ALMOÇO / CONVÍVIO

ALMOÇO / CONVÍVIO

Os futuros almoços/encontros realizar-se-ão no primeiro Sábado do mês de Outubro . Esta decisão permitirá a todos conhecerem a data com o máximo de antecedência . .
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Os Locais do José Carlos Abegão

Anos sessenta ...........................................................................José Carlos Abegão

JUVENTUDE ESTUDANTIL CALDENSE

É precisamente nesta década que um razoável número de jovens caldenses, após a quarta classe, segue os seus estudos. Para isso, tiveram de realizar exames de admissão aos diferentes cursos, a saber: ensino liceal e ensino técnico. Ora como o primeiro tipo de ensino só se administrava nas capitais de distrito, os jovens viram-se na obrigação de frequentar o ensino técnico ministrado na Escola Industrial e Comercial das Caldas da Rainha, porque era gratuito, como o outro, mas este estava presente nesta terra.

Contudo, alguns ainda puderam optar pelo ensino liceal, já que o seu poder económico lhes permitia pagar esse ensino que era leccionado no Colégio Ramalho Ortigão. Numa primeira fase, e na opinião de alguns, esta situação (ensino técnico/ensino liceal) originou alguns ténues elitismos que se foram esbatendo, a partir dos anos sessenta, e teve a sua conclusão quando a criação do Ensino Liceal Oficial se tornou uma realidade, nos anos setenta, nas Caldas da Rainha, com a instauração do Liceu, nos pavilhões do parque, hoje Escola Secundária Raul Proença.

Este aparente elitismo tem uma explicação.

Com a perspectiva generalizada, na época acima referida, da necessidade do prosseguimento de estudos, muitos alunos destas duas escolas, embora situadas na mesma área geográfica, eram oriundos de diferentes localidades como Bombarral, Nazaré, S. Martinho do Porto… Assim, e numa fase inicial, como é normal, o desconhecimento instala-se, mas a proximidade gradual vai vencendo esta distância de modo rápido, porque os jovens caldenses matriculavam-se cada vez mais no ensino secundário, independentemente das escolas que viriam a frequentar. Muitos deles viviam na mesma rua e frequentaram a mesma escola primária o que fez com que os laços fossem cada vez mais fortes, aumentando também a aproximação entre os alunos de ambos estabelecimentos de ensino. Este cenário teve início nos primeiros anos da década de sessenta.


LOCAIS DE REUNIÃO DA JUVENTUDE CALDENSE


Cada vez mais jovens aderiam ao ensino secundário, administrado em ambas as escolas secundárias, a saber Colégio Ramalho Ortigão e Escola Industrial e Comercial. Contudo, foi esta última que mais inscrições teve, por proporcionar estudos gratuitos ou baixas propinas.

Não era, no entanto, esta diferença social que afastava toda esta juventude, já que havia gostos e motivações comuns: espaço de encontro e desporto.

No que aos espaços diz respeito, refira-se a importância da Pastelaria Zaira, um espaço de referência para a juventude do ERO (Externato/Colégio Ramalho Ortigão). A este respeito, e em jeito de informação, desejo manifestar a minha discordância com o artigo escrito por Miguel BM, que aponta aquele espaço como o local para a juventude das Caldas. Ora, a realidade era que a Zaira era frequentada quase em exclusividade pelos jovens do ERO. Logo, a presença dos jovens da Escola Comercial e Industrial não era muito evidente.

Isto não quer dizer se registasse discriminação, já que havia espaços comuns aos jovens de ambos estabelecimentos de ensino, como Maratona, Camaroeiro, Central e , principalmente, Taiti. Era aqui que tudo se discutia, desde o assunto mais fútil ao mais útil.

E a Floresta, claro! Imperdível este local de encontro, sem distinção social/ escolar como a sua “traça arquitectónica” obrigava! Ali jogava-se matraquilhos, jogava-se a laranjinha, e comiam-se as melhores bifanas…Os operários e os reformados também eram presença constante, matando o tempo com os matraquilhos, laranjinha e bifanas…


Se se atentar nas actividades desportivas, regista-se que era o futebol a actividade rainha, tornando-se no pólo de união. Por esta altura, finais dos anos sessenta, ecoavam os jogos Taiti/Zaira, como os mais famosos, pois as equipas agrupavam jovens das duas escolas, destacando-se o peso da equipa Taiti, com jogadores de ambas.
De pé: ? , Pereira, Manuel Nunes, Agostinho, Saloio, João, Brás.
No chão: Freitas, Fernando, Joaquim do Norte, Abegão, Ricardo.


Era, então, o futebol que mais unia esta juventude.

O futebol também era a preocupação do Caldas, que começa a apostar nas camadas jovens e são os senhores António Alfredo Aniceto, Joaquim Ramos. José Faria, farmacêutico, Ramos, de Salir do Porto, que em parceria com José Nascimento, treinador, que através da sua dinamização conseguem atrair os jovens caldenses para a prática do futebol federado.

Inicialmente, os alunos da ERO aderem pouco. (lembro-me, à época, quando o Caldas foi disputar pela primeira vez o campeonato nacional de juvenis, de o Orlando Silva, jogador de referência desta equipa, comentar comigo: “ Que pena aqueles meninos do ERO não quererem vir para a nossa equipa!” E esses “meninos” eram Luís Rolim e Carlos Branco.) Passados dois anos, o cenário modificou-se. Os alunos do ERO mostraram a sua adesão ao futebol federado, tornando o Caldas muito mais forte, porque podia contar com os melhores jovens de ambos estabelecimentos de ensino. Saliente-se a presença de Miguel MB, Manuel Nunes (Lotarias), Adriano (Bagaço), Pedro Louceiro (Semilha), Manuel Teixeira Gomes (Quecas), entre outros, oriundos do ERO, e Inguila Lúcio, Santiago Freitas, Mário José, Vital e Vítor, entre outros, provenientes da Escola Industrial e Comercial.

Mas nem só do futebol viveu esta gente. O ténis de mesa foi outra actividade sua favorita que teve a mesma função do futebol: a união.

E nele me integrei, após convite do Caldas. Por esta altura, já faziam parte Araújo, José António Filipe (Mauser), Carlos Branco e o Rui Silva, do ERO. Da Escola Industrial e Comercial tinham ingressado Jaime Costa, Marques, Barros e Alpalhão.
Verifica-se, assim, que o desporto tem um papel unificador desta juventude das Caldas, nos anos sessenta.

Não quero acabar esta minha participação sem antes fazer um esclarecimento. Li no blogue que o Zequinha, José Manuel Pereira da Silva, dá o nome de Paris ao café que estava no local onde hoje se encontra a Venézia. Ora, isto é falso, porque o café que ali existia tinha o nome de Bijou e era maioritariamente frequentado por jovens que tinham concluído o ensino primário e enveredado pelo mercado de trabalho.

O único lugar de nome Paris nas Caldas é a foto Paris! Aliás, foi! Também esse já acabou! O Vasco Castelhano não quis ser o sucessor da mãe, aqui nesta terra. Preferiu outros ares!

Perdoa-me, Pereira da Silva! Mas isso deve ser do doutoramento que andas a tirar! Está a dar-te a volta ao miolo!

P.S. Caso esta saga bloguista se faça prolongar, estarei disponível para colaborar. Apenas um senão: a minha disponibilidade está sujeita à disponibilidade que a minha patroa, Maria de Lurdes Rodrigues, tem para mim.
Agradeço ao meu amigo JJ (João Jales) o convite feito a partir do qual consegui recordar os famosos e inesquecíveis anos sessenta caldenses, vistos com olhos de aluno da Escola Industrial e Comercial das Caldas da Rainha.

Disponham!

José Carlos Abegão
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COMENTÁRIOS


Esta é mais uma perspectiva diferente, como o próprio refere, já que o Abegão era aluno ( e é hoje professor) da Escola. Digo mais uma porque, felizmente, apareceram muitas colaborações exteriores ao ERO.

A reflexão sobre o ensino técnico e liceal, bem como dos locais de origem dos alunos, aqui fica, poderemos eventualmente voltar a este tema e ouvir mais opiniões.


Embora sem data, como habitualmente, estas são memórias da década de 60. Os jogos de futebol Taiti-Zaira começaram no final dessa década. Como disse, a propósito do texto do Zequinha, cheguei a pontapear umas canelas num destes encontros, mas em 1971 ou 1972.

Não há também data na foto, o autor situa-a em 68, eu penso que deverá ser um pouco posterior, seria fundamental saber quando abre o Taiti. Se o meu colega Luis António Fialho de Almeida lê este Blog, poderia informar-nos.

Os locais são, afinal e mais uma vez, comuns a outros depoimentos, com duas pequenas notas: presenças com peso diferente dos alunos do ERO e da escola na Zaira e no Desporto Federado. Presenças inversamente proporcionais, o que deve ter um significado e ser motivo de alguma reflexão. Comentários?


O desporto é um "ponto de encontro" natural do Abegão, afinal estamos a ler as reflexões e memórias de alguém que faz na vida aquilo de que gosta, e por isso ele é professor de ginástica. A maioria dos nomes são conhecidos, muitos continuam ligados ou a residir nas Caldas. Refira-se como curiosidade que o Chico Vital deixou posteriormente o Caldas para jogar em grandes clubes, Benfica e Futebol Club do Porto, por exemplo.

Partilhamos o mesmo encanto pela Floresta. Aproveito para relembrar que havia um jardim quando se passava a porta do fundo, oposta à porta de entrada. Almocei lá algumas vezes com um grupo de amigos do meu Pai, sendo o organizador o João José Falcão, amigo do dono porque tinha a ourivesaria mesmo ao lado (onde hoje é o Centro Comercial da Rua das Montras). Caras de Bacalhau, febras assadas, a cozinha era boa e o local, na Primavera e Verão, muito agradável, desde que não se tivesse medo de aranhas porque os numerosos vasos, onde cresciam principalmente cactos, tinham teias onde viviam bichos dignos de figurar em Aracnofobia! Gostava de me entreter a caçar, vivos, aqueles moscardos abundantes no tempo quente e lançá-los nas teias para poder observar o monstruosos aracnídeos a sair, velozes, dos seus esconderijos. Deveria ter 13 ou 14 anos.

É óbvio que não quero meter-me numa discussão entre dois distintos profs da Bordalo Pinheiro a propósito de toponimia caldense, mas se o Zequinha meteu água na Bijou mas será que o Abegão o fez também em relação à Pastelaria Paris? Não havia um estabelecimento com esse nome ali para os lados da antiga Praça do Peixe? Entre aí um dos "veteranos" a esclarecer.

Obrigado Abegão pelo teu depoimento, é evidente que contamos contigo no futuro, assim a nossa amiga Maria de Lurdes te deixe algum tempo livre entre as intermináveis reuniões e burocracia com que vos atolou (com discutível utilidade). O nosso Presidente queixa-se que os alunos não sabem factos elementares da nossa História recente mas nos horários do 7º, 8º e 9º ano a Ministra preconiza uma aula semanal de História. Não seria melhor quinzenal?

28-04-2008
Fernando Santos disse:
Sobre os locais do J.C. Abegão apenas me limito a comentar o termo "elitismo"Nos anos 60 era assim nas Caldas? Então nem queiram saber como era nos anos 40 quando estudei na Escola Industrial Marquês de Pombal em Lisboa! Próximo da minha escola existia a Escola Comercial Ferreira Borges, e um pouco mais abaixo na Junqueira, uma secção do Liceu Rainha D. Leonor. O tal elitismo era patente. Não havia futeboladas que nos unissem. Antes pelo contrário! Não nos podíamos cruzar sem que houvessem cenas de pancadaria. Dum lado os filhos da classe média, e alta. Do outro, a classe mais baixa, geralmente filhos de operários que eram apelidados de "ferrugentos"

28-04-2008
JJ disse:
Embora a maioria com pedidos de não publicação (!?) tenho recebido emails e testemunhos divergentes da perspectiva do Abegão. Voltaremos ao tema, que merece uma cuidadosa reflexão, já que parece mexer com formas muito diferentes de recordar e reflectir a mesma realidade.
Consultem Breves notas e comentários a "Os Locais do Artur Alves"

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