O J. L. Reboleira Alexandre escreveu um comentário, um GRANDE comentário a vários artigos. Aqui está para que todos o leiam. (Esperando que seja possível sermos felizes sem sermos novamente pobres...).JJ
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O JJ tem uma maneira muito especial de nos «ir buscar». Estava eu hoje gozando um dia feriado (aqui, claro) e, espero, ao fim de uma interminável sequência de dias maus, poder finalmente apreciar as curvas dos mercados mudarem de direcção, quando o email aparece:
«Olá
Lembrei-me que foi em casa do Henrique Graça que tu ficaste nas Caldas. Já o viste na fotografia de 1957?»
Pois meu caro João, é claro que já vi e revi a foto. Mas em 57 eu tinha apenas 6 anitos, e se já frequentava a casa do Henrique e dos tios dele (a minha mãe fora empregada destes na sua meninice e adolescência) em frente da CGD onde está hoje um parque de estacionamento, não consigo de forma nenhuma reconhecer o meu velho amigo que me deu o tal catrapázio do Cavaleiro Andante, do qual o Nuno Mendes tão bem se recorda e que hoje guardo em local especial no salão. Andava na altura no 1º ano do Curso Geral do Comércio depois de ter feito os dois anos de Ciclo Preparatório na escola «velha», por trás do chafariz das Cinco Bicas.
Aliàs não sei se o Nuno alguma vez pôde saborerar os maravilhosos chás de limão que a bondosa mãe do Henrique me dava imensas vezes antes de adormecer. Ainda hoje, quando bebo chá, penso no que a Dona Maria Emilia me preparava. É que lá na casa da aldeia, ao contrário de hoje, ainda não havia nenhum limoeiro e o chá mais usual era o de erva cidreira. Era este o nome ???
No entanto esta minha dificuldade em reconhecer os amigos da minha infância já nem me surpreende, se atender a que ainda em Maio no almoço da Escola, um velho colega de estudos em anos muito posteriores me passou completamente ao lado. Ele, o António Santiago de Freitas, chamou-me logo pelo nome. Espero no entanto já estar desculpado do percalço, depois dos dias agradáveis que passámos juntos aqui no Québec no final de Setembro.
Gostei também de ler os comentários sobre São Martinho. Não me revi em nenhum. De todos, ninguém falou dos miúdos (nós incluidos) que a partir dos 13/14 anos, pegávamos nas nossas motas ou bicicletas e lá íamos sòzinhos, sem os papás nem as mamâs, para a zona dos faróis, bem perto do sitio em que se falava francês com pronúncia da Flandres. Quantas vezes tive de dizer e repetir que não se dizia:
« a tempeteture é bonne aujoudui» mas sim: «la temperature est bonne aujourd'hui», ou «avê vu lume» mas sim «avez-vous du feu?».
Depois de repetir algumas vezes, o potencial «conquistador» lá se dirigia à «vítima», e se a maior parte das vezes não acontecia nada, outras houve, poucas, em que tinhamos direito a um pequeno passeio até Salir pela borda da água. Mas imagino que outros houve que tiveram mais «sorte».
Se é um facto que tudo mudou, e nós mudàmos também, não é por isso que não devemos através deste e doutros blogs, recordar os maravilhosos tempos da nossa jovem adolescência, e contá-los aos nosso filhos e netos. Como eu digo e repito muitas vezes, éramos pobres mas muito felizes.
Abraço do Canadá
J.L. Reboleira Alexandre
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