Eu confesso que não tencionava fazer comentários, pois sempre fui pouco dado a escrita, mas o JJ insistiu, principalmente agora por ser referido no “Anna Karenina“, e também num episódio com uns pastéis de nata quentinhos (recordo-me das mesmas corridas no intervalo grande para a Floresta, onde se jogava dois jogos de matrecos e voltava-se ladeira acima para não chegar tarde as aulas. Só de pensar nisto já estou cansado).
Eu confesso que a estória narrada pelo JJ se passou conforme a narrativa, mas eu não era tão míope como ele e portanto distinguia perfeitamente, a 50 metros, se uma rapariga era loura ou morena, se bem que fisicamente até existissem semelhanças. No entanto depois de um dia de espera desesperada para encontrar a Lucha e ele já com o lábio inferior a parecer-se com beicinho, resolvi picá-lo, para ver se lhe passava a telha. E não é que resultou, se bem que não me lembro se houve continuidade de relações com a dita Teresa, nem tinha que saber.
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Eu confesso que essa ida as piscinas de S. Pedro de Moel me agradou bastante, tendo lá voltado várias vezes em verões posteriores, quando já tinha um glorioso 2CV, sempre com mais gente do que a lotação permitia ( hoje seria impossível).
Eu confesso que as minhas preferências literárias abarcavam outros “clássicos”, como o Jules Verne, Conan Doyle, toda a colecção Emílio Salgari, Marabout e até, depois de ter passado o então 5º ano e por já não estar sujeito a obrigatoriedade, os Lusiadas, que me deram um gozo nunca experimentado nos anos de tortura do Português. Também os nossos autores Camilo, Eça, Alex. Herculano, Ant. Sérgio, Júlio Dinis, enfim o que havia lá em casa. De notar que li o livro “Despertar dos Mágicos”, que com 15 anos achei uma maravilha. Até me recordo da banda desenhada do Hugo Pratt, onde o autor refere os conflitos existentes nos Balcãs, Turquia, Grécia e zonas adjacentes e que ainda hoje não tiveram solução, passado um século.
Eu confesso a minha total concordância com o Xico Cera nas suas saudades das Caldas doutras eras, pois toda a Vida que, principalmente no verão, aqui existia, e se centrava na zona histórica da cidade, Hospital Termal, Parque (onde se realizaram as melhores feiras da fruta e da cerâmica), Casino, Lisbonense e Praça da Fruta, desapareceu. É que hoje as Caldas morreram, são um mero jardim para construtores civis plantarem dormitórios. Paz a sua alma.
Eu confesso mais uma vez, e não é por ter sido aluno do ERO e este ser do patriarcado, pois nunca me confessei e nem a 1ª comunhão fiz (façanha rara!) , sendo a única actividade + ou – religiosa por mim praticada a ida ao santo sacrifício da saída da missa de domingo, antes da 1 hora e por razões óbvias: Não tenho realmente veia para escrita, definitivamente sou mais como aquele brinquedo espanhol que dizia “habla comigo”.
Peço desculpa ao senhor francês que começava todas as frases do seu panfleto com “J´accuse“, mas não resisti a copiar a ideia.
A. H.
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COMENTÁRIOS
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JJ disse:
O Hipólito não é uma testemunha mas sim um cúmplice activo de tudo quanto vivemos nesses anos, daí o facto de tentar trazer as suas memórias para o Blog. Essa da "veia", que eu nem sei o que é, não serve de desculpa, esperamos mais confissões.
Quanto à questão da Teresa, que o Tó Zé, a Luisa e a Isabel Caixinha levantaram, terão a resposta em devido tempo...
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Isabel Caixinha disse:
Li o artigo do Hipólito que me deixou intrigada. Esta "falta de vista" comum aos cavalheiros da época, intrigou-me. Dei comigo a analisar, com lupa, os meus conhecidos ou possiveis "amores" de então, tentando reconhecer estes sintomas na distância que nos separaria...Huummm...Curioso, como nunca me ocorreu antes...
Gostei muito da forma directa como o Tó Zé escreve também. E mais livros...desta vez "O Despertar dos Mágicos". Bom livro. O mais curioso é que eu lia ao mesmo tempo "As Aventuras dos Cinco", com o mesmo interesse!
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Manuela Gama Vieira disse:
O(s) matar(es) de saudades às Caldas...levam-me a concordar em absoluto com o Hipólito: a beleza do centro das Caldas desapareceu! Que tristeza me deu olhar a degradação da "praça da fruta" e zona circundante. Mudam-se os tempos... infelizmente,nem sempre para melhor! É o caso!!!
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António disse :
Caros colegas:
As Caldas têm--se realmente apagado e desaparecido debaixo das horrorosas construções com que destruíram a avenida da estação, a antiga quinta dos canários (é um atentado), as novas construções na Foz, onde era a Pensão Portugal (lembram-se?), parecem ser um caso de polícia, aquilo não pode ser legal. Ninguém faz nada, ninguém diz nada?
Gostei da história do Jales, mesmo sem a confirmação do Hipólito dava para ver que eram memórias verdadeiras. O Jales já sabia que era escritor, o Hipólito foi uma surpresa.
Caros colegas:
As Caldas têm--se realmente apagado e desaparecido debaixo das horrorosas construções com que destruíram a avenida da estação, a antiga quinta dos canários (é um atentado), as novas construções na Foz, onde era a Pensão Portugal (lembram-se?), parecem ser um caso de polícia, aquilo não pode ser legal. Ninguém faz nada, ninguém diz nada?
Gostei da história do Jales, mesmo sem a confirmação do Hipólito dava para ver que eram memórias verdadeiras. O Jales já sabia que era escritor, o Hipólito foi uma surpresa.
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Fátima Vieira disse:
Sou visita habitual do Blog.
Vivo com encanto, alegria e algum saudosimo cada história cada cantinho, as canções ,as nossas memórias.
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João respondeu:
Fáfá:
Fico satisfeito com o teu "aparecimento" ... Vai-te mantendo em contacto. Demasiados leitores mantém uma atitude passiva, gostaria de ver mais a comentar o que aqui se publica, como tu fizeste.
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J.Carlos Abegão.
Gostei do artigo do Tó-Zé Hipólito, sobre as nossas Caldas, está lá toda a verdade.
Cumprimentos. JCAbegão
3 comentários:
O(s) matar(es) de saudades às Caldas...levam-me a concordar em absoluto com o Hipólito:...a beleza do centro das Caldas desapareceu!Que tristeza me deu olhar a degradação da"praça da fruta"e zona circundante.
Mudam-se os tempos...infelizmente,nem sempre para melhor!É o caso!!!
João; Visita habitual do Blog
Vivo com encanto alegria e algum saudosimo cada história cada cantinho, as canções ,as nossas memórias
Caros colegas:
As Caldas têm--se realmente apagado e desaparecido debaixo das horrorosas construções com que destruíram a avenida da estação, a antiga quinta dos canários (é um atentado), as novas cconstruções na Foz, onde era a Pensão Portugal (lembram-se?) parecem ser um caso de polícia, aquilo não pode ser legal. Ninguém faz nada, ninguém diz nada?
Gostei do história do Jales, mesmo sem a confirmação do Hipólito dava para ver que eram memórias verdadeiras. O Jales já sabia que era escritor, o Hipólito foi uma surpresa.
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