HOMENAGEM AO PADRE ANTÓNIO EMÍLIO
“ As palavras ainda não estão gastas” (não o ficarão nunca!). Se recordar é viver, então gostaria, também, de engrossar a lista dos infindáveis amigos e admiradores dessa figura genial que a todos nos marcou, pelas razões já sobejamente conhecidas.
Conheci o Padre António Emílio aos 11 anos quando, recém chegada do Quénia e profundamente traumatizada por uma infância infeliz e dramática, me refugiei nos seus conselhos e na sua orientação espiritual. Diria mesmo que somente a minha participação nos jogos do Parque,(com a Madre-de-Deus, Asdrúbal e Jorge Calisto, Fernando Figueiredo, Tony, Zé Carlos, entre outros), a par do meu entusiasmo pelo estudo enquanto aluna do Externato Ramalho Ortigão, me traziam alguma alegria e descontracção. Mais tarde, já adulta, residindo e trabalhando na capital, tive a grata emoção de acompanhar o seu percurso na igreja de S. João de Deus, primeiro como coadjutor do Padre Teodoro e depois na Casa Pia, para mais tarde tomar posse da Paróquia de Stº Estêvão (Alfama), onde desempenhou uma acção pedagógica e humanitária notáveis, sempre admirado e amado por todos quanto tiveram o privilegio de com ele privar quotidianamente. Dizia-se que tinha acabado com a mendicidade nas ruas do bairro e eu própria testemunhei, como uma das salas da Igreja fora transformada em refeitório para as crianças carenciadas da zona poderem, pelo menos, beneficiar de refeições ligeiras.
Evoco, igualmente, o seu dinamismo e entusiasmo na organização das Festas Populares de Alfama (ao tempo, umas das mais carismáticas) que se realizavam no adro da Igreja, onde também colaborei, quer participando na confecção das ementas, na sacristia, quer na angariação de artistas conhecidos, que actuavam gratuitamente perante um público atento e participante. Apesar de, já nessa altura, começar a evidenciar os primeiros sinais de doença, nunca perdia a sua afabilidade e o propósito de cumprir, até ao fim, a sua espinhosa mas gratificante missão.
Seria fastidioso continuar a enumerar outros episódios a que assisti noutras paróquias e no prosseguimento da sua obra. O que quero realçar, sim, é que pela vida fora e foram muitos anos em que à distância ou por perto, vivenciando situações dolorosas e deprimentes, nunca deixei de sentir a sua palavra amiga, o seu amor incondicional pelo próximo, a sua enorme compreensão.
Quando o visitei pela última vez, há cerca de quatro anos, na Santa Casa da Misericórdia, senti um calafrio e um choque pela sua decadência física, contrastando com a figura erecta e esbelta dos seus tempos de juventude. Todavia, algo no seu olhar, ainda revelava o fulgor e a bondade que o caracterizavam.
Agora, que se libertou do invólucro terreno e ascendeu a outras Dimensões de Luz e Amor, só me resta acrescentar:
OBRIGADA E… ATÉ SEMPRE, PADRE ANTÓNIO EMÍLIO!
Yolanda Faria 15.4.2008
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