ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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Em 1963, um conto de João Ramos Franco no Almanaque Caldense

por João Serra
1963 foi o ano do telefone vermelho ligado entre Washington e Moscovo, das lutas dos negros norte-americanos contra a descriminação racial e do assassinato do Presidente, John Kennedy, de 46 anos, em Dallas. O Papa João XXIII morreu em Junho, sucedendo-lhe Paulo VI. No ano anterior, tinha-se inciado a guerra de guerrilha em Angola. Agora era a vez da Guiné. Salazar estava no poder há 35 anos e Portugal em regime sem liberdades há 37. O cinema novo fez a sua aparição nos cinemas portugueses com o filme “Verdes Anos” de Paulo Rocha, enquanto Hitchcock terminava “Os Pássaros”, Losey “O Criado” e Jerry Lewis “As Noites Loucas do Dr. Jerryl”. Bob Dylan editou “The Freewheelin”, os Beatles tornam-se definitivamente referencias mundiais, enquanto os Rolling Stones davam início à sua carreira. João Ramos Franco, 18 anos, caldense, aluno do Externato Ramalho Ortigão, está numa encruzilhada. Falhara dois anos antes o 5º ano de Ciências e tentava agora fazer o 7º de Direito, enquanto repetia o que ficara para trás. Parava pelos cafés, o Central e o Bocage. Conheceu Fernando Alberto Pimentel, guarda-livros da ROL, que o convidou para fazer uma publicação sobre as Caldas. Mais velho 20 anos, Fernando era neto do escritor Alberto Pimentel, escrevera em jornais e colaborava com a “Gazeta das Caldas”. O modelo de publicação que adoptam é o dos Almanaques, onde se somavam informações úteis sobre uma localidade ou um assunto a artigos sobre temas históricos e literários.


O “Almanaque Caldense” é uma obra de 1963. Contém textos sobre organizações caldenses (Os Pimpões, o CCC – Conjunto Cénico Caldense – por exemplo) entrevistas com dirigentes locais e textos literários. Um deles, que hoje aqui se republica, é da autoria de João Ramos Franco e intitula-se “A Praça”. Trata-se de uma narrativa escrita na primeira pessoa. O autor observa um dia de Inverno da praça caldense a partir de um ponto de observação, o café Bocage. A praça é um microcosmo da sociedade e da economia locais que João procura retratar a partir da presença/ausência de vendedores provenientes da zona rural. O retrato que nos deixa é desolador, como o dia, carregado em tons cinzentos que se comunicam também aos personagens de um mundo triste e conformado.
J. Serra





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