Os nossos trabalhos passavam de ano para ano, eram sempre os mesmos, como podem calcular pouco ou nada faziamos. Pior ainda era que o meu e o da Anabela Castro era o mesmo, sim era isso mesmo, só um trabalho para as duas, umas rosetas de crochet brancas, rosa e verde, sinistras. Primeiro a D. Dora via o meu trabalho e dizia que podia estar melhor, depois ia andando e quando chegava à Anabela já ela tinhas as rosetas pirosas e a D. Dora dizia que as dela estavam muito bem feitas e que eu devia pôr os olhos nela. Coitada da D. Dora muito nos rimos à conta destas coisas...ainda hoje nos rimos por causa destas e de outras aulas.
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D. Dora, Isabel Videira, Padre Xico (Profissão de Fé, 1965)
C O M E N T Á R I O S
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Júlia R disse:
Quando entrei para o colégio o 1º e 2º anos eram na Rua do Jardim, prédio de esquina com a Rua Heróis da Grande Guerra, e só do 3º ao 7º no Edifício do Crespo.
Então a D. Dora, além de dar as aulas de Lavores Femininos às meninas "tomava conta de nós”, rapazes e raparigas. Era boa pessoa e uma figura muito característica, com o seu penteado que com certeza todos recordam. Foi com ela que aprendi a bordar "ponto de cruz" e ensinou-me de tal maneira que, quando vejo alguém a fazê-lo, deito logo o olho ao avesso, pois tem a sua técnica. É um bordado que ainda hoje gosto de fazer.
Guardo esse pano de tabuleiro, que sempre identifico com a D. Dora. Júlia
Anabela Afonso disse:
Alem destas trocas de rosetas, que a Paula refere, havia tambem a do pano de tabuleiro, maravilhoso, que ainda hoje existe inacabado na casa da minha mãe.
Em todas as aulas ora eu ora a Paula, bordávamos em ponto Pé de Flor, a palavra – Merda – .
O resultado era risada geral! Mas claro, com tanto treino, aprendemos muito bem o ponto.
Outro divertimento era encher de pó de giz e papelinhos os maravilhosos ripados da D. Dora.
Bons tempos, mas ainda hoje, que já somos avós (ela, eu não, que sou muito mais nova!), fazemos brincadeiras.
farofia disse...
Que post funtástico, PP! "Primeiro a D. Dora via o meu trabalho e dizia que podia estar melhor, depois ia andando e quando chegava à Anabela já ela tinhas as rosetas pirosas e a D. Dora dizia que as dela estavam muito bem feitas e que eu devia pôr os olhos nela". .... aluno sofre! :))))
João Jales disse:
Esta questão da apreciação das rosetas tem tudo a ver com a “gestão de expectativas”. A Paulinha sempre teve aquele ar doce e maternal e a D. Dora esperava que ela correspondesse, nos tão necessários Lavores Femininos, a essa imagem. Já a Anabela apostava numa imagem um pouco mais rebelde, saias curtas, cabelo em cima da cara... Claro que a D. Dora nada esperava dela. Portanto um trabalho que era inaceitável na Paulinha era surpreendente na Anabela!
Aqui entre nós, que ninguém nos ouve, elas eram as duas igualmente “destravadas” (já ninguém usa esta palavra, pois não?).JJ
Ana Carvalho respondeu:
Olá João
Que palavra engraçada "destravadas", realmente já ninguém usa esta palavra, mas define-nos na perfeição, nós éramos realmente umas destravadas! Bjs PP
São Caixinha disse:
Sobre o tema dos lavores, lembro-me muito bem de ter aprendido o “ponto cruz” a que a Julinha se refere, o tricot para um casaquinho de bebé (os tais presentes de Natal a famílias desprotegidas que a Lena Arroz há uns tempos mencionou) e o”ponto grelhão” que por infeliz escolha minha, decidi aplicar numa infindável toalha de mesa, definitivamente...much more than I could chew!!! O que eu não me lembro, contudo, é se a professora teria sido a D. Dora ou a D.Anita! É a idade...de qualquer forma recordo as duas senhoras com saudade!
Bjs, São
1 comentário:
Que post funtástico, PP!
Primeiro a D. Dora via o meu trabalho e dizia que podia estar melhor, depois ia andando e quando chegava à Anabela já ela tinhas as rosetas pirosas e a D. Dora dizia que as dela estavam muito bem feitas e que eu devia pôr os olhos nela.
... aluno sofre! :))))
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