A MAGIA E O ENCANTO DE CERTOS LUGARES QUE MARCARAM AS NOSSAS VIDAS PARA SEMPRE
No meu depoimento, talvez um pouco pessoal, vou começar por falar da Zaira, um dos locais mais frequentados pela juventude caldense e, claro, também pelos mais velhos.
No que me diz respeito, foi na década de cinquenta, que eu lá ia mais, pois os meus Pais eram assíduos clientes do café do César.
Recordo andar a saltitar de mesa em mesa e de receber de uma Senhora forte, chamada Mariana, se a memória não me atraiçoa, uns saquinhos em croché com moedas em chocolate, guloseima que me enchia de alegria.
Outro local de convívio durante o ano todo era o Casino, frequentado por uma certa classe social que, com o decorrer dos tempos, ficou mais aberto aos caldenses.
A miudagem divertia-se imenso nas matinées durante a época do Carnaval e, mascarada ou não, lá estava eu, não fosse filha de uns Pais foliões que não perdiam uma noite de Carnaval no Casino com o seu grupo de amigos.
O 15 de Agosto, dia de muitas festividades na cidade, terminava com o célebre baile no Casino, onde a juventude feminina podia exibir os seus "modelitos".
Lembro-me da Ana Nascimento ser eleita Miss Casino, título que mereceu sem dúvida alguma! Nessa noite, das poucas vezes que frequentei o Casino na minha juventude, tive o privilégio de ser uma das suas damas de honor. Ana, nunca te disse, mas fiquei muito orgulhosa de ter estado ao teu lado…
Ponto de encontro quase obrigatório depois das aulas era o "cantinho" do lado esquerdo quando se entrava na Papelaria Tália do Sr. Nogueira e D. Rosa. E porquê? Todo o pessoal que o frequentava se lembra. Havia um gira-discos que nos permitia estar sempre actualizados com a música da época.
Lugares de convívio para dançar, beber um copo ou simplesmente ouvir música, tínhamos as boites Ferro Velho e Azenha do Inferno (aí meu Deus, as boites não, as discotecas, como a gente nova ao pé de mim gosta de corrigir).
Os saudosos cinemas Ibéria e Pinheiro Chagas igualmente lugares de encontro dos jovens caldenses. Desde cedo os frequentei, ao ir ver os filmes dos nossos "hermanos" Joselito e Marisol, Charlot, Cantiflas e da encantadora Sissi.
Muitos mais locais podiam ser referenciados, como a "nossa" bela praia da Foz do Arelho, o "nosso" belo parque D.Carlos I e, para findar o meu simples testemunho, não posso esquecer as festas particulares em casa do Fernando Castro e o sótão da Avó materna da Luísa Nascimento.
Não serei a pessoa mais adequada para comentar este tema dos lugares de convívio dos jovens caldenses, pois não era uma assídua frequentadora, mas posso referenciar que alguns lugares eram desejados quer pela juventude desses belos tempos quer pelas pessoas menos jovens que connosco os partilhavam, por vezes numa simbiose perfeita, bem ao contrário dos tempos que correm. E, pensando bem, tendo sido pouco frequentadora, daí venha talvez a ideia da minha alcunha de Princesa do Castelo Encantado !
Um beijo
Anabela Miguel
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BREVES NOTAS E COMENTÁRIOS
Aparecem aqui dois locais não constantes na lista original. A Garagem dos Castros, entretanto mencionada no Diário e em dois comentários (Ana Nascimento e Jorge), e o sótão da avó materna das Nascimentos. Este último, desconhecido para mim, mereceria talvez duas palavras mais.
A autora refere no texto que as suas "memórias" começam na década de 50, mas ela é apenas "teenager" na década de 60 (13 anos em 66, indica, já não o "datómetro", mas o ainda mais rudimentar "adivinhómetro"), pelo que, com a excepção do episódio dos chocolates, é essencialmente a segunda metade dessa década que aqui está.
Da eleição da Ana Nascimento como Miss Casino aguardamos mais pormenores, mas vocês sabem lá a complicação que é marcar entrevistas com essas "estrelas"...
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É verdade, a Anabela refere aqui o 15 de Agosto, que, desde a feira até ao Casino, passando pela tourada, era um dia de grande movimento nas Caldas e que atraía gente de "todo o lado". Penso que é a primeira referência.
A Anabela tinha "mascarado" a sua alcunha no texto usando iniciais, mas eu decidi passá-la a "extenso", já que a "P……. do Castelo Enc……" que ela tinha usado não me pareceu nada feliz.
JJ
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18-04-2008
Higino disse:
Sobre a feira do 15 de Agosto recordo que era por nós aproveitada para, enquanto durava, fazermos campeonatos de matraquilhos, com a particularidade de entrarem equipas mistas no campeonato. Higino Rebelo
Higino disse:
Sobre a feira do 15 de Agosto recordo que era por nós aproveitada para, enquanto durava, fazermos campeonatos de matraquilhos, com a particularidade de entrarem equipas mistas no campeonato. Higino Rebelo
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18-04-2008
Miguel B M disse:
Já agora podes confirmar que era Mariana a velha a que a Anabela M se refere no seu depoimento. Era gordíssima, passava a tarde na Zaira na mesa junto à vidraça da entrada, a comer torradas e pastéis de nata e cheirava tremendamente a urina. Contou-me o Nené que uma vez se levantou, vomitou em plena sala e borrou-se toda após sonoro flato. Creio até que tinha um lulu que era a sua única companhia e que morreu para seu grande desgosto. Esta última parte tb é muito dolorosa para mim pois tive uma cadela boxer durante dez anos, que tomava conta dos meus filhos quando ainda eram crianças pequenas, e que ainda hoje todos têm saudade cá em casa passados mais de treze anos. Abraço M
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18-04-2008
JJ disse:
Penso que do comentário da Anabela se desprende um aroma de poesia e nostalgia que inspirou o comentário do Miguel, onde a saudade da Boxer é também um momento de ternura. Os registos é que são diferentes, mas um espaço colectivo como este é feito dessas diferenças.
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18-04-2008
Isabel Caixinha disse:
Isabel Caixinha disse:
Um espanto acompanhar o desenvolvimento tecnológico dos dias de hoje...”adivinhómetro” !?
E não era tão giro que a Ana nos contasse como ela conquistou o titulo de MISS?! Adorava saber ! Bjs
E não era tão giro que a Ana nos contasse como ela conquistou o titulo de MISS?! Adorava saber ! Bjs
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