.
.
Comentários ANNA KARENINA (Férias de 1969)
-.
João Serra disse:
Verão de 1969
(Contraponto ao Verão de João Jales)
A 27 de Abril de 1969, Alberto Martins, Presidente da Associação Académica de Coimbra interpelou o Presidente Américo Tomás no anfiteatro das Matemáticas. As consequências deste gesto projectaram-se até ao final desse ano lectivo. Os movimentos estudantis estavam de novo no centro da vida política, contestando o regime não democrático e suscitando a repressão das autoridades. Marcelo Caetano sucedera a Salazar e prometera alguma abertura política. Os estudantes punham à prova tais intenções.
Em Agosto de 1969, com 20 anos, concluido o 2º ano do Curso de História na Faculdade de Letras de Lisboa, as inquietações que partilhava com os meus amigos mais próximos giravam em torno de três questões: a Guerra, a União Soviética e o comunismo em geral, as eleições de Outubro. Estavamos ou não dispostos a cumprir o serviço militar e consequentemente a combater em África contra os movimentos africanos? – eram os termos do debate sobre a primeira questão. A segunda tinha que ver com a eclosão do conflito sino-soviético, com a invasão da Checoslováquia pelas tropas russas, com os novos temas lançados pela extrema esquerda francesa em Maio do ano anterior. O debate era aqui muito mais complexo e menos tolerante. As posições antagónicas originavam frequentes rupturas pessoais e políticas. A terceira questão, que também era atravessada pelas clivagens ideológicas presentes no debate da segunda, procurava resposta para a seguinte pergunta: devemos, apesar de sabermos que as eleições são viciadas, aproveitar a oportunidade para divulgar os nossos pontos de vista, ou, ao contrário, é mais eficaz denunciar a fraude, recusando esse jogo desleal?
Tentando vencer incertezas e dúvidas, lá fui optando: permanecer em Portugal, manter o não alinhamento com facções políticas pró-soviéticas ou pró-chinesas, colaborar na campanha eleitoral da CDE, no distrito de Leiria.
De modo que, em Setembro e Outubro (as eleições realizaram-se a 21 deste mês) estive presente, primeiro a convite e ao lado de Alberto Costa, mais tarde com Jorge Silvestre, em diversas reuniões para elaborar o programa eleitoral e sessões de esclarecimento. Alberto Costa, que eu conhecia desde os 17 anos, era natural de Alcobaça, tal como Jorge Silvestre. Em Lisboa, na Faculdade de Direito, que frequentei durante o primeiro ano, cimentara-se entre nós uma boa amizade. A Polícia Política deu uma informação negativa à candidatura do Alberto, pelo que à ultima hora teve de ser substituido nas listas do distrito. Jorge Silvestre frequentava o Instituto Superior de Agronomia, tal como José António Ribeiro Lopes, que nos apresentou.
Um dos tópicos vincados nas memórias do João Jales é a música. Também aqui, os 5 anos de diferença de idades são significativos, embora raramente sejam objecto de análise. Isso deve-se ao facto de ao longo destes últimos quarenta anos termos contruído um património comum de referências. Mas de facto, julgo que a segunda metade da década de 60 trouxe uma forte mudança: Paris e a França, com os seus “maitres à penser” e os seus autores/cantores de temas políticos e de crítica social foram substituídos por Londres e a Inglaterra (e a seguir os Estados Unidos) e a cultura hippie, onde a militância política era claramente secundarizada. Mário Vargas Llosa neste seu romance recentemente editado em Portugal (Travessuras da Menina Má) escreve: “Na segunda metade dos anos 60, Londres destronou Paris como cidade das modas que, partindo da Europa, se espalhavam pelo mundo. A música substituiu os livros e as ideias como centro de atracção dos jovens, sobretudo a partir dos Beatles, mas também de Cliff Richard, dos Shadows, dos Rolling Stones com Mick Jagger e outros grupos e cantores ingleses, e dos hippies e da revolução psicadélica dos flower children”. Estou basicamente de acordo com esta observação. Curiosamente, eu próprio tomei partido, em 1963 e 1964, no Diário de Lisboa e na Gazeta das Caldas, ao lado dos que julgavam possível impedir essa mudança cultural. Estava evidentemente enganado. Essa mudança era muito mais profunda do que eu na altura supunha. Podia voltar a citar Vargas Llosa, mas este comentário já vai longo e temo que a citação pudesse ser mal interpretada.
(Contraponto ao Verão de João Jales)
A 27 de Abril de 1969, Alberto Martins, Presidente da Associação Académica de Coimbra interpelou o Presidente Américo Tomás no anfiteatro das Matemáticas. As consequências deste gesto projectaram-se até ao final desse ano lectivo. Os movimentos estudantis estavam de novo no centro da vida política, contestando o regime não democrático e suscitando a repressão das autoridades. Marcelo Caetano sucedera a Salazar e prometera alguma abertura política. Os estudantes punham à prova tais intenções.
Em Agosto de 1969, com 20 anos, concluido o 2º ano do Curso de História na Faculdade de Letras de Lisboa, as inquietações que partilhava com os meus amigos mais próximos giravam em torno de três questões: a Guerra, a União Soviética e o comunismo em geral, as eleições de Outubro. Estavamos ou não dispostos a cumprir o serviço militar e consequentemente a combater em África contra os movimentos africanos? – eram os termos do debate sobre a primeira questão. A segunda tinha que ver com a eclosão do conflito sino-soviético, com a invasão da Checoslováquia pelas tropas russas, com os novos temas lançados pela extrema esquerda francesa em Maio do ano anterior. O debate era aqui muito mais complexo e menos tolerante. As posições antagónicas originavam frequentes rupturas pessoais e políticas. A terceira questão, que também era atravessada pelas clivagens ideológicas presentes no debate da segunda, procurava resposta para a seguinte pergunta: devemos, apesar de sabermos que as eleições são viciadas, aproveitar a oportunidade para divulgar os nossos pontos de vista, ou, ao contrário, é mais eficaz denunciar a fraude, recusando esse jogo desleal?
Tentando vencer incertezas e dúvidas, lá fui optando: permanecer em Portugal, manter o não alinhamento com facções políticas pró-soviéticas ou pró-chinesas, colaborar na campanha eleitoral da CDE, no distrito de Leiria.
De modo que, em Setembro e Outubro (as eleições realizaram-se a 21 deste mês) estive presente, primeiro a convite e ao lado de Alberto Costa, mais tarde com Jorge Silvestre, em diversas reuniões para elaborar o programa eleitoral e sessões de esclarecimento. Alberto Costa, que eu conhecia desde os 17 anos, era natural de Alcobaça, tal como Jorge Silvestre. Em Lisboa, na Faculdade de Direito, que frequentei durante o primeiro ano, cimentara-se entre nós uma boa amizade. A Polícia Política deu uma informação negativa à candidatura do Alberto, pelo que à ultima hora teve de ser substituido nas listas do distrito. Jorge Silvestre frequentava o Instituto Superior de Agronomia, tal como José António Ribeiro Lopes, que nos apresentou.
Um dos tópicos vincados nas memórias do João Jales é a música. Também aqui, os 5 anos de diferença de idades são significativos, embora raramente sejam objecto de análise. Isso deve-se ao facto de ao longo destes últimos quarenta anos termos contruído um património comum de referências. Mas de facto, julgo que a segunda metade da década de 60 trouxe uma forte mudança: Paris e a França, com os seus “maitres à penser” e os seus autores/cantores de temas políticos e de crítica social foram substituídos por Londres e a Inglaterra (e a seguir os Estados Unidos) e a cultura hippie, onde a militância política era claramente secundarizada. Mário Vargas Llosa neste seu romance recentemente editado em Portugal (Travessuras da Menina Má) escreve: “Na segunda metade dos anos 60, Londres destronou Paris como cidade das modas que, partindo da Europa, se espalhavam pelo mundo. A música substituiu os livros e as ideias como centro de atracção dos jovens, sobretudo a partir dos Beatles, mas também de Cliff Richard, dos Shadows, dos Rolling Stones com Mick Jagger e outros grupos e cantores ingleses, e dos hippies e da revolução psicadélica dos flower children”. Estou basicamente de acordo com esta observação. Curiosamente, eu próprio tomei partido, em 1963 e 1964, no Diário de Lisboa e na Gazeta das Caldas, ao lado dos que julgavam possível impedir essa mudança cultural. Estava evidentemente enganado. Essa mudança era muito mais profunda do que eu na altura supunha. Podia voltar a citar Vargas Llosa, mas este comentário já vai longo e temo que a citação pudesse ser mal interpretada.
.
JJ disse:
JJ disse:
Nada mais gratificante para quem escreve do que ver (ler,ouvir) a reacção de quem lê.
Em relação ao comentário do João Serra só acrescentaria que a substituição da música francesa de intervenção pelo Rock (já não o Rock’n’Roll) da segunda metade da década de 60 corresponde aos anseios dos jovens consumidores, não a uma mera questão de modas. E discordo da militância política ser, nesta música, secundarizada: a rejeição da guerra do Vietname, a defesa dos direitos das mulheres, dos negros e dos jovens, a recusa radical de um modelo económico e social de desenvolvimento são muito mais subversivos e revolucionários do que a defesa dos valores de uma esquerda presa ao esgotado modelo soviético como era feita pelos engagés francófonos. Woodie Guthrie, Pete Seeger, Bob Dylan, Phil Ochs, Country Joe McDonald, J Airplane, MC5 , Tom Paxton, Joan Baez, Marvin Gaye, Jimi Hendrix, são bons exemplos, mas há muitos mais. Os próprios Beatles foram declarados persona non grata por Nixon, que tentou várias vezes expular Lennon dos USA. Mas essa conversa pode ficar para outra vez, já que este é apenas um pequeno pormenor num comentário que muito me satisfez suscitar.
.
Manuela Gama Vieira disse:
Gostei muito do "Contraponto" escrito por João Serra.
Recordo o ano de 1969,o da crise académica de Coimbra, com particular acuidade. Daí em diante, nunca mais nada foi igual.
Costumo dizer que me orgulho de pertencer a uma geração riquíssima.
A geração que teve o atrevimento de se ATREVER!!!
.
João Ramos Franco disse:
Caro João Jales
O 2º comentário do Serra sobre 1969 é ele (estudante) a viver a “Primavera Caetanista”, com toda carga ideológica da sua geração.
Que poderei eu acrescentar, mais velho, que em1961 tive conhecimento da prisão de estudantes na Universidade de Lisboa, sendo alguns deles amigos e ex-alunos do ERO. A minha opinião sobre a música e a canção está mais perto da dele, apesar de modo nenhum desvalorizar a tua. Penso que cada geração tem determinados valores que se apoiam em variados modos expressão e um deles é precisamente esse.
Um abraço
João Ramos Franco
.
Luís António disse:
Não sei se era o que pretendias ao referir a Checoslováquia em 1968, mas é óbvio que esse foi um ponto a partir do qual não era mais possível defender o lado de lá… Mas só soubemos isso depois, lembro-me de discutir isso, mas já em Lisboa, em 73, 74,75… e , se bem me lembro, também não chegaste a passar pelo PC, pois não? Mas a geração do Bonifácio Serra sim, quase todos os que fizeram política.
.
Gostei muito do "Contraponto" escrito por João Serra.
Recordo o ano de 1969,o da crise académica de Coimbra, com particular acuidade. Daí em diante, nunca mais nada foi igual.
Costumo dizer que me orgulho de pertencer a uma geração riquíssima.
A geração que teve o atrevimento de se ATREVER!!!
.
João Ramos Franco disse:
Caro João Jales
O 2º comentário do Serra sobre 1969 é ele (estudante) a viver a “Primavera Caetanista”, com toda carga ideológica da sua geração.
Que poderei eu acrescentar, mais velho, que em1961 tive conhecimento da prisão de estudantes na Universidade de Lisboa, sendo alguns deles amigos e ex-alunos do ERO. A minha opinião sobre a música e a canção está mais perto da dele, apesar de modo nenhum desvalorizar a tua. Penso que cada geração tem determinados valores que se apoiam em variados modos expressão e um deles é precisamente esse.
Um abraço
João Ramos Franco
.
Luís António disse:
Não sei se era o que pretendias ao referir a Checoslováquia em 1968, mas é óbvio que esse foi um ponto a partir do qual não era mais possível defender o lado de lá… Mas só soubemos isso depois, lembro-me de discutir isso, mas já em Lisboa, em 73, 74,75… e , se bem me lembro, também não chegaste a passar pelo PC, pois não? Mas a geração do Bonifácio Serra sim, quase todos os que fizeram política.
.
Isabel Knaff disse:
Li LOGO a Ana Karenina que adorei...Tchhhhh Meu Deus, o que ali vai...nem sei por onde começar... são os tão familiares autores e os inúmeros livros que eu devorava, que saudades do entusiasmo e sede com que eu os lia , a música que entoava o que nos ia na alma , a Foz daquele tempo com, incrivelmente, todos os promenores que lhe estarão sempre associados (até as uvas!). O começo de inocentes namoros de adolescentes...o imitar dos olhares do Omar Shariff (escolha perfeita!)...tudo, mesmo tudo!
A honestidade com que o fazes é adorável.Como descreves e trazes toda a calma e ao mesmo tempo todo o movimento próprio da Foz nesta descricão é genial...até se sente a maresia.
E esta Teresa de olhos negros ...tem mais episódios..??? Junto-me ao "grupo" aguardando por mais encontros.
.
Isabel Silva disse:
Atrasadíssima! É como eu estou no que se refere a leituras de Verão.
Mas hoje voltei, vitoriosa de uma guerra com a Cabovisão que me impediu de manter a "escrita em dia" durante alguns dias.
Comecei pela Anna Karenina e devo dizer-te João, que por uns minutos me embrenhei neste magnífico conto. Para além do prazer que a tua escrita desperta, foi óptimo recordar os dias de Verão na Foz do Arelho, naquela inolvidável época: as idas às rochas, os banhos comandados pelo Calheiros Viegas, as idas ao colo para dentro de água... Mas o que me encantou mesmo foi a forma como relembras os amores da adolescência, fase da vida tão "gira" e bela, mas bem mais míope do que tu…
Um beijo. Belão
Isabel Silva disse:
Atrasadíssima! É como eu estou no que se refere a leituras de Verão.
Mas hoje voltei, vitoriosa de uma guerra com a Cabovisão que me impediu de manter a "escrita em dia" durante alguns dias.
Comecei pela Anna Karenina e devo dizer-te João, que por uns minutos me embrenhei neste magnífico conto. Para além do prazer que a tua escrita desperta, foi óptimo recordar os dias de Verão na Foz do Arelho, naquela inolvidável época: as idas às rochas, os banhos comandados pelo Calheiros Viegas, as idas ao colo para dentro de água... Mas o que me encantou mesmo foi a forma como relembras os amores da adolescência, fase da vida tão "gira" e bela, mas bem mais míope do que tu…
Um beijo. Belão
.
São Caixinha disse:
(....) Muito aconteceu no blog durante estas 4 semanas e entretanto já me parece despropositado enviar comentários! Creio até que pouco teria a acrescentar ao muito que já foi dito...contudo não posso deixar de dizer que a tua ANNA KARENINA me deixou impressionada! Na minha opinião a melhor das tuas estórias até agora... límpida doce e completa, a fartar-nos os sentidos como compete à verdadeira arte!
(....) Ohhh...quase que me esquecia! Não me lembro mesmo de nenhuma Lucha...ou era Tucha? Quem seria essa menina ?!...
.
Paulinha Pardal dsse:
Adorei a tua história, devias pensar em começar a escrever um livro, essa tua cabeça sempre foi muito boa a inventar...
Eu estou cada vez mais loira, será dos gargarejos no Hospital Termal? Não, isso é para a sinusite …ai meu deus que mal me estão a fazer os cabelos!!!! Queixas-te da tua miopia? Vê lá tu que fui comprar uns óculos novos, dos de ver ao pé, porque com os outros via muito mal tinha que aumentar a graduação, principalmente dum olho, cheguei à loja mostraram-me vários óculos mais graduados dos que eu trazia e eu pus e tirei ,pus e tirei, e digo:
-Ah realmente com estes mais graduados vejo muito melhor, os velhos, apesar da diferença não ser muita, via um pouco mal, principalmente com o olho direito.
Diz a empregada:
- A senhora desculpe mas por acaso já reparou que não tem uma lente?
Ah! Risos e mais risos...olha que isto foi verdade, não estou a inventar, é só para veres o estado em que está esta tua amiga, calhando esqueço-me de ir ao próximo almoço!
Bjs PP
Eu estou cada vez mais loira, será dos gargarejos no Hospital Termal? Não, isso é para a sinusite …ai meu deus que mal me estão a fazer os cabelos!!!! Queixas-te da tua miopia? Vê lá tu que fui comprar uns óculos novos, dos de ver ao pé, porque com os outros via muito mal tinha que aumentar a graduação, principalmente dum olho, cheguei à loja mostraram-me vários óculos mais graduados dos que eu trazia e eu pus e tirei ,pus e tirei, e digo:
-Ah realmente com estes mais graduados vejo muito melhor, os velhos, apesar da diferença não ser muita, via um pouco mal, principalmente com o olho direito.
Diz a empregada:
- A senhora desculpe mas por acaso já reparou que não tem uma lente?
Ah! Risos e mais risos...olha que isto foi verdade, não estou a inventar, é só para veres o estado em que está esta tua amiga, calhando esqueço-me de ir ao próximo almoço!
Bjs PP
.
Manuela Gama Vieira disse:
João,parabéns porque é belo:
João,parabéns porque é belo:
-Não teres esquecido as "belíssimas"férias que descreves
-Os nossos Pais falavam de "coisas"de que, naquele tempo,nada pareciam dizer-nos...mas afinal de alguma "coisa"nos serviu
-O enlevo com que descreves o "romantismo" que envolveu o teu conto.
.
Margarida Araújo disse:
Parece que existe aqui um escritor merecedor de ser publicado: tu.
Bom conto a relembrar um amor de verão. Acompanhado com uma música que há tanto tempo não ouvia. Não foi música de um filme????
Bem, da fotografia que enviei posso dizer que são:
Paula Crespo
Ana Buceta
Eu (Margarida/Guidó)
Natércia Carvalho (Nami)
Essa de irmos até às Berlengas, é boa. Foi assim para a Paula e Nami, por via das barbatanas, eu e a Ana fomos dar ao Baleal e já cansadas apanhámos o burro das 13h30m e chegámos pelas 19h às Caldas da Rainha. No outro dia fomos esperar as duas amigas ao Cabo Avelar Pessoa, em Peniche (barco que fez e ainda faz as ligações marítimas à ilha).
Faço dois reparos: a minha ousadia citadina em relação ao recato das caldenses e as toucas, com farripas, acolchoadas ou em forma de bicho, do melhor.
Boas férias a todos (ah! a fotógrafa foi a minha mãe (Mila Marques ex-aluna do Ramalho Ortigão). M.
.
João Ramos Franco disse:
Os amores de um adolescente...
Uma historieta de Verão, mas muito bem contada. Consegues ao transportar-nos nos amores de um adolescente, (quem não os teve), fazer-nos passar por uma Foz do Arelho, (que recordo tal tu a contas), colocar-nos perante a literatura e os seus escritores (a influencia de aquilo que lemos tem em nós) e levar-nos até preferências musicais.
As conversas dos mais velhos (que citas), são uma fonte onde sem nos apercebermos, bebemos os valores que ainda hoje fazem parte de nós.
- Estes amores da adolescência, doíam muito e eram difíceis de passar… Mas naturalmente encontraste remédio, em S. Pedro de Muel…
João R F
.
Jorge disse:
continuamos a ler isto em folhetins, para quando a versão completa? Já pedi ( e não fui só eu!!!) várias vezes que escrevas um romance ou umas memórias sobre estes tempos… desta vez gostei mais do texto e da literatura que da música! jorge
.
João B Serra disse:
Esta história funciona como uma espécie de tratado sobre a visão. O autor inicia-nos nos segredos da miopia, para depois nos mostrar as armas mais subtis e eficientes que os portadores da dita desenvolvem. O que não descortinam ao longe observam bem de perto, do que confundem tiram imediatamente partido, o que não podem visualizar em pormenor percebem na globalidade. Enfim, o que não vêem ou julgam não ver, tocam, ouvem e por vezes imaginam.
JJ é um grande contador de histórias. Já o sabíamos. Confirmamo-lo agora nesta bela história de sedução que acrescenta a este summerblog novas geografias (a Foz do Arelho das praias intermitentes, S. Pedro de Muel, Mondim das terras de Basto) e novas cronologias (depois de 1957 e 1973, o ano viragem de 1969).
J. Serra
Os amores de um adolescente...
Uma historieta de Verão, mas muito bem contada. Consegues ao transportar-nos nos amores de um adolescente, (quem não os teve), fazer-nos passar por uma Foz do Arelho, (que recordo tal tu a contas), colocar-nos perante a literatura e os seus escritores (a influencia de aquilo que lemos tem em nós) e levar-nos até preferências musicais.
As conversas dos mais velhos (que citas), são uma fonte onde sem nos apercebermos, bebemos os valores que ainda hoje fazem parte de nós.
- Estes amores da adolescência, doíam muito e eram difíceis de passar… Mas naturalmente encontraste remédio, em S. Pedro de Muel…
João R F
.
Jorge disse:
continuamos a ler isto em folhetins, para quando a versão completa? Já pedi ( e não fui só eu!!!) várias vezes que escrevas um romance ou umas memórias sobre estes tempos… desta vez gostei mais do texto e da literatura que da música! jorge
.
João B Serra disse:
Esta história funciona como uma espécie de tratado sobre a visão. O autor inicia-nos nos segredos da miopia, para depois nos mostrar as armas mais subtis e eficientes que os portadores da dita desenvolvem. O que não descortinam ao longe observam bem de perto, do que confundem tiram imediatamente partido, o que não podem visualizar em pormenor percebem na globalidade. Enfim, o que não vêem ou julgam não ver, tocam, ouvem e por vezes imaginam.
JJ é um grande contador de histórias. Já o sabíamos. Confirmamo-lo agora nesta bela história de sedução que acrescenta a este summerblog novas geografias (a Foz do Arelho das praias intermitentes, S. Pedro de Muel, Mondim das terras de Basto) e novas cronologias (depois de 1957 e 1973, o ano viragem de 1969).
J. Serra
.
José Luis Reboleira Alexandre disse:
Ler estas férias do João é um pouco recordar as de muitos de nós da mesma altura com algumas «nuances», claro. A DS (continuo a usar o feminino desde esse ano de 69) no meu caso era o carro do pai da Martine que frequentou São Martinho em Agosto desse ano. O meu gosto pela bela lingua francesa vem talvez dessa altura. Hoje é a que mais se fala cá em casa.
A música já nessa altura era muito, mas muito mesmo, através das palavras do, hoje meu conterrâneo Montrealense, Leonard Cohen. Mesmo os escritores do realismo russo eram os mesmos.
O Give Peace a Chance foi para mim uma descoberta recente, por isso junto um link de um jornal local que irá acrescentar, estou certo, à cultura musical do JJ.
http://www.canoe.com/divertissement/musique/nouvelles/2008/07/11/6128166-jdm.html
O Ralph, jovem amigo que acompanhou Gail na aventura, não entra nesta história, e é pena, pois a versão dele é bem diferente.
4 anos mais tarde, foi do outro lado da baia na duna de Salir, que, ainda em francês, com salpiques da lingua de Camões, fiz «o tal encontro» que ainda hoje perdura.
Um abraço grande para o JJ pelo magnifico trabalho que é a manutenção do blog, e para todos os que aparecem por aqui. J. L. Reboleira Alexandre
A música já nessa altura era muito, mas muito mesmo, através das palavras do, hoje meu conterrâneo Montrealense, Leonard Cohen. Mesmo os escritores do realismo russo eram os mesmos.
O Give Peace a Chance foi para mim uma descoberta recente, por isso junto um link de um jornal local que irá acrescentar, estou certo, à cultura musical do JJ.
http://www.canoe.com/divertissement/musique/nouvelles/2008/07/11/6128166-jdm.html
O Ralph, jovem amigo que acompanhou Gail na aventura, não entra nesta história, e é pena, pois a versão dele é bem diferente.
4 anos mais tarde, foi do outro lado da baia na duna de Salir, que, ainda em francês, com salpiques da lingua de Camões, fiz «o tal encontro» que ainda hoje perdura.
Um abraço grande para o JJ pelo magnifico trabalho que é a manutenção do blog, e para todos os que aparecem por aqui. J. L. Reboleira Alexandre
.
Laura Morgado disse:
João os meus parabéns!!!!Consegues descrever com toda a clareza o ambiente vivido na Foz naquela época.Nada falha, desde a música aos comentários das notícias.Reportas-te aos teus 15 anos, mas com os de 20 o cenário era igual.Como já não é novidade para ti, gosto muito da tua escrita! Laura
.
Luisa disse:
(.....) Sabes que é que eu queria saber mesmo MESMO???? Saber o que é que aconteceu depois com a Teresa em São Pedro!!! Vou perguntar ao Tózé, ele deve saber.... Já disse vezes suficientes que gosto muito destes teu diários. L
.
Fernando Santos disse:
Penso que a estória seja verídica, mas quem sou eu para acrescentar qualquer comentário além do que já disseram João Ramos Franco, João B. Serra ou Reboleira Alexandre?
Apenas me surpreende o facto do Dr. Jales oferecer ao filho de 15 anos, clássicos de Tolstoi, Dostoievsky e Gorky. Os dois primeiros encontrava-os nas bibliotecas públicas que eu frequentava, agora a Mãe, de Gorky? Só o devo ter lido em 63 ou 64 e foi-me emprestado por um amigo, no maior secretismo.
Fernando Santos
Fernando Santos
.
JJ disse:
1-Esqueci-me de agradecer à Margarida Araújo e à Anabela Miguel as fotografias incluídas. Não as legendei na esperança de que alguma das retratadas o faça aqui nos comentários.
2-Agradeço todos os comentários, contactos e elogios. Aproveito para responder definitivamente a uma pergunta insistente: não há qualquer outro nome para a Lucha, esse é mesmo o nome do personagem, não tem outro.
3-Vou confirmar, logo que possível, o ano de edição do meu Gorki mas estou convicto de que é seguramente anterior a 1969. O Fernando escreveu um segundo comentário sobre este assunto, que julgo muito interessante, e que podem ler a seguir.
.
Fernano Santos respondeu:
Olá J.J.
Para mim não está em causa o ano da edição de " A Mãe" mas sim o facto de na época ser um livro proibido pela PIDE.
No início dos anos 60, eu e outro colega criámos uma pequena biblioteca na empresa onde trabalhámos, e isso foi suficiente para ser vigiado por informadores daquela organização. Posso até dizer-lhe que possuía alguns livros considerados perigosos, e com receio de ser apanhado, dei uma volta pelo campo e deitei-os fora.Mais tarde arrependi-me de ter cometido tal acto de estupidez, mas o mal já estava feito.
Alguns livros de Jorge Amado, Ferreira de Castro, Aquilino, Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes e muitos outros, como sabe, eram apreendidos logo à saída das editoras. Lembro-me, que até a "Ciociara" de Morávia, me foi emprestado sub-repticiamente pela funcionária da biblioteca que eu frequentava, porque não tinha ordem de o colocar nas estantes.
Um abraço.
Fernando Santos.
Um abraço.
Fernando Santos.
Sem comentários:
Enviar um comentário