ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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OUTRAS JANELAS ( a propósito de À JANELA DA MINHA INFÂNCIA)

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Joaquim disse...
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Esta janela não é a bonita "window with a view" com que o Vasco Trancoso nos deliciou, esta é apenas uma das janelas das Caldas que nos abria as portas ao mundo português nos anos 40, 50 e talvez princípios de 1960. Na Praça 5 de Outubro (antiga praça do peixe), havia uma Escola Primária "masculina", no primeiro andar, com grandes janelas que nos permitiam uma grande visibilidade por toda essa praça.
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O nosso saudoso professor Rodrigues (3ª e 4ª classes) por vezes ia para as janelas mostrar-nos o mundo de então. Era ver o "Rei das Toalhas" e o "Orlando Quinquelheiro" com os seus pregões, o vendedor da Pomada Jibóia que vendia uma bisnaga não por 20 escudos, nem tão pouco por 10, por apenas 5 escudos e quem comprasse uma levava outra inteiramente de "borla".



As Marionetes, ou cabeças de pau, deliciavam-nos com o rapazote solteiro que ia ao barbeiro desfazer a barba pois iria casar e então aí começava a paulada : "com que então seu toleirão vai casar, vira a cara dum lado, vira a cara do outro", sempre com a navalha da barba que mais parecia uma "Moca". Depois lá aparecia o diabo, que era o protector das meninas solteiras, e a seguir era a tourada "Eh toiro, eh toiro" e acabava com o toiro a fugir à frente do toureiro, acompanhado pelas gargalhadas ingénuas da pequenada.



A pequena rua (perdi o nome) que liga a Praça 5 de Outubro à Heróis da Grande Guerra e que se cruza com a Rua das Vacarias, era talvez o sítio preferido dos vendedores ambulantes e dos cantadores da desgraça, que cantavam e diziam que a estória era tal e qual vinha no folheto.Por lá aparecia o homem que vendia "esticadores prós colarinhos", outros mais brincalhões vendiam "pentes para carecas e óculos pra cegos" e com o mesmo pente que dobravam diziam eles "é pró cabelo e pró cabelo e não arranha". Um outro vendedor que tinha como medida um corno de boi serrado vendia sementes em que apregoava "semente de nabo ou horto", cada cornada 5 tostões. Então lá aparecia o " vendedor de ilusões" - "quem quer a grande, anda hoje a roda, quem sabe lá, quem sabe lá".



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Foi naquelas janelas, mesmo em frente ao "nosso" Teatro Pinheiro Chagas que para muitos o mundo se abria com os filmes de 31 partes, 15 episódios, os grandes filmes de histórias romanas e os nossos Capas Negras e tantos outros...

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Era simples o nosso mundo, não era?...
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Joaquim
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a quem agradeço a autorização para as utilizar.

2 comentários:

Frederico MonizGalvão disse...

Recordo com alguma saudade, (muita)toda esta descrição alias muito bem alinhada da vista da minha janela também, pois nascido em 1945,vivi todo o rigor da descrição ainda com outrs promenores, como o copinho de vinho ou 2 ou 3... que as vendedeiras de bebiam á hora do «lanche» no pátio,que havia por trás da loja do sr.Francisco Madeira Láu, (ainda a funcionar ao cuidado do Fracisco filho)por baicho da minha casa de jantar ,com janela interior para o pátio, enfim muito engraçado! Morava eu portanto, mesmo au lado da escola no nº22 da praça do peiche, que teve vários nomes.A Escola por curiosidade era por cima dum talho se não estou em erro.Poderiamos falar uma vida...

Unknown disse...

Ao Frederico Maria, posso dizer que o talho era o "Talho do Monteiro" e a seguir no sentido Bairro da Ponte era a "Loja do João Vintém" avô dos Madeira Lau: o João já falecido ,o António meu colega de escola, que se formou em engenharia e ficou-se por Lisboa e o Chico que continuou com a tradição de estabelecimento "venda a retalho". No sentido contrário, era uma mercearia, a drogaria do Lopes e o Teodoro das Caraças, famoso na época pois vendia tudo necessário para fins carnavalescos. Olhando as saudosas fotos da Praça do Peixe (agradeço ao J.J.) e não só...é de lamentar aqueles caixotes de linhas rectas que se ergueram por toda a cidade sem um pouco de harmonia. Joaquim