ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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C O M E N T Á R I O S
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Manuela Gama Vieira disse:
Como se de uma aguarela se tratasse, não há “sentidos” que não estejam presentes nesta excelente retrospectiva do nosso “mundo”…de há 54 anos.
Do Portugal cinzentão que os nossos políticos pintavam, aos ventos de mudança que começaram a soprar vindos de fora, à música, aos hábitos alimentares e de higiene objecto de publicidade, aos avanços na Medicina, nada escapa nesta excelente síntese- “precisa, concisa e objectiva”- assim a classificaria o P.e Renato (atributos que ele achava essenciais para um bom texto).
Permitiu-me recordar com imenso agrado não a primeira emissão televisiva em Portugal, mas a memória que tenho da primeira vez que tive contacto com aquela “caixa mágica”; as papas que a minha Mãe, pacientemente, todas as manhãs se esforçava para que eu e os meus irmãos engolíssemos; o “Cavaleiro Andante”, o “Príncipe Valente” e as “Aventuras do Tintim” que o meu irmão João lia e coleccionava ciosamente e…às escondidas dele…eu ia ler, num ápice; os primeiros sinais de revolta nos territórios portugueses além-mar de que as estações de rádio davam notícias, iniciadas com uma voz masculina grave-que me aterrorizava-e dizia: “Os sinos da velha Goa e as bombardas de Diu serão sempre portuguesas!”; as revistas penso que se dividiam entre as que as senhoras e as que as empregadas domésticas liam; nem o cheiro de um perfume aqui faltou para recordar - “Femme”…acho que a minha pituitária nunca o esqueceu!Eu bem digo que quem diz que não tem memória das suas memórias…é porque mente!
Termino, dizendo-lhe que foi “com estrelas no olhar e um sorriso mágico” que li e reli o seu magnífico texto!
Manuela Gama Vieira
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João Ramos Franco disse...
Quero agradecer ao Vasco Trancoso este retrato fiel de um tempo que vivi. Transportar-me a este passado com a descrição de pequenos pormenores que estão no armário dos esquecidos e fazer-me recorda-los como uma realidade, eles faziam parte do meu quotidiano, é de alguém nada perdeu do dia a dia da sua vida.
Até na música somos coincidentes, foi o Bill Halley, ainda num disco de 78 rotações, que quebrou o meu modo estar perante os sons do bolero, tango, cha-cha-cha, valsa ou do pasodoble, etc.
Muito teríamos para conversar sobre esta época…
O sempre amigo
João Ramos Franco
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Júlia R disse:
Vasco,tive a sensação de ter percorrido estes anos todos e com velocidade atroz ! Achei girissimo o texto e a maneira como descreveste. Senti-me a correr e até a usar o Brylcreem (já nem me lembrava como se escrevia,tirava-lhe o "r") como pasta de dentes.....e depois as consequentes dores de barriga !
Parabéns e obrigada por mais este pedaço de juventude.
Um abraço
Júlia R
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São Caixinha disse:
Eu tinha apenas 1 ano de idade em 1955, mas este texto dá-nos uma imagem tão completa e fiel do que acontecia, que surpreendemente consigo encontrar-me nesse passado longinquo! A vida seria obviamente muito simples...bebia o leite...sim...num copinho de plástico côr de laranja com bolinhas brancas... Ovomaltine, claro...e a mãe corria a aumentar o som do rádio quando ouvia os primeiros acordes daquela canção...Marcelino pão e vinho...que não sei se me assustava ou me fazia feliz,mas que de algum modo me tocava!
Excelente narrativa repleta de deliciosas particularidades!
Obrigado Vasco!
São Caixinha
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RP disse...
Em 1955 o meu mundo era ainda a casa de meus Pais e a minha vida feita de brincadeira com bonecas e jogos.
Hoje,ao terminar a leitura deste texto extraordinário,dei conta de ter revivido,quase num ápice,a minha juventude.Foi,para mim,tão engraçado recordar o leite com Ovomaltine,o Pim Pam Pum,as latinhas do creme Nivea,o livro Marcelino.Com emoção,revivi os pacatos serões familiares,ouvindo se rádio e lendo se o jornal diário.
Poderia continuar,entusiasticamente, a enumerar outros factos mas concluo que Vasco Trancoso apresentou o retrato completo e fiel da minha geração.
Muito obrigada.
RP
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J.L. Reboleira Alexandre disse...
O Dr Vasco Trancoso, que não tenho o prazer de conhecer, dá-nos aqui em poucas linhas, a história toda daqueles anos cinzentos, que o establishement da época teimava em manter durante tanto tempo quanto possível. O pormenor de, nas histórias aos quadradinhos, até o herói ter de ser português, ou pelo menos luso-qualquer coisa, dá para entender melhor o ambiente em que se vivia. No Cavaleiro Andante havia por exemplo uma série, em que o melhor piloto de automóveis do mundo na altura era luso-britânico.
Nota-se ainda, pela leitura do texto, cuidado e cronologicamente exacto, que o autor deverá estar nesta altura com mais tempo para estas coisas da escrita do que teria noutras épocas. Enfim, quero com isto dizer que a cidade ficou a perder no campo da medicina, mas ganhou noutros, e nós agradecemos.
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João Jales disse:
O mais notável deste texto é ele conseguir transmitir o optimismo e a esperança no futuro que se vivia naquele ano de 1955. As inovações técnicas iam transformar o mundo, resolver os seus problemas e tornar as pessoas felizes. E o Rock era a banda sonora desse "filme". É isso que transpira das palavras, dos nomes dos produtos (fantásticos!) e dos anúncios que os promovem.
Quero agradecer ao Vasco a sua disponibilidade para nos oferecer um artigo que ultrapassou, em todos os aspectos, a minha expectativa. E a dos outros bloguistas, a julgar pelos comentários que continuam a chegar. Quem quiser mais pode consultar o seu blogue.
Uma pequena nota para saudar a chegada de mais uma comentadora, RP, uma ex-aluna do ERO que se estreou neste post. Espero que continue a visitar-nos e a colaborar neste Blog. Respeitarei as iniciais enquanto a própria o deseje.
E agora vou ver se consigo ainda comprar um produto milagroso para a queda do cabelo que descobri ao folhear umas revistas de 1955 em busca de imagens para este texto...
JJ
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Isabel Knaff disse:
Embora eu tivesse nascido um pouco mais tarde cresci a ouvir e usar todos estes nomes e artigos.Adorei voltar a revê-los, e muitos há, que quase consigo provar o sabor ou sentir o aroma..
Que extraordinária memória a do Vasco, que conseguiu lembrar-se de todos os artigos, estacões de rádio, fragâncias, revistas...eu sei lá ..de tudo enfim, que tornava as nossas vidas tão mais agradaveis e confortáveis !
Um Obrigado ao Vasco por esta maravilhosa regressão ao passado.
BjsIsabel Cx
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Zé Carlos Faria disse:
55 é, de facto, uma boa colheita! A comprová-lo está o meu nascimento e de muitos dos meus melhores amigos (como exercício de modéstia também não está mal, pois não?).
Excelente escrito do Vasco Trancoso, revelando os sinais de um tempo onde a ditadura do publicitário começava a alargar os passos, a caminho desta «sociedade do espectáculo» propagandística com que estamos confrontados. Faltou apenas os spots radiofónicos dos candeeiros bem bonitos, modernos, originais, lá na rua da Vitória e do Formitrol, o melhor preventivo contra chuva, frio ou sol (o senhor está constipado/ e ficou mal de repente/ porque não teve cuidado/ porque foi imprevidente...). Ou então o fantástico rótulo da garrafa de «Águas das Pedras» que, em plena era atómica, garantia, impante de orgulho, «águas poderosamente radioactivas»...
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Belão disse...
Que maravilha viajar no tempo, guiados desta forma, pelo Vasco.Eu não sou de 55, como muitos amigos, mas sou de 57, o ano do nascimento das emissões regulares na televisão portuguesa. Portanto, lembro-me também e bem, de muito do que o Vasco aqui refere.
Encontrei alguma antiga publicidade televisiva no youtube e deixo-vos esta. Quem se lembra?
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Fátima Clérigo disse:
Em primeiro lugar gostaria de felicitar Vasco Trancoso pelo excelente texto, que nos revela um ano de Viragem e Mudança na Sociedade Portuguesa.Não me surpreende a qualidade da escrita, o rigor descritivo, a criatividade e o relato multidimensional de uma época, como que a devolver-nos em "efeito de espelho" a sua Imagem.
Se o texto não se dever simplesmente à memória de VT, deve-se seguramente a uma exaustiva pesquisa, em busca do "Retrato Perfeito".Tendo eu nascido 10 anos após 1955, beneficiei desta diversidade de produtos (à época), de cuja maioria me recordo. Há dois especiais na minha memória: O Gibbs que aveludava e perfumava o rosto do meu pai e o Tokalon, o da minha mãe, em momentos de troca de mimos.
Este relato conduziu-me também à reflexão de quão raras as vezes valorizamos o cenário de hoje de "ter quase tudo" em contraponto com o de "ter quase nada". Aliás, se hoje relatarmos estes acontecimentos aos nossos filhos e/ou a outos jovens, arriscamo-nos no mínimo à titularidade do "discurso do Cota" e à sua desvalorização, uma vez que lhes apresentamos a "Obra Feita", com os mais diversos "materiais de construção".
Agradeço assim a Vasco Trancoso esta notável memória de todos estes factos, tão sábiamente aqui impressa.
Bjs Fátima
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VT disse...
Agradeço as palavras muito, muito simpáticas em todos os comentários. Foi para mim um grande prazer escrever (e reviver) aquela época que afinal se viria a revelar mais significativa do que eu julgava no momento em que a atravessava e foi muito bom saber que gostaram.
Deixo alguns links em baixo, que me parecem deliciosos e que incluem a Aguarela do Brasil com o Zé Carioca.
Bem hajam
Abraço
VT

4 comentários:

João Ramos Franco disse...

Quero agradecer ao Vasco Trancoso este retrato fiel de um tempo que vivi. Transportar-me a este passado e com a descrição de pequenos pormenores os quais estão no armário dos esquecidos e fazer-me recorda-los como uma realidade de que eles faziam parte do meu quotidiano é de alguém nada perdeu do dia a dia da sua vida. Até na música somos coincidentes, foi o Bill Halley, ainda num disco de 78 rotações, que quebrou o meu modo estar perante os sons do bolero, tango, cha-cha-cha, valsa ou do pasodoble, etc.
Que muito teríamos para conversar sobre esta época…
O sempre amigo
João Ramos Franco

J.L. Reboleira Alexandre disse...

O Dr Vasco Trancoso que não tenho o prazer de conhecer, dá-nos aqui em poucas linhas, a história toda daqueles anos cinzentos, que o establishement da época teimava em manter durante tanto tempo quanto possível. O pormenor de, nas histórias aos quadradinhos até o herói ter de ser português, ou pelo menos luso-qualquer coisa, dá para entender melhor o ambiente em que se vivia. No Cavaleiro Andante havia por exemplo uma série, em que o melhor piloto de automóveis do mundo na altura era luso-britânico.

Nota-se ainda, pela leitura do texto, cuidado e cronologicamente exacto, que o autor deverá estar nesta altura com mais tempo para estas coisas da escrita do que teria noutras épocas. Enfim, quero com isto dizer que a cidade ficou a perder no campo da medicina, mas ganhou noutros, e nós agradecemos.

Belão disse...

Que maravilha viajar no tempo, guiados desta forma, pelo Vasco.
Eu não sou de 55, como muitos amigos, mas sou de 57, o ano do nascimento das emissões regulares na televisão portuguesa. Portanto, lembro-me também e bem, de muito do que o Vasco aqui refere.
Encontrei alguma antiga publicidade televisiva no youtube e deixo-vos esta.
Quem se lembra?


http://www.youtube.com/watch?v=MvjYfXi3ch0&NR=1

VT disse...

Agradeço as palavras muito muito simpáticas em todos os comentários. Foi para mim um grande prazer escrever (e reviver) aquela época que afinal se viria a revelar mais significativa do que eu julgava no momento em que a atravessava e, foi muito bom saber que gostaram. Deixo alguns links em baixo, que me parecem deliciosos e que incluem a Aguarela do Brasil com o Zé Carioca.

http://www.youtube.com/watch?v=_mQHr8bAojU

http://www.youtube.com/watch?v=r-YCRPEs9dA&feature=related.

http://www.youtube.com/watch?v=tiAggAq1gxg&NR=1

Bem hajam
Abraço
VT