João Ramos Franco deixou um comentário em
Mário Braga, Mila Marques e Ani Braga no Encontro de Antigos Alunos do ERO em 2009 |
Não foi meu Professor, mas tive o prazer de conhecer o Dr. Mário Braga, no último almoço de alunos do ERO. Foi-me apresentado pela minha prima Margarida Calisto que foi aluna dele. Claro está que este conhecimento apenas formal e momentâneo com o antigo Professor me retira um pouco o verdadeiro conhecimento do homem que é - para além do que contam os nossos colegas e pelo testemunho que me chega dos que tiveram o prazer de ser seus alunos.
A idade dá-nos a ver todo um caminho que percorremos e concretiza na nossa mente todo um sentido de vida que no caso do Dr. Mário Braga se cruzou em determinado momento com o Externato Ramalho Ortigão onde deixou marcada a sua presença. No seu aniversário, os votos das maiores felicidades na companhia de quem mais gosta.
Um abraço, respeitoso e de amizade do
João Ramos Franco
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PS. Em anexo envio-lhe um pequeno texto retirado do “O Ofício de Viver” de Cesare Pavese e que penso ter sentido com a data.
PS. Em anexo envio-lhe um pequeno texto retirado do “O Ofício de Viver” de Cesare Pavese e que penso ter sentido com a data.
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Dar Significado ao Tempo
Um dos prazeres humanos menos observados é o de preparar acontecimentos à distância, de organizar um grupo de acontecimentos que tenham uma construção, uma lógica, um começo e um fim. Este é quase sempre apercebido como um acme sentimental, uma alegre ou lisonjeira crise de conhecimento de si próprio. Isto aplica-se tanto à construção de uma resposta pronta como à de uma vida. E o que é isto, senão a premissa da arte de narrar? A arte narrativa apazigua precisamente esse gosto profundo.
O prazer de narrar e de escutar é o de ver os factos serem dispostos segundo aquele gráfico. A meio de uma narrativa volta-se às premissas e tem-se o prazer de encontrar razões, chaves, motivações causais. Que outra coisa fazemos quando pensamos no nosso próprio passado e nos comprazemos em reconhecer os sinais do presente ou do futuro? Esta construção dá, em substância, um significado ao tempo. E o narrar é, em suma, apenas um meio de o transformar em mito, de lhe fugir.
Cesare Pavese, 'O Ofício de Viver'
Dar Significado ao Tempo
Um dos prazeres humanos menos observados é o de preparar acontecimentos à distância, de organizar um grupo de acontecimentos que tenham uma construção, uma lógica, um começo e um fim. Este é quase sempre apercebido como um acme sentimental, uma alegre ou lisonjeira crise de conhecimento de si próprio. Isto aplica-se tanto à construção de uma resposta pronta como à de uma vida. E o que é isto, senão a premissa da arte de narrar? A arte narrativa apazigua precisamente esse gosto profundo.
O prazer de narrar e de escutar é o de ver os factos serem dispostos segundo aquele gráfico. A meio de uma narrativa volta-se às premissas e tem-se o prazer de encontrar razões, chaves, motivações causais. Que outra coisa fazemos quando pensamos no nosso próprio passado e nos comprazemos em reconhecer os sinais do presente ou do futuro? Esta construção dá, em substância, um significado ao tempo. E o narrar é, em suma, apenas um meio de o transformar em mito, de lhe fugir.
Cesare Pavese, 'O Ofício de Viver'
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