Se vocês forem ver ao Dicionário e procurarem em Miguel Bento Monteiro encontrarão como sinónimos: agitação, radicalismo, humor cáustico, movimento perpétuo ( não encontraram? É porque o vosso Dicionário não presta, queimem-no ou deitem-no pela janela fora, é o que o Miguel faria).
Há quase cinquenta anos que o conheço e não me lembro de haver com ele momentos de sossego (penso que nunca jogámos Monopólio ou Scrabble, por exemplo), tenho sempre a ideia de um furacão em constante movimento, correrias, índios e cowboys, muitas patifarias, normalmente inocentes mas sempre ruidosas, uma energia inesgotável que nem o Ténis consegue diminuir, uma relação com tudo e todos de amores e ódios sem gradações, a vida a cores sem tons pastel…
As minhas imagens dele são um turbilhão de areia, toalhas, água e senhoras enfurecidas na Foz do Arelho, os pacatos veraneantes do Parque em constante pânico e sobressalto com as eternas corridas, a pé ou de bicicleta, um recreio em confusão com jogos iniciados e nunca concluídos porque outros os substituíam a meio, salas de aulas com professores à beira de um ataque de nervos porque … bom, vocês já viram o filme que tenho na cabeça. A minha infância e adolescência teriam sido mais sossegadas sem ele, mas seguramente muito menos divertidas.
Quem ler esta crónica sem o conhecer julgará que fizemos o Liceu num qualquer Instituto Correccional de Alta Segurança, rodeados por meliantes e marginais, num mundo sem Rei nem Roque onde imperava a lei do mais forte… Sosseguem, é apenas o pacato Externato Ramalho Ortigão, com as suas plácidas e pachorrentas aulas, mas visto e recordado por um incorrigível incendiário (das palavras), que transforma um "caldo" ocasional num infindável combate mortal.
Neste texto que ele nos enviou, revejo muito mais o meu amigo Miguel do que a sala de aulas que ele pretendia retratar. E digo isto apesar do que, sei, ele vai esbracejar e vociferar depois...
JJ
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(não fui eu, foram eles!)
O meu nome é MBM mas o nome pouco importa.Deveriam ter-me chamado "The Saint ". Não, não tem nada a ver com o Simon Templar ou o Roger Moore e sim com os meus conhecimentos de antigas artes orientais, curativas e profiláticas, na área dos problemas musculo-esqueléticos.A explicação é complexa. Durante todo o liceu tive sempre "regular" a comportamento, que era o pior que se podia ter, pois o "mau" implicava ter que dar corda aos patins, e certamente a administração teria que explicar ao Patriarcado a quebra de facturação. Ainda por cima tratando-se de correr com um grande animador das aulas no Externato! Tive o azar de ficarem sempre à minha frente dois ícones do bom comportamento, o Rui Malaca e o Silvestre Agostinho (dois verdadeiros monstros, da santidade nas aulas entenda-se, porque até eram uns moços muito franzinos). A Natureza, para manter o sua harmonia cósmica, obrigou-me a ter "regular" para compensar os "Muito Bom" desses tristes e melancólicos colegas... Por incrível que parecesse conseguiam manter a serenidade em todas as situações de stress, até mesmo quando a turma demonstrava ruidosamente o seu "desgosto e infelicidade" por não haver uma aula.... No entanto não deixei de ser o alvo preferido de terríveis agressões por parte deles durante as aulas, quando os profs estavam de costas para nós.Timidamente eu lá ia respondendo com alguns palmadões nas regiões interescapulares e dorsolombares e ainda sólidos apertões musculares. Toda esta actividade decorria no maior silêncio pelo que o pensamento dos profs seria "estão muito atentos e silenciosos ",como era lógico. Mas não, silenciosamente e nos confins da aula, andava tudo à estalada. E ao contrário do que nos fora ensinado nas aulas de Moral, nenhum dava a outra face, mas antes respondia a dobrar porque, isso sim, é que é lógico! Mas isto só acontecia no ringue (leia-se sala de aulas) pois no intervalo os opositores trocavam impressões sobre o round e recuperavam energias para nova sessão.Bom,eu não sei o que os dois fizeram durante estes anos,mas surgiram no almoço de 17-11 com uma postura nobre,coluna direita,ombros alinhados e bacia equilibrada, ao contrário de alguns colegas que estavam muito alquebrados. O segredo? A fisioterapia preventiva a que foram submetidos durante anos a fio (método de amassamento) deu excelentes resultados. Valeu a pena. E não deveria ser eu o verdadeiro "Saint" ?
O meu nome é MBM mas o nome pouco importa.Deveriam ter-me chamado "The Saint ". Não, não tem nada a ver com o Simon Templar ou o Roger Moore e sim com os meus conhecimentos de antigas artes orientais, curativas e profiláticas, na área dos problemas musculo-esqueléticos.A explicação é complexa. Durante todo o liceu tive sempre "regular" a comportamento, que era o pior que se podia ter, pois o "mau" implicava ter que dar corda aos patins, e certamente a administração teria que explicar ao Patriarcado a quebra de facturação. Ainda por cima tratando-se de correr com um grande animador das aulas no Externato! Tive o azar de ficarem sempre à minha frente dois ícones do bom comportamento, o Rui Malaca e o Silvestre Agostinho (dois verdadeiros monstros, da santidade nas aulas entenda-se, porque até eram uns moços muito franzinos). A Natureza, para manter o sua harmonia cósmica, obrigou-me a ter "regular" para compensar os "Muito Bom" desses tristes e melancólicos colegas... Por incrível que parecesse conseguiam manter a serenidade em todas as situações de stress, até mesmo quando a turma demonstrava ruidosamente o seu "desgosto e infelicidade" por não haver uma aula.... No entanto não deixei de ser o alvo preferido de terríveis agressões por parte deles durante as aulas, quando os profs estavam de costas para nós.Timidamente eu lá ia respondendo com alguns palmadões nas regiões interescapulares e dorsolombares e ainda sólidos apertões musculares. Toda esta actividade decorria no maior silêncio pelo que o pensamento dos profs seria "estão muito atentos e silenciosos ",como era lógico. Mas não, silenciosamente e nos confins da aula, andava tudo à estalada. E ao contrário do que nos fora ensinado nas aulas de Moral, nenhum dava a outra face, mas antes respondia a dobrar porque, isso sim, é que é lógico! Mas isto só acontecia no ringue (leia-se sala de aulas) pois no intervalo os opositores trocavam impressões sobre o round e recuperavam energias para nova sessão.Bom,eu não sei o que os dois fizeram durante estes anos,mas surgiram no almoço de 17-11 com uma postura nobre,coluna direita,ombros alinhados e bacia equilibrada, ao contrário de alguns colegas que estavam muito alquebrados. O segredo? A fisioterapia preventiva a que foram submetidos durante anos a fio (método de amassamento) deu excelentes resultados. Valeu a pena. E não deveria ser eu o verdadeiro "Saint" ?
Miguel Bento Monteiro
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comentários:
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29 Dezembro, 2007
Lúcio disse:
Olha o Miguel Bento Monteiro! já não vejo este guarda-redes há 37 anos... não sei porquê, nunca teve oportunidade de comparecer aos almoços da equipa de juvenis do Caldas e foi pena.
Mas espero encontrar este jovem um destes dias. Um abraço do Lúcio!
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29 Dezembro, 2007
Lúcio disse:
Olha o Miguel Bento Monteiro! já não vejo este guarda-redes há 37 anos... não sei porquê, nunca teve oportunidade de comparecer aos almoços da equipa de juvenis do Caldas e foi pena.
Mas espero encontrar este jovem um destes dias. Um abraço do Lúcio!
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