ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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Dra. Cremilde Palma e Dr. André Gonçalves

pel' "A Embaixada da Boa Vontade"...



Depois de mais de 40 anos, fomos encontrar um simpático casal de antigos professores do ERO, que aí começaram com as “ameaças de o ser”, conforme mais adiante se verá.


Foi o acaso que levou a que se encontrassem no colégio e aí o cupido se encarregasse do resto… “o amor andava no ar”, transparecia nos seus rostos que se ruborizavam a qualquer momento! e serviu de inspiração à poetisa da turma, a Manela Carvalheiro, que, numa das aulas, lhes dedicou uns versos.


Trata-se da Dra. Cremilde Palma e do Dr. André Gonçalves, que prontamente se disponibilizaram a receber esta “embaixada de boa vontade” que pretendia recolher as suas recordações, vivências e episódios mais relevantes da sua passagem pelo colégio. O vaticínio da poetisa deu certo e o namoro começou mesmo ainda no colégio. Casados pelo então Padre Luís Moita, em 1965, residem em Lisboa desde essa data.






O destino estava traçado! A Dra. Cremilde sendo natural de Évora, onde fez todo o seu percurso escolar até ir para a faculdade, via ao longe na rua, de passagem, aquele que mais tarde viria a ser seu marido.

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Este, tendo vivido em Évora uma parte da sua adolescência, costumava passear de cavalo pelas calçadas da cidade onde imperava o silêncio das tardes quentes de verão, e, ainda hoje, a Dra. Cremilde tem no ouvido o som do trote do cavalo e a imagem do “cavaleiro andante”, à data ainda desconhecido. Não há dúvida de que as coincidências existem…

Licenciada em Românicas, começou a leccionar no ERO no ano 61/62, com 21 anos, estando ainda na faculdade a frequentar o último ano do curso (duas cadeiras e a preparar a tese).
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Havendo necessidade de mais uma professora para a disciplina de português, por a Dra. Armanda estar sobrecarregada com todas as turmas, o Padre António Emílio viria a convidar a Dra. Cremilde para o colégio, por intermédio da mesma Dra. Armanda, que a conhecia por ser colega de faculdade duma sua irmã.
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Quando o seu nome foi sugerido (parece que algo já estaria predestinado…) no meio da conversa, a dada altura, foi comentado pelo Padre António: «Vou levar uma namorada para o André».
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Só muito mais tarde a Dra. Cremilde teve conhecimento desta história, conforme referiu, e ainda bem, porque, caso contrário, não a teríamos tido como professora. Ela própria diz: «Não sei como fui parar às Caldas, como aceitei o convite». Será que havia uma força oculta a puxá-la para lá?, perguntamos nós!

Aos doze anos pensou que haveria de ser professora, gosto esse que viria a ser reforçado na faculdade ao ter como professores Lindley Sintra, Vitorino Nemésio , Jacinto Prado Coelho e David Mourão Ferreira.
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Desde o liceu que sempre teve um grande interesse pela língua francesa, motivada pelo professor, pessoa que muito admirava. Também Virgílio Ferreira, no sétimo ano, foi uma referência e uma motivação.

No ERO leccionou português e francês durante os anos 61/62 e 62/63, dos quais guarda boas recordações. Realça o convívio com os colegas e o bom ambiente vivido no colégio entre professores e alunos.

Deixou o colégio por sentir que ali não teria futuro a nível de carreira. Seria mesmo esta a razão, pergunta-se, ou teria sido uma outra? — conforme se verá no texto referente ao Dr. André… É que saíram ambos do colégio no mesmo ano…
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Foi para o liceu de Leiria (que muitos de nós lembramos bem…), tendo aí convivido com o Dr. Sílvio, de Ciências Naturais, a Dra. Ofélia Carvalhão e irmã, cujo nome não nos ocorre — alguém se lembra? — de má memória para todos nós enquanto alunos!!!

Passados todos estes anos é-nos grato recordar a Dra. Cremilde como professora e como pessoa.
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Parecendo algo tímida, tinha um ar cordato e sereno que inspirava confiança, respeitando sempre os seus alunos e transmitindo da melhor forma o seu saber, que a todos marcou, muito provavelmente.
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Da sua estadia no ERO ressalta a DEDICAÇÂO que sempre manifestou pelos alunos, talvez a mesma, conforme ela própria referiu, que sentiu por parte dos seus professores.

Como elo de ligação, eis os versos dedicados aos então jovens professores:

O amor anda pelo ar
Ouvimos pr’aí zumbir
E vem mesmo a calhar
Pr’os dois que anda a unir

Ela encarnada se faz
E da janela faz esteira
Para ver aquele ás
Chegar à hora primeira

Quanto a ele, desgraçado
Já parece um casa nova
Vai pr’ó cento, bem contado
E arranja sempre uma nova.

Mas, agora cá pr’a nós
Gostaríamos na verdade
De os vermos aos dois sós
Unidos pr’à eternidade.

Que se casem, ora vamos
Não sejam envergonhados
Pois que a Física gostamos
Com o Português ver amados.


O Dr. André, natural de Castelo Branco, sendo o pai juiz, passou a sua infância e adolescência a deambular por várias cidades. Iniciou os estudos nos Açores, passou por Évora, Viseu, etc., e acabou por terminar o liceu nas Caldas da Rainha (quem diria!!!!!! ninguém sabia pois não? Para nós também foi surpresa), tendo como Director nessa altura, o Dr. Júlio Lopes.

Aqui, foi aluno do Dr. Azevedo e colega da Dra. Maria do Rosário Leal (mais uma coincidência que desconhecíamos) e viriam mais tarde a encontrarem-se todos no ERO como professores. Classifica o Dr. Azevedo, já quando era seu professor, como um camarada. Realmente o mundo é muito pequeno…!!!! Todos a trabalharem uns anos mais tarde no mesmo local!
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Iniciou em Coimbra o curso de Ciências Biológicas. Desistiu deste por não querer ser professor e seguir a via do ensino, facto que o fez mudar para Ciências Geográficas, tendo concluído a licenciatura em 1959.

Permaneceu em Coimbra fazendo investigação no laboratório de Geologia. Como já tinha tido várias convites para ir trabalhar como geólogo para Moçambique, desta vez estava a preparar-se para não recusar mais um. Eis senão quando, estando calmamente no seu posto de trabalho, lhe aparecem — imaginem! — o Dr. Azevedo e o Padre António Emílio dizendo: «Precisamos muito de si!».
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A insistência foi tanta que acabou por aceitar ir leccionar Físico-Química, iniciando a sua actividade no ERO a meio do ano lectivo de 1959/60, ainda no edifício do Sr. Crespo.
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Nessa data decorria ainda a construção do novo colégio, cujas obras o Dr. André acompanhou com o mesmo entusiasmo daqueles que o tinham “ido pescar”.
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Foi igualmente colega do Dr. Fontinha, professor de português e pai dos nossos colegas Fernando e Aida Fontinha, com quem ainda trabalhou no ERO durante cerca de meio ano.
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Leccionou no colégio durante três anos e meio, sempre com imenso entusiasmo. Nunca demos conta de que não queria ser professor! Alguém notou?
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Mais uma novidade: sabem quem “arranjou” uma grande parte do material dos laboratórios de biologia e geologia? Pois imaginem que, durante muitos fins-de-semana, o Dr. André, era “metido” no carro do Padre António e ambos rumavam para as bandas de S. Pedro de Muel, percorrendo a costa desde aí até Salir do Porto. Com um martelo de geólogo na mão, e sempre muito entusiasmados, iam escavando, procurando e colhendo amostras, fósseis e não só... (aqui entra o gesso recolhido nas arribas de Salir do Porto). Nestas viagens acompanhava-os sempre o Dr. Azevedo, que era uma pessoa muito empenhada e interessada e, por isso, sempre deu a sua colaboração na causa do “enriquecimento dos laboratórios”.

Quantas histórias e episódios teriam estas paredes para contar! Desde o pombo da Ana, que ressuscitou... e fugiu pela janela, aos neuroptéris e pecoptéris de má lembrança, aqui para os “lados” da Júlia, que a iam tramando no exame...!!!!

Para quem não queria ser professor, até que se saiu muito bem… os alunos provavelmente também o ajudaram a aprender a gostar, julgamos nós! Nesta matéria só o próprio poderá dizê-lo… Nós, por acaso, não nos lembrámos de lhe perguntar!!!

Do Dr. André temos muito boas recordações. As suas aulas decorriam com muita serenidade, bom convívio com os alunos, mostrando-se sempre disponível para esclarecer qualquer dúvida e apoiá-los.


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O seu empenho e gosto por ensinar, que foi adquirindo com o passar do tempo, leva-nos a pensar que, afinal, bem lá no fundo, já existia alguma predisposição para “aturar” alunos, conseguindo até enfiar Físico-Química nas cabeças mais duras…!!!

Deixou o colégio em 1963, por sentir que, no ensino privado, não tinha futuro a nível de carreira. Foi leccionar para o Liceu de Oeiras, tendo acabado por fazer toda a sua carreira na área do ensino.

À Dra. Cremilde e ao Dr. André queremos transmitir o nosso carinho e a nossa admiração pela sua coragem em aceitar o desafio de, com vinte e poucos anos, se terem aventurado a irem dar-nos aulas, na sua primeira experiência como professores.


“A Embaixada da Boa Vontade”


Júlia Ribeiro
Melita Teotónio
Isabel V Pereira
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COMENTÁRIOS
João Jales disse:
Quero começar por pedir pessoalmente desculpa ao Dr. André e à Dra. Cremilde por, embora indirectamente, ter sido responsável pela visita destas “abelhudas” que queriam saber TUDO sobre a vossa vida! Devem ter “acampado" aí em casa durante uma semana ou mais, a julgar pelo volume de informação que recolheram….
Depois quero dizer às 3 meninas da Embaixada que levaram o seu papel muito a sério, gostei especialmente das fotografias mas também do romance "predestinado", do cavaleiro andante (com cavalo e tudo!), das forças ocultas, dos namoros, da poesia e dos poemas, do “amor no ar”, do poder do Destino, das surpresas e coincidências e, claro, do casamento. Uma versão moderna de Romeu e Julieta passada no ERO (e com a vantagem de um final feliz)!
Agora a sério: o Blog agradece ao simpático casal a colaboração e às autoras o esforço e dedicação, muito para lá do mero cumprimento do dever, que puseram nesta tarefa! Esperamos mais. JJ
Manuela Gama Vieira disse
A mana da Ofélia, não se chamava Helena?
Isabel Esse disse:
Isto é uma verdadeira Biografia!Infelizmente quando cheguei ao E.R.O. nenhum deles estava lá,pelo que não os conheci. Mas fiquei com pena,é muito simpática a imagem que nos transmitem as nossas três colegas detectives.
A fotografia do casamento é girissima,concordo com o Jales.Isabel
Anónimo disse:
Apenas um reparo: o prof Lindley, era Cintra. Um enorme professor e um grande democrata.
RESPOSTA:
Agradecemos a correcção do caro colega "anónimo" .
Cintra (Lindley) com C é sem dúvida o correcto. Damos a mão à palmatória......esse lapso passou também ao Revisor !
Já agora, só uma dúvida .Porque não assinou o seu "reparo" ? Porquê escrever sob a capa do anonimato ?????
Ficamos a aguardar uma próxima intervenção "assinada" ....
A Embaixada da Boa
Vontade
Ana Luisa disse:
Completíssima esta reportagem,embora sobre professores que não são do nosso tempo.Conheço melhor a lista do Zé Carlos,não haverá quem escreva sobre eles?
Gostei de saber que o laboratório de Ciências teve uma origem tão “caseira”, com os professores a passear pelas arribas em busca das pedras que lá conhecemos.
Parabéns às autoras que mostram aqui que não é só a malta mais nova que faz o blogue (embora agora somos todos da mesma idade!).
João R F disse:
Gostei muito do artigo sobre a Dra. Cremilde Palma e o Dr. André Gonçalves , pel' "A Embaixada da Boa Vontade", foram meus professores e guardo boas recordações deles.
Um abraço do
João Ramos Franco
Luís disse:
Este post devia chamar-se “Tudo O Que Você Sempre Quis Saber Sobre A Dra. Cremilde E O Dr. André E Não Sabia a Quem Perguntar”.
Posso encomendar um artigo? Ou a "Embaixada" só funciona em auto-gestão? Parabéns às autoras. L
Laura Morgado disse:
Parabéns às três meninas da Embaixada da Boa Vontade!
O texto e a reportagem fotográfica estão muito bons, pois fizeram um trabalho de pormenor.
Fiquei a saber coisas que nunca imaginei, como por exemplo o começo do Laboratório de Ciências.
Reportei-me à altura em que os versos foram feitos, (estes e outros) e que eram começados nas aulas e terminados no intervalo.Foi uma época fantástica.
À Dra. Cremilde e ao Dr. André muito obrigado por tudo o que fizeram pelos alunos do ERO, no inicio da sua carreira.
Foram professores que marcaram pela positiva os seus alunos e deixaram saudades.
Beijinhos para os dois.
Laura
Ana Nascimento disse:
Oh minhas amigas que rico trabalho vocês fizeram…concordo completamente com o Luís … uma biografia completíssima… vocês são o máximo !!!!
Até estou a imaginá-las …numa bela tarde reuniram-se e quais mosqueteiras, trocaram a capa e a espada pela caneta e pelo bloco de notas….. depois, acompanhadas não pelo d’Artagnan, mas pela digital, dirigiram-se velozmente para os Soeiros e “atacaram” a Dra. Cremilde e o Dr. André com tal jeito que os deixaram completamente rendidos…até a foto do casamento conseguiram !!!!! (diga-se que está uma delícia….)
Ambos foram meus professores e recordo com muita ternura o sorriso doce da Drª Cremilde e o ar sério e compenetrado do Dr. André ao entrar na sala de aula…. Um beijinho muito grande para vós meus queridos doutores, espero revê-los em breve….
E a vocês minhas mosqueteiras pergunto eu: - qual é o alvo que se segue???
Bjs
Ana

3 comentários:

Anónimo disse...

A mana da Ofélia, não se chamava Helena?

Isabel Esse disse...

Isto é uma verdadeira Biografia!Infelizmente quando cheguei ao E.R.O. nenhum deles estavalá,pelo que não os conheci. Mas fiquei com pena,é muito simpática a imagem que nos transmitem as nossas três colegas detectives.
A fotografia do casamento é girissima,concordo com o Jales.
Isabel

Anónimo disse...

Apenas um reparo: o prof Lindley, era Cintra. Um enorme professor e um grande democrata,