ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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O PADRE QUE TINHA SENTIDO DE HUMOR

por Ana Nascimento


Calada está a Mercês (não sabia a letra?). Cantam
Luisa Nascimento, Manela VP e Ana Nascimento.


Caros colegas:


Brilhantes…. é só que posso dizer de todas as vossas descrições de um homem tão bom que nada guardava para si….

Eu também lembro com carinho o “nosso” Padre Renato, quando entrei para o 1º ano, em 1960, foi ele o meu professor de desenho e de canto coral.

E por falar em desenho, recordo que, n
uma aula em que nos explicava a técnica de pintar a aguarela, não sei quem foi o “artista” que não conseguia abrir o tubo de guache (Carrilhinho ajuda-me, terá sido o Aníbal? ou o Jorge Garcia?..... Manel Gerardo, foste tu? ) e muito “inocentemente” foi ter com sr Padre e diz:
- Sr. Padre Renato não consigo abrir o guache …
- Oh menino, oh menino isto não custa nada, quer ver ? quer ver?
O padre Renato aperta o tubo…. aperta e nada…. tanto apertou que o selo salta e o guache saiu em jacto espirrando para tudo quanto era sítio… …
Ai rapazes … dá-lhe uma irritação tal…vira-se para nós e numa voz zangada diz:
- O menino viu o que fez??? Viu…. Viu ??? Seu bacôco…..
Julgam que o castigou? Não, pegou na régua, bateu com ela na secretária com toda a força, a régua partiu e o bom do Padre Renato foi continuando a descarregar a sua irritação pontapeando a dita cuja ao longo do estrado, até acertar no caixote do lixo que estava no canto oposto …

Nas aulas de canto coral as histórias que contava eram as do Tonecas e foi também nessas aulas que vi hipnotizar alguns colegas (um deitou a pasta para o chão convencido que ela estava a arder).

Nessa altura, há um episódio passado na ladeira em que ele convence um menino que um dos burros que estava perto do chafariz era uma rapariga muito linda….” Vai lá vai lá, dá-lhe um beijinho menino” … eu não presenciei a cena mas consta que o menino deu mesmo um beijo ao burro……

Celebração da missa no ERO
“In illo tempore, latim de Cícero” – frase muito usada pelo Padre Renato, como decerto se lembrarão as sua alunas, havia missa no intervalo grande, missa esta com pouca afluência pois o pessoal queria era brincar …
Na altura da consagração, há um movimento do Padre Renato que ficou registado na minha memória. Sem se virar para a assistência, ou melhor, de costas para a mesma (na altura a missa era celebrada assim), espreitando por baixo do ombro, rodava levemente a cabeça, ora para o lado direito, ora para o lado esquerdo e perguntava: - "Há alguém para comungar"?
Claro que ninguém se acusava… e a missa acabava mais cedo…..

Bem, a afluência também dependia do celebrante. Enquanto o Padre Xico tinha meia capela, os outros celebrantes tinham 4 gatos pingados ... mas isso não era culpa do Padre Renato, claro!


O Padre Renato tinha um humor muito próprio. Senão vejam:
O Padre Renato estava colocado como pároco no Olho Marinho, onde, normalmente havia pequenos grupos que o aguardavam no adro e só depois entravam para a igreja. Num desses dias, uma senhora ao vê-lo chegar comentou:- “Olhem já chegou o Padreca” …
O Padre Renato ouviu mas não teve qualquer reacção ….entrou e celebrou a missa no fim da qual se seguiram os cumprimentos aos paroquianos.
Quando a dita senhora se aproxima para o cumprimentar o Padre Renato estende-lhe a mão diz:-
”Como está, Senhoreca?
“Senhoreca sr. Padre ?
Sim…não foi a Sr.ª que me chamou Padreca ?????

Sr. Padre Renato, esteja onde estiver, aqui vai um OBRIGADA pelos valores que nos transmitiu, por todos os momentos de humor (e de algum medo também….). Enfim, por tudo quanto nos deu e nos ensinou, o meu abraço para si.

Ana Nascimento


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COMENTÁRIOS
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Júlia R disse:
Cada vez estou mais taumatizada......eu, que poderia estar aqui a fazer companhia a estas lindas meninas que estão tão bem!!!! Poderia fazer como a Mercês! Aliás era isso que me sucedia, esquecia-me da letra....
ANA: Parece que te fez bem a ameaça do Jales....retardaste mas apareceste, e muito bem !Gostei muito do teu testemunho do Padre Renato,aliás estou tão surpreendida com tantas estórias do P. Renato que tenho pena não o ter tido como professor.Eu não me recordava , mas perante tudo o se tem aqui revelado, quase tenho a certeza de que não.
Cada vez fico mais perplexa com tudo o que se tem revelado aqui e com tudo isto tiro uma conclusão :
O PADRE RENATO ERA UMA CAIXINHA RECHEADA DE SURPRESAS .....eu conhecia-o tão superficialmente !!!!!!!! Que pena!
Júlia R


Manuela GV disse:
Se as meninas cantavam a “vozes”, a altura de entrada da Mercês ainda não tinha chegado; recordo-a como uma boa e dedicada aluna., sabia a letra, com toda a certeza!
À medida que se vão abrindo estes preciosos baús de recordações…a minha memória vai despertando.
Senão vejam: lembro-me daquelas vossas toillettes; o tempo da moda dos vestidos de tricot, bem giros; claro que os manequins os valorizam, como se pode ver na imagem.
Ana, ri-me imenso com as tuas “anedotas” do P.e Renato! Aquela do Padreca e da Senhoreca...fez-me soltar uma sonora gargalhada, logo pela manhã.
Gostei muito de te ler, e muito gostaria de te ter visto ontem, naquela viagem cultural.
Manuela Gama Vieira
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Ana N disse:
Julinha não estejas traumatizada… embora cantasse o suficiente para não agredir os tímpanos do Padre Renato não fiz carreira….. não gravei nenhum disco… acho mesmo não encantei ninguém com esse meu atributo…..e neste momento só pio… eheheheheh
E é verdade quando dizes que a ameaça resultou …. tive que arrepiar caminho senão era banida …. E tu Manela foste bem perspicaz… O mistério da boca fechada da Mercês está decifrado… Cantávamos nós um Canon “To Portsmouth" e a ainda não tinha chegado a vez da Mercês entrar…
Pelas fatiotas e pelo tamanho do meu cabelo também vos digo que a dita foto foi tirada na festa de Natal de 1966, (deve existir um programa, será que alguém o tem ?????)
Também gostava de te ter visto mas não me foi possível, fica para a próxima … está prometido Beijinhos Ana
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João Jales disse:
Este é o último depoimento que recebemos aqui sobre o Padre Renato, passamos esta semana a outros professores.
O texto é típico da Ana, dentro do que ela nos habituou anteriormente (quando tem tempo...), entre as recordações e os sentimentos, sempre servido por uma boa memória.
Apesar da ausência da chacina de qualquer inocente, habitual nos anteriores textos da Ana, temos no final "o medo" (do Padre Renato?) e, ao longo do depoimento várias "vítimas": o guache, a régua, o "aluno bacoco" e o "menino que beijou o burro", mesmo excluindo a "senhoreca" , que só teve o que pediu...
Vai aparecendo, Aninhas, tenho aqui sempre uma página à tua espera. JJ

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