A propósito da chegada, inesperada mas muito saudada, do Zequinha a este nosso Blog, fui buscar um livro de caricaturas da autoria do meu amigo Vasco Trancoso, homem de múltiplos talentos, chamado "Álbum de Figuras Caldenses 1990/1991". E lá está o José Manuel Pereira da Silva tal como aqui o reproduzimos, com a devida vénia ao autor. O texto que aqui se transcreve era o que acompanhava a caricatura e foi escrito nessa altura por um amigo (da onça, vejam bem o que ele diz!).
Inconstante, empenhado, superficial, militante, apaixonado, volúvel, sincero, quixotesco, exibicionista, hipocondríaco. De tudo ouvi um pouco, em meia dúzia de conversas que mantive com amigos e conhecidos, antes de escrever estas linhas. Não por não o conhecer, os vinte e cinco anos que separam a sua entrada numa sala de aula onde me encontrava e a data desta crónica foram suficientes para formar dele uma opinião. Mas tive sempre a impressão que havia algo nele que me escapava, sempre algo em que cada novo encontro era diferente da imagem que tinha ficado do anterior. Culpa minha?
O Zequinha nasceu nas Caldas em 1954, mais precisamente no dia 25 de Abril. Como todos sabem é uma data misteriosamente propensa a alterações e altercações, excitações e depressões, revoluções e outras confusões.
Cedo abandona as Caldas, faz a Escola Primária na Guiné, vai depois para Moçambique. É talvez deste périplo africano que lhe fica o gosto pelas aventuras marítimas, pelos grandes espaços e as grandes questões, embora sempre mais disposto a arrasar a floresta do que disponível para derrubar uma árvore.
Regressa da ex-Colónias e ingressa no Externato Ramalho Ortigão, onde o conheci. São da nossa turma alguns actuais caldenses residentes como a Dália Saramago, o Rogério Teotónio, o Pedro Nobre, o Tózé Hipólito, a Cristina Rolim, o Henrique Conceição, o José Neto, o Tomás Baptista, o Manuel Nunes e a Ana Paula Fonseca (a sempre bem disposta Paulinha Pardal). Um grupo que bem cedo descobre o seu temperamento artístico em pequenas representações nas aulas do Padre Renato (permitam-me um parêntesis para dizer que foi o melhor Homem que tivemos o privilégio de conhecer no Colégio), representações que são o trampolim para a sua colaboração com o Clube Cénico Caldense. É também já desse tempo o gosto e a vocação para a pintura que irá desenvolver com Eduardo Constantino, entre 72 e 74, a sua “fase pintor anarquista”.
A sua alcunha era, no entanto, o “Juvenil”. Por motivos não artísticos, mas desportivos: era campeão de várias modalidades desportivas! Certamente por modéstia estes talentos nunca nos foram revelados, limitando-se a pontapear a bola e algumas canelas, mais estas que aquela, nos escalões mais jovens do futebol do Caldas. Militou também, com o entusiasmo que se lhe reconhece, nos sectores mais ortodoxos da Igreja Católica, regressando de misteriosos e obscuros retiros qual Isaías reencarnado. Felizmente durou pouco.
Da sua “fase proletária”, passagem pela Matel, recordo sempre com um sorriso o delicioso epíteto com que o brindava nas aulas a sua amiga Dra Deolinda: o Senhor das Cassettes.
Todos estes talentos de actor, pintor, futebolista, monge e anarquista são prematuramente sacrificados ao curso de Arquitectura, que conclui em 1980.
É candidato nas autárquicas de 1985, como independente nas listas do P.R.D.(estes seus repentinos entusiasmos pelas novidades e causas nobres ainda o hão-de perder…). Regressa em 1989, desta vez pelo PS . Bate-se desde o início pela criação e implementação de um Plano Director Municipal. É, simultaneamente, um dos animadores da Cooperativa e da Rádio Margem onde, além de nós, estiveram João Elias, Rogério Guimarães, Rui Hipólito, José Carlos Almeida, Ana Sá Lopes, João Viegas, José Fragoso, Adalgisa Brito e um sem número de jovens entusiastas caldenses.
Os últimos tempos têm mostrado um Zequinha menos esfusiante e "pirómano", calmo pescador e velejador, profissional e politicamente mais conciliador. Alguém disse que “só os que não têm coração não são revolucionários ao vinte anos, só os que não têm cabeça não são conservadores aos quarenta”. Será verdade?
O Zequinha nasceu nas Caldas em 1954, mais precisamente no dia 25 de Abril. Como todos sabem é uma data misteriosamente propensa a alterações e altercações, excitações e depressões, revoluções e outras confusões.
Cedo abandona as Caldas, faz a Escola Primária na Guiné, vai depois para Moçambique. É talvez deste périplo africano que lhe fica o gosto pelas aventuras marítimas, pelos grandes espaços e as grandes questões, embora sempre mais disposto a arrasar a floresta do que disponível para derrubar uma árvore.
Regressa da ex-Colónias e ingressa no Externato Ramalho Ortigão, onde o conheci. São da nossa turma alguns actuais caldenses residentes como a Dália Saramago, o Rogério Teotónio, o Pedro Nobre, o Tózé Hipólito, a Cristina Rolim, o Henrique Conceição, o José Neto, o Tomás Baptista, o Manuel Nunes e a Ana Paula Fonseca (a sempre bem disposta Paulinha Pardal). Um grupo que bem cedo descobre o seu temperamento artístico em pequenas representações nas aulas do Padre Renato (permitam-me um parêntesis para dizer que foi o melhor Homem que tivemos o privilégio de conhecer no Colégio), representações que são o trampolim para a sua colaboração com o Clube Cénico Caldense. É também já desse tempo o gosto e a vocação para a pintura que irá desenvolver com Eduardo Constantino, entre 72 e 74, a sua “fase pintor anarquista”.
A sua alcunha era, no entanto, o “Juvenil”. Por motivos não artísticos, mas desportivos: era campeão de várias modalidades desportivas! Certamente por modéstia estes talentos nunca nos foram revelados, limitando-se a pontapear a bola e algumas canelas, mais estas que aquela, nos escalões mais jovens do futebol do Caldas. Militou também, com o entusiasmo que se lhe reconhece, nos sectores mais ortodoxos da Igreja Católica, regressando de misteriosos e obscuros retiros qual Isaías reencarnado. Felizmente durou pouco.
Da sua “fase proletária”, passagem pela Matel, recordo sempre com um sorriso o delicioso epíteto com que o brindava nas aulas a sua amiga Dra Deolinda: o Senhor das Cassettes.
Todos estes talentos de actor, pintor, futebolista, monge e anarquista são prematuramente sacrificados ao curso de Arquitectura, que conclui em 1980.
É candidato nas autárquicas de 1985, como independente nas listas do P.R.D.(estes seus repentinos entusiasmos pelas novidades e causas nobres ainda o hão-de perder…). Regressa em 1989, desta vez pelo PS . Bate-se desde o início pela criação e implementação de um Plano Director Municipal. É, simultaneamente, um dos animadores da Cooperativa e da Rádio Margem onde, além de nós, estiveram João Elias, Rogério Guimarães, Rui Hipólito, José Carlos Almeida, Ana Sá Lopes, João Viegas, José Fragoso, Adalgisa Brito e um sem número de jovens entusiastas caldenses.
Os últimos tempos têm mostrado um Zequinha menos esfusiante e "pirómano", calmo pescador e velejador, profissional e politicamente mais conciliador. Alguém disse que “só os que não têm coração não são revolucionários ao vinte anos, só os que não têm cabeça não são conservadores aos quarenta”. Será verdade?
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Desenho e texto extraídos do livro de Vasco Trancoso
"ÁLBUM DE FIGURAS CALDENSES 1990/1991" , editado em 1992.
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comentários
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2 de Dezembro, 2007
Isabel diz :
Olá Colegas,Estou adorando o blog. Está para lá de curtido e, o Zéquinha continua na mesma (entenda-se um diletante convicto e, sui generis q.b.)
Isabel de Azevedo Noronha
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2 de Dezembro,2007
José diz:
É uma cruz que ele carrega, estas fãs que o perseguem...
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