por José Carlos Faria
Desenho: São Caixinha
Volta e meia, meia volta, a coisa dava-se.
Tocava para a aula de Ciências e de súbito, desentranhava-se, do mais fundo de nós, uma inquietação gelada feita pressentimento sombrio. Ia-se em desalento tal como o rebanho de almas penadas na porta do Inferno de Dante: «Deixai toda a esperança, oh vós que entrais». E assim era de facto...
Com o ânimo escorraçado a errar lá fora pelos corredores desertos, os piores receios confirmavam-se - A Drª Cristina, temida por muitos, execrada por tantos mais (feitios!), fazia a sua entrada triunfal ao compasso tronitruante dos saltos altos e, camuflada por detrás do fumo de cigarro empunhado, encarava a turma expectante, numa antecipação do gozo (dela) iminente, qual caçador furtivo perante presa à mercê. Abria o livro de ponto com delongas estudadas de Diva e, talvez por «spleen», para espantar a modorra (sabe-se lá!), proferia a mais áspera e indesejada sentença:
- Chamadas!
(Era assim mesmo, duro e cru, sem quaisquer eufemismos didácticos de «revisão da matéria dada» ou veleidades pedagógicas de «experiências laboratoriais», aliás raras, com esta protagonista).
- Chamadas!
Pronto! Aí estava a condenação, sem apelo possível, apenas a perspectiva de um agravo implacável a pairar, inquietante e ameaçador, sobre as cabeças de todos, irmanados na desolação. A partir dali, a Vida jogava-se inteirinha nos três quartos-de-hora seguintes, numa prova de fogo levada ao limite e donde ninguém sairia incólume.
Começava então um longo ritual de sádicos preliminares. De caderneta em riste, folheava as fichas individuais abrilhantadas com o registo de cada um, mais a respectiva fotografia cadastral. A angústia e a ansiedade aumentavam progressivamente à medida do voltear de páginas, enquanto a contagem mental colectiva dos números identificadores acompanhava os avanços e recuos. Sim, porque a consulta não era linear: Os dedinhos sapudos iam marcando a sina de presumíveis vítimas, desde logo ali suspensas numa tortura prolongada e num desejo absurdo de asas para uma evasão impossível. Os que viam a sua posição ultrapassada, encontravam, por um momento, um ligeiro alívio. Ilusório engano! Uma inesperada inversão de sentido ou um qualquer inopinado retorno, voltava, de imediato, a colocá-los em risco.
As paredes estreitavam-se, opressivas. Névoa. O ar denso, irrespirável. Têmporas a latejar. Socorro!...
Aquela metade heróica que não há quem não tenha, incitava a uma loucura de gesta, um gesto temerário de ousar um grito de denúncia contra a prática do terror psicológico e, em paralelo, o lado sensato e racional (leia-se: acobardado) a sobrepor-se: «Está quieto, minha besta! Vê lá mas é se te fazes invisível». Qual o quê! O relógio parece imobilizado. Sufoca-se! As unhas ainda lá estão, de fora, a intercalar folhas, entretanto já com mais outros pressentidos para a tosquia; enquadrando a busca, abre-se uma careta sardónica, desenhada a bâton, quase parecida com um sorriso, mau, mau, os signos do verniz e bâton conjugados em acorde cromático com tons pálidos de rosa-anémica-desmaiada (ousar o rubi poderia ser demasiado escandaloso), constituem, nesta conjuntura, um alarmante sinal de perigo, ai, ai, tirem-me daqui, por favor... antes a morte que tal sorte. O revolver das folhas soava como um afiar de cutelos para a degola dos inocentes e a classe aguardava, de cerviz baixa, numa impotência resignada.
E num ímpeto, a escolha abatia-se, fulminante, sobre um qualquer, ao acaso, e podia até não recair em nenhum dos previamente seleccionados. O tal verniz apontava agora, ofuscante, para um/a desgraçado/a, o dedo curvado em anzol a acenar silencioso convite obrigatório de «vem cá, anda»! E a gente ia, que remédio, como um penitente arrastado, ainda vivos mas já arrolados nas baixas em acção, levando nas costas a compaixão solidária dos colegas, semelhante à piedade muda dos olhos das rezes no açougue. O abate era o destino inexorável e o estrado, o altar de sacrifícios onde aconteceria a imolação.
Tinha início nessa altura uma segunda etapa: a desmontagem por peças da criatura na berlinda.
Era colocada sobre a secretária uma caixinha de esmalte a servir de cinzeiro. O pequeno clic metálico de abertura da tampa ressoava como o gongo de assalto dum ringue de boxe, no qual só um dos contendores apanhava uma sova. Baforadas espessas de tabaco. Em frente estava um dragão, de perna traçada, exalando fumo pelas narinas. As chamas chegariam quando abrisse a boca para as primeiras perguntas. A Esfinge devorava quem não lhe soubesse responder. Aqui também e não havia S. Jorge que valesse. Nesta fase, a salvação era uma miragem remota. Onde o torcionário recorria às sevícias, a Drª Cristina usava as chamadas. Coincidiam ambos na eficácia do método utilizado e na peculiar curiosidade interrogatória sobre os mais ínfimos detalhes. O stress traumático aumentava com as gargalhadas de mofa e os comentários chocarreiros a propósito da inevitável e crescente falta de fiabilidade das respostas. Nada servia. Tudo era insuficiente. Houve até quem, em total desespero, tivesse empinado páginas e capítulos inteiros do Compêndio, debitando-as na perfeição. Nem mesmo assim conseguíam satisfazer. A perturbação provocada pela Grande Inquisidora, causava-lhe indesmentível prazer. Nos olhitos piscos vislumbravam-se cintilações deleitosas tão intensas que nem as lentes grossas e fumadas disfarçavam. O resultado final estava traçado há muito: Quase sempre um M a vermelho, não de Magnífico mas de Mau, nódoa infamante no caderno diário, que teria depois ser apresentado com a assinatura do encarregado de educação. Uma encrenca!...
Na correcção dos testes, a margem branca vinha crivada de encarnadas siglas - M. INC - (abreviatura de «Muito Incompleto»). Isto valeu uma alcunha: Madame Inc. E, desculpará, mas alcunha é nome de guerra, ganho no campo de batalha da sala de aula, cognome glorioso a garantir a imortalidade.
Ele há-os p'r'aí cada «princês» de quem se diz serem tão ruins que nem a dormir são bons. Não é o caso! Esta caríssima Dama devia ter uma ternura de soninhos encantadores, na plenitude da paz dos anjos (assexuados, 'taditos, mas também ninguém é perfeito, não é?). E que não haja a este propósito qualquer mal-entendido: Isto aqui é um sítio sério e de muito respeito. Não se querem cá poucas vergonhas e muito menos se pratica a calúnia moral nem a demolição de carácter. Admitamo-lo pois frontalmente: A boa da nossa Professora teria decerto as suas virtudes e qualidades, a querida Senhora. Eu é que agora (defeito meu, sem dúvida), assim de repente, não sou capaz de me lembrar de nenhuma, já viram?
José Carlos Faria
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Volta e meia, meia volta, a coisa dava-se.
Tocava para a aula de Ciências e de súbito, desentranhava-se, do mais fundo de nós, uma inquietação gelada feita pressentimento sombrio. Ia-se em desalento tal como o rebanho de almas penadas na porta do Inferno de Dante: «Deixai toda a esperança, oh vós que entrais». E assim era de facto...
Com o ânimo escorraçado a errar lá fora pelos corredores desertos, os piores receios confirmavam-se - A Drª Cristina, temida por muitos, execrada por tantos mais (feitios!), fazia a sua entrada triunfal ao compasso tronitruante dos saltos altos e, camuflada por detrás do fumo de cigarro empunhado, encarava a turma expectante, numa antecipação do gozo (dela) iminente, qual caçador furtivo perante presa à mercê. Abria o livro de ponto com delongas estudadas de Diva e, talvez por «spleen», para espantar a modorra (sabe-se lá!), proferia a mais áspera e indesejada sentença:
- Chamadas!
(Era assim mesmo, duro e cru, sem quaisquer eufemismos didácticos de «revisão da matéria dada» ou veleidades pedagógicas de «experiências laboratoriais», aliás raras, com esta protagonista).
- Chamadas!
Pronto! Aí estava a condenação, sem apelo possível, apenas a perspectiva de um agravo implacável a pairar, inquietante e ameaçador, sobre as cabeças de todos, irmanados na desolação. A partir dali, a Vida jogava-se inteirinha nos três quartos-de-hora seguintes, numa prova de fogo levada ao limite e donde ninguém sairia incólume.
Começava então um longo ritual de sádicos preliminares. De caderneta em riste, folheava as fichas individuais abrilhantadas com o registo de cada um, mais a respectiva fotografia cadastral. A angústia e a ansiedade aumentavam progressivamente à medida do voltear de páginas, enquanto a contagem mental colectiva dos números identificadores acompanhava os avanços e recuos. Sim, porque a consulta não era linear: Os dedinhos sapudos iam marcando a sina de presumíveis vítimas, desde logo ali suspensas numa tortura prolongada e num desejo absurdo de asas para uma evasão impossível. Os que viam a sua posição ultrapassada, encontravam, por um momento, um ligeiro alívio. Ilusório engano! Uma inesperada inversão de sentido ou um qualquer inopinado retorno, voltava, de imediato, a colocá-los em risco.
As paredes estreitavam-se, opressivas. Névoa. O ar denso, irrespirável. Têmporas a latejar. Socorro!...
Aquela metade heróica que não há quem não tenha, incitava a uma loucura de gesta, um gesto temerário de ousar um grito de denúncia contra a prática do terror psicológico e, em paralelo, o lado sensato e racional (leia-se: acobardado) a sobrepor-se: «Está quieto, minha besta! Vê lá mas é se te fazes invisível». Qual o quê! O relógio parece imobilizado. Sufoca-se! As unhas ainda lá estão, de fora, a intercalar folhas, entretanto já com mais outros pressentidos para a tosquia; enquadrando a busca, abre-se uma careta sardónica, desenhada a bâton, quase parecida com um sorriso, mau, mau, os signos do verniz e bâton conjugados em acorde cromático com tons pálidos de rosa-anémica-desmaiada (ousar o rubi poderia ser demasiado escandaloso), constituem, nesta conjuntura, um alarmante sinal de perigo, ai, ai, tirem-me daqui, por favor... antes a morte que tal sorte. O revolver das folhas soava como um afiar de cutelos para a degola dos inocentes e a classe aguardava, de cerviz baixa, numa impotência resignada.
E num ímpeto, a escolha abatia-se, fulminante, sobre um qualquer, ao acaso, e podia até não recair em nenhum dos previamente seleccionados. O tal verniz apontava agora, ofuscante, para um/a desgraçado/a, o dedo curvado em anzol a acenar silencioso convite obrigatório de «vem cá, anda»! E a gente ia, que remédio, como um penitente arrastado, ainda vivos mas já arrolados nas baixas em acção, levando nas costas a compaixão solidária dos colegas, semelhante à piedade muda dos olhos das rezes no açougue. O abate era o destino inexorável e o estrado, o altar de sacrifícios onde aconteceria a imolação.
Tinha início nessa altura uma segunda etapa: a desmontagem por peças da criatura na berlinda.
Era colocada sobre a secretária uma caixinha de esmalte a servir de cinzeiro. O pequeno clic metálico de abertura da tampa ressoava como o gongo de assalto dum ringue de boxe, no qual só um dos contendores apanhava uma sova. Baforadas espessas de tabaco. Em frente estava um dragão, de perna traçada, exalando fumo pelas narinas. As chamas chegariam quando abrisse a boca para as primeiras perguntas. A Esfinge devorava quem não lhe soubesse responder. Aqui também e não havia S. Jorge que valesse. Nesta fase, a salvação era uma miragem remota. Onde o torcionário recorria às sevícias, a Drª Cristina usava as chamadas. Coincidiam ambos na eficácia do método utilizado e na peculiar curiosidade interrogatória sobre os mais ínfimos detalhes. O stress traumático aumentava com as gargalhadas de mofa e os comentários chocarreiros a propósito da inevitável e crescente falta de fiabilidade das respostas. Nada servia. Tudo era insuficiente. Houve até quem, em total desespero, tivesse empinado páginas e capítulos inteiros do Compêndio, debitando-as na perfeição. Nem mesmo assim conseguíam satisfazer. A perturbação provocada pela Grande Inquisidora, causava-lhe indesmentível prazer. Nos olhitos piscos vislumbravam-se cintilações deleitosas tão intensas que nem as lentes grossas e fumadas disfarçavam. O resultado final estava traçado há muito: Quase sempre um M a vermelho, não de Magnífico mas de Mau, nódoa infamante no caderno diário, que teria depois ser apresentado com a assinatura do encarregado de educação. Uma encrenca!...
Na correcção dos testes, a margem branca vinha crivada de encarnadas siglas - M. INC - (abreviatura de «Muito Incompleto»). Isto valeu uma alcunha: Madame Inc. E, desculpará, mas alcunha é nome de guerra, ganho no campo de batalha da sala de aula, cognome glorioso a garantir a imortalidade.
Ele há-os p'r'aí cada «princês» de quem se diz serem tão ruins que nem a dormir são bons. Não é o caso! Esta caríssima Dama devia ter uma ternura de soninhos encantadores, na plenitude da paz dos anjos (assexuados, 'taditos, mas também ninguém é perfeito, não é?). E que não haja a este propósito qualquer mal-entendido: Isto aqui é um sítio sério e de muito respeito. Não se querem cá poucas vergonhas e muito menos se pratica a calúnia moral nem a demolição de carácter. Admitamo-lo pois frontalmente: A boa da nossa Professora teria decerto as suas virtudes e qualidades, a querida Senhora. Eu é que agora (defeito meu, sem dúvida), assim de repente, não sou capaz de me lembrar de nenhuma, já viram?
José Carlos Faria
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C O M E N T Á R I O S
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oscoliv disse:
Num breve comentário, apenas quero dizer que me parece que a realidade ainda era bastante mais funesta do que a excelente prosa do Zé Carlos Faria conseguiu transmitir.A Dama em causa, como o ZCF lhe chama, ostenta a medalha de me ter dado um dos dois Maus que tive em chamadas nos sete anos de colégio (o outro foi bem merecido e foi com a Madame Nicole no "Au claire de la lune").Mas o Mau de Ciências começou com uma pergunta que eu verifiquei depois que tinha acertado, embora a resposta da inquisidora tivesse sido breve e directa: Está mal! Foi o princípio do descalabro daquela manhã.Reconheço não ter sido muito massacrado pela dita, mas sempre me custou ver o que alguns dos meus colegas sofriam.
Num breve comentário, apenas quero dizer que me parece que a realidade ainda era bastante mais funesta do que a excelente prosa do Zé Carlos Faria conseguiu transmitir.A Dama em causa, como o ZCF lhe chama, ostenta a medalha de me ter dado um dos dois Maus que tive em chamadas nos sete anos de colégio (o outro foi bem merecido e foi com a Madame Nicole no "Au claire de la lune").Mas o Mau de Ciências começou com uma pergunta que eu verifiquei depois que tinha acertado, embora a resposta da inquisidora tivesse sido breve e directa: Está mal! Foi o princípio do descalabro daquela manhã.Reconheço não ter sido muito massacrado pela dita, mas sempre me custou ver o que alguns dos meus colegas sofriam.
Enfim, todos ao longo das nossas vidas nos cruzámos com outras Cristinas, embora dificilmente nas mesmas condições de subalternidade. Oscar
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Isabel X disse:
Momento altíssimo do blog ERO! Eu não vos avisei do talento do Zé Carlos Faria? Aqui muito bem acompanhado do igualmente altíssimo talento da São Caixinha: viram o ar sádico que ela tão subtilmente confere à Dra. Cristina? Era mesmo assim, não há como dizer bem.
Momento altíssimo do blog ERO! Eu não vos avisei do talento do Zé Carlos Faria? Aqui muito bem acompanhado do igualmente altíssimo talento da São Caixinha: viram o ar sádico que ela tão subtilmente confere à Dra. Cristina? Era mesmo assim, não há como dizer bem.
Confirmo a impossibilidade já manifestada pelo Zé Carlos. A mim, antes das aulas da senhora, davam-me constantes e arrasadores ataques de catolicismo e ia, sistematicamente, rezar, cheia de devoção, para a capela do colégio. Eventualmente, não sendo chamada, ia depois agradecer a graça obtida. Mesmo eu que me esforçava por ser boa aluna, fui chamada, obtive má classificação e fui acusada de "ter passado pela matéria como gato pelas brasas!".
Num ano em que tivemos a desdita de ter a Dra. Cristina como directora de turma, ela destituiu-me de "chefe de turma", cargo para que havia sido democraticamente eleita pelos meus colegas (era sempre) porque, nas suas palavras, "era ainda pior do que os outros". Mas não era, juro que não era! Só me recusava a "entregar" os colegas que se portavam mal quando os professores nos deixavam a sós nas aulas!
Não me lembro de ela explicar qualquer matéria, apenas de ter que a estudar sozinha para me preparar para as suas "chamadas", método muito próprio de pôr os alunos a estudar! "Ganda" Zé, é assim mesmo! Muito grata!
- Isabel Xavier -
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Luisa disse:
Fantástico, era mesmo assim como o Zé Carlos descreve!!! E o desenho fica aqui a matar, grande artista é a São!!!
Parabéns, Zé Carlos, os teus posts são realmente muito engraçados. Luisa
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Manuel Agudo disse:
Brilhante... a caricatura da São Caixinha e a narração do Zé Carlos. Tenho lido alguns comentários sobre as diversas presonalidades ligadas ao ERO, mas como não o frequentei muitos anos, não me recordo muito delas, mas esta efectivamente avivou-me muito a memória.
A imagem de firmeza, do cigarro e dos óculos na caricatura está de facto a dar os pontos essenciais da Drª Cristina, mas a descrição/narração de uma aula tipo com "sumário-chamadas" e o silêncio dramático a preceder o encontro com a "tirana", é uma pequena obra d'arte litetrária!
Espero que recriem outros professores já que não me recordo da maior parte deles.
Continuem com essa veia, que ler isto ao fim do dia é bem melhor que as notícias da crise!Manuel Agudo
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João Jales disse:
Este filme de terror, que o Zé Carlos transformou numa comédia negra, é realmente um dos pontos altos deste Blog. Mas nem o humor do autor conseguiu evitar-me um estremecimento de medo, um arrepio na espinha, ao relembrar a tortura a que éramos sujeitos. A excelente ilustração da São ainda "piorou" esta sensação!
Quem não tenha, como eu, sofrido sete anos deste tratamento pensará que há aqui exagero, teatralização, liberdade artística. Nada disso, o clima era o descrito, mas sem o distanciamento humorístico que os anos tornaram possível. E eu ainda tive três anos (ou dois e meio) de Geografia, o que perfaz dez anos de "galés", não havia por onde fugir. Tenebroso.
O texto é magnífico, muito divertido, e obriga o autor a regressar, o Blog não seria o mesmo sem as contribuições do Z C Faria! Idem para o desenho da São Caixinha, felizmente temos já garantidas mais ilustrações dela para esta série. JJ
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João B Serra disse:
A descrição em cores fortes que o José Carlos faz desta personagem e o desenho impressivo que dela faz a São surgem tão vivos que eu, por momentos, senti uma espécie de ilusão de reconhecimento. Os traços desta professora – que julgo não ter conhecido – pareceram-me absolutamente familiares, o que, não correspondendo à realidade, ilustra bem a capacidade evocativa dos dois autores. Escrever e desenhar bem é afinal isto: tornar real uma personagem que se esbateu no tempo e é apenas agora um retrato feito de memórias. Se me permitem, fazendo minhas as palavras entusiasmadas dos leitores anteriores, bato palmas e não tenciono parar enquanto não nos prometerem ambos um (para já) “encore”.
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São Caixinha disse:
Que honra o meu desenho poder acompanhar este magnífico texto do JCF! E...oh...as memórias das chamadas da Dra. Cristina... que eu com tanto esforço consegui selpultar na cova mais funda do cemitério do esquecimento! Apanhou-me de surpresa a ressureição destes momentos que o JCF consegue descrever atenta e minuciosamente com extraordinário humor. Que talento!! Simplesmente sublime...parabéns José Carlos!!
Um beijinho, São
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Miguel B M disse:
Impecável texto do ZCFaria bem dentro do que já nos habituou.Mas mais uma vez peca por defeito e excesso de decoro.Ensinaram-me desde criança que não se deve dizer mal dos que já partiram e sendo assim vou ser comedido em relação a uma megera que nos infernizou durante sete anos a fio.Se a dita criatura ainda estivesse entre nós eu, pessoalmente, tinha motivos para a arrasar embora nunca tivesse sido lixado por ela pois nunca o conseguiu,embora levasse anos a tentar fazê-lo.
Não há dúvida que na vida surgem pessoas boas e más.Esta professora era o que se pode classificar como o exemplo bem conseguido de uma pessoa má .Creio que a história dos "inc" era exactamente prova disso mesmo,ou seja,mesmo que a resposta estivesse absolutamente correcta ela arranjava sempre maneira de nos prejudicar.Era uma questão de postura,o estatuto dos alunos era serem pura e simplesmente massacrados sob todas as formas possíveis.E nem sequer penso que fosse daqueles professores que gostavam de "achincalhar" os alunos.Eu dou alguns exemplos.O Zé Guerra foi impedido por ela de ir a exame no 7ºano, oficialmente via ERO,em Naturais (como ela própria designava a cadeira). Foi individualmente e dispensou da oral. A Cristina em pessoa foi dar-lhe os parabéns (ficámos incrédulos) o que seria improvável para um ser que não fosse apenas mau. A resposta foi ao nível "-ora,eu sabia aquilo tudo".Por outras palavras,"tentaste mas não conseguiste tramar-me". Outro exemplo. Quando distribuia os pontos, após a respectiva correcção, as negativas eram anunciadas com ênfase e especial prazer.Nessa mesma hora começavam as famosas chamadas.O que não fazia sentido nenhum era serem chamados os alunos que tinham tido as piores notas,os "mau".É claro que quem tinha tido "mau" no ponto voltava a ter outro "mau" dois dias depois.E assim,alegremente,o referido aluno levava para casa,para o pai assinar,dois "mau"seguidos e a certeza que a positiva no final do período já era.
As Ciências Naturais eram a minha cadeira preferida, e aquela de que eu mais sabia,estando de acordo com a minha vocação académica.Na hora da verdade,no exame do 5º ano e particularmente no 7º (em que precisava da nota para dispensar do exame da aptidão à Fac.), já não me lembro dos valores,mas ainda sei que foram altíssimos.No entanto durante o ERO cheguei a ter negas nos pontos e nas famosas chamadas nunca passei do "bom -". MBM
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jorge disse:
a cristina foi,pessoal e pedagogicamente,o pior professor que tive no colágio.não parece possível o serra não a conhecer,ela entrou seguramente bem antes dele sair.diziam alguns que as suas atitudes se deviam à sua infeliz vida pessoal e à sua falta de qualificações para dar aulas já que tinha estudado pouco mais do que o 7º ano.alguém sabe se é verdade?excelente texto do zcfaria com belo desenho da são caixinha-de ambos,só me lembro dos pais...jorge
a cristina foi,pessoal e pedagogicamente,o pior professor que tive no colágio.não parece possível o serra não a conhecer,ela entrou seguramente bem antes dele sair.diziam alguns que as suas atitudes se deviam à sua infeliz vida pessoal e à sua falta de qualificações para dar aulas já que tinha estudado pouco mais do que o 7º ano.alguém sabe se é verdade?excelente texto do zcfaria com belo desenho da são caixinha-de ambos,só me lembro dos pais...jorge
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Ana Carvalho disse:
Olá Zé Carlos
Por momentos, ao ler o teu texto, achei que tinha voltado aos meus tempos de Colégio e senti um aperto no peito tal como acontecia há ...muitos anos, é melhor não dizer quantos, felizmente era mentira! Boa ZCF, excelente texto. Bjs PP
Por momentos, ao ler o teu texto, achei que tinha voltado aos meus tempos de Colégio e senti um aperto no peito tal como acontecia há ...muitos anos, é melhor não dizer quantos, felizmente era mentira! Boa ZCF, excelente texto. Bjs PP
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António disse:
Há momentos neste blogue-e tem sido inesperadamente abundantes!-que são verdadeiras pérolas.Esta conjugação do retrato da São com o texto do Zé Carlos é sem dúvida um deles.Muito divertido e muito verdadeiro.Já alguém disse que queremos mais, não foi?Queremos mesmo.abraço,Tó
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Júlia Ribeiro e Joaquim Oliveira disseram:
Começamos por dar os parabéns à São pela caricatura da Drª Cristina que dá imediatamente a imagem dela! O cigarro...as unhas...a sua postura...
A Drª Cristina foi para o colégio a meio do ano lectivo de 63/64,após a saída do Dr. Nunes,portanto foi nossa professora durante algum tempo no 6º e no 7ºanos.Realmente não foi uma professora,ao contrário de outros,que nos marcasse tanto pela positiva,mas também não temos uma ideia tão negativa da senhora.Será que mudou?Piorou ao longo dos anos?Pomos francamente essa hipótese.
Como professora não teria sido das melhores,mas também não foi das piores.Fazia as ditas chamadas,como todos os professores que tivemos do 1º ao 7º ano,era um dos métodos de avaliação usados na altura e lembro-me dos cadernos diários das várias disciplinas cujo sumário muitas vezes era :Chamadas. Estas ditas chamadas realmente punham-nos em sobressalto ao vermos as folhas da caderneta para a frente e para trás e lá calhava a um desgraçado.....
Dela,ficaram-nos no ouvido aqueles gritos "estridentes" a mandar calar, por vezes a barulheira era tanta que dava cada grito que quase nos ensurdecia....mas havia alguns colegas que a tiravam do sério,como a outros professores,só que a atitude destes era diferente.
Com este comentário quisemos apenas tansmitir uma opinião porventura diferente da dos colegas mais novos, do que foi para nós a Drª Cristina.
Júlia R e Joaquim Oliveira
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Luis disse:
Tenho lido o blog, mas não tenho participado, quase sempre por preguiça mental. Desta vez não pude resistir a comentar esta peça deliciosa que o Zé Carlos aqui deixou com o seu habitual humor e talento literário. Texto absolutamente fabuloso!
Tenho lido o blog, mas não tenho participado, quase sempre por preguiça mental. Desta vez não pude resistir a comentar esta peça deliciosa que o Zé Carlos aqui deixou com o seu habitual humor e talento literário. Texto absolutamente fabuloso!
Também fui chamuscado pelas chamas do dragão e por isso posso testemunhar a fidelidade e até alguma complacência com que descreve a barbaridade do acto. A tensão era tal que mesmo os sabichões pareciam ignorantes disléxicos. Estão ainda por apurar as consequências psicológicas daquela experiência. Sejamos benevolentes! Talvez a intenção fosse a de nos deixar mentalmente mais preparados para resistir às agruras da guerra colonial.
Parabéns Zé Carlos. Por favor continua a desenvolver o tema que sei que ainda tens muito para lhe dar e para nos divertires. Claro que também gostei do excelente desenho da São.
Luis Gouveia
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Laura Morgado disse:
Depois de tudo o que li sobre a Dr.ª Cristina, quero dizer aos meus colegas mais novos que a professora deve ter mudado muito ao longo dos tempos.E, como em tudo na vida (salvo raras excepções), a mudança é sempre para pior...
Tento perceber a razão dos vossos textos, faz-se um relato de uma professora completamente diferente daquela que eu conheci nos dois últimos anos do curso complementar.
Quanto às chamadas, éramos habituados às ditas cujas desde o 1º ano, era um dos métodos de avaliação usado por todos os professores.Pode-se questionar a pedagogia desse método, pois deixava-nos sempre com o coração nas mãos, o que era péssimo.Como professora que sou, não posso deixar de dizer que, por estranho que pareça, ainda se usa o inc.O que não me parece muito mal, pois o aluno sabe que aquela resposta, não está totalmente completa; e para qualquer um mais interessado é um alerta para, quando da correcção, tomar nota do que lhe falta. Laura
Pedro disse:
O texto de Zé Carlos está bem escrito, como é hábito, mas eu também fui aluno da Dra. Cristina, do 1º ao 5º ano e devo dizer, em abono da verdade, que não guardei dela uma memória tão negativa como a da maioria dos outros comentadores, quer porque gostasse de Ciências ou porque tivesse caído nas suas "boas graças" o facto é que nunca me senti "torturado" ou fui para a aula com um "nó na garganta".
O texto de Zé Carlos está bem escrito, como é hábito, mas eu também fui aluno da Dra. Cristina, do 1º ao 5º ano e devo dizer, em abono da verdade, que não guardei dela uma memória tão negativa como a da maioria dos outros comentadores, quer porque gostasse de Ciências ou porque tivesse caído nas suas "boas graças" o facto é que nunca me senti "torturado" ou fui para a aula com um "nó na garganta".
Também não tenho, de todo, a ideia de que fosse uma professora que não ensinasse (quanto a professores que não ensinavam lembro-me, isso sim, de uma professora de História que passava as aulas a fazer ditados...)Pedro Bandeira
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Manuela Gama Vieira disse:
O excelente texto e o não menos excelente desenho/caricatura da São Caixinha trouxeram-me à memória o que recordo da Dr.ª Cristina Marques.
Oh Zé Carlos Faria, a Drª Cristina não tinha as mãos “sapudas”, ao contrário, umas mãos lindíssimas, dedos esguios, nos anelares, anéis de muito bom gosto, unhas impecavelmente bem arranjadas. E o cabelo, lembram-se? Artisticamente “apanhado”, penteado pelas mãos de M.me Vasquez.
Quanto aos seus dotes de “tortura”…como era possível, a par do seu sentido estético, um interior tão inestético…para nós…as vítimas?!
Os capítulos de “a próxima vítima” estão tão bem descritos pelos meus colegas, que até senti um arrepio, como se tivesse regressado aos meus verdes 13, 14 e 15 anos…os que andei nas “unhas” da Drª Cristina.
Oh Zé Carlos Faria, a Drª Cristina não tinha as mãos “sapudas”, ao contrário, umas mãos lindíssimas, dedos esguios, nos anelares, anéis de muito bom gosto, unhas impecavelmente bem arranjadas. E o cabelo, lembram-se? Artisticamente “apanhado”, penteado pelas mãos de M.me Vasquez.
Quanto aos seus dotes de “tortura”…como era possível, a par do seu sentido estético, um interior tão inestético…para nós…as vítimas?!
Os capítulos de “a próxima vítima” estão tão bem descritos pelos meus colegas, que até senti um arrepio, como se tivesse regressado aos meus verdes 13, 14 e 15 anos…os que andei nas “unhas” da Drª Cristina.
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M.Fátima Gama Vieira disse...
Cheguei à nossa bela cidade com a minha família decorria o ano 1965, deixando a cidade de Faro e o Liceu onde completei o 1º ano. Não posso esquecer o dia da sessão solene que dava início do ano lectivo.A certo momento fomos informados que nos devíamos dirigir às nossas salas,todos correspondemos ao solicitado.Todos nós do 2ºano entramos na nossa sala de aula e fomo-nos sentando nas carteiras, eis que entra a nossa Directora de Turma a Dra.Cristina Marques e dá dois gritos que me assustaram deveras -" Quem vos mandou sentar?"-"Levantem-se imediatamente e encostem-se ao quadro".Silenciosamente obedecemos, uma colega olhou para mim reparou na minha expressão e tentou tranqilizar-me, segredou ao meu ouvido "não ligues que ela é sempre assim...".Acompanhou-me até ao 7ºano, pois segui a alínea F, e estou certa que o gosto pelas ciências foi muito importante.
Cheguei à nossa bela cidade com a minha família decorria o ano 1965, deixando a cidade de Faro e o Liceu onde completei o 1º ano. Não posso esquecer o dia da sessão solene que dava início do ano lectivo.A certo momento fomos informados que nos devíamos dirigir às nossas salas,todos correspondemos ao solicitado.Todos nós do 2ºano entramos na nossa sala de aula e fomo-nos sentando nas carteiras, eis que entra a nossa Directora de Turma a Dra.Cristina Marques e dá dois gritos que me assustaram deveras -" Quem vos mandou sentar?"-"Levantem-se imediatamente e encostem-se ao quadro".Silenciosamente obedecemos, uma colega olhou para mim reparou na minha expressão e tentou tranqilizar-me, segredou ao meu ouvido "não ligues que ela é sempre assim...".Acompanhou-me até ao 7ºano, pois segui a alínea F, e estou certa que o gosto pelas ciências foi muito importante.
7 comentários:
Num breve comentário, apenas quero dizer que me parece que a realidade ainda era bastante mais funesta do que a excelente prosa do Zé Carlos Faria conseguiu transmitir.
A Dama em causa, como o ZCF lhe chama, ostenta a medalha de me ter dado um dos dois Maus que tive em chamadas nos sete anos de colégio (o outro foi bem merecido e foi com a Madame Nicole no "Au claire de la lune").
Mas o Mau de Ciências começou com uma pergunta que eu verifiquei depois que tinha acertado, embora a resposta da inquisidora tivesse sido breve e directa: Está mal! Foi o princípio do descalabro daquela manhã.
Reconheço não ter sido muito massacrado pela dita, mas sempre me custou ver o que alguns dos meus colegas sofriam.
Enfim, todos ao longo das nossas vidas nos cruzámos com outras Cristinas, embora dificilmente nas mesmas condições de subalternidade.
Oscar
Momento altíssimo do blog ERO! Eu não vos avisei do talento do Zé Carlos Faria? Aqui muito bem acompanhado do igualmente altíssimo talento da São Caixinha: viram o ar sádico que ela tão subtilmente confere à Dra. Cristina? Era mesmo assim, não há como dizer bem. Confirmo a impossibilidade já manifestada pelo Zé Carlos. A mim, antes das aulas da senhora, davam-me constantes e arrasadores ataques de catolicismo e ia, sistematicamente, rezar, cheia de devoçao, para a capela do colégio. Eventualmente, não sendo chamada, ia depois agradecer a graça obtida. Mesmo eu que me esforçava por ser boa aluna, fui chamada, obtive má classificação e fui acusada de "ter passado pela matéria como gato pelas brasas!". Num ano em que tivemos a desdita de ter a Dra. Cristina como directora de turma, ela destituiu-me de "chefe de turma", cargo para que havia sido democraticamente eleita pelos meus colegas (era sempre) porque, nas suas palavras, "era ainda pior do que os outros". Mas não era, juro que não era! Só me recusava a "entregar" os colegas que se portavam mal quando os professores nos deixavam a sós nas aulas! Não me lembro de ela explicar qualquer matéria, apenas de ter que a estudar sozinha para me preparar para as suas "chamadas", método muito próprio de pôr os alunos a estudar! "Ganda" Zé, é assim mesmo! Muito grata!
- Isabel Xavier -
Momento altíssimo do blog ERO! Eu não vos avisei do talento do Zé Carlos Faria? Aqui muito bem acompanhado do igualmente altíssimo talento da São Caixinha: viram o ar sádico que ela tão subtilmente confere à Dra. Cristina? Era mesmo assim, não há como dizer bem. Confirmo a impossibilidade já manifestada pelo Zé Carlos. A mim, antes das aulas da senhora, davam-me constantes e arrasadores ataques de catolicismo e ia, sistematicamente, rezar, cheia de devoçao, para a capela do colégio. Eventualmente, não sendo chamada, ia depois agradecer a graça obtida. Mesmo eu que me esforçava por ser boa aluna, fui chamada, obtive má classificação e fui acusada de "ter passado pela matéria como gato pelas brasas!". Num ano em que tivemos a desdita de ter a Dra. Cristina como directora de turma, ela destituiu-me de "chefe de turma", cargo para que havia sido democraticamente eleita pelos meus colegas (era sempre) porque, nas suas palavras, "era ainda pior do que os outros". Mas não era, juro que não era! Só me recusava a "entregar" os colegas que se portavam mal quando os professores nos deixavam a sós nas aulas! Não me lembro de ela explicar qualquer matéria, apenas de ter que a estudar sozinha para me preparar para as suas "chamadas", método muito próprio de pôr os alunos a estudar! "Ganda" Zé, é assim mesmo! Muito grata!
- Isabel Xavier -
a cristina foi,pessoal e pedagogicamente,o pior professor que tive no colágio.não parece possível o serra não a conhecer,ela entrou seguramente bem antes dele sair.diziam alguns que as suas atitudes se deviam à sua infeliz vida pessoal e à sua falta de qualificações para dar aulas já que tinha estudado pouco mais do que o 7º ano.alguém sabe se é verdade?excelente texto do zcfaria com belo desenho da são caixinha-de ambos,só me lembro dos pais...jorge
Tenho lido o blog, mas não tenho participado, quase sempre por preguiça mental. Desta vez não pude resistir a comentar esta peça deliciosa que o Zé Carlos aqui deixou com o seu habitual humor e talento literário. Texto absolutamente fabuloso! Também fui chamuscado pelas chamas do dragão e por isso posso testemunhar a fidelidade e até alguma complacência com que descreve a barbaridade do acto. A tensão era tal que mesmo os sabichões pareciam ignorantes disléxicos. Estão ainda por apurar as consequências psicológicas daquela experiência. Sejamos benevolentes! Talvez a intenção fosse a de nos deixar mentalmente mais preparados para resistir às agruras da guerra colonial. Parabéns Zé Carlos. Por favor continua a desenvolver o tema que sei que ainda tens muito para lhe dar e para nos divertires. Claro que também gostei do excelente desenho da São.
Luis Gouveia
O texto de Zé Carlos está bem escrito, como é hábito, mas eu também fui aluno da Dra. Cristina, do 1º ao 5º ano e devo dizer, em abono da verdade, que não guardei dela uma memória tão negativa como a da maioria dos outros comentadores, quer porque gostasse de Ciências ou porque tivesse caído nas suas "boas graças" o facto é que nunca me senti "torturado" ou fui para a aula com um "nó na garganta". Também não tenho, de todo, a ideia de que fosse uma professora que não ensinasse (quanto a professores que não ensinavam lembro-me, isso sim, de uma professora de História que passava as aulas a fazer ditados...)
Pedro Bandeira
Cheguei à nossa bela cidade com a minha família decorria o ano 1965, deixando a cidade de Faro e o Liceu onde completei o 1º ano. Não posso esquecer o dia da sessão solene que dava início do ano lectivo.A certo momento fomos informados que nos devíamos dirigir às nossas salas,todos correspondemos ao solicitado.Todos nós do 2ºano entramos na nossa sala de aula e fomo-nos sentando nas carteiras, eis que entra a nossa Directora de Turma a Dra.Cristina Marques e dá dois gritos que me assustaram deveras -" Quem vos mandou sentar?"-"Levantem-se imediatamente e encostem-se ao quadro".Silenciosamente obedecemos, uma colega olhou para mim reparou na minha expressão e tentou tranqilizar-me, segredou ao meu ouvido "não ligues que ela é sempre assim...".
Acompanhou-me até ao 7ºano pois segui a alínea F, e estou certa que o gosto pelas ciências foi muito importante.
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