ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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A MOCIDADE PORTUGUESA NO EXTERNATO RAMALHO ORTIGÃO



Escrevo aqui uma pequena nota sobre a questão da Mocidade Portuguesa no Externato Ramalho Ortigão, levantada pela crónica do Faria. Estive para integrar esse assunto na história do Colégio mas não o fiz porque parece não ter tido entre nós a MP uma presença visível, marcante, como tinha na Escola, por exemplo. A única coisa para mim certa era o pagamento de uma anuidade de 20$00 para os mais novos e 30$00 para os mais velhos, conforme prova em anexo. Para quê, não sei.



Diz o João Bonifácio Serra “ao contrário do que escreve o Carlos Faria, a Mocidade Portuguesa funcionou no Colégio, pelo menos durante alguns anos. Em 1964 ou 1965, foi sendo substituída pelos Cavaleiros de Santo Graal (para rapazes) e pela Guias (para as raparigas), organizações formadas em 1962.” E junta notícia do “Despertar” em que se relata um dia de festa dos Cavaleiros : "creio que o Despertar, o jornal do ERO poucas edições terá tido. No ano de que lhe enviei um recorte, o Jornal era patrocinado pela MocidadePortuguesa. Não guardei o jornal, mas encontrei a ficha técnica, e mando-a em anexo" (seria para isto que serviam os nossos 30 paus?).


Após um curto inquérito junto de colegas mais velhos fiquei a saber que efectivamente já na década de 50 alguns alunos integraram a Mocidade Portuguesa mas nessa altura “as actividades eram coordenadas e realizadas no exterior, não eram incluídas nos horários e planos curriculares, como nos estabelecimentos oficiais”. O principal aliciante parecia ser a participação nos acampamentos, forma de escapar durante uns dias à rotina familiar e ao controlo paterno.
Mas depois da passagem para a Diário de Notícias:
1 - “M.P. funcionou de forma efectiva e oficial apenas nos anos lectivos de 60/61 e 61/62” .
2- ” Sim, a MP funcionava com características de obrigatoriedade, tive (tínhamos) farda. Era dirigida pelo Chefe de Secretaria Bernardo Rodrigues que tinha o posto de Comandante de Castelo e julgo que tinha compensações externas ao ERO por essa actividade” .
3 - “Os Cavaleiros e as Guias começaram em 62/63 sob a direcção do diácono/padre Luís Moita (61/62) e o sub-diácono António Monteiro Afonso (62/63) mas, ao contrário da Mocidade, a adesão era facultativa “.
4 – “Sim – pertenci a MP e Cavaleiros; tive farda em ambas “.
5 - "Pertenci às Guias durante parte do meu 1º ano e parte do 2º ano. A minha Guia chefe era a Lena Vieira Pereira, nunca tive farda e não me consigo lembrar porque acabou, pelo menos para mim. Lembro-me que havia a obrigação de ir , diariamente , à missa das 08h00 e eu não cumpria esse requisito."
Houve respostas curiosas a algumas perguntas:
6 – P: Alguma vez tiveste algum contacto com a organização da Mocidade Portuguesa enquanto aluno do ERO? R: “A leitura da "Menina e Moça" - só agora descobri que era da MP”.
7 - Em que anos lectivos pertenceste à MP? R: “61/62 e 62/63 - com o padre Albino acabaram estas actividades extra-curriculares”

Efectivamente parece ter sido o Padre Albino que acabou (ou deixou ir acabando) todas estas acções de enquadramento juvenil no sistema, o que é motivo de reflexão. O que julgaria ele ainda mais importante?



Podemos pois concluir que a presença da MP no ERO foi efémera, entre Outubro de 1960 e 1963, notando-se uma clara falta de empenhamento da hierarquia católica e docente do Externato na sua acção. Fique registado, pese embora o carácter informal do inquérito, que colegas da mesma turma deram respostas diferentes. Esta falta de uma memória colectiva coerente parece demonstrar (além da previsível Alzheimer) , que a MP marcou pouco a maioria dos nossos colegas.



Durante a minha estadia no Colégio (1962-1971) não participei em qualquer estrutura, organização, acção de formação ou doutrinação que remotamente pudesse sugerir a Mocidade Portuguesa ou os Cavaleiros do Santo Graal. De fardas ou outros símbolos, nem rasto.



A única actividade que poderia ser relacionada com tudo isto era uma hora do Sábado de manhã passada na Mata a jogar à bola e à “barra do lenço”, jogos displicentemente supervisionados por um tal Mário, playboy simpático que passou uns tempos no Colégio com um cargo indefinido e um cigarro na boca. A meio desse ano (67 ou 68) ter-se-á casado em Lisboa e desapareceu. Dizia-se que essa hora estava inscrita curricularmente como sendo da M.P. e era uma espécie de “tapa a boca” para não dizerem que não havia nenhuma forma de integração da juventude no “espírito do regime”… As nossas colegas tinham simultaneamente uma outra actividade qualquer (sábado das dez às onze, salvo erro), seria Lavores ou algo relacionado com as Guias? Se alguma ler isto, talvez possa elucidar-nos.



Depois do “desaparecimento” do tal Mário, o Padre Albino organizou uns seminários vagamente político-religiosos nesse horário mas, para eterno prejuízo da minha formação, fui convidado a abandonar logo no primeiro evento. Após alguma incompreensão por parte dos meus pais na aplicação de um eventual castigo por indisciplina numa actividade cuja integração no currículo do ERO era nebulosa e discutível, fui “dispensado” de lá voltar juntamente com o Miguel BM, Hipólito, Matias, Rogério, enfim, os “suspeitos do costume”, tudo pessoal que mais facilmente seria admitido nas fileiras dos “Companheiros de Baal” do que nos “Cavaleiros do Graal”. Alguns colegas que continuaram a frequentar essas “sessões” viveram tempos de revelação e transfiguração mística renegando, durante alguns meses, uma anterior vida dissoluta e pecaminosa marcada por uns cigarros, umas imperiais, umas noites escaldantes com anúncios de lingerie e umas lerpas ocasionais. Outros abraçaram, simplesmente, mais ou menos curtas carreiras de acólitos. Penso pois que essas acções fossem mais religiosas que para-militares e políticas, como deveriam ser as da M.P.


Lembro-me de voltarmos para a Mata para jogar umas futeboladas nas restantes manhãs de Sábado desse ano. Só que desta vez sozinhos, esporadicamente visitados pelo Sr. Ulisses.


Os que lêem estas coisas transversalmente não reparam nos importante nacos de informação que lhes são proporcionados. Aposto que poucos, como eu, se encantaram com a parte da reportagem da Festa de S. Paulo em que se lê “um lauto copo-de-água abrilhantado com o eficiente serviço das Guias que foram sem dúvida incansáveis. A elas se deve grande parte do brilhantismo da festa“. Ficámos assim a saber que estas Guias estavam muito mais adiantadas na sua educação do que as estudantes da nossa geração que nunca, que me lembre, nos serviram nem um copo de água quanto mais um copo-de-água, assim se vendo a falta que lhes fez a Mocidade Portuguesa!
JJ




NOTA: Agradecimentos especias aos colegas, e foram praticamente todos os que contactei, que me deram informações preciosas num espaço de meia-dúzia de horas, bem como ao João Serra que, com o seu email e os seus recortes, despertou a minha curiosidade. Um abraço a todos.
Os comentários, como habitualmente, estão à espera dos vossos testemunhos, concordâncias, rectificações, discordâncias, invenções, descobertas, críticas…

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Comentários
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8 Janeiro, 2008
Miguel B M disse:
Com efeito a MP passou-nos totalmente ao lado embora estivéssemos obrigatoriamente filiados.Tivémos algumas sessões, felizmente mal sucedidas, de catequização na mata, e que terminaram invariavelmente em futeboladas de boa memória. Nós nunca tivémos que comprar sequer a farda da MP mas lembro-me perfeitamente do Zé Sancho fardadinho (era um querido) quando estava no 2º ano e nós no 1º. Tal cm referiste, e bem, as coisas eram muito a sério na Escola. Fui muitas vezes assistir a paradas verdadeiramente paramilitares, com grande pompa, em que havia um comandante de castelo e até o posto mais elevado na hierarquia da MP,o comandante de quina,que era o Micael. A minha mãe chegou a ser nomeada comissária distrital da MP feminina mas era um cargo apenas administrativo, em que se limitava a receber ordens de Leiria da famosa Ofélia Carvalhão, que chegou a fazer exames verdadeiramente pidescos no ERO no 5º e 7º ano. Ainda me lembro da existência de "Guias" mas não me lembrava de todo dos C.Graal. Acho que mais uma vez é um assunto interessante e pertinente para ser falado e sabendo das convicções políticas do editor da revista a teorização a que foi sujeito só teve efeitos contra producentes.Thanks and goodbye. M

8 Janeiro, 2008
Z C Faria disse:
Parece-me que há aqui um mal entendido.
Relendo o que escrevi, creio ter afirmado que na altura em que entrei para o ERO, a MP não tinha qualquer presença efectiva (o que o João Bonifácio Serra confirma) e que dela sobravam uns trastes esquecidos, sinal duma presença anterior, pelos vistos efémera e que nunca gozou de grande dimensão. Dos Cavaleiros de Santo Graal confesso nem sequer me ter apercebido da sua existência. Recordo sim uma tentativa, em 1966, para formação de um grupo de escuteiros (sem farda, sem tendas, sem cordas, sem nenhuns meios), que ainda fez uns arremedos de actividade na Mata e que rapidamente desapareceu.
A propaganda do anterior regime foi ao longo dos anos retocando a imagem da sua organização para a Juventude, desde o carácter inicial paramilitar, moldado no perfil adoptado na Alemanha de Hitler e na Itália de Mussolini, até aos aspectos sobretudo de prática desportiva, dos seus últimos dias. Mas no Externato já nada disto existia. A Mocidade Portuguesa era já apenas um fantasma de outros tempos...

8 Janeiro,2008
Ana Nascimento disse:
Oi , bom dia Joãozinho
1. Pois então o Bonifácio está completamente enganado no que respeita à substituição da MP pelos Cavaleiros e pelas Guias. ( o rapaz tb não pode lembrar-se de tudo … e como é artista põe sempre mais uns pós… é uma chatice pois eu eu cá sou de ciências … )
O Padre António Emílio criou as Guias e os Cavaleiros com o mesmo espírito e objectivos dos Escuteiros criados por Baden Powell, no meu 2º ano (ano lectivo de 1961/62 ). A saudação entre nós era exactamente a saudação dos escuteiros . Estes grupos não foram oficializados (era intenção do padre António integrá-los nos escuteiros) e só duraram até 1963, altura em que o padre António foi transferido para a Casa Pia. Com a entrada do Padre Albino para director os Grupos morreram, o novo director não lhes deu seguimento.
A orientação dos grupos pelo padre Luís Moita sim, lembro-me, mas apenas alguma, porque era o padre António que normalmente reunia connosco e nos ensinava a fazer os nós, os sinais de bandeiras, como fazer uma pista e segui-la, etc….
Quanto às fardas existiam sim… ainda tenho alguma coisa vou procurar logo que possa
2. "Pertenci às Guias durante parte do meu 1º ano e parte do 2º ano. A minha Guia chefe era a Lena Vieira Pereira, nunca tive farda e não me consigo lembrar porque acabou, pelo menos para mim. Lembro-me que havia a obrigação de ir , diariamente , à missa das 08h00 e eu não cumpria esse requisito."
Isto não é bem assim, a pequena deve ser mocinha da minha idade e tb está um bocadinho esquecida…
A Lena V. ser a chefe do grupo sim está correcto, lembro-me que eu pertencia ao grupo das formiguinhas. Agora quanto à obrigação de ir à missa às 8 da manhã é de rir…. As aulas no colégio começavam às 9h e a missa era no intervalo grande ou seja às 11h e só ia quem queria,…. nunca ninguém foi obrigado a ir…(eu era uma das que só ia pontualmente….)
As fardas só se recebiam ao fim de um tempo de aprendizagem e para isso era necessário estarmos presentes nas reuniões e sermos empenhadas no que fazíamos, e termos sempre presente a generosidade e a ajuda ao próximo… (esta agora foi bonita !!!)
Mocidade Portuguesa
Não tive nada de actividades da MP quando entrei para o colégio… lembro-me que apenas que o equipamento de ginástica, ou seja a dita saia calça e a t shirt , tinha que obedecer a determinadas regras estabelecidas pela MP. Agora fico por aqui . Bjs . Ana

9 Janeiro, 2008
João B Serra disse:
Olá Ana!
Obrigado por aquelas magníficas recordações da excursão de finalistas de 66.A primeira (e, para mim, durante muito tempo, a única) vez em que saimos de Portugal. Guardei algumas coisas e lembranças dessa viagem: por exemplo, a compra das minhas primeiras calças jeans e de um secador de cabelo (nessa altura ainda tinha aplicabilidade), coisas difíceis de adquirir ou de preço proibitivo no nosso país. Mas fiquei muito invejoso do teu Guia. Eu,que sempre gostei de guardar papéis, não tive o privilégio de ter um desses preciosos exemplares. Talvez não o tenham distribuido aos alunos. Quanto à questão das organizações de juventude (adolescência) do colégio na primeira metade da década de 60, devo-me ter enganado, sim. Mas não por ser artista - que não sou (neste caso, engano teu). Estou aliás absolutamente convencido que os artistas até se enganam menos, felizmente para a Humanidade, que os cientistas como eu e tu.Talvez os "cavaleiros" e as "guias" não tenham substituido os "lusitos" da MP. Mas acho que queriam. A verdade é que o movimento escutista cristão já existia em Portugal desde os anos 20. Baden Powell, por outro lado, criara um escutismo não-politico e não-confessional. A minha pergunta então é: para que criar no ERO um escutismo cristão com uma designação tão"militar" como "cavaleiros" quando bastaria criar uma organização de escuteiros cristãos filiada no movimento existente? Que te parece?João Bonifácio Serra

10 Janeiro, 2008
Ana Nascimento disse:
Olá Bonifácio
Fico muito contente por esta partilha de recordações.
O guia está à tua disposição, mas acho que o JJ já fez o trabalho de casa… já o copiou para ser distribuído pelos interessados.
Oh rapaz eu embora sendo de ciências tb sou artista ( ….é mais a dança… não é a história, em que tu és um “expert” …) claro que percebeste que eu estava a brincar…
Acho a tua pergunta pertinente mas tanto quanto conheço o Padre António, estou certa que foi um projecto que ele não sabia se teria pernas para andar, por falta de adesão ou pela sua disponibilidade (ele em 1963 foi para a Casa Pia). Quanto ao nome de Cavaleiros do Santo Graal penso que não seria sua intenção ter conotação “militar “ …(nessa altura com 11 anos nem me aperceberia de tal… ) mas como te digo, conhecendo o Padre António como um homem idealista e sempre voltado para a ajuda do próximo, o que pesou na escolha de tal nome, seguramente, foi apenas por nele estar implícita a procura da perfeição. Mas isto somos nós no “suponhamos”… e cada qual tem a sua opinião….. Olha… quem nos poderá esclarecer será o próprio Padre António Emílio, que soube há pouco tempo estar aí na Misericórdia.
E voltando às recordações da viagem a Ceuta, será que te lembras de algum episódio engraçado no período em que vocês estavam autorizados a sair sozinhos e nós só acompanhadas pelos professores ?Beijinhos
Ana

10 de Janeiro, 2008
Manela VP disse:
Eu gostava muito de ajudar, mas como te disse, não tenho memória de actividades da MP no Colégio. Das Guias sim, mas não tinha nada a ver: Tal como a Ana disse tratava-se de um grupo a ser integrado no CNE (Escuteiros) e que acabou (acho eu ) com a saída do P. António. Depois, houve ainda um significativo núcleo da JEC, cujas presidentes (no meu tempo) foram sucessivamente a minha irmã Teresa, depois a Manela Carvalheiro e depois a Lena (tb minha irmã). Manela

10 de Janeiro, 2008
João B Serra disse:
Resposta a Ana
Talvez tenhas razão, Ana. Cavaleiros e Guias parecem de facto não passar de “criaturas” do Padre António. Ele sentiu necessidade de uma organização que enquadrasse jovens numa perspectiva religiosa. Não quis recorrer aos escuteiros católicos nem à Acção Católica. Também não o satisfaria a MP. “Inventou” alguma coisa entre isto tudo.
Quanto a saídas nocturnas, em Espanha, só me lembro de uma ida a uma casa de flamenco. As meninas não foram também? Não deve ter sucedido mais nada de excitante. Ou eu não me lembro. A Espanha era muito pacata. E eu um rapaz pacatíssimo.
João

15 Janeiro, 2008
Miguel Bento Monteiro disse:
Já agora vou mandar umas achas para a fogueira a propósito de:
"Escuteiros"
Como bem relembrou o ZCFaria houve uma tentativa, felizmente sem êxito, de introduzir novamente o movimento escuta no colégio nos anos sessenta ( andávamos precisamente no 3º ano ) .Mas não se tratava de alunos normais, eram os alunos do ERO. E quando o orientador (Padre ?) perguntou ao próprio ZCF qual o lema que escolhia para orientar a sua vida no futuro e este respondeu "vencer ou morrer " ,creio que as coisas acabaram por aí.
(Com este lema o ZCF nunca poderia ter jogado ténis minimamente a sério porque senão estava feito, nem que fosse um gato se safava.)

2 comentários:

Anónimo disse...

pertenceu a mocidade portuguesa?

em que dias da semana se realizavam as actividades da mocidade portuguesa?
o que faziam?
marcavam-se faltas?
participaram em algumas comemoração nacional?

agradecia que respondessem antes de segunda 19/04/10
e para um trabalho escolar
obrigada
e peço desculpa pelo incomodo que possa ter causado

Anónimo disse...

pertenceu a mocidade portuguesa?

em que dias da semana se realizavam as actividades da mocidade portuguesa?
o que faziam?
marcavam-se faltas?
participaram em algumas comemoração nacional?

agradecia que respondessem antes de segunda 19/04/10
e para um trabalho escolar
obrigada
e peço desculpa pelo incomodo que possa ter causado