ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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PADRE ANTÓNIO EMÍLIO - Lena Arroz

Excursão, 1961/62 - Sé da Guarda - Lena Arroz, Lurdes Serrazina, Jorge Teixeira-


Padre António, meu querido Amigo.

Que miúdos de 10,11, 12, 13 ou 14 anos, tiveram a sorte de ter um amigo de 35-40 anos, que lhes organizava brincadeiras, jogos, passeios, campos de férias, aventuras, nos dias em que não havia actividades escolares?

Um torneio de jogo do mata, ou da barra do lenço, entre duas equipas uma de rapazes e outra de raparigas organizado pelo Padre António… Não havia nada de mais empolgante, de mais divertido, de mais estruturante para uns miúdos que não sabiam o que fazer quando saíam do colégio!

Era a obrigação dele, por ser nosso professor, por ser padre e director do colégio? Não. Não era a obrigação dele. Depois dele se ir embora ficaram lá outros que também eram padres, professores e um deles até era também director do colégio. Mas nunca mais houve nada que se assemelhasse. Podiam até de vez em quando organizar alguma coisa, mas era muito diferente. A coisa até podia correr bem, mas nenhum deles participava nela com a alegria e o interesse com que o Padre António o fazia.

Ele fazia-o porque gostava de nós, porque gostava de brincar connosco, porque também se divertia com isso. Ele era alegre, vibrava com a vitória da equipa que estava a ganhar e animava a que estava a perder. Ensinava-nos a sermos competitivos, mas amigos uns dos outros, muito amigos mesmo. Se faltasse um elemento numa das equipas, ele preenchia-o. Sabia jogar melhor que nós. Era uma sorte ficar na equipa dele.

Todas estas actividades extra escolares, vistas à distância de 40 e tal anos, permitem-me afirmar sem sombra de dúvida: - O Padre António era, então, o nosso ponto de encontro!

Até porque, pelo menos nós as raparigas, não tínhamos liberdade para sair de casa para passear sozinhas, nem íamos a café nenhum, nem nada, nada, nada. Se não fosse ele, tínhamos ficado em casa de certeza à espera que o tempo passasse a entretermo-nos como pudéssemos, mas nunca em actividades colectivas, de ar livre, tão enriquecedoras das nossas titubeantes personalidades.

Quando ele se foi embora, chorámos lágrimas de saudade. Não era uma saudade só dele próprio, era também uma saudade mais interesseira, da liberdade de brincar uns com os outros, com ele a “tomar conta” de nós.

À distância de 40 e tal anos, parece-me justo concluir que o Padre António era então a nossa liberdade!

Alguns e algumas de nós mantivemos depois contacto com ele. Eu fui uma delas. Nunca lhe perdi o rasto. Soube sempre onde ele estava. Durante anos a fio, telefonei-lhe no dia 17 de Novembro, que era o dia do seu aniversário e ele retribuía-me o gesto, telefonando-me anos a fio, no dia do meu. Ele também soube sempre dos solavancos da minha vida. E lá estava para me animar quando eu estava a perder ou para se alegrar comigo quando a coisa melhorava e começava a correr bem.

Se eu hoje sou uma mulher que não se deixa ficar na “poça”, ou “caída no chão”, nas ciladas que a vida prega, se me levanto e vou de novo à luta… Ah, eu acho que foi o Padre António que me ajudou!

Obrigada meu amigo Padre António!

Até sempre.
Beijinhos
Lena Arroz

Castelo do Bode 1961/62
em baixo: Eduarda Rosa, Emiliana, ? ;
em cima: Elvira, Ilda, Lena Arroz, Lurdes Serrazina, Efigénia

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