João Ramos Franco
Sou um pouco avesso a dizer que estou num Local quando a minha presença nele é só de corpo, a mente vagueia e só uma parte mim está presente.
Cafés:
Lusitano: ainda muito novo, para tomar um garoto e, mais tarde, para estar na conversa com o meu Pai (era o café que ele frequentava);
Bocage: era ponto de reunião depois de almoço, antes ir para ERO;
Zaira: ponto de encontro com a namorada (convinha que fosse ali, perto das mães, porque com muitas raparigas disfarçava qual era o namorico e isso naquele tempo convinha);
Central: no princípio era só o bilhar e Xadrez, depois a convivência com os mais velhos ajudou-me a analisar a sociedade onde vivia e, citando Lenine, Que Fazer?
Cervejarias:
Poucas existiam nas Caldas, no meu tempo. O Marinto abriu já eu tinha 17 ou 18 anos e recordo-me de ter lá alguns convívios com a malta.
Tascas:
Ginginha: há por aí alguém da malta que não tenha passado por lá?
A Viúva: o nosso copinho de tinto, na companhia de amigos mais velhos; Caseta: centro de ceias fora de portas, para não dar nas vistas. É que para lá íamos direitos mas, na vinda, ás vezes a estrada estava torta;
Noite:
Alex: não vos conto, mas digo-vos que dei barraca suficiente na cidade, chegou para o meu pai me chamar à realidade;
Casino: se as paredes falassem contavam os meus amores correspondidos e os falhados; o nosso Bar no Casino era no WC, havia lá um barbeiro e ele guardava L34 (brandy) para nós irmos molhar o “bico”;
O Inferno d’Azenha: ajudei no começo das obras.
Livrarias/Papelarias:
Silva Santos: Foi o primeiro que conheci, pela mão do meu pai, lá fui comprar os livros e os cadernos para a instrução primária e mais tarde os livros (com o carimbo livro único) para o liceu;
Tália: ponto certo de passagem porque dar um beijinho à D. Rosa e cumprimentar o Sr. Nogueira era um prazer familiar, depois ficar por lá a ouvir as novidades musicais que tinham saído. Às vezes tinha vergonha de comprar, a D. Rosa dizia logo “leva meu filho”;
Parnaso: ponto para encontrar alguns livros proibidos pela Censura e outros que procurava, na ânsia de aumentar a formação cultural;
Tertúlia: assisti à inauguração, mas já não a desfrutei;
Encontros/Bailes:
Casino, Lisbonense, Bombeiros, Pimpões e Columbófila;
Eu era tipo marinheiro, um namorico em cada porto, ás vezes dava para o torto, numa Cidade tão pequena era difícil, mas fazia-se o por manter o estatuto;
Jogos:
Sporting Club das Caldas: Hóquei, Pesca Desportiva(federado) e Poker; Café Central: Bilhar e Xadrez;
Casino: Canasta, (enquanto as senhoras esperavam uma parceira), King, Loba e, mais tarde, Poker;
Cinema/Teatro:
Pinheiro Chagas e Salão Ibéria tiveram um lugar de destaque na minha memória de estudante, vi tanto filme, mas o mais importante era levar o namorico ao Cinema;
Foz do Arelho:
Eu, o Samagaio, o Chico Castro e mais alguns, que não me recordo, acampávamos no Gronho. Só o estarmos ali, longe de tudo, era como que um grito de independência; o Félix era uma das nossas bases de reabastecimento, mas os assaltos aos galinheiros das moradias também faziam parte da nossa subsistência;
Óbidos:
Conheci o Montês no Café Bocage muito antes de ele pensar em abrir o IbnEricRex mas estive, já como seu amigo, na inauguração;
Alfeizerão/S. Martinho:
Convívios, à noite, com o Vasco Luís, Ferreira da Silva, Raimundo Neto (foi Professor) e amigos do C.C.C.
João Ramos Franco
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COMENTÁRIOS
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01-05-2008
Fernando disse:
Neste texto encontrei namoricos em todo o lado: Pinheiro Chagas e Ibéria, Casino, Pimpões, Bombeiros, Columbófila, Lisbonense, Alex, Casino outra vez (as paredes estão felizmente caladas!) e Zaira. Mas é o D. Juan (Ramos Franco) das Caldas!!! Como é que ele ainda arranjava tempo para os outros locais todos?
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28-05-2008
João R Franco respondeu:
Sobre os namoricos do D. Juan (Ramos Franco), se encontrar algum colega da geração de 1942 que queira descortinar o véu deste meu passado peça-lhe que lhe conte, porque eu não me explico. Quanto ao problema de arranjar tempo, ainda consegui um bocadinho para editar o Almanaque Caldense 1963 e fazer quatro cadeiras do 7º ano do liceu. Não sou dono do tempo, ele passou tão depressa que já tenho 66 anos e tudo o que conto parece-me que aconteceu ontem.
Um abraço de quem só vive 24 horas por dia.
João Ramos Franco
João R Franco respondeu:
Sobre os namoricos do D. Juan (Ramos Franco), se encontrar algum colega da geração de 1942 que queira descortinar o véu deste meu passado peça-lhe que lhe conte, porque eu não me explico. Quanto ao problema de arranjar tempo, ainda consegui um bocadinho para editar o Almanaque Caldense 1963 e fazer quatro cadeiras do 7º ano do liceu. Não sou dono do tempo, ele passou tão depressa que já tenho 66 anos e tudo o que conto parece-me que aconteceu ontem.
Um abraço de quem só vive 24 horas por dia.
João Ramos Franco
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