de polémicas, sei por experiência,que nos anos 50 a maior parte da juventude caldense não frequentava o Casino nem a Zaira. Sobre os anos 60 não me posso pronunciar porque, após ter casado, fui para Lisboa.
Lembro-me duma passagem de ano ter ido a Caldas com a minha mulher e ir ao Ferro Velho, na companhia do Roberto Lança e da Salomé.
Um abraço.
Fernando Santos
P.S. Junto mais um anúncio dos anos 30 e proponho uma adivinha.
Qual o motivo do Dr. Melo Ferrari estar encerrado às segundas feiras?
Num email posterior, o Fernando escreveu: A minha mensagem era particular porque não pretendia fazer qualquer comentário ao que o Mário escreveu. Aliás a estória está muito bem contada e com todos os pormenores.
Quanto à sua publicação não era essa a minha intenção, mas se o João entender que ela contém algo de positivo para o blog e não ferir a sensibilidade daqueles que têm contado as suas estórias, pode publicar.
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