ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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Os Locais do Mário João Xavier



Mário Xavier
















MUCH MONEY GROUP

Para que conste este era o VERDADEIRO nome de uma briosa Associação criada nos finais dos anos sessenta, em Caldas da Rainha, por alunos do E.R.O.

Tal nome, ideia do Costa segundo julgo lembrar-me, acabou por ser simplificado para o “internacionalmente” famoso MUCH.

Nessa época os locais de convívio dos jovens Caldenses eram limitados aos lugares já várias vezes referidos (Zaira, Central, Casino, Floresta, etc), mas nós pretendíamos um diferente, onde pudéssemos conviver sem gastar dinheiro e estar à vontade .

O meu irmão Luís , a residir em Lisboa, deu-nos a ideia e motivou-nos para fazermos uma pequena Discoteca. Essa era a ideia inicial.

A exemplo do que acontece muitas vezes a essa ideia foram-se acrescentando outras acabando por resultar em algo um pouco diferente do previsto.

Posto o desafio lançámos mãos à obra para concretizar tal projecto.

Eu – Mário Xavier, o Chico Carrilho, o António João Costa, o Rui Hipólito e o Rogério Matias avançámos com as primeiras iniciativas, a saber: eleger como Presidente “vitalício” Luís Xavier e declarar a indisponibilidade da Associação em, no imediato, aceitar como sócio o José Carlos Faria que, num exercício de maldade tão “querida” e própria dessas idades , ficaria em lista de espera a aguardar o honroso ingresso em tão nobre colectividade, quando tal fosse considerado oportuno.

Para além do Presidente distribuímos entre nós diversos cargos de grande gabarito e que nos elevaram aos mais altos patamares da vida social da época.

Ou seja todos nós éramos qualquer coisa como secretário, tesoureiro, vice-presidente o que para além de alimentar os nossos egos juvenis fazia do Much provavelmente a única colectividade cujos corpos gerentes constituíam a totalidade dos sócios.

É claro que o meu irmão Luís era solidário, dava as ideias, mas as suas funções eram algo limitadas pela distância a que se encontrava das Caldas e pela razoável diferença de idades. No entanto teve um papel aglutinador e dinamizador muito importante.

Para além dos corpos sociais uma colectividade que se preze necessita de um espaço próprio para desenvolver as suas actividades, aliás era esse o principal motivo da nossa mobilização – um espaço de convívio nosso.


O local já estava escolhido desde o primeiro momento e, para quem não se lembre, o Much tinha a sua sede naquele prédio verde no Largo Conde Fontalva (vulgo Largo da Rainha) com o número 7, onde ainda hoje vive a minha mãe.

A casa tem outro prédio atrás separado do edifício principal por um pequeno quintal. No r/c desse segundo edifício funcionou a nossa associação.

Preparámos a sala para o efeito, decorando-a de forma a parecer uma discoteca.

Resolvemos tapar todas as paredes com papel de jornal, com um cartaz de cinema, julgo que de um filme italiano, a cobrir a parede do fundo, uma mesa baixa e redonda para jogar às cartas, candeeiros e outros adereços que acabaram por, no seu conjunto, resultar bastante bem.

Todos trabalhámos muito nessa transformação mas tenho de ser justo e realçar o papel desempenhado pelo Faria que foi incansável nomeadamente quando foi convencido a molhar as mãos em tinta preta e marcá-las no tecto, TODO!

A entrada da sala dava para o quintal e nós resolvemos dar um nome à mesma, com a tal tinta preta, tendo ficado escrito A TEIA, mas confesso que tal nome nunca teve qualquer sucesso ou significado para nós, caindo no completo esquecimento.

Acabadas as obras estava finalmente em funcionamento o Much Money Group(queríamos com isto dizer que se tratava de um grupo com muito dinheiro).

Decidimos pelo pagamento de uma quota mensal de 25 tostões, que só cumprimos nos primeiros meses.

Distribuímos as tarefas e iniciámos as nossas actividades.


Jogávamos às cartas todos os sábados à tarde, ao póquer e à lerpa, sempre a dinheiro se bem que esse raramente fosse visto em cima da mesa, ou seja todos tinham dividas uns com os outros que ainda hoje estão por cobrar. Gosto de pensar que ganhava mas julgo que estaria a faltar à verdade, penso que perdi mais vezes do que ganhei.

Eram saborosas essas tardes e noites do fim de semana em que nos juntávamos conforme a nossa disponibilidade , ouvíamos música, conversávamos, FUMÁVAMOS e jogávamos às cartas.

Pode parecer pouco mas resultou muito bem para nos divertirmos e conhecermos melhor uns aos outros.

Recordo com alguma saudade o Xico e o Faria a tocarem viola e cantarem. Do humor imenso do António João Costa. Da forma sempre alegre e participativa dos “putos” Rui Hipólito e Rogério Matias que com a sua acção contagiavam todos para festivais épicos, de boa disposição.

O Much era um Clube onde as meninas não eram sócias mas entravam, sendo memoráveis alguns dos diversos “BAILES” organizados pelo Much ( entretanto esse passou a ser o único nome por que era conhecido).

Felizmente a família Xavier é bastante numerosa o que deu origem a várias festas de aniversário , devidamente inventadas, e que serviam de justificação às miúdas para se deslocarem às nossas festas.

As minhas irmãs Helena e Isabel, a Fani, a Joana Ribeiro Lopes, a Paula Abreu, a João Gomes, a João Ferreira, a Nami, a Paula Jales, a Mena Gomes, a Belão, a Céu, a Guida Rego, eram, entre outras, as que mais frequentavam o Much.

No que ao lado dos rapazes diz respeito a lista é bastante maior mas vou arriscar recordar alguns tais como o João Jales, Henrique Conceição, Nuno Mendes, Pedro Nobre, José Carlos Sanches, Fernando Castro, Joca Ferreira, Cácá, Hilário e muitos outros que não recordo neste momento.

O Much só não funcionava nos meses de Agosto e Setembro, época em que a minha família se deslocava para S. Martinho do Porto.

Durante o resto do ano funcionava sem paragens e sem desânimo de qualquer espécie. Diariámente eu, o Xico Carrilho e o Faria encontrávamo-nos para ouvir música, fumar e conversar ( o José Carlos não fumava) e a partir de sexta feira já os outros elementos se juntavam a nós.

Acresce ainda esclarecer que o Much só funcionava com a cumplicidade dos meus pais que seguiam o sábio conceito de que era preferível ver o local onde nos divertíamos e convivíamos do que não saber onde poderíamos estar no decorrer das nossas actividades.

Se me perguntarem se tenho saudades desses tempos eu respondo que sim , por duas ordens de motivos, uma éramos novos e a outra é que construímos algo muito importante para o nosso futuro no que ao campo dos afectos diz respeito.


Julgo poder afirmar que, independentemente das voltas que as nossas vidas tenham dado somos todos, para sempre, AMIGOS.

Cimentámos a nossa ligação numa época das nossas vidas em que se constroem as verdadeiras amizades , sem subterfúgios e sem segundas intenções e isto faz de nós, irremediavelmente, membros vitalícios do MUCH MONEY GROUP.

Caldas da Rainha, 23 de Maio de 2008
(após insistência do amigo João Jales a quem agradeço a sua enorme PACIÊNCIA)

UM GRANDE ABRAÇO A TODOS

MÁRIO XAVIER

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Comentários

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24-05-08
JJ disse:
- Em termos de data o próprio texto aponta o final da década de sessenta, início de setenta.
- Os bailes do Much eram óptimos, boa música, o “who’s who” da nossa geração estava realmente lá, faltam nomes no texto, mas isso não é importante . Além dos citados lembro-me de lá ver, da minha turma, Miguel B M, Lena Feliciano, Dália, Guidá, Paulinha, Flores, Rui F S, mas também gente de outros anos: Luís e Teresa Machado, Eca, Zé Pereira, Eurico, Pardal…
- A batota, nomeadamente o Poker, atraía gente de idades diferentes. Hoje somos todos da "mesma idade" mas entre o Rui Hipólito e o Nuno Mendes deve haver uns cinco ou seis anos de diferença, não era vulgar este “abismo etário” em grupos jovens. Talvez nas lerpas entre os “directores” o dinheiro não mudasse de mãos, mas nos Pokers que lá joguei as coisas foram diferentes!
- A paciência foi do Mário, ele é que escreveu o texto. Eu limitei-me a esperar que ele o enviasse e isso não é paciência, é pura preguiça...
- E sim, somos amigos, sem necessidade de mais comentários. Já agora, só para saber, o Zé Carlos Faria já é sócio ou ainda não?

25-05-2008
Belão disse:

Ó Mário, que bom que foi o Much! Apesar de nós, as meninas, não o frequentarmos diariamente, os "bailes",os aniversários, foram de facto inesquecíveis.
Ao ler o teu texto consegui rever na perfeição a entrada pelo quintal, a decoração, as luzes (ou falta delas!). Consigo lembrar também a boa disposição e humor do Costa que conseguia sempre arrancar gargalhadas enormes aos presentes, sempre que abria a boca.
O duo Chico/Zé Carlos era fantástico. Lembro-me do Chico a cantar desde sempre. Chegou mesmo a aspirar ultrapassar o Joselito (isto antes do Much, claro)! No Zé Carlos, desde cedo se notaram também os seus dotes artísticos!
Mário, obrigada por me fazeres recordar com saudade mais um tão importante local da minha (nossa) juventude.
Ainda bem que o João te conseguiu arrancar esta pérola!
Um grande beijo
Belão

26-05-2008
Zé Carlos Faria disse:
A minha inclinação Marxista (tendência Groucho) leva-me a dizer o seguinte: «Eu não aceitaria pertencer a um clube que me aceitasse como sócio» (excepção feita ao glorioso Sport Lisboa e Benfica, claro).
Porém, naquele grupo do Much encontei eu amizades das mais sólidas e duradouras de uma vida que vai na casa 52. E isso (desculpem lá a pieguice) toca-me muito e bem no fundo.
Abraço fraterno! ZCF

30-05-2008
Mª João Gomes disse:
O Xico referiu o carinho com que a D. Maria da Luz o tratava, mas não era só a ele,
Haviam aqueles miminhos:-meninas saiu agora um bolinho do forno, venham lanchar.
E aí íamos nós todas contentes (ainda não tinhamos problemas de peneuzinho, colestrol trigliceridos, etc).
Não sei mas acho que estes mimos eram só quando haviam meninas por perto, corrigam-me caso seja presunção minha.
Um beijinho e obrigada D. Maria da Luz

2 comentários:

Anónimo disse...

Ó Mário, que bom que foi o Much!Apesar de nós, as meninas, não o frequentarmos diariamente, os "bailes",os aniversários, foram de facto inesquecíveis.
Ao ler o teu texto consegui rever na perfeição a entrada pelo quintal,a decoração, as luzes (ou falta delas!). Consigo lembrar também a boa disposição e humor do Costa que conseguia sempre arrancar gargalhadas enormes aos presentes, sempre que abria a boca.
O duo Chico/Zé Carlos era fantástico. Lembro-me do Chico a cantar desde sempre. Chegou mesmo a aspirar ultrapassar o Joselito (isto antes do Much, claro)!No Zé Carlos, desde cedo se notaram também os seus dotes artísticos!
Mário, obrigada por me fazeres recordar com saudade mais um tão importante local da minha (nossa)juventude.
Ainda bem que o João te conseguiu arrancar esta pérola!
Um grande beijo
Belão

Anónimo disse...

Muito bem Mário! Gostei muito de voltar a sentir através das tuas palavras o ambiente fantástico que partilhámos no MUCH.
Acho que só te esqueceste de referir que no ínicio tínhamos lá uma mesa de ping-pong feita pelo teu pai onde treinámos bastante, mas com o avançar das nossas idades e a inevitável atracção pelo sexo oposto rápidamente passámos do desporto para outras actividades tambem elas muito suadas e,aí,o maior uso que ela teve foi servir de biombo (chama-se a isto- aproveitamento dos objectos para diferentes fins). Para isso, levantávamo-la por forma a ficar assente sobre um dos lados e encostávamos os pés da mesa à parede criando um espaço reservado. Não quero adiantar muito mais, mas penso que no chão chegou a estar um colchão velho(para quem quisesse descansar?????).
Os bailes do MUCH eram famosos, como referiste e muito bem, e, penso que uma das coisas que mais contribuiu para isso era o facto de, um "slow" com uma determinada duração, no MUCH atingia 4 a 5 vezes essa mesma duração. O segredo consistia, ( e aqui a cumplicidade masculina era fundamental ) quando a música estava a chegar ao fim em dar um toque no gira-discos de forma a que a agulha voltasse ao princípio. É claro que os sócios do MUCH eram os que tinham esta técnica mais desenvolvida, fruto de longas horas de treino. Também praticávamos a divisão de tarefas, assim as meninas levavam os "comes" e os rapazes os "bebes". No final, e depois de arrumada a "sede" quem é que comia e bebia o que sobrava, quem era?- os sócios do MUCH!
Quanto à "jogatana", aquilo atingiu niveis indiscritiveis, já que se chegava a jogar Poker "mano a mano" .O Rogério tinha uma hora livre e aparecia lá para jogar com o Mário. Eu lembro-me de uma vez ter como opositor o saudoso JoHnny ( João Lourenço). Ainda hoje o Nuno Mendes é conhecido pelo "Mijinhas", derivado à forma peculiar que tinha de apostar.
Referes também que " diáriamente eu, o Xico carrilho e o Faria". É verdade que nesses anos eu passava os dias em tua casa e gostava aqui de fazer um agradecimento público aos teus pais pela disponibilidade , paciência e carinho com que sempre me trataram, ao ponto de, a tua mãe me tratar por "sobrinho". Ainda outro dia comentei com a tua irmã Isabel que lhe hei-de fazer uma visita um destes dias.
Apreciei, especialmente, a última parte, em que referes que " independentemente das voltas que as nossas vidas tenham dado seremos sempre AMIGOS! Pela minha parte não podia estar mais de acordo!
Só queria dizer, e para terminar, como membro vitalício do MUCH MONEY GROUP, que ,por mim, estou disponivel para a realização de uma Assembleia Geral com o ùnico ponto da ordem de trabalhos:- proposta de entrada para sócio após trinta e cinco anos em lista de espera do meu bom amigo José Carlos Faria.
Eu voto SIM!
Um grande abraço
Chico Carrilho