por J M Azevedo Santos
.
.
As canções que retive do tempo do colégio são maioritariamente francófonas (o francês era a língua estrangeira principal do ensino secundário da minha geração) e estão associadas às recordações dos «Bailes de Garagem» da primeira metade dos anos 60. A simplicidade melódica, a “candura” dos textos e o facto (descoberto mais tarde) de algumas serem versões de originais ingleses tornavam-nas pouco merecedoras de menção.
.
Mas, lembrei-me de: Tous les Garçons et les Filles de Mon Age, cantado pela Francoise Hardy !
A imagem da cantora é (era...) uma referência (revejam a fotografia da Nani Barosa publicada neste blog...)
.
Mas, lembrei-me de: Tous les Garçons et les Filles de Mon Age, cantado pela Francoise Hardy !
A imagem da cantora é (era...) uma referência (revejam a fotografia da Nani Barosa publicada neste blog...)
.
A canção está (na minha opinião) acima da média, mas foi a estrofe “… et la main dans la main….” que me levou a referi-la.
.
Esta frase é (podia ter sido) um slogan onde se resumia um anseio, que poderá parecer irrisório nos tempos que correm, mas que correspondia a um fruto proibidíssimo na época. Pertenço a uma micro-geração que iniciou o colégio com o Padre António Emílio e que apanhou bruscamente com o Padre Albino. Foi uma passagem da Primavera para o pico do Inverno (houve turmas que terão tido uma transição menos brusca, já teriam atingido o Verão, tinham algum amadurecimento) tipificada por «passar a ser proibido» subir a «ladeira do colégio» aos pares! Claro que a proibição era frágil (à Padre Albino que abusava, desgastando, o estatuto para proibir a torto e a direito – recordem o fabuloso texto do João Bonifácio, sobre a proibição de escrever na Gazeta, publicada neste blog), mas lá que condicionava, condicionava! E então la main dans la main, é melhor não se falar...
Esta frase é (podia ter sido) um slogan onde se resumia um anseio, que poderá parecer irrisório nos tempos que correm, mas que correspondia a um fruto proibidíssimo na época. Pertenço a uma micro-geração que iniciou o colégio com o Padre António Emílio e que apanhou bruscamente com o Padre Albino. Foi uma passagem da Primavera para o pico do Inverno (houve turmas que terão tido uma transição menos brusca, já teriam atingido o Verão, tinham algum amadurecimento) tipificada por «passar a ser proibido» subir a «ladeira do colégio» aos pares! Claro que a proibição era frágil (à Padre Albino que abusava, desgastando, o estatuto para proibir a torto e a direito – recordem o fabuloso texto do João Bonifácio, sobre a proibição de escrever na Gazeta, publicada neste blog), mas lá que condicionava, condicionava! E então la main dans la main, é melhor não se falar...
.
Ao escrever as linhas anteriores percebi que a frase, ou o gesto, tem uma força que excede as recordações de adolescência e que chegava a memórias relativamente recentes:
Ao escrever as linhas anteriores percebi que a frase, ou o gesto, tem uma força que excede as recordações de adolescência e que chegava a memórias relativamente recentes:
.
· Alguns dos quadros de Niki de Saint Phalle são uma espécie de diários onde ela ia desenhando, escrevendo, pintando, desabafando ... e num deles, a propósito de uma relação que se esboroava, dizia: «já não damos as mãos…» (é um quadro de 1968; título: My love, we won’t; a frase: we won’t hold hands anymore)
· Alguns dos quadros de Niki de Saint Phalle são uma espécie de diários onde ela ia desenhando, escrevendo, pintando, desabafando ... e num deles, a propósito de uma relação que se esboroava, dizia: «já não damos as mãos…» (é um quadro de 1968; título: My love, we won’t; a frase: we won’t hold hands anymore)
.
· Ao ver, num cinema, o Shine A Light, do Martin Scorsese, entusiasmei-me com uma das canções dos Rolling Stones (sim, evoluí um bocadinho) e habituado àqueles aplausos curtos aos solos de jazz, desatei a bater palmas...Perante o ridículo da situação, e para evitar a sua repetição, dei a mão à minha acompanhante... Recorrendo ao H. Bogart, já que se estava no cinema, diria que foi o início de uma bela (e muito feliz) Amizade (com maiúsculal!).
· Ao ver, num cinema, o Shine A Light, do Martin Scorsese, entusiasmei-me com uma das canções dos Rolling Stones (sim, evoluí um bocadinho) e habituado àqueles aplausos curtos aos solos de jazz, desatei a bater palmas...Perante o ridículo da situação, e para evitar a sua repetição, dei a mão à minha acompanhante... Recorrendo ao H. Bogart, já que se estava no cinema, diria que foi o início de uma bela (e muito feliz) Amizade (com maiúsculal!).
.
João Miguel Azevedo Santos
.
_____________________________________________________________
COMENTÁRIOS
.
Nascida em 1944 Françoise Hardy "explode" em 1962 com um álbum notável (imaginativamente chamado "Françoise Hardy"), em que está incluído a canção aqui recordada.
Com temas profundamente românticos, como é tradicional na canção francesa, foram as melodias, os arranjos e a voz que constituíram a inovação e a novidade que fizeram dela um dos grandes nomes da música popular entre 1961 e 1966.
A direcção, mais mainstream, que a sua carreira toma a partir do final da década de 60 não permite a muitos apreciar a enorme qualidade do seu trabalho nestes primeiros anos da sua carreira.
Continua a cantar e gravar esporadicamente e aconselho-vos a investigar "La Question"(1971),"Message Personel"(1973), "Parenthèses"(2006), todos inesperadamente magníficos.
Está casada desde 1971 com Jacques Dutronc de quem tem dois filhos. Ela vive em Paris e ele na Córsega, continuando casados trinta e oito anos depois...Um motivo para reflexão. JJ
.
João Ramos Franco disse...
Tous les Garçons et les Filles de Mon Age, cantado pela Francoise Hardy, penso que não pode ser reclamado por qualquer nós para a sua geração, uma canção romântica, que foi horizontal para todas. Quanto ao título do post, ET LA MAIN DANS LA MAIN, faz-me pensar e recuar no tempo. 1960. Fértil em recordações, faço 18 anos de idade, Padre António Emílio apesar de Director, é para mim como irmão mais velho e eu apenas como aluno assistente do ERO. Não me consigo ver a reagir perante as atitudes do Padre Albino, a minha alcunha de Traga-Balas, entre os meus colegas, tem um bocado a ver com o modo como reagia em determinadas situações, principalmente quando os assuntos iam para além das lições de moral, o qual eu entendia que a recebíamos em casa era suficiente…
Tous les Garçons et les Filles de Mon Age, cantado pela Francoise Hardy, penso que não pode ser reclamado por qualquer nós para a sua geração, uma canção romântica, que foi horizontal para todas. Quanto ao título do post, ET LA MAIN DANS LA MAIN, faz-me pensar e recuar no tempo. 1960. Fértil em recordações, faço 18 anos de idade, Padre António Emílio apesar de Director, é para mim como irmão mais velho e eu apenas como aluno assistente do ERO. Não me consigo ver a reagir perante as atitudes do Padre Albino, a minha alcunha de Traga-Balas, entre os meus colegas, tem um bocado a ver com o modo como reagia em determinadas situações, principalmente quando os assuntos iam para além das lições de moral, o qual eu entendia que a recebíamos em casa era suficiente…
Um abraço Amigo
João Ramos Franco
.
João Jales disse:
Um incurável romântico evoca uma das mais belas canções de amor do século XX... E termina o post de mão dada com a Amiga com que foi ver o filme de um concerto dos Rolling Stones, filmado por Scorcese.
Passado entre 1961 e 2009, entre Françoise Hardy e os Stones, este texto faz-me acreditar que este é um Blog de todos os tempos!
1 comentário:
Tous les Garçons et les Filles de Mon Age, cantado pela Francoise Hardy, penso que não pode ser reclamado por qualquer nós para a sua geração, uma canção romântica, que foi horizontal para todas.
Quanto ao título do post, ET LA MAIN DANS LA MAIN, faz-me pensar e recuar no tempo.
1960. Fértil em recordações, faço 18 anos de idade, Padre António Emílio apesar de Director, é para mim como irmão mais velho e eu apenas como aluno assistente do ERO. Não me consigo ver a reagir perante as atitudes do Padre Albino, a minha alcunha de Traga-Balas, entre os meus colegas, tem um bocado a ver com o modo como reagia em determinadas situações, principalmente quando os assuntos iam para além das lições de moral, o qual eu entendia, que a recebíamos em casa era suficiente…
Um abraço Amigo
João Ramos Franco
Enviar um comentário