O melhor do Verão era o nevoeiro que cobria as manhãs da praia da Foz de Arelho, por vezes tão húmido que trespassava os camisolões impostos pelo zelo maternal. Por detrás dele, esperando pacientemente, estavam as coisas do mar: a espuma das ondas, os barcos de pesca, os veleiros na linha do horizonte, as gaivotas aparentemente perdidas, as ilhas de aventura. Na costa, libertando-se pouco a pouco dos fantasmas de bruma, vigiando cada um o seu espaço próprio de areia e água, o palacete Almeida Araújo e o Hotel do Facho.
O melhor do Verão eram as ondas altas e vigorosas da praia da Foz do Arelho, às quais fazíamos frente com determinação e com respeito. O melhor do Verão eram as pequenas praias de rocha e areia húmida que a baixa mar por vezes descobria, a seguir ao Facho. Em alternativa, o melhor do Verão podia ser a corrente, serpenteando lenta, antes de virar rápida e traiçoeira, da Lagoa, onde aprendíamos a nadar, e a sua praia preguiçosa onde se podia ficar até ao pôr do sol.
O melhor do Verão eram os picnics na praia da Foz do Arelho, as bolas de Berlim e os bolos de arroz, as sandes de carne assada ou de presunto, os ovos cozidos, as frutas que as nossas mães insistiam em descascar, os sumos trazidos de casa, as laranjadas Canadá Dry.
O melhor do Verão eram as noites da Foz do Arelho: no café Caravela, com aqueles que tinham casa alugada, onde se lia e comentava o Cavaleiro Andante e se combinavam os pontos de encontro para o dia seguinte, depois de contar e recontar até a saciedade os episódios fantásticos do dia que passara; ou nas varandas e salões de convívio da FNAT, com os que vinham passar o turno de 20 dias na colónia de férias, onde se lia e comentava o Cavaleiro Andante e se combinavam os pontos de encontro para o dia seguinte, depois de contar e recontar até a saciedade os episódios fantásticos do dia que passara.
O melhor do Verão eram os amores de Verão na Foz do Arelho, consumados ou não, imaginados ou não, mas sempre presentes, nos olhares que percorriam os corpos, nas palavras que convidavam, nos passeios de descoberta e no desejo que, por tentativa e erro, aprendíamos a expressar.
O melhor do Verão era evidentemente a Foz do Arelho.
A Foz do Arelho é a melhor para ele, faz parte de uma imagem da sua juventude, que estará presente na sua memória, penso que para sempre.
Pode não ser o melhor para todos, mas para ele “O melhor do Verão era evidentemente a Foz do Arelho”.
Talvez esta frase se aplique ás memórias que a Foz do Arelho deixaram nele e que, depois de ter conhecido muitas praias ,volta sempre lá.
"A partir de um certo ponto em diante já não há nenhuma volta atrás. Esse é o ponto que deve ser atingido"Franz Kafka .
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Manuela Gama Vieira disse:
Da Foz, boas recordações, apesar de, confesso, aquele nevoeiro, a nortada(?) marítima, a água do mar gelada, brrrrr....
3 comentários:
é mesmo assim, a Foz é a Foz de sempre e hoje continua igual a si mesma com espaço para tudo o que queiramos imaginar. Está nortada? é a Foz; está o mar bravo? é a Foz, a àgua está fria pois está,mas de outra forma não seria a Foz. Fotografias tenho e vou mandar mas só depois de abalar da Foz. VB
Da Foz,boas recordações, apesar de,confesso,aquele nevoeiro,a nortada(?) marítima,a água do mar gelada,brrrrr....
QUE SAUDADES DO VERÃO NA FOZ DO ARELHO!
TINHA EU 6 ANOS QUANDO COMECEI A IR PARA A FOZ! E AÍ FUI CRESCENDO,ATÉ À IDADE DE JÁ TER UM GRUPO,ONDE TAMBÉM SE JUNTAVAM ALGUNS DOS ALUNOS DO COLÉGIO MODERNO E ÍAMOS À PRAIA, DEPOIS À TARDE ÍAMOS PARA CASA DA MINHA TIA, FAZÍAMOS JOGOS DE CARTAS,BURRICADAS,FAZÍAMOS PINHAL e MATINÉS DANÇANTES À TARDE.À NOITE IA-SE ATÉ AO CAFÉ CARAVELA ONDE SE JOGAVA BILHAR E MATRAQUILHOS E OUTROS JOGOS DA ALTURA.
TAMBÉM ÍAMOS FAZER PESCARIAS DE BARCO ONDE O PEIXE ERA TANTO QUE AS TAINHAS SALTAVAM PARA DENTRO DO BARCO! ENFIM. PARA MIM CONTINUA A SER A MELHOR PRAIA PORTUGUESA,EMBORA COM O SEU CLIMA ÚNICO E A ÁGUA DO MAR ORA GELADA ORA MORNA, UMAS VEZES BRAVO OUTRAS VEZES CHÃO, AS PRAINHAS ONDE NA MARÉ VAZIA SE PODIA IR ERAM UMA DELíCIA. É ASSIM QUE RELEMBRO COM MUITA SAUDADE ESSES BELOS TEMPOS NA FOZ DO ARELHO!
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