C O M E N T Á R I O S
Diogo Viseu disse:
O rapaz é, toda a gente sabe, o Vasco de Noronha Trancoso. Campeão. Mas quem é o tipo do lado, o professor de filosofia? Diogo Viseu
Carlos Gouveia disse:
Será o Dr. Vasco Trancoso? Ele não é das Caldas, mas creio que de Lisboa, deve estar cá há 30 anos, é conhecido de todos e guarda certamente os recortes dos jornais.Um abraço Carlos Gouveia
RESPOSTA:
BINGO!
JJdisse:
Como vêem, e respondendo a duas “insinuações” que recebi, o artigo de jornal é genuíno e o texto foi escrito pela pessoa que está nas duas fotos, há quase trinta anos residente nas Caldas e conhecido por muitos (todos?) os caldenses.
Falamos do meu amigo Vasco Trancoso, que se dispôs a participar nesta pequena brincadeira, trazendo-nos simultâneamente memórias de um tempo (década de 50) que tem estado aqui algo ausente, por culpa dos colegas mais velhos.
Eu tinha 5 anos em 1959, tenho muita dificuldade em fazer qualquer apreciação aos aspectos não musicais do “retrato de época” que aqui é apresentado. Só posso dizer que gostei muito de o ler, mas aguardo comentários dos contemporâneos do autor.
Sobre a música, omnipresente como é habitual nos melómanos quando recordam alguma coisa, acrescento duas notas:
1-"Misty" é uma balada, um clássico do “easy listening”, composta por um dos mais dotados pianistas de Jazz de sempre, Erroll Garner. Não sabia ler uma nota de música mas compôs e interpretou canções sem fim ao longo das décadas de 40, 50, 60 e 70, chegando a gravar três LPs num dia!
Johnny Mathis é um “crooner”, com formação vocal de ópera, surgido com grande êxito em 1957. É curioso ser aqui referido como fazendo parte dos gostos de um teenager, já que a sua música foi sempre dirigida ao mercado adulto, rivalizando com Frank Sinatra e Nat King Cole, por exemplo.
2 – Representam musicalmente a época efectivamente Elvis Presley, Paul Anka, Connie Francis, Teresa Brewer, Everly Brothers, todos brancos, e os negros “bem comportados” J Mathis, Nat King Cole e Platters, que o autor cita no texto.
Os génios negros que “inventaram” o Rock (Chuck Berry, Little Richard, Fats Domino, Bo Diddley), vítimas do boicote do “music business” norte-americano, só a partir de 1964, depois das declarações e afirmações reverentes dos grupos britânicos, veriam o seu talento reconhecido. Eram, nesta altura, desconhecidos fora dos círculos musicais dos negros norte-americanos.
1-"Misty" é uma balada, um clássico do “easy listening”, composta por um dos mais dotados pianistas de Jazz de sempre, Erroll Garner. Não sabia ler uma nota de música mas compôs e interpretou canções sem fim ao longo das décadas de 40, 50, 60 e 70, chegando a gravar três LPs num dia!
Johnny Mathis é um “crooner”, com formação vocal de ópera, surgido com grande êxito em 1957. É curioso ser aqui referido como fazendo parte dos gostos de um teenager, já que a sua música foi sempre dirigida ao mercado adulto, rivalizando com Frank Sinatra e Nat King Cole, por exemplo.
2 – Representam musicalmente a época efectivamente Elvis Presley, Paul Anka, Connie Francis, Teresa Brewer, Everly Brothers, todos brancos, e os negros “bem comportados” J Mathis, Nat King Cole e Platters, que o autor cita no texto.
Os génios negros que “inventaram” o Rock (Chuck Berry, Little Richard, Fats Domino, Bo Diddley), vítimas do boicote do “music business” norte-americano, só a partir de 1964, depois das declarações e afirmações reverentes dos grupos britânicos, veriam o seu talento reconhecido. Eram, nesta altura, desconhecidos fora dos círculos musicais dos negros norte-americanos.
.
Manuela Gama Vieira disse:
Seja quem for o autor, um conto muito giro e bem escrito.Manuela Gama Vieira
.
Guida S disse...
Nunca dancei o Hula Hup, não sou desse tempo! - mas não me parece que fosse muito romântico , pois não?Mas lembro-me do Twist claro nos bailes particulares e no casino,quando estive nas Caldas. Não faço ideia quem seja o autor,mas é alguém mais velho que eu, eu tinha 3 anos em 1958!!!A ideia das mulheres que casam e têm filhos ficarem feias e gordas não me agradou muito - principalmente porque se ele era finalista eles tinham para aí só 18 ou 19 anos!!!
.
Luisa disse:
Gostei de ler esta história dos anos 50 cheia de canções e artistas que não conheço, tirando o Elvis. Mas achei o "misty" assim um bocadinho meloso demais para o meu gosto...
Não consigo identificar o autor, mas há muitos anos que só passo curtas férias aí.Quem ai mora é que deve conhecer!
É bom que estas histórias vão aparecendo no blogue. Bjs.
.
Fernando Jorge disse:
Conheço bem o autor, a quem aqui mando um abraço, porque sou seu amigo. Autor que, aliás, é identificável pelo estilo.
Quanto à rapariga das meias vermelhas, não a conheço, não conheci, nem sou, moral ou materialmente responsável pelas desgraças que lhe tenham acontecido; do que posso fazer fé publicamente, lavrar em acta, ou notarialmente, ou, e se algum dia for para o governo (o que, obviamente, nunca acontecerá!), mandar publicar um desmentido.
Quanto ao Vasco, já não ponho as mãos no fogo por ele... (será possível, 5 anos passados, já não se lembrar?!). FS
.
......................................................................................................................................
Nota final sobre o caso das “Meias Vermelhas”
Em primeiro lugar um grande abraço ao JJales pela parceria e ao Carlos Gouveia a quem felicito pelo raciocínio….
Tudo começou, ao ler o Blog da ERO cujo link o amigo Jales teve a amabilidade de me enviar, alertando-me para canções nele publicadas… e ao deparar com um texto sobre o Twist e o Hula Hoop em que não era feita justiça ao meu amigo João Serra – sempre com grande rigor naquilo que escreve. Não fiquei indiferente e mostrei o “recorte” ao Jales como prova que o João tinha razão…. Daí até engendrarmos também uma situação semi-misteriosa com intenção de divertir – foram poucos minutos.
Depois surgiu o texto à laia de “pista” já que o “Caso das Meias Vermelhas” tinha sido contado aos microfones da saudosa Rádio Margem à qual estiveram ligados alguns ex-alunos do ERO.
E acerca do texto podemos desvendar que “O Centro” era o Centro Recreativo do Bairro da Calçada dos Mestres, bairro então apelidado de “moradias económicas”, e onde as “famosas organizações Limão” produziam os bailes. Aliás faziam-no em diversas associações culturais e recreativas da Lisboa do final década de 1950 e início da de 1960, como a Casa do Algarve, Casa do Alentejo, etc.
Curiosamente convergiam para os bailes do Centro jovens de todos os grupos sociais. Desde o filho do Dr. Castilho até ao do Marceneiro lá do bairro. Aconteciam com frequência paixões impossíveis porque contrariadas mais tarde pela família que impunha destinos diferentes a quem vinha de classes sociais também diferentes. Uns teriam que ser doutores ou engenheiros enquanto outros não passariam de marceneiros ou pedreiros.
Foi no contexto dessa amálgama de jovens com origens e destinos diferentes que se deu o encontro com a menina das meias vermelhas que, para além de não ter eventualmente conseguido fugir ao destino que tinha marcado era, julgo, alguns anos mais velha do que eu… Aliás era um “clássico” as paixonetas por raparigas mais velhas – e que por vezes eram retribuídas. Quantas paixões pelas explicadoras de Inglês ou Português… Haverá certamente razões que esclarecem a atracção entre jovens adolescentes de 15 anos e raparigas já com 20-25 anos. Este tema é, aliás, magistralmente tratado no excelente filme “Verão de 42”.
Como tentativa de explicação da transformação radical verificada mais tarde na dona das meias encarnadas, e sabendo que eu era finalista, com 20 ou 21 anos – dado que chumbei 2 anos no liceu Pedro Nunes… (por isso me transferiram para o liceu Gil Vicente - que acolhia os casos difíceis)… podemos pensar que, em consequência, a menina nessa altura já poderia ser uma senhora talvez com cerca de 25 anos (nunca soube a idade)… Acresce que, embora não sendo obrigatório que as mulheres que casem e tenham filhos engordem (acho difícil alguém ter essa opinião)… isso pode acontecer – tal como nos homens. Por outro lado, poderíamos admitir que, enquanto mais jovem, a dona das meias vermelhas teria um cuidado especial em se arranjar, maquilhar e colorir o cabelo, apresentando um “brilho” talvez artificial, aos meus olhos de adolescente, que se desfez com o passar do tempo e com eventuais problemas que enfrentou…. Se em vez de um cabelo louro e comprido surgir a verdade de um cabelo castanho escuro e curto bem como a ausência de “pinturas de guerra” no rosto e ainda por cima existir uma dieta desregrada e um certo desleixo no vestir, a somar ao facto de que, é frequente as raparigas tornarem-se adultas e mais responsáveis muito mais cedo do que muitos rapazes… poderá ajudar a explicar a transformação…. Na altura muitas jovens, pressionadas pelo ambiente familiar, procuravam casar-se cedo “arrumando-se” como se dizia. Só que algumas deixavam de se cuidar a partir desse momento porque o objectivo para elas estava atingido.
Sabendo que há pessoas que envelhecem precocemente perante os dramas presentes na sua vida, também podemos admitir que algo de grave tenha acontecido à rapariga das meias vermelhas. Na altura não era nada fácil a sobrevivência económica das famílias mais modestas.
Por outro lado, ainda, acontecia que por vezes quando reencontrávamos antigas paixões, perguntávamos aos nossos botões: como tinha sido possível ter sentido tanto por uma pessoa que se transformou afinal num estupor ou num mau carácter.
É claro que tudo isto é especulativo, pois nunca saberemos as razões da transformação da rapariga das meias encarnadas.
Agora sabemos sim que eu era – e sou – muito distraído… sobretudo num primeiro olhar. Acontece inúmeras vezes passar por mal criado ou arrogante por não cumprimentar de imediato pessoas que conheço ou com as quais conversei algumas vezes. Assim também pode ter acontecido que não tenha prestado minuciosa atenção, nos primeiros momentos, à mulher do autocarro… Estou certo que outros espíritos mais atentos fariam diferente se estivessem no meu lugar….
Parece-me interessante partir de um texto para comentar sobre o contexto social da altura. O retrato de época como o Jales refere.
Ainda bem que o Blog do ERO passou das bolas de Berlim da praia de Magoito que eu frequentava para as da Foz do Arelho transportadas pala sra Guilhermina e pelo Justiça.
Quem se lembra de outros pregões e vendedores (estica ó chocolate, etc). E acerca dos jogos de praia. As meninas eram especialistas no “Mata” com o “ringue” e as senhoras mais velhas davam cartas no jogo do prego…
Afinal há muitos ex alunos de muitos Ramalho Ortigão espalhados pelo país.
VT
PS: Há outros blogs criados por outros ex alunos de outros liceus? Seria interessante a articulação ou intercâmbio…
.
Manuela G V disse:
Em as "As Meias Vermelhas", a época e respectiva contextualização, subjazem ao conto e são perfeitamente perceptíveis ao leitor.De qualquer modo, o comentário veio ajudar os "menores de cinquenta, quiçá, de quarenta"... a situar todo o cenário!
2 comentários:
Nunca dancei o Hula Hup, não sou desse tempo! - mas não me parece que fosse muito romântico , pois não?Mas lembro-me do Twist claro nos bailes particulares e no casino,quando estive nas Caldas.
Não faço ideia quem seja o autor,mas é alguém mais velho que eu, eu tinha 3 anos em 1958!!!
A ideia das mulheres que casam e têm filhos ficarem feias e gordas não me agradou muito - principalmente porque se ele era finalista eles tinham para aí só 18 ou 19 anos!!!
Em as "As Meias Vermelhas", a época e respectiva contextualização, subjazem ao conto e são perfeitamente perceptíveis ao leitor.
De qualquer modo, o comentário veio ajudar os "menores de cinquenta, quiçá, de quarenta"... a situar todo o cenário!
Enviar um comentário