ALMOÇO / CONVÍVIO

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Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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Breves notas e comentários a "O Locais da Guidó"

Estamos perante um texto em que o datómetro tem muitos problemas para funcionar. Passo a explicar:

O campeão de natação Johnny Weissmuller e as suas aventuras como Rei dos Macacos, baseadas na novela de Edgar Rice Burroughs, tem os seus melhores filmes realizados por W.S. Van Dyke na década de 30, com a saudosa Maureen O'Sullivan como Jane Parker (suspiro…). Devia ser a Guidó muito pequenina, aliás como em “E Tudo O Vento Levou” de 1939, sobre o qual todos sabem tudo (222 minutos na edição original, sabiam?).

David Lean filma Oliver Twist em 1948, dois anos depois de ter adaptado Grandes Esperanças, também de Charles Dickens. “Despacha” este romance enorme em menos de duas horas de filme. Magnífico. Mas a Guidó seria, seguramente, ainda muito pequena em 1948…Carol Reed adapta o mesmo romance, já em 1968, na forma de um musical sob o nome “Oliver!”. Aqui a Guidó já era mais crescidinha, o datómetro já funciona, seria esta versão que viu? Mas quem é que chora num musical? Só se não apreciava o género e chorava, talvez, o preço do bilhete...

O Joelho de Claire (1970) é a quinta “parte” dos Seis Contos Morais de Éric Rohmer. Um diplomata, na véspera do seu casamento, fica enfeitiçado pelo joelho de uma adolescente. É naturalmente magnífico, bem como outros três filmes desta série : “A Coleccionadora”(1967), “A Minha Noite Em Casa De Maude”(1969) e O Amor Às Três Da Tarde” (1972). Os seus filmes envolvem longos passeios e conversas intermináveis sobre assuntos fascinantes. A sério, Rohmer, compagnon de route de Truffaut e Godard nos Cahiers du Cinema , é um cineasta apaixonado mas sólido, de um tempo em que havia cinema europeu.

Sobre as “aventuras” na Azenha não tenho comentários. Estão no texto os acontecimentos, os sentimentos e as pessoas (até a minha irmã!), gostei de ler. Confesso que não era nessa época frequentador assíduo, o meu grupo “perdia-se” por outros locais. Fui cliente da Azenha bem mais tarde, no final da década de 70.

Porque é que o “Je T’aime, Moi Non Plus” era uma música muito aguardada para os slows da época é realmente um mistério… Até coloquei aqui o vídeo para ver se alguém descobre. Lembro-me que foi gravada, em 1968, pelo autor com a sua companheira da altura, Brigitte Bardot, mas, a pedido desta, essa versão nunca foi editada em disco. No ano seguinte, já com a actriz inglesa Jane Birkin, Serge Gainsbourg lança finalmente o single comercialmente. A proibição em vários países (Portugal incluído, mas havia uns exemplares “debaixo do balcão” da Tália), a retirada do disco pela editora original, a proibição na BBC e, sobretudo, uma nota condenatória do Vaticano (!) transformaram uma canção algo banal num sucesso planetário. Nenhuma campanha de Marketing poderia correr melhor que esta sucessão de ataques e proibições!



Outro mistério é a forma como a autora escreve sobre as músicas da sua vida, conforme lhe vem à cabeça e não seguindo qualquer ordem. Nem parece da Margarida! Isto ajuda muito o datómetro, como calculam.... A música citada abrange uma época muito vasta e são memórias de várias alturas. Vamos conferir:

Por pedido expresso da autora incluí “Whiter Shade Of Pale”, de1967. Embora assinada por Gary Brooker, líder dos Procol Harum, esta música foi composta realmente por J S Bach: a melodia é da sua “Ária para a 4ª Corda” e o famoso arranjo de órgão é decalcado da “Suite nº 3 em Ré Maior “(a melodia já tinha sido roubada no ano anterior em “When A Man Loves A Woman”).

Os Beatles acabam em 69/70; os Pink Floyd começam em 67 mas as memórias da Guidó, do LP "Dark Side Of The Moon", são de 1972; os Genesis "explodem" também em 1972 com o LP “Foxtrot” (e em Portugal em 1975 com um grande concerto em Cascais, ainda com o Peter Gabriel como vocalista e rajadas de metralhadora a acompanhar. Estive lá).

James Taylor, que ainda hoje grava e actua, aparece na onda de singer-songwriters do início da década de 70. Morrera entretanto a inesquecível Janis Joplin (04-10-1970), quinze dias depois de Jimi Hendrix (18-09-1970), poucos meses antes de Jim Morrison, dos Doors (03-07-1971). Depois destas três mortes a música nunca mais poderia ser igual. Em Dezembro de 1969 os Hell’s Angels, ao matarem um espectador em Altamont, num concerto gratuito dos Rolling Stones em que "faziam a segurança", tinham começado a acabar com a “Age of Aquarius” e o efémero sonho de Woodstock (15/16/17 de Agosto de 1969).



Who, Rolling Stones, Bob Dylan estão activos desde o início da década de 60 até hoje, os Bee Gees emigram da Austrália para Inglaterra em 1966 e estão activos até aos anos 90, nenhum destes nomes permite datar nada.

Vinicius e Tom Jobim aparecem com regularidade a partir de 1968 em Portugal, ao vivo, na TV e em disco. Grande concerto em 1972, no Villaret. Melhor, do Brasil, só os Mutantes, no mesmo local em Novembro de 1971, mas esse concerto não tem comentário possível, foi once in a lifetime.

A Guidó indicou 87 videos e forneceu 183 fotografias para acompanhar o texto. Entre abrir um Blog só para ela ou fazer alguns cortes optámos pela segunda hipótese, escolhendo "apenas" as músicas e imagens apresentadas.

E eu suponho que os cafés com a Avó sejam na primeira metade da década de sessenta, o cinema e as brincadeiras na segunda metade e as idas da Guidó à Azenha (a sério) na primeira metade dos anos setenta. Mais coisa menos coisa, porque o datómetro encravou mesmo!

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COMENTÁRIOS

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13-05-2008
João Serra disse:
E porque é que até o datómetro o vento levou? - pergunta JJ. Apresso-me a responder, para evitar especulações injustas. A culpa é minha. Para desgraça dela, a Guidó aterrou nas minhas aulas no princípio da década de 80 do século passado. Eu distribuí, é certo, um datómetro aos inocentes, mas devo ter-me esquecido do livro de instruções. Ficamos todos sem poder decidir: a Guidó é aquela menina de doce sorriso da fotografia ou a nossa avó Jane? Mas esta ambiguidade tem as suas vantagens: as memórias da Gudó implicam todas as gerações, até as pré-históricas, como a minha.Obrigado Guidó pelas tuas recordações da Azenha do Luis Barreto, a quem o Santos Fernando chamava o "Peras do Inferno". É uma boa história desta cidade um pouco esquecida de si própria. João Serra

13-04-2008
o das caldas disse.
E os da minha época (e do Serra) bem como tantos outros, a certa altura ficámos privados da Azenha por que, pela calada da madrugada, a mesma foi assaltada e levaram todos os discos.
Higino Rebelo

13-05-2008
João Ramos Franco disse:
Uma ajuda para data de aparecimento do Inferno da Azenha. No 1º semestre de 1963 (antes de ir para o serviço militar, Agosto) recordo-me de ir à Quinta de Santo António, com o Ferreira da Silva e o Luís Barreto mostrar a velha Azenha e falar do que pensava fazer ali. Só vi o resultado desta conversa quando regressei, em 1967.

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