ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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A PROPÓSIT0 DE "BALADA PARA D. INÊS"

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O Quarteto 1111 foi formado em 1967 no Estoril por:
- José Cid
- António Moniz Pereira
- Jorge Moniz Pereira
- Michel Silveira

O Miguel B M contou aqui que o nome deriva do número de telefone do Michel (baterista) que terminava em um-um-um-um. Encontrei uma outra referência a que esses seriam os quatro últimos algarismos, mas do número de telefone do estúdio onde se reuniram pela primeira vez para gravar.

Em 1970, imediatamente antes do seu primeiro LP, Mário Rui Terra substitui o Jorge. Depois é Mário Rui que sai e entra Tó Zé Brito (vindo dos Pop Five Music Incorporated de Miguel Graça Moura, e que parece ter sido o impulsionador das composições em inglês). Foi esta formação que eu vi actuar no Festival de Vilar de Mouros na escaldante tarde de 7 de Agosto de 1971. O José Cid parecia um hippie da West Coast, com cabelo comprido, barba e chapéu à cowboy. Comigo estavam o Nuno Mendes, o Pedro Nobre e o Pedro Freitas: aguardávamos os Manfred Mann, que só actuariam quase 12 horas depois!

Vi-os também, sem o José Cid, no Baile de Finalistas do Liceu de Leiria em 1972, conforme já aqui contei.

O grupo desfaz-se pouco depois mas ressurge em 1973 com:
- José Cid
-Guilherme Inês
- Mike Seargent
- Tozé Brito
- António Moniz Pereira

Os 1111 gravam mais um disco em 1974 – “Onde, Quando, Como, Porquê, Cantamos Pessoas Vivas” . O grupo, apesar de um passado musical impar no seu género em Portugal e de uma inequívoca oposição ao regime fascista, nunca foi muito querido pelas novas élites pós 25 de Abril e acaba por se separar definitivamente.

José Cid grava a seguir em Paris “10.000 anos depois entre Vénus e Marte” cuja edição original em vinil (Orfeu/Arnaldo Trindade - 1977), acreditem ou não, é uma dos LPs mais procurados pelos coleccionadores mundiais de rock progressivo. Ouvi-o na Melodia, ali na R. do Carmo, achei-o (e acho) entediante e não o comprei. Em bom estado, vale umas "coroas", vão lá ver ao sótão se têm um!

Já que o nome 1111 era propriedade da editora (como era vulgar na época),esta reuniu um grupo de músicos sem qualquer relação com as formações citadas e que actuou no final da década de 70, início de 80, com esse nome. Tocavam os velhos temas mais conhecidos misturados com tentativas de “rock progressivo” mas sem êxito (justificadamente, ainda tive o azar de os ouvir num baile na Casa do Alentejo em Lisboa, eram uma banda medíocre. Soube que incluíu o Rui Reis, um bom pianista que tocou com o Xaranga Beat, mas não nesse dia).

O grupo original reúne-se ainda mais uma vez em final da década de 80 (tenham cuidado ao escrever “definitivamente”,ao contrário do que eu fiz atrás) para gravar "Os Rios Nasceram Nossos" mas a sua época tinha passado “definitivamente” (desta vez sim!).



Para os mais interessados, aqui vai a Discografia que conheço:

EP's
1967 - A Lenda de El-Rei D.Sebastião
(1º disco português a tocar no Em Órbita, melhor programa de Rock da rádio portuguesa)
1968 - Balada para D. Inês
(Concorrente ao Festival da Canção desse ano, onde se classificou em 3ª lugar. O Festival foi vencido por Carlos Mendes com “Verão”. Consultem
http://fes68.no.sapo.pt/

1968 - Dona Vitória
(A primeira música com uma letra abertamente contra o regime, mas aparentemente o poder não percebeu).
1970 - Domingo Em Bidonville
(Aqui já percebeu, a canção foi proibida e a Censura, mais atenta, retirou o disco do mercado).

Singles
1968 - Meu Irmão / Ababilah
1969 - Nas Terras do Fim do Mundo
(Depois de “D. Sebastião” e “D. Inês”, talvez o seu tema mais popular)
1969 - Génese / Os Monstros Sagrados
(O primeiro esboço de um som psicadélico, "músicas compostas e gravadas num estado químico completamente diferente do normal", disse José Cid).
1970 - Todo o Mundo e Ninguém/ É Tempo de Pensar em Termos de Futuro
(Incluído no 1º LP, é um regresso a um universo mais nacional e convencional, cantando Gil Vicente)
1970 - Back to the Country/Everybody Needs Love, Peace and Food
(Primeira canção com letra em inglês numa tentativa de editar no estrangeiro, como os Pop Five tinham feito com “Page One”)
1971 - Ode to the Beatles/1111
(Idem, mas os Beatles mereciam melhor…)
1972 - Sabor a Povo/ Uma Nova Maneira de Encarar o Mundo
(Como o nome indica, um novo regresso à “terrinha”)
1976 - Lisboa À Noite/Canção do Mar
(Penso que esta música concorreu ao Festival da Canção, interpretada por um grupo sem nenhum dos membros das anteriores formações)
1977 - O Que Custar
(Também sem José Cid e Cª)
1987 - Memo / Os Rios Nasceram Nossos
(A tal reunião dos músicos originais)

LP's
1970 - Quarteto 1111
(Disco censurado e retirado do mercado. A sua edição original em vinil é, por isso, um dos mais procurados e valiosos discos portugueses de sempre. Cuidado que há uma reedição, posterior a 1974, que não tem esse valor).
1973 - Bruma Azul do Desejado
(Este não é bem um disco dos 1111 e sim um LP em que o grupo acompanha o cantor Frei Hermano da Câmara)
1974 - Onde, Quando, Como, Porquê, Cantamos Pessoas Vivas
(Está também reeditado em CD)

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Há uma boa colectânea, disponível em CD, com vinte temas :
“QUARTETO 1111 – A LENDA DO QUARTETO 1111”

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JJ
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COMENTÁRIOS
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farofia disse...
Maravilha esta entrada sobre os 1111! As 'peripécias' da banda mostram que a vida artística exige muito 'amor à camisola'.
O vídeo é um must, com o José Cid de fatinho e gravata, traje masculino da época. Não me lembro de alguma vez ter escutado o disco com tanta atenção como hoje, aqui agora. E gostei. Da interpretação, da orquestra. Abençoado disco.Quem diria que aqueles autógrafos na capa iam fazer dele uma preciosidade daí a 40 anos ! Obrigada pela prenda "then and now".
Inês
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jorge disse...
há muito tempo que não éramos brindados com uma destas saborosas lições do jales.parece quase casual e descuidada mas não é.
não te esqueças que há quem goste de ler,vê lá se arranjas tempo para fazer mais.jorge
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JJ disse:
Caro Jorge:
Raramente respondo aos comentários mas há no teu palavras "estranhas".
Preferia que não chamasses "lição" ao meu texto, embora aprecie o "saborosa". Foi realmente escrito de forma "casual" (apressadamente e sem plano) porque só depois de publicar a capa assinada decidi acrescentar algo sobre os 1111; mas espero que a informação que usei esteja correcta e que a minha memória não me tenha traído.
O teu perfil não me permite "situar-te" no colégio e não tenho o teu email.Podes remediar isso? Abraço. JJ
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Fáfá Gama Vieira disse:
Gostei muito da tua descrição do "Quarteto 1111" e da tão completa referência aos trabalhos do grupo, que abrilhantou o meu Baile de Finalistas em 1973/1974. BEM HAJAS, JOÃO.
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J.A.Aldeia disse...
Gosto muito do espírito deste blog: grande qualidade, extraordinária capacidade de evocação.
Quanto ao Quarteto 1111, será talvez de referir que o LP com esse mesmo nome, de 1970, foi integralmente proibido pela censura (caso único, pois o Zeca Afonso e outros apenas tiveram músicas proibidas, nunca discos completos). O disco não teve qualquer distribuição, não foi ouvido na altura, apesar de ser de grande qualidade: e nós não pudemos ouvir nenhuma dessas músicas em 1971, lamentavelmente.
Tenho as minhas memórias sobre esse festival aqui.
E recordações da Escola Secundária de Almada aqui

3 comentários:

jorge disse...

há muito tempo que não éramos brindados com uma destas saborosas lições do jales.parece quase casual e descuidada mas não é.
não te esqueças que há quem goste de ler,vê lá se arranjas tempo para fazer mais.jorge

Anónimo disse...

Maravilha esta entrada sobre os 1111! As 'peripécias' da banda mostram que a vida artística exige muito 'amor à camisola'

O vídeo é um must, com o José Cid de fatinho e gravata, traje masculino da época. Não me lembro de alguma vez ter escutado o disco com tanta atenção como hoje, aqui agora. E gostei. Da interpretação, da orquestra. Abençoado disco.Quem diria que aqueles autógrafos na capa iam fazer dele uma preciosidade daí a 40 anos !
Obrigada pela prenda then and now
Inês

Joao Augusto Aldeia disse...

Gosto muito do espírito deste blog: grande qualidade, extraordinária capacidade de evocação.

Quanto ao Quarteto 1111, será talvez de referir que o LP com esse mesmo nome, de 1970, foi integralmente proibido pela censura (caso único, pois o Zeca Afonso e outros apenas tiveram músicas proibidas, nunca discos completos). O disco não teve qualquer distribuição, não foi ouvido na altura, apesar de ser de grande qualidade: e nós não pudemos ouvir nenhuma dessas músicas em 1971, lamentavelmente

Tenho as minhas memórias sobre esse festival aqui.

E recordações da Escola Secundária de Almada aqui